Aprovado em 1° lugar (CR) no concurso TRT-SC para o cargo de Analista Judiciário - Área Judiciária
Concursos Públicos“Com as coisas que contei, dá para ver que nada foi do dia para a noite. Deus colocou na minha vida um sonho com um futuro melhor. Se você também tem esse sonho de chegar à aprovação, a minha dica é: respeite seu processo […]”
Confira nossa entrevista com Tiago Dame de Oliveira, aprovado em 1° lugar (CR) no concurso TRT-SC para o cargo de Analista Judiciário – Área Judiciária – Esp Of Just Avaliador Federal:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Tiago Dame de Oliveira: Olá pessoal, meu nome é Tiago Damé de Oliveira, sou formado em fisioterapia e direito, tenho 33 anos e sou natural de Pelotas/RS.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Tiago: Ao final da faculdade de fisioterapia, quando ainda tinha 23 anos, tive contato com um concurseiro que estava se preparando para o Ministério Público da União – MPU, então eu pesquisei sobre a carreira e conheci o mundo dos concursos. Gostei da ideia de uma carreira estável e com segurança financeira. A partir de então comecei a me preparar para o INSS, pois havia previsão de ser publicado em breve. Após quase um ano esperando…. e com algumas notícias de cancelamento, resolvi mudar o foco para tribunais.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Tiago: No início da preparação eu estava no final da graduação de fisioterapia, então meu tempo se dividia entre estágio, TCC e o início da jornada como concurseiro. Eu tinha uma boa organização e desde o início separava determinadas horas do meu dia para uso exclusivo dos estudos e cronometrava as horas estudadas, seguindo as dicas de rotina e os relatos de pessoas já aprovadas.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Tiago: Do final da graduação de fisioterapia até cerca de 1 ano após a conclusão, eu estava estudando para o INSS com grande afinco, mas após algumas notícias de que o concurso seria suspenso, resolvi mudar o foco para os tribunais. Prestei diversos concursos e fui aprovado e nomeado em 2016 no TRE-MT (8º lugar para TJAA), onde trabalhei um período, e na DPU (3º lugar no RS para Técnico da DPU), onde estou atualmente. Trabalhar na DPU me proporcionou um contato próximo com o direito. Visando também aumentar meu leque de opções, iniciei a graduação em direito, a qual concluí em 2022. Ao final da graduação, após aprovação no exame da OAB, aproveitei o ritmo e retomei as cronometradas horas de estudo para concurso. Meu foco inicial era retornar à Justiça Eleitoral como Analista Judiciário, mas a onda de TRT’s me deixou tentado. Resisti aos primeiros concursos da Justiça Trabalhista, mas em 2023 fui convencido pela minha esposa, que também estava se preparando, a focar totalmente em TRT’s, o que foi uma excelente escolha, pois fui aprovado em 76º OJAF TRT/MG, 170º OJAF TRT/GO, 15º OJAF TRT/AL, e 1º OJAF TRT/SC. Também fui nomeado recentemente para o cargo de Analista Judiciário da DPE/RS. Por hora, pretendo descansar um período e em breve retomar os estudos para carreiras jurídicas.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Tiago: O caminho do concurseiro é árduo e temos que aprender a dizer não para muitas tentações. Nem todos os dias teremos motivação, principalmente quando está no calendário alguma matéria que não achamos tão interessante. Então precisamos de disciplina para seguir nosso planejamento de estudos. Para não fugir do calendário, durante a onda de TRT’s a vida social ficou mais contida. As saídas com os amigos foram bem mais ocasionais e em horários que não prejudicassem a rotina do dia seguinte. Da iminência do edital e até a prova, porém, o foco era total. Como houve muitos TRT’s, o período ideal para ver a família era na semana pós-prova, conciliando um descanso com o próximo período de estudos. Claro que nem tudo é perfeito. Passei por diferentes ritmos de estudo, períodos mais tranquilos, em que o descanso era necessário, e períodos de maior intensidade.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Tiago: Minha família, especialmente minha esposa e minha mãe, sempre me apoiaram, incentivaram e entenderam os momentos de restrição do contato social. Minha esposa também é concurseira e passamos por toda a preparação juntos. Compartilhamos todas as incertezas, inseguranças, ansiedade e ainda toda a esperança e vontade de mudar de vida.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Tiago: As disciplinas gerais, como português, direito constitucional, direito administrativo, direito civil e direito processual civil eu já vinha estudando e montando material de revisão desde o exame da ordem, em 2021. Já direito do trabalho e processo do trabalho, tive o primeiro contato em meados de 2022, direcionado ao concurso do TRT/MG. Então, para TRT’s, posso dizer que a preparação foi de cerca de 1 ano e meio, entretanto, já com uma base das disciplinas básicas.
Para manter a disciplina é necessário firmeza para explicar aos amigos e familiares sobre esse período diferenciado. São “nãos” necessários, que muitas vezes não queremos dar. Por exemplo, usamos as férias do trabalho para estudar. É difícil explicar para quem não é concurseiro que seu precioso momento de férias será isolado… Mas com o tempo eles entendem e apoiam. Além disso, foi essencial estar junto de alguém que também estava se preparando para o concurso. Como disse, minha esposa também é concurseira. Acredito que compartilhar a jornada com outros concurseiros é bastante motivacional. Há dias em que levantamos pela manhã e estamos cansados. Temos aquele pensamento intrusivo e tentador de usar o dia para descansar. Mas, então, vemos que a pessoa que te acompanha já levantou, passou o café e já está assistindo aula há uma hora. Não tem como ficar para trás!
Para mim, esses são os segredos da disciplina: dividir a jornada com outras pessoas que vão te entender e motivar e ter momentos delimitados de estudo e de diversão. Nós tínhamos momentos de filmes, séries e jogos, e isso dava um gás para enfrentar o próximo dia.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Tiago: Usei inúmeros materiais durante toda minha preparação. Havia momentos em que preferia assistir vídeoaulas e havia momentos em que preferia ler os cursos em PDF ou mesmo livros. Acredito que cada forma de estudo possui suas vantagens e desvantagens. As videoaulas, por exemplo, são excelentes para iniciar uma matéria nunca vista, pois se pode ter uma noção geral do conhecimento, enquanto os cursos em PDF são excelentes para revisar, pois podemos passar mais rápido por pontos já dominados. Os PDFs do Estratégia, por exemplo, são diferenciados em relação aos fluxogramas, esquemas e artigos de lei destacados com uma boa composição visual que favorece a memorização, além de condensar sempre ao final uma gama de exercícios voltados às últimas cobranças da banca, o que ajudava muito a aquecer a preparação e otimizar o tempo disponível.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Tiago: Conheço o Estratégia de longa data, pois foi um dos cursos pioneiros em livros completos em PDF.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Tiago: Sim, já utilizei diversos materiais, e o que incomoda realmente é a falta de direcionamento. A vida de concurseiro já traz uma enorme ansiedade pela incerteza da aprovação, e um material desorganizado ou genérico pode agravar ainda mais esse quadro. O concurseiro precisa de objetividade e certeza de que todas as informações do edital estão lá, nem mais, nem menos, e que o curso está direcionado especificamente àquela prova.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Tiago: Sempre tive uma certa aversão a estudar direito do trabalho e processo do trabalho, principalmente porque são matérias com uma alta gama de jurisprudência e um código muito antigo. É como uma “colcha de retalhos”, em que cada informação está num lugar. Mas tenho que destacar que os professores do Estratégia me ajudaram muito. Fica aqui meu agradecimento especial aos professores Antonio Daud e Bruno Klippel pelas suas excelentes aulas, que sintetizaram o conhecimento e tornaram o aprendizado muito melhor. Tanto as suas videoaulas como os PDFs foram essenciais na minha preparação.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Tiago: Durante a preparação já montei diversos planos de estudos. Todos eram excelentes no momento do planejamento, mas quando partia para a execução sempre havia um problema, seja por superestimar as metas, seja porque o plano demandava muito tempo registrando as informações. Também tentei seguir diferentes estratégias ao longo do tempo, como estudar apenas 1 matéria por dia ou estudar 4 ou mais matérias por dia. Ao fim e ao cabo, vejo que o melhor plano de estudos é aquele que reduz a ansiedade por meio de metas atingíveis, e que não seja desgastante ao longo do tempo. Eu possuía uma meta de 04 horas líquidas por 6 dias na semana, com isso pude bater a meta durante longos períodos e me dava uma sensação de dever cumprido sem me exaurir para o próximo dia. Nesse esquema de 4 horas líquidas eu tinha um planejamento inicial de um “calendário de matérias”. Porém esse planejamento não era rígido, já que sempre haverá matérias que vamos sentir a necessidade de ficar um tempo a mais e outras um pouco menos. Acho que esse é um ponto muito individual desafiador para todo concurseiro: descobrir uma rotina confortável que dá certo nas suas características pessoais.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Tiago: Revisões são muito difíceis de fazer e extremamente importantes. Difíceis porque nunca parece um bom momento para rever o que já foi visto, já que sempre temos vontade de aprender algo novo ou seguir para a próxima matéria. No entanto, no longo prazo, nossa batalha é contra nossa memória e a revisão é a única forma de fixarmos o conhecimento por mais tempo. Eu revisava lendo os grifos dos meus resumos e com exercícios. Principalmente na leitura da lei seca, gostava de formatar a lei, colocando comentários, e muitas vezes até reajustando a posição dos artigos de um jeito que fazia mais sentido para mim. Depois fazia releituras. Além disso, uma parede da casa era reservada a um mural de mnemônicos. Aquelas partes chatas, que dependiam somente de memorização, foram devidamente coladas onde os olhos alcançavam. Além disso, de tempos em tempos recebia um desafio da minha esposa para recitar um ou outro, assim como eu fazia para ela.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Tiago: Não me recordo de quantas questões já fiz, mas tenho certeza de que foram muitas. Exercícios são, além de uma excelente técnica de revisão, uma boa forma de verificar pontos que ficaram para trás, bem como a forma que a banca cobra. Muitas vezes temos o conhecimento consolidado na cabeça, mas a banca cobra de uma forma tão inusitada que parece ser algo totalmente inédito. Conhecer as questões da banca nos fornece a informação sobre aquelas que não podemos errar de jeito nenhum: as repetidas.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Tiago: Além da superação de aprender do zero Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, com certeza redação foi um desafio para mim. Sou objetivo demais e tive extrema dificuldade para dissertar sobre temas tão filosóficos, queridos da FCC. Sabendo desta falha, dei maior ênfase à dissertação. Mesmo não gostando, me forcei a treinar a escrita dissertativa e estudei argumentos coringas.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Tiago: Cerca de 20 dias antes da prova, aumentei a carga horária diária de estudos para 06 horas e foquei apenas em revisar e resolver exercícios. É um período altamente desgastante e só queremos que a prova passe de uma vez, mas tendo uma data limite, nosso corpo e cabeça aguentam mais do que imaginamos. O pensamento mandante era “sacrifício a curto-prazo, benefício a longo-prazo”, algo que ouvi de um professor há alguns anos. Olho no prêmio para vencer o cansaço.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Tiago: O principal erro, com certeza, é a vontade de que tudo aconteça rápido. A ansiedade faz com que queiramos passar rápido por uma matéria, para esgotar rápido o edital e assim sermos aprovados rápido. Não é assim que funciona e isso só traz mais ansiedade. Apreciar o caminho para o concurseiro quer dizer tentar absorver o conteúdo da melhor forma possível, e não apenas marcar um ‘x’ no item concluído do planejamento. Por vezes foi mais importante gravar uma informação pequena e recorrente na prova, do que reler inúmeros artigos de uma lei maçante e ao final não se lembrar de nada. O acerto, por sua vez, com certeza foi ter feito meu próprio material desde o início, com meus grifos e minhas anotações. Então, usando videoaulas e PDF’s como base, fazia minhas próprias anotações da matéria. Posteriormente fazia exercícios, adicionava alguma outra informação que estava sendo cobrada pela banca. Estudar e revisar sempre o mesmo material auxilia a memória visual e criamos até uma certa afeição, que ajuda a consolidar o que foi estudado.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Tiago: Com certeza o dia do concurseiro é extremamente desgastante mentalmente e esse desgaste se perpetua por longos períodos. Há momentos em que os dias parecem todos iguais e perdemos um pouco até da noção do tempo, vendo só da janela o sol levantar e se pôr. É um período dedicado a um projeto de vida, e isso tem um preço. A vontade de desistir vem, e por vezes é avassaladora, principalmente quando nos deparamos com matérias mais difíceis de absorver, ou muito longas. Nesses momentos eu parava, refletia um pouco e imaginava quais as consequências de desistir. Às vezes só precisamos respirar e tirar um dia inteiro para descansar. Às vezes conversar um pouco com Deus para deixar as coisas no controle Dele. O estudo em conjunto com minha esposa também auxiliou nesse ponto, pois quando um estava para baixo, o outro incentivava e animava. Na jornada do concurseiro, o medo de não passar está presente todos os dias, mas esperança de passar e a vontade de mudar de vida tem que ser sempre maior.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Tiago: Com as coisas que contei, dá para ver que nada foi do dia para a noite. Deus colocou na minha vida um sonho com um futuro melhor. Se você também tem esse sonho de chegar à aprovação, a minha dica é: respeite seu processo. Descubra a rotina que serve para você. Leia o edital com atenção para não estudar matérias que não caem. Aprenda a revisar usando sempre o mesmo material e não faça exercícios pela primeira vez na véspera da prova. Saiba que sacrifícios são necessários, mas que eles são temporários. Por fim, saiba que nem sempre somos nós que escolhemos a prova. Na minha jornada fui para provas achando que estava bem preparado, mas reprovei. Por isso gosto da famosa frase: “só não passa quem desiste”.
A grande dificuldade do concurseiro é lutar contra si mesmo para não desistir e manter a rotina. O estudo para concurso é uma construção pequena a cada dia e saber apreciar estas conquistas diárias é de suma importância para ter ânimo para o próximo dia. Tenha certeza de que a aprovação virá. Tenha fé e converse com Deus para direcionar o seu caminho. Basta você resistir até o dia que colherá os frutos.