Artigo

Recurso CGU – Técnico (Noções de Administração Geral)

Fala, meus amigos! Tudo joia? =)

Aqui é o prof. Stefan Fantini! Espero que vocês tenham ido muito bem na prova! =)

Neste artigo, trarei a possibilidade de RECURSO de uma questão de NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL da prova de Técnico da CGU.

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Vamos lá:

Prova Tipo 4 – Questão 69

Veja a seguir a tirinha do cartunista argentino Quino. Nela, o termo “burocracia” está sendo usado com um sentido negativo.

Entretanto, conforme elucidado pelo sociólogo Robert Merton, o que é entendido como algo negativo na burocracia são suas disfunções, e não o modelo em si. Nesse sentido, uma das disfunções da burocracia identificada por Merton é a:

(A) impessoalidade nas relações entre os funcionários;

(B) instabilidade da ordem vigente;

(C) perda da visão do conjunto dos objetivos organizacionais;

(D) baixa conformidade com rotinas e procedimentos;

(E) ausência de sinais de autoridade.

Gabarito preliminar: C

Gabarito proposto: A

De início, é forçoso reconhecer que a perda da visão “macro” é uma das disfunções da burocracia, uma vez que, como as funções são divididas e segregadas, o funcionário perde a noção do trabalho como um todo e da importância de seu trabalho. Portanto, a letra C apresentaria, de fato, uma das disfunções da burocracia.

Nada obstante, o enunciado da questão é bastante específico ao mencionar a visão de Robert Merton, vejamos: “Nesse sentido, uma das disfunções da burocracia identificada por Merton é a:”

Sendo assim, conforme explica Chiavenato (CHIAVENATO, Idalberto. Fundamentos de Administração. São Paulo: Grupo GEN, 2021. p.28), a “burocracia é uma organização cujas consequências desejadas se resumem na previsibilidade do seu funcionamento no sentido de obter a maior eficiência. Tudo nela é estabelecido no sentido de prever com antecipação todas as ocorrências e rotinizar sua execução para que a máxima eficiência seja alcançada. Todavia, ao estudar as consequências previstas (ou desejadas) da burocracia que conduzem à máxima eficiência, Merton (1957) notou também as consequências imprevistas (ou não desejadas) e que levam à ineficiência e imperfeições. A essas consequências imprevistas deu o nome de disfunções da burocracia para designar as anomalias de funcionamento responsáveis pelo sentido pejorativo que o termo adquiriu junto aos leigos no assunto. As principais disfunções da burocracia são:

■Internalização das regras e apego aos regulamentos: normas e regulamentos adquirem um valor próprio e importante, independentemente dos objetivos, e passam a substituí-los. De meios passam a objetivos absolutos e prioritários.

■Excesso de formalismo e de papelório: a necessidade de documentar as comunicações para que tudo seja testemunhado por escrito conduz a excesso de formalismo, documentação e consequentemente de papelório.

■Resistência às mudanças: tudo na burocracia é rotinizado e padronizado, e o funcionário se acostuma a uma repetição naquilo que faz, o que lhe dá completa segurança sobre seu futuro na burocracia. Torna-se um executor de rotinas, as quais domina com segurança e tranquilidade. Quando surge alguma ideia de mudança na organização, ela é interpretada como algo que ele desconhece e que pode trazer perigo à sua segurança e tranquilidade. Assim, a mudança passa a ser indesejável para o funcionário. E ele passa a resistir a qualquer tipo de mudança que se queira implantar na burocracia.

Despersonalização do relacionamento entre os burocratas: o caráter impessoal e a impessoalidade no relacionamento entre os funcionários pela ênfase nos cargos e não nas pessoas que os ocupam fazem com que os colegas se tratem, não como pessoas, mas como ocupantes de cargos. São conhecidos, não pelos seus nomes pessoais, mas pelos títulos dos cargos que ocupam.

■Categorização como base do processo decisório: na rígida hierarquização da autoridade, quem toma decisões em toda situação é quem possui a mais alta categoria hierárquica, independentemente do seu conhecimento do assunto.

■Superconformidade às rotinas e aos procedimentos: rotinas e procedimentos tornam-se um meio de garantir que as pessoas façam aquilo que delas se espera. A devoção às regras e aos regulamentos conduz à sua transformação em coisas absolutas, tornam rígido o comportamento das pessoas, e os objetivos tornam-se secundários. O burocrata perde iniciativa, criatividade e inovação.

■Exibição de sinais de autoridade: a ênfase na hierarquia de autoridade torna necessário indicar quem detêm o poder. Daí a utilização intensiva de símbolos e sinais de status para demonstrar a posição hierárquica dos funcionários, como uniforme, tamanho da sala, do banheiro, do estacionamento e identificar quais são os chefes da organização.

■Dificuldade no atendimento ao cliente e conflitos com o público: o funcionário está voltado para dentro da organização, seus regulamentos internos e seu superior hierárquico que avalia o seu desempenho. Isso o leva a criar conflitos com os clientes que são estranhos à organização e são atendidos de forma padronizada conforme as rotinas internas, fazendo com que o público se irrite com a pouca atenção e descaso para com os seus problemas particulares e pessoais.” (grifos meus)

Diante do exposto, fica claro que Robert Merton não menciona “perda da visão do conjunto dos objetivos organizacionais” como uma das disfunções da burocracia, o que invalida completamente a alternativa C.

De outro lado, conforme se nota, Merton destaca, como uma das disfunções da burocracia, a “Despersonalização do relacionamento entre os burocratas: o caráter impessoal e a impessoalidade no relacionamento entre os funcionários pela ênfase nos cargos e não nas pessoas que os ocupam fazem com que os colegas se tratem, não como pessoas, mas como ocupantes de cargos.”

Perceba que a alternativa A trouxe exatamente o termo utilizado pelo autor para explicar essa disfunção, qual seja: “impessoalidade nas relações/relacionamento entre os funcionários”. Portanto, o gabarito deve ser alterado para letra A.

Vale reconhecer, entretanto, que a maneira técnica mais “correta” de se nomear essa disfunção é “Despersonalização dos relacionamentos”. Nada obstante, seria também aceitável, da maneira que se expôs, aceitarmos o termo “impessoalidade nas relações/relacionamento entre os funcionários”. Se a banca assim não entender, a questão merece ser, no mínimo, ANULADA, por não conter resposta correta.

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