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PRF RECURSOS – Português

Olá, boa noite, pessoal. Tudo tranquilo?

Como esperávamos, o CESPE foi polêmico em seu gabarito. Vejamos recursos possíveis para as duas questões divergentes.

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Questão 3

3 – A correção gramatical do texto seria mantida caso pronome “se”, em “se sentindo” fosse deslocado para imediatamente após a forma verbal “sentindo”, da seguinte maneira: sentindo-se.

Gabarito oficial: Certo

Vejamos o texto:

Poucas as pessoas que acordam se sentindo primatas…

Embora haja divergência sobre este tema, entendo que a próclise seja obrigatória, segundo orientação de Bechara e Cegalla:

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37.ed. revista, ampliada e atualizada conforme o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.

Observem que a palavra atrativa é o pronome relativo (QUE). Ainda que se argumente que há duas orações diferentes, a oração “sentindo-se primatas” é subordinada mesmo assim e se enquadra na orientação no sentido da próclise.

Segundo, Cegalla, não havendo palavra atrativa, deve haver ênclise com o gerúndio. Porém, há palavra atrativa, então não seria o caso de ênclise por ele previsto. Não sendo caso de ênclise, usa-se a próclise, como no texto original.

Tanto é assim, que seu exemplo de oração com gerúndio, havendo palavra atrativa antes do verbo, é construído com PRÓCLISE:

“Que relógio parado me estava governando?” (CECÍLIA MEIRELES)

CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48.ed. revisada. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.

Portanto, o argumento é que há palavra atrativa e, portanto, deve haver próclise. Mesmo que se considere que a palavra atrativa está em outra oração, a oração com gerúndio é subordinada e também se enquadra na recomendação do uso de próclise.

Questão 12 – Esta questão prejudica o candidato que analisa profundamente o texto, ora a banca pede uma ótica superficial, como esta, ora pede análises ultraprofundas. Vejamos:

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(CESPE / PRF / POLICIAL / 2019)

Se prestarmos atenção à nossa volta, perceberemos que quase tudo que vemos existe em razão de atividades do trabalho humano. Os processos de produção dos objetos que nos cercam movimentam relações diversas entre os indivíduos, assim como a organização do trabalho alterou-se bastante entre diferentes sociedades e momentos da história.

Com o emprego da expressão “assim como” (ℓ.8 e 9), estabelece-se uma relação de comparação entre ideias expressas no período.

Comentários:

De fato, “assim como” é uma clássica expressão comparativa de igualdade. A maioria das gramáticas vai corroborar isso. No entanto, a cobrança do CESPE é baseada no contexto, o enunciado se refere aos sentidos estritos do período. No período considerado, não há propriamente comparação de ideias, especialmente se considerar “assim como” um indicativo de “igualdade”. Não há comparação de igualdade entre as informações de cada frase, há sim sentido de adição.

Os processos de produção dos objetos que nos cercam movimentam relações diversas entre os indivíduos E TAMBÉM a organização do trabalho alterou-se bastante entre diferentes sociedades e momentos da história.

Na frase: fui ao mercado e comprei muitas frutas, assim como carnes para churrasco. Há algum sentido comparativo nesse “assim como”? Não há; o mesmo vale para o texto. A banca olhou para a expressão de maneira isolada, não aplicada ao contexto do período em exame.  

Bom, é isso pessoal. Quem quiser atacar os gabaritos acima, sigam as referências acima e argumentem com suas próprias palavras. Modelos de recursos muito semelhantes são sumariamente indeferidos.

Grande abraço!

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Veja os comentários
  • Sabem se alguem entrou com rescurso nessas duas questões? Abraço
    Vinicius em 09/02/19 às 17:52
  • Bom dia A questão 20. O termo "um" faz referência a um homônimo (o sobrenome) e não a um indivíduo cujo nome... No parágrafo anterior o texto começa falando a respeito do pré nome e na segunda parte do sobrenome. Imagino que seria extrapolar demais dizer que o termo "um" se refere, primeiramente a um nome e além disso dizer que se refere a um indivíduo. Professor, tem alguma base esse meu argumento?
    Jeronimo Oliveira em 06/02/19 às 21:27
  • pior que errei extamente essas duas e marquei super confiante. :(
    Mayara Barreto de Souza em 06/02/19 às 08:22
  • Professor, na questao "o vocábulo "um" (l.14) refere-se a um indivíduo cujo nome é idêntico ao do autor do texto." Não caberia recurso? No texto diz que o nome do autor é simples, mas o sobrenome é incomum. Que com uma combinação de nome e sobrenome incomum seria difícil encontrar um homônimo, eis que surgiu um... esse um que o autor se refere não diz respeito ao nome + sobrenome? Entendi que surgiu alguém com nome e sobrenome iguais, não apenas o nome.
    jaime roberto da silva em 05/02/19 às 15:34
  • Professor, boa tarde. Primeiramente, muitíssimo obrigado pelas aulas e todas as orientações ao longo da preparação para este e outros concursos. E mais ainda pelo apoio pós prova, nos auxiliando na preparação dos recursos. Pois bem, seria possível informar precisamente a página de onde foram extraídas as informações do livro do Professor BECHARA? Apenas para reforçar o argumento utilizado. Muito obrigado Professor Felipe Luccas e toda a equipe do Estratégia, gratidão sempre.
    Renato Gondo em 05/02/19 às 13:13
  • Professor a questão 09 sobre a morte do funcionário é cabível recurso ? Parece haver um equívoco em inferir suposta morte de funcionário. Pode-se inferir, sim, uma morte de função. Parece isso, pois o autor emprega termos “cargo” e “ cargo público” Assim, quando completa dizendo “ transferido para as trevas eterna” está dizendo que a função não existe mais e o funcionário que nela trabalhava deve ser transferido.
    Marcus Vinicius em 05/02/19 às 01:23
  • a 12 cabe recurso?
    TIAGO A. em 04/02/19 às 21:23