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O que esperar do Português no ENEM 2017?

PORTUGUÊS ENEM – O que esperar da prova em 2017?

Olá, pessoal! Eu sou a professora de Linguagens Rafaela Freitas, do Estratégia ENEM, e quero falar especialmente com aqueles que estão estudando PORTUGUÊS ENEM para o exame de 2017. Sim, meu papo é com você que se vê “descabelado” com tantas disciplinas para estudar e que ainda se depara com um programa de língua portuguesa NADA específico, não é?!

E aí? Tenho que estudar e saber tudo sobre TODO o Português que aprendi durante a minha vida inteira? Calma… tenho uma boa notícia! Não precisa! Vou organizar com você o seu pensamento neste artigo!

É verdade que o edital do ENEM sempre traz um conteúdo programático de Português (em Linguagens, códigos e suas tecnologias) extenso e até um pouco confuso para os candidatos. Mas não é tudo que cai na prova de PORTUGUÊS ENEM!! Vamos ver isso na prática?

Fiz um fluxograma baseado nas últimas três provas de PORTUGUÊS ENEM (2014, 2015 e 2016). Em média, temos o seguinte:

O que mais cai de PORTUGUÊS na prova do ENEM?

Vamos por partes.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

Interpretação textual é conteúdo campeão na prova de PORTUGUÊS ENEM. São em média 10 questões, sendo que, dentro da prova de linguagens, que possui 40 questões e engloba também literatura, artes, música, educação física, tecnologia da informação e comunicação, podemos encontrar em praticamente TODAS as questões necessidade de interpretação

Vejam o exemplo de uma questão que traz assunto voltado para o campo da Educação Física, mas que, na verdade, é meramente interpretativa:

QUESTÃO 102 – prova rosa – 2016

É possível considerar as modalidades esportivas coletivas dentro de uma mesma lógica, pois possuem uma estrutura comum: seis princípios operacionais divididos em dois grupos, o ataque e a defesa. Os três princípios operacionais de ataque são: conservação individual e coletiva da bola, progressão da equipe com a posse da bola em direção ao alvo adversário e finalização da jogada, visando a obtenção de ponto. Os três princípios operacionais da defesa são: recuperação da bola, impedimento do avanço da equipe contrária com a posse da bola e proteção do alvo para impedir a finalização da equipe adversária.

DAOLIO, J. Jogos esportivos coletivos: dos princípios operacionais aos gestos técnicos – modelo pendular a partir das ideias de Claude Bayer. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, out. 2002 (adaptado).

Considerando os princípios expostos no texto, o drible no handebol caracteriza o princípio de

a) recuperação da bola.

b) progressão da equipe.

c) finalização da jogada.

d) proteção do próprio alvo.

e) impedimento do avanço adversário.

Comentário: engana-se quem pensa que, para responder uma questão desse tipo, é essencial conhecimento pleno das regras do handebol. É necessário apenas INTERPRETAÇÃO das informações lidas no texto e de um pequeno conhecimento de mundo. Sabemos que “driblar” é esquivar-se, escapar! Em um jogo em que temos três princípios de ataque: “conservação individual e coletiva da bola, progressão da equipe com a posse da bola em direção ao alvo adversário e finalização da jogada, visando a obtenção de ponto.”, obviamente, o drible do adversário é escapar dele em direção a marcação do ponto, ou seja, é a “progressão da equipe com a posse da bola em direção ao alvo”.

GABARITO: B

GÊNEROS TEXTUAIS

O estudo dos gêneros textuais é o conteúdo bicampeão no nosso ranking!  Nas provas analisadas, pude perceber claramente que saber reconhecer e entender a função dos gêneros da nossa língua está “em alta” no ENEM. O Inep sempre colocou na prova questões que envolvem esse conteúdo, mas ele tem crescido muito!

No ano de 2016, foi a tônica da prova bem ao lado da interpretação textual! Vejam:

QUESTÃO 98 – prova rosa – 2016

Qual é a segurança do sangue?

Para que o sangue esteja disponível para aqueles que necessitam, os indivíduos saudáveis devem criar o hábito de doar sangue e encorajar amigos e familiares saudáveis a praticarem o mesmo ato.

A prática de selecionar criteriosamente os doadores, bem como as rígidas normas aplicadas para testar, transportar, estocar e transfundir o sangue doado fizeram dele um produto muito mais seguro do que já foi anteriormente.

Apenas pessoas saudáveis e que não sejam de risco para adquirir doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue, como hepatites B e C, HIV, sífilis e Chagas, podem doar sangue.

Se você acha que sua saúde ou comportamento pode colocar em risco a vida de quem for receber seu sangue, ou tem a real intenção de apenas realizar o teste para o vírus HIV, NÃO DOE SANGUE.

Cumpre destacar que apesar de o sangue doado ser testado para as doenças transmissíveis conhecidas no momento, existe um período chamado de janela imunológica em que um doador contaminado por um determinado vírus pode transmitir a doença através do seu sangue.

DA SUA HONESTIDADE DEPENDE A VIDA DE QUEM VAI RECEBER SEU SANGUE.

Disponível em: www.prosangue.sp.gov.br. Acesso em: 24 abr. 2015 (adaptado).

Nessa campanha, as informações apresentadas têm como objetivo principal

a) conscientizar o doador de sua corresponsabilidade pela qualidade do sangue.

b) garantir a segurança de pessoas de grupos de risco durante a doação de sangue.

c) esclarecer o público sobre a segurança do processo de captação do sangue.

d) alertar os doadores sobre as dificuldades enfrentadas na coleta de sangue.

e) ampliar o número de doadores para manter o banco de sangue.

Comentário: foi característica do ENEM 2016 1ª aplicação trabalhar interpretação de gêneros textuais. O texto da questão cumpre o seu papel de alertar os doadores de sangue sobre a consciência da qualidade do próprio sangue.

Trata-se de um texto publicitário focado no receptor, vejam o final: DA SUA HONESTIDADE DEPENDE A VIDA DE QUEM VAI RECEBER SEU SANGUE.

A remissão é exofórica, ou seja, vai para “fora” do texto, apontando para o leitor.

GABARITO: A

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Desde adequação da linguagem até tipos de variação, o ENEM tem cobrado muita Linguística nas nos últimos anos. São questões que envolvem o falar brasileira, o uso da linguagem e até o preconceito linguístico. A tendência é que esse conteúdo permaneça e até cresça em 2017!

É bem tranquilo, vejam só:

QUESTÃO 99 – prova rosa – 2016 

TEXTO I

Entrevistadora — eu vou conversar aqui com a professora A. D. … o português então não é uma língua difícil?

Professora — olha se você parte do princípio… que a língua portuguesa não é só regras gramaticais… não se você se apaixona pela língua que você… já domina que você já fala ao chegar na escola se o teu professor cativa você a ler obras da literatura… obras da/ dos meios de comunicação… se você tem acesso a revistas… é… a livros didáticos… a… livros de literatura o mais formal o e/ o difícil é porque a escola transforma como eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.

TEXTO II

Entrevistadora — Vou conversar com a professora A. D. O português é uma língua difícil?

Professora — Não, se você parte do princípio que a língua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias, e se tem acesso a revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.

MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado).

O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida por uma professora de português a um programa de rádio. O Texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses textos

a) apresentam ocorrências de hesitações e reformulações.

b) são modelos de emprego de regras gramaticais.

c) são exemplos de uso não planejado da língua.

d) apresentam marcas da linguagem literária.

e) são amostras do português culto urbano.

Comentário: A questão exigiu do candidato conhecimento sobre a variação sociocultural, aquela referente às diferenças linguísticas decorrentes das características sociais e culturais de cada falante: idade, profissão, sexo, grau de instrução grupo social, nível econômico. A alternativa apontada como a correta fala sobre “português culto urbano”, a variação de quem possui terceiro grau completo além de ter sido nascido e criado em zona urbana. A fala da professora transcrita ou adaptada segue esse padrão.

GABARITO: E

FUNÇÕES DA LINGUAGEM

Como a interpretação dos gêneros textuais e a variação linguística estão em alta no PORTUGUÊS ENEM, é natural que algumas questões cobrem as funções que uma linguagem pode ter em determinado contexto de uso. Vejam:

QUESTÃO 96 – prova rosa – 2016

Ler não é decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto. É, a partir do texto, ser capaz de nele o tipo de leitura que o seu autor pretendia e, dono da própria vontade, entregar-se a essa leitura, ou rebelar-se contra ela, propondo uma outra não prevista.

LAJOLO, M. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.

Nesse texto, a autora apresenta reflexões sobre o processo de produção de sentidos, valendo-se da metalinguagem. Essa função da linguagem torna-se evidente pelo fato de o texto:

a) ressaltar a importância da intertextualidade.

b) propor leituras diferentes das previsíveis.

c) apresentar o ponto de vista da autora.

d) discorrer sobre o ato de leitura.

e) focar a participação do leitor.

Comentário: a questão abordou uma função de linguagem muito comum nas provas do ENEM: a metalinguagem. O autor utiliza o código para falar do próprio código, ou seja, usa a leitura para discorrer sobre o ato de ler. É de extrema importância conhecer todas as funções da linguagem e os elementos da comunicação.

GABARITO: D

Agora uma pergunta que todos me fazem:

FATO: Em 2014, tivemos 3 questões de gramática, em 2015, apenas 2 e, em 2016, NENHUMA!

Isso quer dizer que não cairá mais conteúdo gramatical no PORTUGUÊS ENEM? Não, não… Pode cair sim, não se iluda! Mas a boa notícia é que as questões até aqui sempre abordaram conteúdos gramaticais ligados ao estudo das classes gramaticais, especialmente pronomes, verbos, advérbios e conjunções (gancho para orações), além de coesão e coerência, que também necessita do estudo dos pronomes! Assim ficou mais fácil ficar o que estudar de gramática, certo? Sem susto e sem trauma!

Bom, meus amigos, espero ter ajudado com essa análise!

Até a próxima!!

Professora Rafaela Freitas.

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Veja os comentários
  • Meu esse ano acho q eu fico doido de tanto estudar, são muitos assuntos e muitas matérias aff :(
    Fabricio da Costa em 26/05/17 às 15:28