“Primeiramente, acho que é necessário ter a certeza do objetivo e consciência de que o caminho é árduo, demanda muita renúncia e pode ser muito demorado. Tem que estar disposto a pagar o preço. Nem todos estão dispostos e isso é normal […]”
Confira a nossa entrevista com Paulo Sergio da Silva, aprovado em 4° lugar no concurso PGE SP para o cargo de Procurador:
Estratégia Concursos: Qual sua idade? De onde você é? Em que ano se formou?
Paulo Sergio da Silva: Tenho 43 anos, sou de Guaxupé/MG, mas vivo em São Paulo há mais de 15 anos. Me formei em 2012, na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Paulo: Fiz o curso de Direito já trabalhando em cargo público, como escrevente no TJSP. Queria me manter no setor público, mas em um cargo de nível superior.
Estratégia: Por que Procuradoria? O que te atraiu nessa carreira?
Paulo: As áreas de estudo que envolvem procuradorias sempre foram as minhas preferidas na faculdade (Direito Constitucional, Administrativo, Processo Civil, Tributário). Embora, inicialmente, eu tenha estudado por algum tempo para Magistratura, foi natural a migração para a carreira de procuradoria.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava, ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Paulo: Eu trabalhava e estudava. Como disse, eu só fui fazer o curso de Direito depois que entrei na área jurídica, o que ocorreu quando prestei um concurso de nível médio (escrevente) e passei. Então, decidi fazer o curso de direito.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Paulo: Concurso de nível superior, fui aprovado na PGM/SP, na Câmara Municipal de São Paulo e, agora, na PGE/SP. Na PGM/SP, fiquei fora do número de vagas previsto no edital, mas estou na lista de aprovados, acho que em 153º. Na Câmara, fiquei em quarto, fui nomeado e tomei posse em novembro/2023. Agora, fui aprovado na PGE/SP, em quarto lugar na ampla concorrência.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Paulo: É uma sensação indescritível de realização e de que, toda a dedicação, sacrifício e abdicações, valeram a pena.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Paulo: Praticamente não tinha vida social, rs. Com exceção de datas como Natal e Ano Novo, quase todos os outros dias, eram de estudos.
Estratégia: Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Paulo: Sim, sou casado e tenho um filho de 13 anos. Apesar da rotina intensa de estudos, nunca abri mão de dedicar algum tempo à família, mas recebi muito apoio de todos meus familiares e amigos, que entendiam que, naquele momento, a minha prioridade era estudar.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Paulo: Não pretendo mais prestar concursos públicos. O meu objetivo sempre foi PGE/SP ou PGM/SP. Agora que obtive aprovação em ambas, pretendo me aposentar…rs.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Paulo: Eu tenho duas fases diferentes de estudos para concurso de procuradorias. Comecei a estudar para este tipo de concursos em 2016 – antes, entre 2014 e 2016, estudava para concursos de magistratura – com o único objetivo de prestar PGE/SP. No concurso de 2018, fui reprovado na segunda fase. Aí, migrei os meus estudos para Magistratura novamente (um grande erro, rs), mas eu estava estudando sem ritmo e, com a pandemia, deixei de estudar para concursos e fui fazer outras coisas (cursos, pós-graduação, etc.). No início de 2023, vi notícias de que abriria um novo concurso para PGM/SP. Como tinha uma boa base do estudo anterior, resolvi retomar o estudo para concursos e foi aí que as coisas deram certo.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Paulo: Sim. Foi o que mais fiz, primeiramente entre 2014 e 2016 (estudo para Magistratura). Também em 2016 e 2017 e, depois, quando retornei, em 2023. É difícil manter a disciplina, mas consegui manter o foco, pensando que o edital poderia ser publicado a qualquer momento e eu tinha que estar com um ritmo bom de estudo para ser competitivo. A meu ver, o número de horas diárias de estudo não tem tanta importância como a constância.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Paulo: Eu diria que todos esses. No início, eu estudava por livros voltados para concursos, resumindo-os. Depois, fiz um curso de aulas presenciais, em 2017. Posteriormente, passei a estudar também por PDF. Nunca gostei muito de videoaulas, mas assistia a algumas em tópicos complicados da matéria.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Paulo: Lá em 2016, havia amigos que estudavam com o Estratégia e falavam bem do curso. Aí comprei um curso também, mas voltado para procuradorias. Como eu tinha muito material próprio resumido, usei os PDFs do Estratégia como complemento.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todos que estudam para concurso público é a quantidade de assuntos para memorizar. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Paulo: Nunca tive muitas horas por dia para estudar, pois sempre trabalhei desde a faculdade. Eram, em média, 4 horas por dia durante a semana. Aos fins de semana, eu estudava praticamente o dia todo, nos momentos de preparação mais intensa. Estudava uma matéria por dia durante a semana, segundo um cronograma que fazia, dando mais atenção às matérias que tinha mais dificuldade. Aos fins de semana, quando tinha mais tempo, estudava duas por dia. No início, fiz resumos de livros. Depois, passei a estudar por PDF. Sempre mantive um cronograma de revisão também, geralmente na última semana do mês. Um erro que cometi no início dos estudos, foi fazer poucas questões e não dar a atenção devida à Jurisprudência.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Paulo: Depende do tipo de prova. Para prova objetiva, eu costumo estudar intensamente nas últimas semanas, às vezes até no dia da prova, pois não é um tipo de prova que me canse muito. Já para provas de segunda fase, costumo tirar o dia anterior à prova, só pra descansar.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Paulo: Muito treino. Para mim, funcionou uma divisão do tempo com 50% de estudo de conteúdo e 50% de treino, fazendo provas anteriores ou simulados.
Estratégia: Como foi sua preparação para a prova oral?
Paulo: Também treino muito. Aqui acho que a divisão tem que ser uns 60% para treino e 40% para estudo de conteúdo. A prova oral é uma dificuldade grande, pois o ritmo intenso de estudos por anos nos condiciona a ler e escrever, não falar o conteúdo. Então, no início da preparação é bem difícil, mas com algum treinamento, o discurso falado começa a fluir. Importante também desenvolver algumas técnicas de oratória, linguagem corporal e para afastar o nervosismo.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação, quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Paulo: Foram muitos erros antes de acertar. Creio que os meus maiores erros, foram negligenciar a prática de questões para as provas objetivas e não utilizar ferramentas adequadas para estudar jurisprudência. O fato de ter mudado de objetivo – entre magistratura e procuradoria – também foi um fator que atrasou a minha aprovação. Os maiores acertos foram perseverar e ter a certeza de que um dia daria certo.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Paulo: Pensei diversas vezes em desistir. Na verdade, cheguei a desistir durante a pandemia, porém, por algum motivo, decidi retornar em 2023. Foi quando finalmente obtive êxito. Acho que, o que me fez continuar, foi o desejo de atingir uma melhoria profissional e financeira.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Paulo: O meu filho, com toda a certeza.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Paulo: Primeiramente, acho que é necessário ter a certeza do objetivo e a consciência de que o caminho é árduo, demanda muita renúncia e pode ser muito demorado. Tem que estar disposto a pagar o preço. Nem todos estão dispostos e isso é normal. O caminho do concurso público não é a única rota para o êxito profissional. Há muitos outros caminhos possíveis. Sabendo disso e tendo a certeza de que quer encarar, tem que seguir em frente, com coragem e perseverança. Estabelecer um planejamento e segui-lo. Com exceção de alguns poucos iluminados, as derrotas acontecerão. Mesmo aqueles que obtêm múltiplas aprovações, contam um número ainda maior de reprovações. Reprovar faz parte do processo. Tem que ter isso em mente e seguir em frente até obter o resultado. Não é fácil, mas é possível.