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Prova Comentada Português TST Analista

Prova Comentada Português TST Analista 

Olá, pessoal!

Hoje começamos nossa Maratona TST e há muito o que falarmos!

Como complemento, segue uma prova comentada.

A última prova do TST foi em 2012, a qual comento abaixo.

Isso vai ajudar você a entender o que caiu e como caiu na prova.

Recomendo também a leitura do RAIO-X do último certame e dicas de estudo!

Assista ao aulão da Maratona TST!

Prova

(TST 2012 – Analista Judiciário – Área Apoio Especializado Especialidade Suporte em Tecnologia da Informação)

Atenção: As questões de números 1 a 12 referem-se ao texto seguinte.

Intolerância religiosa

        Sou ateu e mereço o mesmo respeito que tenho pelos religiosos.

        A humanidade inteira segue uma religião ou crê em algum ser ou fenômeno transcendental que dê sentido à existência. Os que não sentem necessidade de teorias para explicar a que viemos e para onde iremos são tão poucos que parecem extraterrestres. Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal, ao que tudo indica só o homem faz conjecturas sobre o destino depois da morte. A possibilidade de que a última batida do coração decrete o fim do espetáculo é aterradora. Do medo e do inconformismo gerado por ela, nasce a tendência a acreditar que somos eternos, caso único entre os seres vivos.

        Todos os povos que deixaram registros manifestaram a crença de que sobreviveriam à decomposição de seus corpos. Para atender esse desejo, o imaginário humano criou uma infinidade de deuses e paraísos celestiais. Jamais faltaram, entretanto, mulheres e homens avessos a interferências mágicas em assuntos terrenos. Perseguidos e assassinados no passado, para eles a vida eterna não faz sentido.

        Não se trata de opção ideológica: o ateu não acredita simplesmente porque não consegue. O mesmo mecanismo intelectual que leva alguém a crer leva outro a desacreditar. Os religiosos que têm dificuldade para entender como alguém pode discordar de sua cosmovisão devem pensar que eles também são ateus quando confrontados com crenças alheias.

        O ateu desperta a ira dos fanáticos, porque aceitá-lo como ser pensante obriga-os a questionar suas próprias convicções. Não é outra a razão que os fez apropriar-se indevidamente das melhores qualidades humanas e atribuir as

demais às tentações do Diabo. Generosidade, solidariedade, compaixão e amor ao próximo constituem reserva de mercado dos tementes a Deus, embora em nome Dele sejam cometidas as piores atrocidades.

        Fui educado para respeitar as crenças de todos, por mais bizarras que a mim pareçam. Se a religião ajuda uma pessoa a enfrentar suas contradições existenciais, seja bem-vinda, desde que não a torne intolerante, autoritária ou violenta. Quanto aos religiosos, leitor, não os considero iluminados nem crédulos, superiores ou inferiores, os anos me ensinaram a julgar os homens por suas ações, não pelas convicções que apregoam.

(Drauzio Varella, Folha de S. Paulo, 21/04/2012)

 

1. O título Intolerância religiosa refere-se fundamentalmente, tal como se depreende do desenvolvimento do texto, ao fato de que

(A) a paciência e a resignação são atributos religiosos que os ateus deveriam reconhecer melhor.

(B) as diferentes religiões acabam por hostilizar-se em função de diferenças pouco relevantes.

(C) as pessoas religiosas tendem, por vezes, a demonstrar pouco ou nenhum respeito por quem não creia em Deus.

(D) as convicções de um ateu soam intolerantes quando apresentadas a um homem de fé.

(E) a compaixão e a tolerância são praticadas com mais facilidade por aqueles que não têm religião.

Comentário: Este tipo de questão trabalha a localização da informação principal do texto em contraste com as informações secundárias.

        A alternativa (A) está errada, pois o autor não desmerece os ateus. Assim, não há passagem no texto que critique os ateus por pouco reconhecerem os atributos religiosos.

        A alternativa (B) tem um caráter de verdade, pode ser subentendida pela linha argumentativa do texto, mas não é a ideia principal, motivada pelo título e pelo tema do texto. Pelo desenrolar do texto, observamos que a intolerância não é especificada entre as religiões, mas entre religiosos e não religiosos. Note que não encontramos vestígios no texto que nos levem a interpretar especificamente a hostilidade entre religiosos por motivos pouco relevantes.

        A alternativa (C) é a correta, pois  transmite a ideia central do texto. Veja que o título é “Intolerância religiosa”. A introdução do texto (a tese, o tópico frasal) transmite que o autor (que é ateu) merece o mesmo respeito que tem pelos religiosos. Assim, esta intolerância é dirigida ao ateu. Várias são as passagens que reforçam a ideia da intolerância para com os ateus: “Perseguidos e assassinados no passado”, “parecem extraterrestres”, “O ateu desperta a ira dos fanáticos”, “em nome Dele (Deus) sejam cometidas as piores atrocidades”.

        Como o parágrafo de conclusão é utilizado para reforçar a tese, percebemos novamente a ideia central: a necessidade de respeito do religioso a quem se caracteriza como ateu:

Quanto aos religiosos, leitor, não os considero iluminados nem crédulos, superiores ou inferiores, os anos me ensinaram a julgar os homens por suas ações, não pelas convicções que apregoam.

        A alternativa (D) está errada, pois a linha argumentativa do texto não transmite a ideia de que o ateu defende suas convicções e isso soa intolerante ao religioso.

        A alternativa (E) está errada, pois o texto não defende quem é o melhor ou pior em suas ações entre religiosos e ateus. O texto defende que deve haver tolerância entre eles.

Gabarito: C

 

2. A afirmação final de que os anos me ensinaram a julgar os homens por suas ações, não pelas convicções que apregoam

(A) expressa a convicção de que os homens escolhem os caminhos de acordo com seus interesses pessoais.

(B) é contraditória em relação ao respeito que diz ter o autor pelos que professam uma religião.

(C) é um argumento em favor das crenças que se apropriam das melhores qualidades humanas.

(D) expõe a convicção de que somente os ateus são capazes de discernir entre o bem e o mal.

(E) indica como critério de julgamento moral o valor do que é efetivamente praticado por alguém.

Comentário: Este tipo de questão pede a interpretação localizada, a partir de uma informação específica.

        Na afirmação final “os anos me ensinaram a julgar os homens por suas ações, não pelas convicções que apregoam”, é fácil perceber que o valor está em praticar, e não apenas nas ideologias.

        Assim, a única resposta possível está na alternativa (E).

        A alternativa (A) está errada. É verdade que os homens escolhem os caminhos de acordo com seus interesses pessoais, porém isso nada tem a ver com a afirmação final do texto.

        A alternativa (B) está errada, pois tal afirmação é um reforço do que se  declara na introdução do texto, e não uma contradição.

        A alternativa (C) está errada, por ser um argumento em favor das ações, e não só das ideologias.

        A alternativa (D) está errada, pois há a palavra categórica “somente”, que determina que os religiosos não teriam como discernir entre o bem e o mal, algo que vai contra o desenrolar do texto e nada tem a ver com a afirmação final.

Gabarito: E

 

3. Atente para as seguintes afirmações:

I.    O medo de morrer acaba por incutir nos homens a rejeição da ciência, fazendo-os acreditar que somente os religiosos sejam imortais.

II.   O fato de haver tantas religiões parecidas no mundo leva o autor a questionar a superioridade que cada uma reivindica para si.

III. O autor admite o fato de que a religião pode fortalecer intimamente uma pessoa, tendo aprendido a respeitar a quem tem fé.

Em relação ao texto está correto o que se afirma em

(A) II e III, apenas.

(B) I, II e III.

(C) I e II, apenas.

(D) I e III, apenas.

(E) III, apenas.

Comentário: Neste tipo de questão, veja que não se quer a informação central do texto. Agora, o que importa é saber se as afirmativas têm lógica de acordo com que se argumenta no texto.

        A afirmativa I está errada e faz referência ao segundo e terceiro parágrafos, principalmente na passagem “A possibilidade de que a última batida do coração decrete o fim do espetáculo é aterradora. Do medo e do inconformismo gerado por ela, nasce a tendência a acreditar que somos eternos, caso único entre os seres vivos.”. Assim, o autor não quis afirmar que o homem rejeita a ciência, mas que admite algo além dela, pelo medo da morte.

        Alem disso, a palavra categórica “somente” transmite a ideia de que os ateus seriam mortais e os religiosos seriam imortais, mas isso não foi tratado no texto.

        A afirmativa II está errada, pois não há nenhuma passagem no texto que afirme a superioridade de uma religião sobre outra.

        A afirmativa III está correta e faz referência ao último parágrafo do texto. Realmente o autor admite o fato de que a religião pode fortalecer intimamente uma pessoa e isso está subentendido na frase “Se a religião ajuda uma pessoa a enfrentar suas contradições existenciais, seja bem-vinda, desde que não a torne intolerante, autoritária ou violenta.”. Além disso, podemos perceber que o trecho “tendo aprendido a respeitar a quem tem fé” se baseia na frase “Fui educado para respeitar as crenças de todos, por mais bizarras que a mim pareçam.”.  

Gabarito: E

 

4. As convicções materialistas do autor levam-no a considerar o homem como um ser da natureza, não mais que isso. É o que se comprova na seguinte passagem:

(A) Quanto aos religiosos, leitor, não os considero iluminados nem crédulos, superiores ou inferiores (…)

(B) Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal (…)

(C) Todos os povos que deixaram registros manifestaram a crença de que sobreviveriam à decomposição de seus corpos.

(D) Não se trata de opção ideológica: o ateu não acredita simplesmente porque não consegue.

(E) O ateu desperta a ira dos fanáticos, porque aceitá-lo como ser pensante obriga-os a questionar suas próprias convicções.

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o último parágrafo do texto esboça a importância que o autor dá ao respeito ao outro e a suas convicções. Isso não transmite sua visão materialista.

        A alternativa (C) está errada, pois esta passagem transmite a crença dos povos. Isso não transmite a visão materialista do autor.

        A alternativa (D) está errada, pois o fato de não se tratar de uma visão ideológica não quer dizer que haja uma visão materialista do autor. Isso não ocorre por ser materialista, mas simplesmente por não conseguir acreditar.

        A alternativa (E) está errada, pois o fato de despertar a ira dos fanáticos não necessariamente transmite a visão materialista do autor.

         Assim, a alternativa correta é a (B). Para entendermos, é importante transcrever o início do segundo parágrafo:

        “A humanidade inteira segue uma religião ou crê em algum ser ou fenômeno transcendental que dê sentido à existência. Os que não sentem necessidade de teorias para explicar a que viemos e para onde iremos são tão poucos que parecem extraterrestres. Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal, ao que tudo indica só o homem faz conjecturas sobre o destino depois da morte.”

        O primeiro período faz referência aos que possuem uma crença a fenômeno transcendental. O segundo período contrasta por meio daqueles que não possuem esta crença: os materialistas. Assim, percebe-se a visão do autor de que o ser humano é apenas mais um na natureza. Isso é reforçado pela expressão “Dono de um cérebro com capacidade de processamento de dados incomparável na escala animal”, em que este ser se diferencia dos outros por sua capacidade mental.

        Veja que as convicções materialistas estão expressas em um termo típico: “processamento de dados”.

Gabarito: B

 

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5. Está correta a seguinte afirmação sobre um aspecto do texto:

(A) a expressão mulheres e homens avessos a interferências mágicas (3º parágrafo) refere-se a quem não crê em fenômenos transcendentes.

(B) em para explicar a que viemos (2º parágrafo), o elemento sublinhado tem o sentido de o meio pelo qual.

(C) a expressão só o homem faz conjecturas (2º parágrafo) refere-se ao pensamento típico de um ateu.

(D) em Para atender esse desejo (3º parágrafo), o elemento sublinhado refere-se ao destino dos corpos depois da morte.

(E) a expressão Perseguidos e assassinados no passado (3º parágrafo) refere-se aos primitivos mártires cristãos.

Comentário: Neste tipo de questão, devemos localizar a informação no texto e observar seu emprego.

        A alternativa (A) é a correta, pois “interferências mágicas”, contextualmente, é o mesmo que “fenômenos transcendentes”.

        A alternativa (B) está errada, pois a expressão “a que viemos” faz subentender a expressão “a fim de que viemos”, isto é, qual a finalidade de nossa existência. Assim, não há valor adverbial de meio, mas de finalidade.

        A alternativa (C) está errada, pois o fato de o homem ser o único que faz conjecturas não é pensamento apenas dos ateus, mas também os religiosos argumentam em favor desse pensamento.

          A alternativa (D) está errada, pois a expressão “esse desejo”, não se refere ao destino dos corpos depois da morte, mas à sobrevivência à decomposição dos corpos.

        A alternativa (E) está errada, pois a expressão “Perseguidos e assassinados no passado” refere-se às “mulheres e homens avessos a interferências mágicas em assuntos terrenos”, isto é, às pessoas que não eram cristãs.

Gabarito: A

 

 

6. Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

(A) por mais bizarras que a mim pareçam (6º parágrafo) = tanto mais agressivas eu as julgue

(B) capacidade de processamento de dados (2º parágrafo) = habilidade para investigar conceitos

(C) Não se trata de opção ideológica (4º parágrafo) = não consta haver escolha consciente

(D) discordar de sua cosmovisão (4º parágrafo) = ir de encontro à sua visão de mundo

(E) desperta a ira dos fanáticos (5º parágrafo) = conclama o ódio aos sectários

 

Comentário: A alternativa (A) está errada, pois “bizarras”, neste contexto, tem o sentido de “extravagante”, “esquisito”; não cabendo o adjetivo “agressivas” tendo em vista que em seguida o autor insere a condição de não violência (“desde que não a torne intolerante, autoritária ou violenta.”).

        A alternativa (B) está errada, pois “processamento” tem o sentido geral de armazenar e utilizar, proceder; diferente do verbo “investigar”, que tem um sentido muito específico, destoando do contexto. O mesmo ocorre com “dados”, que tem o sentido geral de informações; já o termo “conceitos” é bem mais específico, o que destoa do contexto.

        A alternativa (C) está errada, pois o fato de não se tratar de opção ideológica não quer dizer que não haja uma escolha consciente. Ora, segundo defende o autor, o ateu não tem essa opção ideológica, mas ele tem consciência de suas escolhas.

        A alternativa (D) é a correta, pois “discordar” é o mesmo que “ir de encontro a”, e “cosmovisão” é o mesmo que “visão de mundo”.

        A alternativa (E) está errada, pois a troca da preposição “dos” (agente) pela preposição “a” (paciente) muda o sentido completamente. O verbo “desperta” é potencializado pelo verbo “conclama”, pois este transmite um tom mais fervoroso em relação ao primeiro, mas ainda assim o contexto admitiria tal substituição.

        O substantivo “ira” tem o mesmo sentido de “ódio”.

        O substantivo “fanáticos” é abrandado pelo substantivo “sectários” (seguidores de seitas, não propriamente fanáticos), mas o contexto ainda admite.

        Assim, realmente foi a troca da preposição que transmitiu o erro, pois com a preposição “dos” são os fanáticos que possuem a ira, o ódio; já com a preposição “a” são os sectários, os fanáticos que recebem o ódio, a ira.

Gabarito: D

 

 

7. As normas de concordância verbal estão plenamente acatadas em:

(A) Nunca se abrandaram nos homens e mulheres que não se valem da fé religiosa a reação hostil dos que se proclamam filhos de Deus.

(B) Aos ateus não se devem dispensar o mesmo tratamento de que foram vítimas os primeiros adeptos do cristianismo.

(C) Nunca faltaram aos homens de todas as épocas o recurso das crenças no sobrenatural e a empolgação pelas artes da magia.

(D) Não se deixam levar pelas crenças transcendentes quem só costuma atender as exigências do pensamento racional.

(E) Poupem-se da ira dos fanáticos de sempre aquele tipo de pesquisador que se baseia tão somente nos fenômenos que se podem avaliar.

Comentário: Questão simples. Basta grifar o verbo e observar o sujeito.

        A alternativa (A) está errada, pois o verbo “abrandaram” é transitivo direto e indireto, o pronome “se” é apassivador. Assim, não há objeto direto. O objeto indireto é o termo “nos homens e mulheres” e o sujeito paciente é “a reação hostil”, a qual força o verbo ao singular.

        Para termos certeza de que há realmente pronome apassivador, devemos transpor para a voz passiva analítica: “Nunca foi abrandada … a reação hostil…

        Os verbos “valem” e “proclamam” estão corretamente flexionados no plural, pois os pronomes relativos “que” retomam “homens e mulheres” e “os”, respectivamente. Veja:

Nunca se abrandou nos homens e mulheres que não se valem da fé religiosa a reação hostil dos que se proclamam filhos de Deus.”

        A alternativa (B) está errada, pois a locução verbal “devem dispensar” é transitiva direta e indireta, o objeto indireto é “aos ateus”, o pronome “se” é apassivador. Assim, não há objeto direto, mas o sujeito paciente “o mesmo tratamento”, o qual força o verbo ao singular. Para termos certeza de que há realmente pronome apassivador, devemos transpor para a voz passiva analítica: “o mesmo tratamento não deve ser dispensado aos ateus”.

        Na oração subordinada adjetiva restritiva, o sujeito do verbo de ligação “foram” é o termo “os primeiros adeptos do cristianismo”. O termo “vítimas” é o predicativo e “de que” é o complemento nominal. Assim, a flexão verbal está correta.

Aos ateus não se deve dispensar o mesmo tratamento de que foram vítimas os primeiros adeptos do cristianismo.”

        A alternativa (C) é a correta, pois o verbo “faltaram” é transitivo indireto, seu objeto indireto é o termo “aos homens” e seu sujeito é composto: “o recurso das crenças no sobrenatural e a empolgação pelas artes da magia”.

Nunca faltaram aos homens de todas as épocas o recurso das crenças no sobrenatural e a empolgação pelas artes da magia.”

        A alternativa (D) está errada, pois a locução verbal “deixam levar” tem como sujeito o pronome indefinido “quem”, forçando-a ao singular. Tal pronome pode-se desmembrar na estrutura “aquele que”. Assim, “aquele” seria o sujeito da locução verbal e “que” seria o sujeito da oração subordinada adjetiva restritiva posterior “que só costuma atender as exigências do pensamento racional”. Por isso, a locução verbal “costuma atender” está corretamente flexionada no singular.

Não se deixa levar pelas crenças transcendentes quemcostuma atender as exigências do pensamento racional.”

ou

Não se deixa levar pelas crenças transcendentes aquele quecostuma atender as exigências do pensamento racional.”

        A alternativa (E) está errada, pois o verbo “poupem” é transitivo direto e indireto, e o pronome “se” é apassivador. Assim, não há objeto direto. O objeto indireto é o termo “da ira dos fanáticos de sempre” e o termo singular “aquele tipo de pesquisador” é o sujeito paciente, o qual força o verbo ao singular.

        Para termos certeza de que há realmente pronome apassivador, devemos transpor para a voz passiva analítica: “aquele tipo de pesquisador é poupado da ira dos fanáticos de sempre”.

        Os verbos “baseia” e “podem avaliar” estão corretamente flexionados, porque têm como sujeito os pronomes relativos “que”, os quais retomam os termos “aquele tipo de pesquisador” e “fenômenos”, respectivamente.

Poupe-se da ira dos fanáticos de sempre aquele tipo de pesquisador que se baseia tão somente nos fenômenos que se podem avaliar.”

Gabarito: C

 

8. Está inteiramente clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:

(A) Buscando um equilíbrio diante da medicina e da comunicação, o autor investe em temas tão científicos quanto leigos.

(B) O autor é um médico já notório por cujas observações em programas de televisão, inclusive uma famosa campanha antitabagista.

(C) O autor é um médico experiente, que se vale de sua fluência verbal tanto na imprensa escrita como na televisão.

(D) Muita gente identifica o autor enquanto um médico capaz, além de saber comentar assuntos vários, mesmo sendo opinativo.

(E) Ao autor muitos já se inflamaram por conta de suas opiniões radicais com que se dissuadiram tantos fumantes.

Comentário: Este tipo de questão cobra a correta redação. Assim, deve-se observar a gramaticalidade como um todo, além da relação com o texto.

        A alternativa (A) está errada, pois a expressão correlativa de adição ideal seria “tanto científicos quanto leigos”. Assim, o advérbio “tão” está empregado erradamente.

        Note que a vírgula foi empregada porque a oração subordinada adverbial causal reduzida de gerúndio “Buscando um equilíbrio diante da medicina e da comunicação” está antecipada.

Buscando um equilíbrio diante da medicina e da comunicação, o autor investe em temas tanto científicos quanto leigos.”

        A alternativa (B) está errada, pois o pronome “cujas” não transmite valor de posse, nem inicia oração adjetiva. O ideal seria a exclusão de tal vocábulo, pois a expressão “por observações em programas de televisão” é um adjunto adverbial de causa.

O autor é um médico já notório por observações em programas de televisão, inclusive uma famosa campanha antitabagista.”

        A alternativa (C) é a correta. Veja que a expressão correlativa de adição está devidamente empregada com os conetivos “tanto…como”. Além disso, note que a oração “que se vale de sua fluência verbal tanto na imprensa escrita como na televisão” é subordinada adjetiva explicativa, por isso é antecipada de vírgula.

O autor é um médico experiente, que se vale de sua fluência verbal tanto na imprensa escrita como na televisão.”

        A alternativa (D) está errada, pois o verbo “identifica” exige do termo seguinte um valor de modo. Assim, não cabe a conjunção “enquanto”, mas o advérbio de modo “como”.

        Além disso, se o autor comenta, naturalmente há um texto opinativo. Assim, não cabe a estrutura adverbial concessiva “mesmo sendo opinativo”. Para manter a estrutura concessiva, devemos trocar, por exemplo, o adjetivo “opinativo” por “subjetivos” (opinião pessoal, tendenciosa, sem comprovações). Assim, tal adjetivo concorda com “assuntos”.

Muita gente identifica o autor como um médico capaz, além de saber comentar assuntos vários, mesmo sendo subjetivos.”

        A alternativa (E) está errada. Primeiro, perceba que, na oração principal “Ao autor muitos já se inflamaram por conta de suas opiniões radicais”, não há erro, pois o verbo “inflamaram” é transitivo direto e indireto, o pronome “muitos” é o sujeito, o pronome “se” é reflexivo na função de objeto direto, e o objeto indireto é antecipado da preposição “a” (inflamaram-se ao autor). Caberia também a preposição “contra” (inflamaram-se contra o autor).

        Note que a expressão “por conta de suas opiniões radicais” é o adjunto adverbial de causa e está corretamente empregado.

        O erro se encontra na oração subordinada adjetiva restritiva “com que se dissuadiram tantos fumantes”. O verbo “dissuadir” significa “tirar de um propósito, fazer desistir”. Assim, percebemos que não são os fumantes que tiraram o propósito das opiniões radicais, mas estas opiniões radicais é que tiraram o propósito dos fumantes. Dessa forma, não cabe à expressão “tantos fumantes” a função sintática de sujeito agente, mas de sujeito paciente.

        O verbo “dissuadiram” é transitivo direto, o sujeito paciente é o termo “tantos fumantes”, o pronome “se” é apassivador, e o pronome relativo “que” deve ser precedido da preposição “por”, e não “com”. Assim, entendemos que “tantos fumantes foram dissuadidos por causa das opiniões radicais” ou “tantos fumantes foram dissuadidos por meio das opiniões radicais” ou “tantos fumantes foram dissuadidos pelas opiniões radicais”. Veja:

Ao autor muitos já se inflamaram por conta de suas opiniões radicais por que se dissuadiram tantos fumantes.”

ou

Ao autor muitos já se inflamaram por conta de suas opiniões radicais pelas quais se dissuadiram tantos fumantes.”

Gabarito: C

 

 

9. Está inadequado o emprego do elemento sublinhado na seguinte frase:

(A) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de fazer o mesmo com aqueles que não a têm.

(B) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao que dispenso aos homens religiosos.

(C) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de que deveriam desviar-se todos os homens verdadeiramente virtuosos.

(D) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescindir os que se dizem homens de fé.

(E) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.

Comentário: O cuidado com esta questão é observar que ela pede a alternativa incorreta. Ela trabalha tanto a regência com pronomes relativos (alternativas B, C e D), quanto o emprego dos conectivos (alternativas A e E).

        A alternativa (A) está correta, pois a expressão “a menos que” é uma locução conjuntiva adverbial condicional e está adequadamente empregada neste contexto.

Respeito os homens de fé, a menos que deixem de fazer o mesmo com aqueles que não a têm.”

        A alternativa (B) está correta, pois o adjetivo “similar” exige o complemento nominal “ao”, constituído da preposição “a” e do pronome demonstrativo “o” (=aquele). Veja que podemos também entender o vocábulo “o” como artigo, pois o substantivo “tratamento” pode ficar subentendido antes do pronome relativo “que”: “…peço que me deem tratamento similar ao (tratamento) que dispenso…”.

        Dentro da oração subordinada adjetiva restritiva “que dispenso aos homens religiosos”, o verbo “dispenso” é transitivo direto e indireto, o sujeito é oculto (eu), o objeto indireto é “aos homens religiosos” e o objeto direto é o pronome relativo “que”.

Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao que dispenso aos homens religiosos.”

Agora, perceba a dupla possibilidade do valor do “o”:

Pronome demonstrativo (o=aquele):

 “Sou ateu e peço que me deem tratamento similar àquele que dispenso aos homens religiosos.”

Artigo (“o” faz subentender o substantivo “tratamento”):

Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao (tratamento) que dispenso aos homens religiosos.”

        A alternativa (C) está correta, pois na oração subordinada adjetiva restritiva “de que deveriam desviar-se todos os homens verdadeiramente virtuosos”, o sujeito é “todos os homens verdadeiramente virtuosos”, a locução verbal é transitiva direta e indireta, o pronome “se” é reflexivo na função de objeto direto e o termo “de que” é o objeto indireto. O pronome relativo “que” retoma o substantivo “preconceitos”. Assim, entende-se que “todos os homens verdadeiramente virtuosos deveriam desviar-se de preconceitos”.

A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de que deveriam desviar-se todos os homens verdadeiramente virtuosos.”

        A alternativa (D) é a errada, pois o verbo “prescindir” é transitivo indireto e rege a preposição “de”, e não “em”. Veja que a oração subordinada adjetiva restritiva “na qual não podem prescindir os” possui como sujeito o pronome demonstrativo “os”, o advérbio de negação “não” e a locução verbal transitiva indireta “podem prescindir”, a qual rege a preposição “de”. Assim, o pronome relativo “a qual” deveria ser precedido da preposição “de”, formando o objeto indireto “da qual”, entendendo-se “os que se dizem homens de fé não podem prescindir da virtude da tolerância”.

A tolerância é uma virtude da qual não podem prescindir os que se dizem homens de fé.”

        A alternativa (E) está correta, pois a locução prepositiva de valor adverbial concessivo inicia a oração subordinada adverbial concessiva reduzida de infinitivo “a despeito de nada fazer”. Tal locução tem o mesmo valor de “apesar de”.

O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.”

Gabarito: D

 

10. Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus despertariam a ira de qualquer fanático, a forma verbal obtida será:

(A) teriam despertado.

(B) seria despertada.

(C) teria sido despertada.

(D) despertar-se-á.

(E) fora despertada.

Comentário: O verbo “despertariam” é transitivo direto. Seu objeto direto é “a ira de qualquer fanático”, o qual se transforma em sujeito paciente, levando o verbo a concordar com ele. O que antes era sujeito agente (“Os ateus”) passa a agente da passiva.

        Não se esqueça de que o verbo está flexionado no futuro do pretérito do indicativo. Assim, deve-se inserir o verbo “ser” no mesmo tempo verbal (seria). Veja:

Gabarito: B

 

11. A flexão de todas as formas verbais está plenamente adequada na frase:

(A) Quem requiser respeito para a fé que professa deve dispor-se a respeitar quem não adotou uma religião.

(B) Os que virem a desrespeitar quem não tem fé deverão merecer o repúdio público de todos os homens de bem.

(C) Deixar de professar uma fé não constitue delito algum, ao contrário do que julgam os fanáticos de sempre.

(D) Ninguém quererá condenar um ateu que se imbui do valor da ética e da moral no convívio com seus semelhantes.

(E) Se não nos dispormos a praticar a tolerância, que razão teremos para nos vangloriarmos de nossa fé religiosa?

Comentário: Questão simples e de rápida resolução.

        A alternativa (A) está errada, pois o verbo “requerer”, nos tempos derivados do pretérito perfeito do indicativo, é regular. Assim, sua flexão no futuro do subjuntivo é igual ao infinitivo: “requerer”. A banca queria que você confundisse com a flexão do verbo “querer”. Veja a diferença:

Quem quiser respeito para a fé que professa…”

Quem requerer respeito para a fé que professa…”

        A alternativa (B) também está errada, pois a locução verbal exige o verbo “vir”, e não o verbo “ver”. Assim, a flexão correta é “vierem a desrespeitar”. Veja:

Os que vierem a desrespeitar quem não tem fé deverão merecer o repúdio público de todos os homens de bem.”

        A alternativa (C) está errada, pois o verbo “constituir” possui a terminação de infinitivo “uir”. Assim, na terceira pessoa do presente do indicativo, possui a vogal temática “i”. Veja:

Deixar de professar uma fé não constitui delito algum, ao contrário do que julgam os fanáticos de sempre.”

        A alternativa (D) é a correta, pois o futuro do presente do indicativo do verbo “querer” é realmente “quererá” (eu quererei, tu quererás, ele quererá, nós quereremos, vós querereis, eles quererão). Além disso, note que o verbo “imbuir” possui a terminação de infinitivo “uir”. Assim, na terceira pessoa do presente do indicativo, tal vogal temática permanece. Veja:

Ninguém quererá condenar um ateu que se imbui do valor da ética e da moral no convívio com seus semelhantes.”

        A alternativa (E) está errada, pois o verbo “dispor” é derivado de “pôr”. Como o futuro do subjuntivo deste verbo é “pusermos”, basta inserirmos o prefixo “dis”: “dispusermos”. O verbo “vangloriarmos está corretamente flexionado no infinitivo. Veja:

Se não nos dispusermos a praticar a tolerância, que razão teremos para nos vangloriarmos de nossa fé religiosa?”

Gabarito: D

 

12. Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:

(A) O texto é polêmico de vez, que busca estabelecer um equilíbrio de julgamento, num terreno em que via de regra, dominam as paixões já que, tanto a religião como a ciência, advogam, para si mesmas, o estatuto do conhecimento verdadeiro.

(B) O texto é polêmico, de vez que, busca estabelecer um equilíbrio de julgamento, num terreno em que via de regra dominam as paixões, já que tanto a religião como a ciência advogam para si mesmas, o estatuto do conhecimento verdadeiro.

(C) O texto é polêmico, de vez que busca estabelecer, um equilíbrio de julgamento, num terreno em que via de regra dominam as paixões; já que tanto a religião como a ciência advogam para si mesmas, o estatuto do conhecimento verdadeiro.

(D) O texto é polêmico, de vez que: busca estabelecer um equilíbrio de julgamento num terreno em que, via de regra, dominam as paixões já que tanto a religião, como a ciência, advogam para si mesmas o estatuto do conhecimento verdadeiro.

(E) O texto é polêmico, de vez que busca estabelecer um equilíbrio de julgamento num terreno em que, via de regra, dominam as paixões, já que tanto a religião como a ciência advogam para si mesmas o estatuto do conhecimento verdadeiro.

Comentário: Você “mata” a questão apenas com a oração subordinada adverbial causal “de vez que busca estabelecer um equilíbrio de julgamento num terreno”. Note que não pode haver vírgula após a locução conjuntiva “de vez que”. Dentro desta locução conjuntiva também não pode haver vírgula. Além disso, não pode haver vírgula entre o verbo “estabelecer” e seu complemento “um equilíbrio de julgamento”.

        Assim, já sabemos que a alternativa correta é a (E). Como todas as alternativas possuem a mesma frase, apenas com a pontuação diferente, ao comentarmos a alternativa correta, automaticamente tiramos as dúvidas das demais alternativas.

        “O texto é polêmico, de vez que busca estabelecer um equilíbrio de julgamento num terreno em que, via de regra, dominam as paixões, já que tanto a religião como a ciência advogam para si mesmas o estatuto do conhecimento verdadeiro.”

        A oração subordinada adverbial causal “de vez que busca estabelecer um equilíbrio de julgamento num terreno” está após a oração principal, por isso a vírgula que a antecede é facultativa e está corretamente empregada.

        Tal oração é seguida da oração subordinada adjetiva restritiva “em que, via de regra, dominam as paixões”, por isso não é antecipada de vírgula. Dentro desta oração há o adjunto adverbial intercalado “via de regra”, por isso há dupla vírgula. Como tal estrutura adverbial é de pequena extensão, a dupla vírgula poderia ser retirada.

        A oração subordinada adverbial causal “já que tanto a religião como a ciência advogam para si mesmas o estatuto do conhecimento verdadeiro” está após a oração principal, por isso a vírgula que a antecede é facultativa e está corretamente empregada. Perceba que a expressão “tanto a religião como a ciência” é o sujeito do verbo “advogam”, por isso não pode ser separada por vírgula. A expressão “para si mesmas” é o objeto indireto do verbo “advogam”, por isso não recebe vírgulas.

Gabarito: E

 

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Grande abraço!

Décio Terror

 

 

 

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Veja os comentários
  • Muito bom, obrigada!!
    carol em 28/11/17 às 13:48
  • Prof. Nesta questão da prova por qual motivo não cabe a alternativa (C)? 10. Transpondo-se para a voz passiva a construção "Os ateus despertariam a ira de qualquer fanático", a forma verbal obtida será: (A) teriam despertado. (B) seria despertada. (C) teria sido despertada. (D) despertar-se-á. (E) fora despertada. A ira de qualquer fanático teria sido despertada pelos ateus. Grato.
    Vinícius em 16/04/17 às 20:20
  • Professor Terror, obrigada por disponibilizar a correção desta prova. E a sua aula ao vivo ontem foi muito boa! Muito obrigada.
    Lígia em 16/04/17 às 11:15