Artigo

Estude em silêncio

 

Viajei algumas vezes para fazer concurso em outro Estado. Numa dessas ocasiões, acompanhado dos amigos de sempre, saímos do local de provas e, depois de alguma dificuldade, conseguimos um táxi rumo ao aeroporto. Junto a nós, um outro candidato – mochila nas costas, calça jeans e vade mecum – pergunta: “fizeram prova também, né?”.

Um dos meus amigos, sem pestanejar, responde: “NÃO! ESTAMOS PASSEANDO”. Senti uma vontade quase irresistível de dar uma boa gargalhada. Consegui me conter. O restante do trajeto até o aeroporto foi em completo e total silêncio.

Aqui uma valorosa lição que transmito a todos os meus coachees: estude em silêncio. O objetivo é evitar ou se afastar do que denomino de “Zé Urubu”, o famoso “olho gordo”, o “secador”.

Embora a ciência veja com desconfiança essa possível absorção de energia[1], o senso comum demonstra o contrário. Já percebeu que após conversar com determinadas pessoas, naturalmente, abaixamos a cabeça, colocamos os ombros para frente e cruzamos os braços? A sensação é de esgotamento.

Você é cético e “não acredita nessas coisas”. Siga o que disse Maradona: “Yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”.

Ok, frase dita por ex-jogador talvez não seja um bom argumento. Então, acredite em Nietzsche, que, em “Assim falou Zaratustra”, chamou o Zeca Urubu de “moscas venenosas”:

“Foge, meu amigo, para tua solidão. Vejo-te atacado por moscas venenosas. Refugia-te onde sopre um vento rijo e forte!

Foge para tua solidão. Vivias próximo demais dos pequenos e mesquinhos. Não levantes mais o braço contra eles! São inumeráveis e teu destino não é ser espanta-moscas! São inumeráveis esses pequenos e mesquinhos e mais de um altivo edifício foi visto desmoronar sob a ação dessas infinitas gotas.

(…)

Vejo-te picado pelas moscas venenosas, vejo-te arranhado e sangrando em muitos lugares. E teu orgulho nem uma só vez se quer encolerizar.

(…)

Muitas vezes, também se tornam amáveis contigo, mas foi sempre essa a astúcia dos covardes. Sim, os covardes são astutos!

Pensam muito em ti com sua alma mesquinha. Suspeitam sempre de ti. Tudo o que dá muito que pensar se torna inquietante.

Castigam-te por tuas virtudes. Não te perdoam, na verdade, senão as tuas faltas

Como és benévolo e justo, chegas a dizer: “Não têm culpa da mesquinhez de sua vida”. Mas sua alma tacanha pensa: “Aquele que vive uma grande vida é sempre culpado”.

(…)

Foge, meu amigo, para tua solidão, para onde sopre vento rijo e forte. Não é destino teu ser espanta-moscas”.

Ao alardear que estuda para concurso, uma consequência é fatal: você atrairá aqueles que torcem contra, que não querem vê-lo progredir. E esse comportamento, infelizmente, é do ser humano. O sucesso, de uma forma geral, incomoda. Sobre o tema, veja o que Leandro Karnal diz: https://www.youtube.com/watch?v=1ke15KLc0Ao.

Por esse motivo, durante a trajetória nos concursos, eleja poucos e verdadeiros amigos. Aos demais, diga – de maneira firme e direta – que parou de estudar, que resolveu fazer outra coisa…

Esse tipo de comportamento poderá causar uma momentânea injustiça, porque, certamente, alguém que deseja sua aprovação ficará privado das boas notícias. Mas, como disse, esse distanciamento é temporário e, se for seu amigo de fato, ele se alegrará com o seu êxito.

Vivi isso intensamente quando o Diário Oficial da União anunciou os candidatos convocados para a prova oral de procurador federal. Vários e queridos colegas me deram felicitações, que foram por mim prontamente rechaçadas. Disse que o tal Vagner Moreira Nunes que estava na lista era um homônimo, que eu já havia parado de estudar há tempos…

Só depois de confirmada a data da posse que passei a admitir a aprovação no cargo que hoje exerço. Essa atitude – a um só tempo – protege seu objetivo das moscas venenosas e filtra as verdadeiras amizades.

Pelo seu sucesso profissional e pessoal JAMAIS coloque o status de “estudando” no whatsapp, foto do livro ou do material que está lendo no Instagram ou Facebook. Estude em silêncio e deixe que sua aprovação faça barulho!

Discrição e bons estudos!

Abraços fraternos!

[1] https://super.abril.com.br/historia/pensamento-positivo/

 

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Veja os comentários
  • Tudo bem, querida! Parabéns pelo empenho, Antônia! Bons estudos e sucesso!
    Vagner Nunes em 14/12/17 às 19:07
  • Olá, doutor como estás? Depois de algum tempo ocioso, muito trmpo,aliás, reacendeu em mim o desejo de fazer algo útil. Voltei pra faculdade com muita garra e determinação. E o Sr. é certamente uma das motivações. Abs Antonia Adm/ PSF/JPR
    [email protected] em 12/12/17 às 18:29
  • Obrigado, Flávia! Sucesso!
    Vagner Nunes em 08/11/17 às 11:20
  • Obrigado pelo comentário e pela dica do tema para o artigo. Abraço
    Vagner Nunes em 08/11/17 às 11:20
  • Obrigado, Madelon! Abraço!
    Vagner Nunes em 08/11/17 às 11:19
  • Top
    Flavia em 07/11/17 às 11:29
  • Olá, Prof. Ótimo post. Quando der nos dê dicas sobre fazer provas em outras estados. Att.
    Jan em 06/11/17 às 10:25
  • Excelente texto!! Infelizmente, já sofri com esse tipo de inveja. Confie em seu potencial e siga firme em seu propósito.
    Madelon Silveira Locks Vasconcelos Lobo em 06/11/17 às 07:37
  • Tem toda razão, Mônica! Obrigado pelo comentário! Abração!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 23:35
  • Perfeito, Franklin! Sucesso!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 23:35
  • Obrigado, Gisele! Agradeço seu comentário! Sucesso para você também!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 23:34
  • "YO NON CREO EN BRUJAS, PERO QUE LAS HAY, LAS HAY.”(Frase extraída do livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes Saavedra (29/09/1547 à 22/04/1616), pois as bruxas sempre estiveram à solta e de tempos em tempos elas ressurgem para a desgraça de todos).
    Monica em 05/11/17 às 19:21
  • Excelente conselho professor. Eu recentemente passei por essa situação onde as pessoas se preocupavam muito se eu estava ou não estudando para concurso e realmente isso estava me atrapalhando muito pois me via na obrigação de passar logo para mostrar que todo o tempo de estudo não foi em vão. Mas hoje não comento mais sobre meus estudos e quando me perguntam digo que parei de estudar para concurso.
    Franklin em 05/11/17 às 19:04
  • Ótimo artigo Dr.! Gostei muito e vou levar mais a sério essas dicas, apesar de já ter lido-as. Falar menos e fazer mais!! Obrigada e sucesso!!
    Gisele em 05/11/17 às 16:15
  • Obrigado, Hélio! Tudo de melhor para você também! Abraço!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:47
  • Obrigado, Elizangela! Sucesso!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:46
  • Eu que agradeço seu comentário, Luciano! Sucesso!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:46
  • Obrigado, Wander! Nunca é tarde para começar, meu caro! Abraço!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:45
  • Obrigado pelo comentário, Raynara! Sucesso! Abraço!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:43
  • Eloy, o texto tem 3 (três) páginas! Não é tão longo assim...hehe De toda sorte, obrigado pelo comentário! Abraço
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:43
  • Valeu, Marcos! Tudo de melhor para você! Abraço
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:37
  • Obrigado, Lúcido! Abraço!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:36
  • Lilian, obrigado! Por favor, seja mais específica quando diz que o silêncio atrapalha a dedicação aos estudos, porque penso justamente o contrário. hehe Sucesso!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:36
  • Eu que agradeço seu comentário, Rita! Sucesso!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:34
  • Obrigado, Leonardo! No site do Estratégia, na parte superior, tem uma aba "Coaching". Clica lá e deixa seus dados que o pessoal entra em contato com você. Abraço!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:34
  • Amém, Valdinete!
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:31
  • Gledson, obrigado! Abração
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:30
  • Parabéns pela aprovação, Alexander! O mais difícil você já fez. A nomeação virá! Abraço
    Vagner Nunes em 05/11/17 às 10:30
  • Vi o resumo do seu currículo. Parabéns. Que Deus o abençoe e que você seja um instrumento, naquilo que faz, para ajudar outras pessoas. Sobre o texto, acredito piamente em seu conteúdo. Não se trata de teoria, mas de uma realidade que é imperceptível aos olhos de muitas pessoas. "Pois, quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano" 1 Pedro:3:10. Os apóstolos de Cristo já falavam sobre as moscas que nos cercam. Sucesso e Paz.
    HELIO MAIA em 05/11/17 às 06:32
  • Que massa, vou fazer exatamente isso, ficar em silêncio! Parabéns ?
    Elizangela em 05/11/17 às 01:45
  • Olha professor, eis aí uma falha muito grande minha, eu sempre falo as pessoas próximas que estou estudando quando me perguntam. Não farei mais, sinto na pele tudo que disse. Obrigado!!
    Luciano em 04/11/17 às 22:17
  • Muito bom meu irmão, parabéns , vc merece. Estou com 38 anos e trabalho no comércio desde 20 anos , tive oportunidade de estudar quando mais novo e não aproveitei, somente com 34 anos empurrado pela minha mulher resolvi entrar na faculdade , e logo de direito. Hoje estou terminado o 8 SEMESTRE e pretendo passar em um concurso em no máximo 2 anos. Abraço!
    Wander Aragao em 04/11/17 às 21:33
  • concordo plenamente professor, penso da mesma forma!
    RAYNARA DA CUNHA FERREIRA em 04/11/17 às 18:07
  • Um texto gigante desse pra dizer poucas coisas... não gostei.
    Eloy em 04/11/17 às 18:02
  • É verdade e a partir de hoje vou adotar o silêncio como aliado.
    MARCOS em 04/11/17 às 17:17
  • Excelente reflexão. Principalmente para mim que sempre anunciava na roda de "amigos" meus sucessos e insucessos. Senti na pele e venho sentindo que quanto menos souberem de ti, mais preservado seu sucesso estará! Silêncio..rs
    Lúcido Dias em 04/11/17 às 17:12
  • Adorei sua publicação sobre o silêncio nesses momentos, é bem verdade, que isso de certa forma atrapalha a nossa dedicação aos estudos.
    Lilian em 04/11/17 às 16:58
  • Não só estudar. Mas td q desejamos e lutamos , devemos fazê lo em silêncio. Obrigada
    Rita em 04/11/17 às 16:36
  • Ótimo texto. Professor, poderia passar o e-mail de contato para que possa tirar dúvidas sobre o coaching?
    Leonardo em 04/11/17 às 16:05
  • Obrigado, Liliam! Sucesso!
    Vagner Nunes em 04/11/17 às 15:20
  • Débora, Perdão! Não foi essa a minha intenção. Peço, gentilmente, que você tente enxergar a solução, e não o problema. Abraço!
    Vagner Nunes em 04/11/17 às 15:20
  • Glória
    Valdinete em 04/11/17 às 15:20
  • Obrigado, Deise! Sucesso!
    Vagner Nunes em 04/11/17 às 15:16
  • Obrigado, Thais! Tudo de bom!
    Vagner Nunes em 04/11/17 às 15:15
  • Obrigado, Everton! Sucesso!
    Vagner Nunes em 04/11/17 às 15:14
  • Obrigado pelo comentário, Beatriz! Tudo de melhor para você! Abraço
    Vagner Nunes em 04/11/17 às 15:14
  • Amém, Lúcio Flávio! Que Ele abençoe a você também! Abraço
    Vagner Nunes em 04/11/17 às 15:13
  • Obrigado pelo comentário, Marcos! Abraço!
    Vagner Nunes em 04/11/17 às 15:12
  • Obrigado, Laís! Tudo de melhor para você! Abração!
    Vagner Nunes em 04/11/17 às 15:11
  • Rafael, A citação visa justamente intitular como “Moscas Venenosas” o que você entendeu: “pessoas medíocres, que não conseguem fazer e por isso fazem o que está ao alcance para ‘derrubar’ quem tente”. Mas, ao revés da sua conclusão, não pretendo que ninguém acredite em energias mirabolantes, por isso me referi ao senso comum, além de pontuar a resistência da ciência em acreditar na eventual absorção de energia negativa. Na sequência, você afirma que o texto estimula a crença, o medo e a ausência de responsabilidade. Uma frase que se atribui à Freud explica esse ponto: “quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que de Paulo”. A sua conclusão é o que você acha que eu disse, e não o que escrevi. Um abraço! Sucesso!
    Vagner Nunes em 04/11/17 às 15:10