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ENTREVISTA: Fabiele Fritzen – Aprovada em 1° lugar no concurso CLDF no cargo de Consultor Legislativo em saúde

“Busque se conhecer, saber o que funciona melhor para você e encare os erros como parte do aprendizado. Essa capacidade de aprender com os erros é fundamental não só para concurso, mas para a vida como um todo!”

Confira nossa entrevista com Fabiele Fritzen, aprovada em 1° lugar no concurso CLDF (Câmara Legislativa do Distrito Federal) no cargo de Consultor Legislativo em saúde:

Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?

Fabiele Fritzen: Sou médica graduada pela Universidade Federal do Paraná, com residência médica em psiquiatria pela USP. Tenho 36 anos, sou natural de São Paulo/SP, mas minha família atualmente mora em Curitiba/PR.

Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?

Fabiele: Em 2012, fiquei sabendo por uma lista de emails da USP que ia ter concurso para o TRE-SP. Na época, não achei que pudesse ser interessante, pois a remuneração era a mesma que eu já ganhava na iniciativa privada. Então fiz, mas não tinha estudado nada. Depois desse concurso, dois amigos comentaram sobre outros benefícios (como o plano de carreira e a natureza do trabalho) e eu me arrependi de não ter estudado.

No ano seguinte, alguns amigos da minha idade tiveram problemas de saúde imprevisíveis e tiveram que se afastar do trabalho. Vi o tamanho do problema financeiro que isso representava para quem é autônomo e percebi que era bom ter uma fonte de renda estável, fixa.

Na época, eu também trabalhava em pronto-socorro. Embora eu gostasse muito e a equipe fosse excelente, é um trabalho muito desgastante. Eu não queria ficar mais muitos anos passando noites no hospital trabalhando, então o concurso se mostrava um ótimo caminho.

Quando vi que havia previsão de abrir concurso para psiquiatra do TRF-SP, decidi que era a minha vez e comecei a estudar. Aí que começou de verdade a minha vida de concurseira. Fiz 4 concursos para psiquiatra entre 2013 e 2014 (fui aprovada e nomeada em todos), depois fiz concurso para professora universitária (um momento que marcou a minha vida) e, por último, fiz o concurso para a CLDF, pela primeira vez fora da saúde mental.

Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?

Fabiele: Sempre trabalhei enquanto estudava. Só estudar nunca foi uma opção para mim.

Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?

Fabiele: Foram 7 concursos desde 2013 e fui aprovada em todos.

Meu último concurso foi para consultora legislativa em saúde na CLDF, no qual passei em primeiro lugar.

Também fiquei em primeiro lugar no TRT/AL, no TRT/BA, na UFAL e na Uncisal. Fiquei em segundo lugar no MPU (onde trabalho atualmente) e em terceiro lugar no TRF/SP.

Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?

Fabiele: Nem sei dizer. Êxtase. Eu não acreditava. Sabia que eu tinha me esforçado muito, mas sabia que o nível dos concorrentes era MUITO alto. Eu não cabia em mim. Foi incrível, lembro até hoje! A vontade era de contar para todo mundo, mesmo para quem não me conhecia… kkkk

Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?

Fabiele: Não acho que posturas radicais funcionem para nada na vida. Sempre o melhor é o caminho do meio. Eu sempre fui muito caseira, mas não deixei de sair por causa dos estudos. Deixei sim de viajar algumas vezes. Meu ex-namorado viajava muito e queria que eu o acompanhasse, mas eu não podia.

Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?

Fabiele: Sou solteira, sem filhos. 

Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?

Fabiele: O treino é sempre o melhor aprendizado. Eu acho que não se desperdiça chance de treinar para aquilo que a gente quer, que essa é a melhor forma de se desenvolver. Então, sim, se for uma matéria relacionada, creio que fazer outros concursos também ajude a treinar.

Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovada?

Fabiele: Eu já queria CLDF desde que me mudei para Brasília (em 2015), mas achava (baseada mais no meu desejo do que na realidade) que ia abrir vaga para psiquiatra. Não abriu. No dia que saiu o primeiro edital (o concurso foi suspenso por 1 ano), eu vi o que ia cair para cada cargo e decidi que eu poderia estudar para consultora legislativa, já que eu tinha alguma familiaridade com a matéria. Fui muito otimista. Hoje eu sei que eu jamais teria conseguido dar conta da matéria no nível que é cobrado com 3 meses de estudo. Como o concurso foi suspenso, tive 1 ano e 1 mês de estudo até a primeira prova.

Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?

Fabiele: Sim, quando estudei para psiquiatra. O desejo de conseguir o cargo me ajudava no foco, mas meu estudo era muito desorganizado, eu perdia muito tempo. Mudei muito minha abordagem de lá para cá.

Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?

Fabiele: Bom, em primeiro lugar, quero enfatizar que não existe método perfeito e que cada um se adapta melhor a algum método. Eu gosto muito dessa área de aprendizagem, de formas mais eficazes de aprender, então essa foi uma vantagem que eu tive. Eu já tinha uma ideia de quais métodos eram mais eficazes e quais não funcionavam tão bem.

Aula presencial, por exemplo, é ótima, mas tem seu público. Eu pessoalmente não gosto. Prefiro acompanhar na minha velocidade, de acordo com meu estado de espírito. Muitas aulas em um mesmo dia não são produtivas para mim.

Minha grande questão, nesse concurso, era o tempo. Hoje a gente sabe o tempo que se passou entre o primeiro edital e a prova mas, enquanto as coisas não andavam, eu não sabia se a prova seria em um ano ou em 3 meses. Eu tinha que ser muito eficaz nos estudos. Então, minha abordagem sempre foi me perguntar: “o que eu devo estudar agora que vai me garantir mais pontos em menos tempo?”

Então, era sempre estudo ativo. Eu lia a matéria em PDF sempre buscando entender, destacava só o que era essencial (que obrigatoriamente deveria estar nos meus flashcards) e fazia flashcards. Revisava os flashcards sempre que podia (em qualquer intervalo, em qualquer fila), todos os dias.

Eu também resolvia questões, fazia simulado toda semana. As questões, porém, me frustravam um pouco. Eu estava correndo contra o tempo, então eu sentia como perda de tempo ficar fazendo questões sobre assuntos que eu já sabia. Quando eu acertava 80-90% das questões, em vez de ficar feliz, eu pensava: “caramba, gastei 80-90% do meu tempo com coisas que eu já sei!”. Eu sou meio louca… kkkkkk

Esse problema também acontece porque, como minha área é muito específica, os temas das questões não são bem separados. A maioria das questões estava sem classificação. Ou, se tinha classificação, era muito geral. Fora que a maioria das questões era de concurso do Executivo, que tem outro enfoque. Então, minha grande arma foram as questões que eu mesma preparava para mim e colocava nos flashcards.

Outra coisa, eu tinha um mecanismo de feedback muito bom. Eu não aceitava errar questões que eu já tivesse estudado. Sempre que eu errava algo, eu me perguntava por que eu errei. Se fosse algo que eu já havia estudado, eu me perguntava qual havia sido o problema. Se eu não tivesse feito flashcard daquilo, meu erro virava um flashcard. Se eu já tivesse flashcard, eu me perguntava se o problema foi não ter entendido a matéria direito (então precisava entender, só decorar nunca leva a boas notas em bons concursos). De qualquer forma, para mim era inadmissível errar coisa que já tivesse nos flashcards. Se isso acontecesse, era claro que o flashcard não estava bom. Assim, mudei meu método de preparar flashcards algumas vezes, até que ficou perfeito para mim (o que nem sempre é perfeito para todos).

Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?

Fabiele: Algumas amigas estudavam pelo Estratégia e falavam bem. É um cursinho com ótima reputação. Como eu precisava economizar tempo, precisava de algo bem pragmático, como o Estratégia.

Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?

Fabiele: Eu comecei colocando metas de volume de estudos por semana. Para mim, não funcionou porque eu acabava tendo que ler rápido, não entendia direito, desperdiçava tempo, ficava ansiosa, frustrada e procrastinava.

Como eu sempre me baseio em feedback (o que está funcionando ou não nos meus estudos), logo mudei o método e passei a estudar por ciclos. Foi muito melhor!

Eu não tinha tempo para fazer resumos, então não fiz. Para a maioria das pessoas, segundo estudos científicos, a releitura é um dos piores métodos de estudo. Mesmo assim, eu mesma usei a releitura em alguns flashcards (colocando mais informação do que devia) e comprovei que aquilo não funcionava para mim, então abandonei.

Eu sempre intercalo as matérias, isso chama interleaving e facilita o aprendizado e a concentração. Sempre intercalei as matérias, desde quando eu estudava para o vestibular, há muito tempo! Eu não sabia o nome técnico disso, mas já sabia que funcionava!

Eu variava muito o número de horas ao longo das semanas. Passei por diversos problemas e coisas que me abalaram muito emocionalmente e acabei ficando algumas semanas sem conseguir estudar. Eu sempre tinha meta de revisar os flashcards todos os dias, isso eu quase nunca pulei. Nem em final de semana! Isso era sagrado!

Bom, em média eu estudei 20 horas por semana, mas tinha semana que eu estudava mais de 30, tinha semana que eu estudava menos de 10. Isso extremamente líquido, com timer no computador. E sem contar a revisão dos flashcards! Como eu via flashcards em qualquer lugar, ficava difícil contar o tempo total deles. No começo era pouquinho, 10 minutos talvez. Depois, como eu já tinha mais de 10.000 cartas, eu levava cerca de 2 horas por dia só com eles.

Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?

Fabiele: Não acho que eu tivesse dificuldade com alguma disciplina especificamente. Quando eu tinha dificuldade em algo, eu ia atrás de entender a matéria, às vezes por outras fontes, lendo outras coisas, resolvendo exercícios. Entender a matéria é sempre fundamental para ir bem em provas. Decorando, só dá pra resolver as questões que você “sabe”. Entendendo, dá pra raciocinar e acertar questões de coisas que você nunca viu na vida. Acertar questões que você “não sabe”.

Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?

Fabiele: Na última semana, fiz questões e flashcards, só. Na véspera, fui a um spa. Eu sou muito ansiosa e sabia que a ansiedade provavelmente me atrapalharia mais na prova do que algum conhecimento pudesse estar faltando. Sempre falta algum conhecimento, não dá para saber tudo! Além de que, a gente sabe que o sono é fundamental para desempenhar bem em provas. Tem muito estudo científico mostrando isso.

Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?

Fabiele: Primeiro entendi o que seria cobrado e como. Então, tinha mais ou menos uma ideia de quais eram os tópicos e abordagens mais importantes que teriam que estar dominados para a discursiva. Aí foi muito treino, sempre com aquele meu método de feedback, de me perguntar constantemente como eu posso melhorar.

Quando eu treinava, percebi que eu tinha duas dificuldades: escrever tudo o que eu precisava naquele intervalo de tempo e conseguir fazer caber todas as informações naquele número de linhas. Então, treinei para conseguir escrever mais rápido, para não precisar fazer rascunho e treinei para fazer uma letra menor. Eu já sou bem concisa, já tinha treinado concisão também. Isso ajudou muito.

Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.

Erros? O tempo todo! Foram eles que foram direcionando meus estudos!

Um erro que sempre me acompanhou foi ser extremamente detalhista. Aí, quando via, já tinha pesquisado o detalhe do detalhe da matéria e tinha deixado de estudar o que era mais importante, o essencial. Tive que cuidar o tempo todo para não fazer isso e ainda assim acabava fazendo. Tenho tendência a fazer isso com tudo, infelizmente.

Os meus grandes acertos foram sempre revisar (com flashcards e com questões) e buscar aprimorar meu método. Sempre me perguntava como eu podia melhorar, como eu podia ser mais eficaz.

Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?

Fabiele: Sim, muitas vezes! Eu intercalava entre achar que eu ia passar e ter certeza de que não tinha chance nenhuma! Chorei tantas vezes! Passei por tantos conflitos que só Deus sabe!

Eu medito já há bastante tempo. Eu tinha aulas particulares, que me ajudaram demais principalmente no autoconhecimento. Eu sabia que eu não podia desistir depois de tudo o que eu já tinha feito. Eu quase surtei. Deus, minha família, meus amigos e meu professor Stephen foram meu grande apoio. Sem eles, eu não teria conseguido!

Estratégia: Qual foi sua principal motivação?

Fabiele: No início era o plano de carreira. Depois, quando eu realmente entendi qual seria a minha função, me apaixonei por ela e já queria começar a trabalhar lá ontem (rs). Então, a motivação aumentou e, claro, o tempo de estudos também!

Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!

Fabiele: Olha, concurso é muito difícil! Eu recomendo que, se você não estiver disposto a se sacrificar muito, nem tente, nem perca seu tempo. Se dedicar pela metade não vale a pena!

Agora, se você realmente quiser, busque se conhecer, saber o que funciona melhor para você e encare os erros como parte do aprendizado. Essa capacidade de aprender com os erros é fundamental não só para concurso, mas para a vida como um todo!

Confira outras entrevistas em:

Depoimentos de Aprovados

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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]

Um abraço,

Thaís Mendes

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