Aprovado em 5° lugar no concurso TCE RJ no cargo de Auditor de Controle Externo (Concurso em andamento)
“Ao passar num concurso público, o que você conquista é o direito de servir. Ser aprovado não é a linha de chegada, mas a faixa da largada. Se você achou que o estudo era a parte difícil, se enganou – os desafios do serviço público são muito maiores, mais graves e urgentes. A estabilidade e a boa remuneração são instrumentos para que você tenha a coragem de enfrentá-los, sem nunca esquecer que é o povo que te paga e é a ele que você presta contas”
Confira nossa entrevista com Pedro Miguel dos Santos Barros, aprovado em 5° lugar no concurso TCE RJ no cargo de Auditor de Controle Externo (Concurso em andamento):
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Pedro Barros: Sou do interior paulista, tenho 32 anos, sem filhos e casado há 4 anos. Sou formado em Administração de Empresas no Rio de Janeiro, mas minha vida profissional foi itinerante – em Mato Grosso, Bahia, Espírito Santo, Alagoas.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Pedro: Meus pais são servidores efetivos federais. Apesar de me beneficiar desde o berço da boa remuneração e estabilidade que isso lhes proporcionava, só fui ter vontade de trabalhar no setor público quando percebi o quanto o Brasil é desigual e que os governos são as organizações com maior capacidade de mudar isso.
Minha primeira experiência no setor público foi como comissionado, por meio do Trainee em Gestão Pública do Vetor Brasil 2016. Nessa época, conheci a carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental e me apaixonei. Comecei a estudar e depois descobri que também me interessava por outras, como Auditor de Finanças do Tesouro e Auditor de Controle Externo.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Pedro: Minha caminhada teve de tudo. Comecei a estudar numa época em que o governo reduziu a carga horária de 8 para 6h diárias, então foi tranquilo conciliar por um tempo, fazendo em média 25h/semana.
Depois, fui trabalhar em outros governos, nos quais o trabalho me consumiu, e parei de estudar.
Quando passei no meu primeiro concurso (Petrobras), eu tinha trabalho da hora que eu chegava até a hora de ir embora, mas raramente passava do horário, então consegui manter uma boa rotina – 2,5h/dia na semana (de madrugada, almoço, noite) e 8h no fim de semana, totalizando 20h/semana. Nesse período, o apoio da minha esposa foi essencial – passar num concurso é um projeto de uma família inteira.
Por fim, veio o período de pura dedicação: saí da Petrobras num Programa de Demissão Voluntária (PDV) e passei a pandemia toda estudando 30h/semana desempregado em casa.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Pedro:
2018: Niterói, APPGG, 2º lugar
2018: Petrobras, Administrador, 9º lugar
2020: Alagoas, Auditor de Finanças SEFAZ, 14º lugar
2021: RJ, Auditor de Controle Externo TCE, provavelmente 5º lugar
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Pedro: Mistura de alegria e tristeza. Alegria pela oportunidade de poder combater parte das mazelas que estragam nosso Rio de Janeiro e ser bem remunerado por isso. Tristeza por ter que abandonar minha Alagoas, onde também há tanta coisa por fazer para reduzir a pobreza e desigualdade.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Pedro: Quase não saía, abdiquei de quase todo convívio social. Os poucos momentos livres, sem estudos, eram para fazer o mínimo de atividade física. Durante a pandemia, esse “custo de oportunidade” foi reduzido – eu não estava perdendo nada lá fora (hehe).
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Pedro: Me casei na época em que comecei a estudar. Não temos filhos. Passei a maior parte do período de estudo morando só com minha esposa e ela apoiou muito. Ela se responsabilizou por todos os afazeres da casa, para que eu pudesse me dedicar completamente. Às vezes ficava com raiva de eu recusar quase todas as propostas de lazer, mas de maneira geral entendia. Passar num concurso é um projeto de uma família inteira.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Pedro: Sem dúvida alguma. Eu era cabeça dura, não ia fazer o concurso da Petrobras, mas minha esposa me convenceu. Acabou que ter passado na Petrobras foi o passo mais importante para eu conseguir passar nos concursos que realmente almejava, como EPPGG, Auditor de Finanças e de Controle Externo. A rotina me permitiu manter um ritmo e o PDV foi o trampolim que me catapultou para dentro das vagas.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Pedro: 1 ano.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Pedro: Claro! O edital é a fase final de um grande projeto. É como se fosse um telhado: você só o coloca depois de construir a casa. Ainda mais eu que tenho a pretensão de trabalhar em vários poderes e órgãos, em várias carreiras, em vários estados, construí uma base boa e versátil, e só vou fazendo a manutenção. Conforme aparecem os editais, eu faço o acabamento e vou à luta.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Pedro: Durante a maior parte da preparação, usei exclusivamente PDFs do Estratégia. Comecei com um pacote para Receita Federal e, eventualmente, complementava com outras matérias específicas.
Quando veio a assinatura, assinei 2 anos, e depois me associei para vida com a vitalícia. Quando estava exausto, partia para as vídeo aulas. Quando terminei de cobrir todo o conteúdo, comecei a utilizar os sites de questões – porém, desde sempre controlei meu desempenho e tempo de estudo numa planilha de Excel, que me ajudava a revisar com foco e tempestividade.
Agora que estou num nível de desempenho competitivo, o que mais me ajuda a evoluir é discutir com outros colegas de estudo de alto nível (“clubes de estudos”), e meu próprio trabalho no dia a dia (já sou auditor de finanças). Nunca usei livros, sempre li lei seca.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Pedro: Foi logo quando comecei a estudar. Procurei no Google, me pareceu bom, e fui. Nunca testei outros, mas também nunca tive vontade. O material do Estratégia sempre me permitiu evoluir muito bem!
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Pedro: Eu estudava umas quatro matérias ao mesmo tempo. Quando ficava de saco cheio de uma, às vezes trocava antes de ter coberto tudo. Porém, sempre controlei muito bem (numa planilha Excel) exatamente onde eu estava em cada matéria, de forma que nunca deixei lacunas. Nunca fiz resumos, revisava por questões no prazo de 20 dias, e eventualmente relia os temas que estava errando mais. Fazia caderno de erros para revisões posteriores.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Pedro: A dificuldade sempre foi nas matérias cujas questões são as mais toscas. Na minha opinião, isso acontece muito nas questões de auditoria (fiscal e governamental), que costumam ser extrações de trechos ultra específicos ou de doutrinas desconhecidas, ou releituras questionáveis de trechos unânimes… enfim, o jeito foi aceitar que preciso acertar essas coisas para ser aprovado e enfrentar com a força do ódio. Tonyvan, O Cotejador, era meu guia espiritual nessa batalha.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Pedro: O mais importante é não cair na pilha do estresse. A partir de cerca de 1 mês antes, montei um plano de revisão geral e o cumpri.
Continuar dormindo bem, se alimentando bem, se exercitando bem. Pessoalmente, eu me lasquei, porque as duas semanas anteriores à prova foi de muito trabalho, estudei até menos que o normal. Mas o tempo que tinha foi dedicado aos temas mais importantes, e é isso aí, não dá para rever tudo, nem você, nem seus concorrentes.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Pedro: Eu desempenho mal em discursivas e acho que é pela falta de treino com profissionais ou com colegas de estudo. Eu até faço discursivas sozinho, mas nunca contratei esse serviço. Se tivesse mais dinheiro para investir nos estudos, essa seria minha próxima contratação. Porém, dá para evoluir bastante com um bom grupo de estudos também.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Pedro: Os maiores acertos foram disciplina, controle (Excel), utilizar bom material, e fazer questão, revisar, sempre com apoio da família (tem que combinar, se não dá ruim).
Os maiores erros foram investir menos do que deveria nas revisões e não ter treinado discursiva direito. No concurso para EPPGG da Salvador (2019), caí de 2º na Objetiva para 14º com a Discursiva, de um total de 6 vagas.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Pedro: O mais difícil foi manter a motivação, frente ao sentimento de que estou vendo a vida passar, ver outros avançando na carreira e eu aqui estudando. Porém, nunca pensei em desistir, porque meu desempenho nos concursos e simulados melhorava consistentemente e essa evidência me ajudou a continuar acreditando.
Outra coisa que me ajudou a não desistir foi a força da raiva, pensando que, se não fosse eu a assumir aquela vaga, poderia ser alguém descomprometido com o serviço público, que só quer um lugarzinho confortável para se encostar.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Pedro: Assumir uma posição em que eu possa contribuir para realizar os objetivos dessa república:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Pedro: Ao passar num concurso público, o que você conquista é o direito de servir. Ser aprovado não é a linha de chegada, mas a faixa da largada. Se você achou que o estudo era a parte difícil, se enganou – os desafios do serviço público são muito maiores, mais graves e urgentes. A estabilidade e a boa remuneração são instrumentos para que você tenha a coragem de enfrentá-los, sem nunca esquecer que é o povo que te paga e é a ele que você presta contas.