“A coisa mais importante para um concurseiro é a disciplina. Não importa quantas horas você tenha, se conseguir fazer aquilo dia após dia, descansado ou cansado, disposto ou não, no final fará a diferença […]”
Confira nossa entrevista com Paulo Eduardo Galvão, aprovado em 3° lugar no concurso PGE SP para o cargo de Procurador:
Estratégia Concursos: Qual sua idade? De onde você é? Em que ano se formou?
Paulo Eduardo Galvão: Atualmente, tenho 33 anos (faço 34 em 2025), sou natural de Sorocaba, mas resido em São Paulo, capital, há praticamente 10 anos. Direito foi a minha segunda graduação, tendo me formado nela no final de 2021, e comecei meus estudos para Procuradorias em agosto de 2022.3.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Paulo: Minha primeira formação foi em Engenharia Elétrica, e eu continuei trabalhando nesse mercado até ser demitido em 2015, com a justificativa de que a empresa estava entrando em recuperação judicial e que a minha rescisão trabalhista era “das mais baratas que a empresa poderia pagar naquele momento”.
Obviamente, essa experiência me fez considerar a ideia de concursos públicos pela estabilidade.
Ainda sem formação em Direito, acabei estudando (e sendo aprovado) para o cargo de Auditor Municipal de Controle Interno da CGM/SP em 2015/2016 (6º lugar na posição final e 1º lugar na fase objetiva).
Nesse período, me interessei muito pelas matérias de Direito Público, que são o cerne da atuação de um procurador, e foi por esse motivo que decidi ingressar na faculdade de Direito, já considerando a possibilidade de estudar para procuradorias.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava, ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Paulo: Sim, já trabalhava como funcionário público. Tentava estudar principalmente após o meu horário de trabalho, até o momento em que o cansaço me permitia.
Era uma média de 6 a 8 horas líquidas, de segunda a segunda, com um dia de descanso a cada 2 ou 3 semanas, mais ou menos.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado?
Paulo: Procurador da Câmara Municipal de São Paulo – longe das vagas, porém foi meu primeiro concurso com aproximadamente 5 meses de estudo.
Procurador Municipal de Guarulhos – 14º lugar
Procurador do Estado de São Paulo – 3º lugar ANTES dos títulos
Também prestei Procurador Municipal de Sorocaba, porém fui eliminado na fase Discursiva, embora tenha sidoa provado na Objetiva em 1º lugar.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Paulo: É a sensação de que todo o esforço e a abdicação valeram a pena. Pode até ser um clichê, mas ver a nota final e a aprovação tiram todo o peso das costas, o cansaço desaparece e vem uma sensação de conquista.
É até difícil descrever. Creio que, na verdade, a sensação vai se solidificando com o passar dos dias, quando a rotina de estudos não é mais necessária, e quando não há mais aquela auto cobrança para se dedicar exclusivamente a algo. É libertador.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?
Paulo: Adotei uma postura mais radical, saía muito pouco com amigos, apenas com a família e para algumas atividades físicas.
Conforme as provas iam se aproximando, até mesmo as atividades físicas eu deixava de lado nas últimas duas semanas, para tentar extrair o máximo possível do tempo disponível.
Porém, essa estratégia foi utilizada exclusivamente para as provas da PGE-SP, que era o concurso que eu almejava desde antes de entrar na faculdade de Direito
Estratégia: Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro?
Paulo: Sou casado e sem filhos. Minha esposa me apoiou integralmente, o tempo todo demonstrou confiança que eu ia conseguir e sempre me falando que meu esforço era notório e seria recompensado. Não poderia pedir parceira melhor para essa decisão.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Paulo: Acredito que vale a pena sim.
No meu caso mesmo eu prestei outros concursos além daquele dos meus sonhos (que consegui a aprovação, nem acredito).
Por mais que estudemos e nos dediquemos, há uma série de fatores no dia da prova que não podemos controlar e acho que ficar muito focado em um só concurso pode não só diminuir as chances gerais de aprovação como provavelmente aumentará a pressão para desempenhar naquela prova específica.
Creio que o ideal é tentar pegar aquele concurso ideal e prestar outros cujo edital seja parecido, cujas matérias não fujam muito daquele objetivo dos nossos sonhos.
A carreira ideal tem de ser buscada, mas não deve ser encarada como única chance de sucesso.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Paulo: Desde que comecei meus estudos em Agosto de 2023 já havia autorização para a realização do concurso da PGE SP, então desde o início desse período foquei nas matérias que haviam sido cobradas no certame anterior em 2018.
Sendo assim, entre o início de meus estudos e a data da Prova Oral, foram praticamente 1 ano e 4 meses de dedicação, que embora não exclusiva, dominou grande parte da minha preparação neste tempo.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter o edital na praça?
Paulo: Sim, por praticamente uns 4 meses eu estudei pra PGE SP sem ter sido aberto ainda o edital.
Na verdade acredito que é um diferencial muito grande daqueles que conseguem a aprovação o fato de estudarem sem necessidade de ter um edital aberto.
A quantidade de matérias e especificidades cada vez maiores tornam muito difícil que um estudante consiga adquirir conhecimento satisfatório em um tempo curto que normalmente há entre o edital e a prova.
Eu tentava encarar como se o edital já estivesse na praça, pois como já havia sido dada a autorização, era “questão de tempo” até o edital sair, então era uma espécie de fase “pré-edital” e assim eu ia me motivando e me cobrando pra estudar.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso?
Paulo: Diria que até a Fase Oral 90% do meu estudo foi utilizando os PDFs.
Me adaptei muito bem a essa maneira de estudo, em que eu poderia acelerar em partes que já havia certa familiaridade e levar meu tempo em partes inéditas.
Também me agradou muito a técnica de grifar o PDF pra quando fosse revisá-los focar apenas naquelas partes, de modo a tornar a revisão mais rápida e dinâmica.
Eventualmente, quando havia algum tópico que eu não me sentia confortável apenas com o disposto nos PDFs, nesses casos eu buscava auxílio dos vídeos ou do LDI.
Já para a Fase Oral além de revisão eu realizei muitos treinos com outros colegas que também haviam sido aprovados para essa fase.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Paulo: Já utilizei o Estratégia Concursos quando estudei para área fiscal e de controle nos idos de 2015 e 2016, pois já naquela época era referência para certames dessas áreas.
Então, quando decidi estudar para a área jurídica naturalmente procurei para ver se havia uma divisão ou cursos focados nessas carreiras e bingo! Encontrei o Estratégia Carreira Jurídica.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todos que estudam para concurso público é a quantidade de assuntos para memorizar. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso?
Paulo: Eu estudava entre 6h e 8h diárias, com um dia de folga a cada 2 ou 3 semanas, aproximadamente.
Desde o início eu segui a Trilha Estratégica de Pré-Edital da PGE SP, que salvo engano foi feita pelo prof. Rodolfo Penna.
Eu achei excelente pois ali já vinha focando nas prováveis matérias que viriam a ser cobradas e estimava uma carga horária de aprox. 35h semanais, o que eu conseguiria cumprir.
Além disso, quando saiu o edital também adquiri o Estudo Acompanhado da PGE SP, e acabei tendo acompanhamento bem próximo do prof. Lucas Pessoa, que montou meu cronograma de estudos e sempre me ajudava com relação a quais matérias focar, por quanto tempo, quando revisar, etc.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova?
Paulo: Eu sou do time que estuda até as 2h da manhã do dia anterior, pois sei que não vou conseguir dormir direito mesmo, então pelo menos tento revisar alguma coisa.
Mas quanto mais próximo chegava da prova, mais eu tentava intensificar o estudo pensando “Bom, se não der certo, vou descansar depois um tempo mesmo e se der certo vai ter valido a pena”.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Paulo: A prova da PGE SP tem uma peculiaridade: É GIGANTESCA! Dois períodos de prova, 4h de manhã e 4h de tarde, sendo uma peça/parecer mais 8 questões por turno.
Ou seja, era necessário escrever uma peça ou parecer e mais 8 questões em 4 horas. Basicamente tínhamos 20 minutos por questão e mais 1h e pouco para a peça, quem já estudou sabe o quão corrido é isso.
A principal parte da preparação, além de revisões, foi de realmente colocar a mão na massa e calejar os dedos de escrever, pois no dia seria necessário praticamente escrever por 4h seguidas de manhã e de tarde.
Outro ponto essencial foi adquirir muita familiaridade com os Vade Mecuns que seriam consultados durante a prova. Marcação com cores, post its, etc, tudo isso ajuda na hora de ganhar alguns minutos por consulta.
Estratégia: Como foi sua preparação para a prova oral?
Paulo: Para a prova oral, o mais importante, sem dúvidas, foi treinar arguições com outros colegas.
Nesse ponto, além de treinar o aspecto de fala e postura, também foi muito interessante ver que cada um tinha suas facilidades e dificuldades e sempre trazia algo diferente para nossos simulados.
Nesta fase realmente o estudo em grupo foi primordial para meu desempenho e agradeço muito a cada um dos meus colegas (fomos todos aprovados!) que esteve comigo nessa fase.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação, quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Paulo: Acredito que inicialmente eu tenha deixado a leitura da lei seca um pouco de lado, focando muito nos PDFs e em questões, o que hoje entendo como um erro.
As questões de 1ª fase tendem a ter muita parte de lei seca, de modo que a leitura da legislação em si é muito eficiente nessa fase, até mesmo para decorarmos alguns artigos.
Outro ponto é que acredito que poderia ter me dado mais dias de descanso, talvez 1 a cada 10 dias, não sei, pois em vários momentos do concurso eu sentia uma espécie de burnout, que acredito que poderia ter sido prejudicial se as provas fossem marcadas mais para a frente.
Um dos maiores acertos acredito que foi focar desde o começo nesse certame, tendo ele como um norte claro, aproveitando o que era em comum dele para outros concursos, mas sem ficar toda hora mudando o foco com cada edital que saía.
Outro ponto crucial foi a disciplina. Nesse sentido eu sinto que realmente consegui manter uma constância muito considerável nesse mais de 1 ano de estudos, pois a verdade é que apenas o dia a dia de estudos é que vai levar à aprovação, não há milagre.
Finalmente, entendo que, em conjunto com os profs. do Estudo Acompanhado, o fato de ter focado especificamente em cada fase do concurso também foi um diferencial.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação?
Paulo: Não pensei em desistir, mas sem dúvidas existiram dias em que o estudo era mais cansativo e penoso.
A dificuldade maior creio que é o cansaço natural desse processo de estudos em si. Naturalmente a mente tem momentos de estafa e buscamos fugir daquela tarefa.
O que eu mentalizava é que justamente nesses dias que eu ia conseguir fazer a diferença, pois “estudar bem é fácil, difícil é estudar cansado”, algo nessa linha.
Nesses dias também me cobrava menos, como uma espécie de recompensa. Não deixava de estudar e ia seguindo o objetivo.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Paulo: A primeira, sem dúvida é a questão da remuneração aliada com a estabilidade e o prestígio do órgão.
Mas também o fato de que a carreira de Procurador realmente tem maior foco nos assuntos de Direito que eu mais gostava de estudar, então havia essa compatibilidade de buscar um trabalho que eu acreditava ter maior afinidade.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Paulo: A coisa mais importante para um concurseiro é a disciplina. Não importa quantas horas você tenha, se conseguir fazer aquilo dia após dia, descansado ou cansado, disposto ou não, no final fará a diferença.
Sendo assim, tenha um planejamento e saiba que se trata de um processo de médio a longo prazo, ninguém passa num concurso jurídico com 3 meses de estudo.
A aprovação no concurso é muito mais um teste de resiliência e constância do que uma aferição de quem é mais ou menos “inteligente”. A constância é sua força!