Aprovado em 1° lugar para Analista de Sistemas no concurso ALEMA
Concursos Públicos“[…] Cada um tem suas particularidades. Teste vários métodos de estudo e adote aquele que te deu mais resultado. Encontre o método mais produtivo, não aquele que lhe pareça mais confortável […]”
Confira nossa entrevista com Marcos Müller Ferreira Matos Morais, aprovado em 1° lugar no concurso ALEMA para o cargo de Técnico de Gestão Administrativa – Analista de Sistemas:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Marcos Müller Ferreira Matos Morais: Minha primeira formação é em Ciência da Computação (2014) e atualmente também estou concluindo o bacharel em Direito na Universidade Federal do Maranhão. Tenho 31 anos e sou natural de São Luís do Maranhão.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Marcos: Ao concluir meu curso em 2014, me deparei com um mercado de trabalho instável e além disso, considerando as médias salariais da cidade, passei a considerar as alternativas que estavam ao meu alcance para que pudesse ter uma vida melhor a longo prazo.
O principal motivo de ter tomado a decisão foi uma autorreflexão sobre minhas capacidades pessoais. O crescimento pessoal no mercado de trabalho privado exige algumas habilidades específicas que pareciam um pouco difíceis: habilidades sociais como networking, capacidade de influenciar pessoas, liderança e dentre outros. Por outro lado, o serviço público traz uma maior estabilidade e menos exigências nesses quesitos, o que é bem atraente.
O outro principal motivo é o próprio método de seleção dos concursos: uma prova objetiva que irá avaliar diretamente seu conhecimento e sua aplicação, sem se ater a entrevistas e outros métodos de seleção subjetivos.
PS: Alguns anos depois, em 2022, fui diagnosticado por psiquiatra e neuropsicólogo com autismo e TDAH, o que explica em grande parte minha predileção por rotinas mais estáveis e minha dificuldade social. Apesar disso, concorri todas as vezes na ampla concorrência.
Estratégia: Você trabalhava e estudava?
Marcos: Bem no início eu trabalhava com tarefas administrativas em uma empresa de construção, fora da minha área de formação. Em 2015, me dediquei somente aos estudos. Foi um ano bem instável pois quase não houve concursos para minha cidade nessa época, o primeiro edital significativo (INSS) só foi ser publicado no final do ano com prova prevista para cinco meses depois.
Nesse meio tempo fiquei me dedicando exclusivamente para concursos, mas não obtive aprovação.
Enquanto estudava para concursos no geral, não tinha foco e estudava para qualquer coisa que surgisse. As vagas em T.I ainda eram poucas e fui me direcionando aos poucos às vagas administrativas, focando em matérias como Direito Administrativo e Direito Constitucional.
Como consequência, acabei criando interesse no de Direito. Em 2017, já cursando o bacharelado, conciliava estágio com o curso e os estudos paralelos para concurso.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado?
Marcos: Em 2017, no final do ano, me inscrevi nos concursos do TRF1 e da UFMA. Meu foco na época era o TRF1, entretanto, pelo conteúdo ser maior e abarcar grande parte do conteúdo do cargo de Técnico Administrativo da UFMA, acabei logrando aprovação neste em 17º lugar, enquanto que no TRF fiquei em uma posição praticamente impossível de ser chamado.
Só voltei ativamente para a vida de concurseiro já no começo de 2022, com o lançamento do primeiro edital para o concurso da Assembleia (ALEMA), olhei para o documento sem pretensão e ao ver que tinham vagas imediatas para o cargo de analista, criei interesse instantaneamente. Realmente não sei dizer ao certo o porquê de ter criado motivação instantânea para o concurso. Acredito eu ter sido o fato do órgão ficar a literalmente 5 minutos da minha casa e o salário bem maior, é claro.
Quanto a continuar estudando. Eu geralmente crio vários interesses e hobbies aleatórios. Estou sempre estudando intensamente sobre alguma coisa, provavelmente por causa do meu autismo e TDAH. Acredito que no mundo dos concursos não vou mais concorrer. Entretanto, planejo estudar para certificações específicas de T.I ou até mesmo procurar uma terceira graduação após concluir o curso de Direito. Já tenho alguns planos no horizonte neste sentido.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?
Marcos: Nunca fui muito de ter vida social agitada e nem gosto. As saídas eram raras e acho que nem lembro ao certo se saía. Até hoje, prefiro me isolar em períodos de prova. Acredito que esse meu traço foi uma vantagem pois assim sempre pude aproveitar o máximo dos meus fins de semana para estudo.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro?
Marcos: Felizmente, meus pais sempre me apoiaram. Apesar de não ter trabalhado por algum período, nunca fui muito de gastar com cursos presenciais, estudei praticamente sozinho com PDFs e sites de questões por toda minha de concurseiro. Na maioria das matérias, sempre evitei vídeo-aulas pois a possibilidade de me distrair era alta.
Meus grupos sociais restringiam basicamente a comunicação por Whatsapp. Para falar a verdade, o isolamento nesses períodos de estudo intenso sempre me fizeram bem e me ajudavam a manter o foco e conservar minha energia e disposição. Uma simples saída de fim de semana era o suficiente para bagunçar toda minha rotina durante o resto da semana. Além disso, antes da primeira aprovação, os “recursos” para saídas e lazer acabavam por ser mais “escassos”.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso?
Marcos: Como todos sabem, o primeiro concurso foi cancelado. Nesse primeiro edital eu havia ficado entre os 20 primeiros estudando por menos de 2 meses. Eu nunca havia estudado para concurso de T.I propriamente dito, entretanto eu já tinha experiência em como estudar: foco em questões, mapas mentais e outras técnicas de produtividade. Apliquei isso e acabei tendo bastante resultado em pouco tempo.
Como o concurso foi cancelado, continuei me preparando intercalando meses e/ou semanas. Por causa do meu autismo e TDAH eu tenho ciclos de produtividade e improdutividade, em 2022 eu já tinha consciência disso e também laudo do neuropsicólogo, restava apenas saber gerenciar isso.
Como o primeiro concurso tinha sido cancelado, aproveitei para relaxar durante algumas semanas. Quando havia recuperado o fôlego, reiniciei os estudos.
No último semestre de 2022, larguei um pouco os estudos e aproveitei para alimentar meus hobbies. Além deles, minha principal fonte de lazer era a academia e jogos eletrônicos. Aproveitei bastante e no finalzinho do ano, com a iminência de novo edital, voltei a focar novamente no concurso da ALEMA.
A disciplina no dia a dia era basicamente manter sempre uma postura ativa. Por causa da minha dificuldade de concentração, eu precisava sempre manter uma postura extremamente ativa perante os estudos. Era praticamente impossível me concentrar apenas lendo ou vendo uma vídeo aula. Eu precisava fazer mapas mentais o tempo todo para conseguir chegar no final do documento e estudar um assunto pela primeira vez. Após essa fase de absorção de conteúdo de um determinado tópico, todo o resto era a base de resolução de questões. Havia dias inteiros só resolvendo exercícios, chegava a passar das centenas por dia quando tinha tempo disponível.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Marcos: Usei todo tipo de material que consegui ter a disposição. Entretanto, os que davam mais resultado eram os PDFs e a resolução de questões, seja no próprio documento ou em site especializado. A preferência era por questões comentadas, o material do estratégia, por exemplo, ajudou muito nessa seara.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Marcos: Sinceramente não lembro. O Estratégia é uma das principais referências desde que comecei a jornada. Provavelmente achei no Google ou no Youtube em 2014 ou 2015.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos?
Marcos: No primeiro concurso, o qual foi cancelado, eu estava inscrito para cargo de Analista de Suporte e Rede. O foco das matérias era a parte de Redes e Segurança da Informação. Fiz um curso pelo Gran Cursos na época.
Entretanto, para o segundo edital da ALEMA (FGV), utilizei os cursos do estratégia de Banco de Dados, Engenharia de Software e Gestão de Tecnologia da Informação. Foram as matérias que eu precisava focar e ser o mais produtivo possível. As matérias cobradas para Analista de Sistemas abarcavam mais tópicos que o cargo anterior o qual tinha concorrido. Como já tinha consolidado uma base boa no conteúdo da Infraestrutura, foquei nos cursos acima mencionados pelo material do Estratégia.
Estratégia: Você chegou a fazer algum concurso enquanto ainda se preparava com esse outro material?
Marcos: Sim. Nesse meio tempo abriu o concurso para Analista de Sistemas na UFMA. Aproveitei que o conteúdo era quase o mesmo e fiz os dois. O resultado da UFMA saiu bem rápido e as nomeações também. Atualmente já estou empossado como Analista de T.I na universidade.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação?
Marcos: Acredito que o principal diferencial foi ter um material focado na sua necessidade específica do concurso. Pode não parecer, mas estudar para T.I pode gerar uma certa ansiedade e melancolia. Ao contrário de cursos “concurseiros por natureza”, como Direito, não existem bibliografias especializadas e direcionadas para concursos no âmbito da T.I.
Nesse quesito, estudar pelo Estratégia ou mesmo por outros cursinhos renomados de sua preferência te economizará tempo e recursos “psicológicos” na hora da preparação.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Marcos: Neste quesito, ao mesmo tempo que eu era disciplinado, era caótico. Meu único plano de estudo era uma planilha onde esquematizei o edital todo assim que saiu. Usava como um checklist do que já tinha estudado e depois de fazer exercícios de um determinado tópico eu anotava o desempenho para fins de autoavaliação.
Entretanto, apesar de diversas vezes ter tentado na jornada de concurseiro, planejar horas de estudos líquidos e ciclo de estudos, era praticamente uma auto sabotagem para mim. Eu só conseguia ter concentração naquilo que queria estudar no momento, e mesmo dentro desse “hiperfoco” momentâneo eu tinha que usar de artifícios para manter a concentração. Essa estratégia é muito boa no início, pois você tem vários tópicos “disponíveis” no edital que podem eventualmente te despertar interesse para estudar naquele determinado dia.
O problema aparece quando você começa a esgotar o edital ou quando já tem metade do conteúdo estudado: os tópicos interessantes começam a ficar escassos e sobraram apenas os assuntos que você considera menos atraentes. A partir daí, e geralmente na reta final, o esforço para manter o foco vai ser maior e o perigo de querer jogar a toalha nas últimas semanas vai aumentando. Aproveito para dizer que esse foi meu principal erro em basicamente toda minha vida de concurseiro.
O concurso da ALEMA era algo que eu desejava profundamente (afinal, é muito perto da minha casa rsrs”), então criei várias formas de manter o foco nas últimas semanas. Tentei utilizar de todas as formas possíveis para fazer render o tempo que tinha disponível. Escutava vídeo-aulas basicamente sempre que podia: no banho, no carro a caminho do trabalho, preparando refeição, ou até mesmo enquanto jogava ou mesmo falava com alguém pelo celular. Isso me permitia uma absorção pelo menos parcial do conteúdo e quando tinha tempo para focar nos estudos eu me concentrava na resolução de questões.
Cheguei a inventar um método próprio de estudo pelo material do Estratégia. O método consistia em ler a parte teórica até o momento que minha mente pedia para desconcentrar e/ou vaguear. Quando essa vontade surgia, mesmo sem ter lido a parte teórica toda, eu começava imediatamente a resolver os exercícios no final do PDF. Chamei esse método carinhosamente de ping-pong.
Esse método de estudo se baseia no seguinte: cada acerto e/ou feedback nos comentários das questões geram uma mini descarga de dopamina no cérebro. Essa descarga dá uma pequena sensação de prazer e também ajuda a manter o foco. Para quem tem problema de concentração, esse é o “pulo do gato”. É basicamente um hacking no cérebro.
Ademais, também acabei desenvolvendo uma outra estratégia própria: sempre que estudo um conteúdo pela primeira vez, eu foco primeiro em resolver as questões da CESPE. Como as questões são menores e só de verdadeiro ou falso, você tem o feedback mais rápido e as descargas de dopaminas são mais frequentes. Sendo assim, pelo menos para mim, isso me ajuda a manter o foco por mais tempo quando o conteúdo é mais “pesado”. Entende-se nesse caso que geralmente se tem um conteúdo como mais difícil quando este é mais novo para o seu cérebro. Na reta final, é claro que a preferência é para resolução de questões da banca avaliadora que, no caso em específico da ALEMA, foi a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Marcos: Sempre tive preguiça de preparar simulados, não sei ao certo julgar se era melhor ter feito ou não. Mas o que tenho certeza e que acho que é quase unanimidade entre os concurseiros, é que um estudo ativo é mais produtivo.
No caso dos resumos, às vezes eu até tentava fazer, mas sempre se demonstrou improdutivo na questão do tempo. No decorrer dos anos, aprendi que era mais fácil usar os mapas mentais para manter minha concentração. Nos últimos dois anos, eu basicamente estudei por questões.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Marcos: O estudo por questões era tão produtivo que cheguei ao ponto de fazer meus próprios materiais e estudar alguns tópicos somente pelas resoluções. Entrava no filtro do site, digitava o termo do edital e resolvia quase tudo que aparecia. Além de manter a postura ativa, identificar as últimas tendências de cobrança, o cérebro já ia se acostumando a absorver somente aquilo que interessava para a prova.
Acredito que isso é de máxima importância para os concursos da área de tecnologia. Qualquer ponto do edital, em sua essência, é basicamente no mínimo uma especialização. Por excelência, os tópicos de T.I são quase infinitos, é impossível saber tudo e querer estudar o tópico completamente pode lhe roubar muito tempo ou até mesmo gerar muita ansiedade. Sendo assim, é importante focar naquilo que geralmente é cobrado.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Marcos: Minha maior dificuldade eram com disciplinas que tinham poucas questões ou que a resolução demandava um pouco mais de tempo. Vou citar como exemplo questões de programação e bancos de dados. Geralmente leva um pouco mais de tempo para se resolver, pois você tem que parar e analisar o algoritmo. Isso me deixava um pouco ansioso e com vontade de passar para a próxima questão.
Um dos fatos que corroborou para que eu prestasse a prova para Analista de Sistemas e não para Programador ou Suporte e Rede foi justamente o fato da prova ser um pouco mais conceitual e abstrata, ao mesmo tempo que haviam bem mais tópicos a serem cobrados. Acredito que a quantidade maior de disciplinas acabou por afastar parte da concorrência também, mas é apenas um palpite.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Marcos: Foi bem simples: foquei completamente na revisão através de resolução de questões. No sábado, dia anterior à prova, preparei meu dia para que fosse dormir cedo e ir bem descansado para o certame.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Marcos: Acredito que o meu principal erro foi relaxar nas semanas antecedentes aos concursos os quais tive reprovação. O concurso com edital aberto é bem parecido com uma maratona. Cada um vai ter seu preparo e condição particular. Entretanto, para tirar o máximo proveito, é preciso gerenciar sua energia mental. É necessário manter um bom ritmo nas primeiras semanas mas sem se desgastar muito e acabar desistindo na reta final. Quando esta chegar, às matérias específicas já precisam estar todas com conteúdo consolidado e a partir desse ponto deve-se focar na revisão por questões.
Outro erro, mas que faz parte do aprendizado de quase todo concurseiro, é o seu método de estudo. No início errei bastante em como estudar os conteúdos. Os resumos sempre me roubavam muito tempo e também acaba desfocando pois eram mais trabalhosos. Depois que me acostumei com a tática dos mapas mentais e dos exercícios foi quando a engrenagem do aprendizado começou a dar resultados.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir?
Marcos: Nunca pensei em desistir dos concursos em si, afinal eu já tinha decidido que era esse meu objetivo. Não me via como empresário nem mesmo como empregado da iniciativa privada justamente pelas dificuldades relatadas no início.
O que acontecia, como já citado anteriormente, era parar de estudar na reta final do certame e tentar a sorte somente com aquilo que já havia estudado. Era uma desistência temporária por cansaço.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Marcos: Nem sempre o método mais confortável será o melhor. No início gostava de ler os livros de Direito, por exemplo, usando marca texto e me sentia confortável com isso. Os resultados eram poucos e me desconcentrei muito.
Livros grandes são bonitos, mas geralmente vão te roubar tempo. Principalmente para a área de tecnologia, prefira materiais direcionados.
Antes de estudar qualquer assunto para T.I, veja como esse assunto é cobrado. Grande parte do conteúdo você já viu na graduação, não vai ser tão difícil resolver questões sem ter visto o conteúdo antes.
Cada um tem suas particularidades. Teste vários métodos de estudo e adote aquele que te deu mais resultado. Encontre o método mais produtivo, não aquele que lhe pareça mais confortável. Se você conseguir unir as duas coisas: melhor ainda.
E por último e mais importante: exercícios. É praticamente unanimidade entre os concurseiros. Se você não está resolvendo exercícios, sinto dizer que está perdendo tempo.
Os exercícios não são importantes somente para a absorção do conteúdo, eles te preparam para saber aplicar o que estudou, evitar cair em ciladas da banca e também a preparar sua resistência mental para longas horas de prova.