Aprovado em 5º lugar no concurso TCE RS no cargo de Auditor Público Externo (Administração)
“Você vai ficar cansado(a), você vai pensar em desistir, você vai falhar, mas jamais pode perder a esperança. Tenha sempre em mente aquele cargo que almeja, imagine-se trabalhando nele, vivendo aquela vida, sendo entrevistado pelo Estratégia =) . Isso ajuda muito na motivação, principalmente nos dias mais difíceis dessa árdua caminhada”
Confira nossa entrevista com Luiz Felipe Feijo Silva, aprovado em 5º lugar no concurso do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul no cargo de Auditor Público Externo (Administração):
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Luiz Felipe Feijo Silva: Sou de Porto Alegre – RS, tenho 32 anos e minha formação é em Administração de Empresas pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul). Atualmente curso pós-graduação em gestão orçamentária e financeira, que, por sinal, é ministrado pelo Estratégia Concursos com a Faculdade Unyleya.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Luiz Felipe: Foi em 2007, quando comecei a namorar. Nós estávamos desempregados e éramos sustentados pelos nossos pais. Foi quando vimos o edital de vários cargos para a Prefeitura Municipal de Porto Alegre e começamos a indagar sobre a possibilidade de ser funcionário concursado.
Ao conversar com meus pais, eles me deram o maior apoio, porque o desejo de um pai e de uma mãe é ver o filho em uma carreira estável. Então, comecei a estudar junto com o meu namorado e a partir daí viramos concurseiros. Hoje ele é Auditor Fiscal Tributário do Município de Porto Alegre.
Estratégia: Como foi sua caminhada como concurseiro? Você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Luiz Felipe: Houve momentos nos quais eu consegui me dedicar inteiramente aos estudos e outros nos quais eu tive que conciliar trabalho e estudo.
Quando comecei a estudar para concursos, em 2007, eu não tinha emprego e vivia de mesada dos meus pais, então conseguia me dedicar 100% aos estudos. Não era formado ainda e minha primeira preparação foi para um cargo de nível médio da Prefeitura de Porto Alegre (Assistente Administrativo); estudei por 3 meses após o edital ter sido lançado na praça. Ali foi o meu primeiro contato com concurso público e as matérias relacionadas à administração pública (foi quando eu aprendi os princípios L.I.M.P.E. da Constituição, rsrsrs).
Consegui a aprovação, fiquei em 29º lugar e foi desde então que virei concurseiro. Quando você descobre o mundo dos concursos, começa a viver e respirar concurso público, você começa a se relacionar com várias pessoas que também estão atrás da tão sonhada aprovação e classificação, começa a pesquisar sobre outros cargos e órgãos públicos e acaba criando desejos e objetivos para alcançar determinadas carreiras públicas.
Em 2008 fui convocado na Prefeitura para o cargo no qual havia sido aprovado e, nessa época, eu já estava cursando a faculdade de Administração de Empresas. Eu não tinha muito tempo livre para conciliar estudos para outros concursos, mas, mesmo assim, não deixei de me inscrever em vários outros de nível médio (Ministério da Saúde, TRF, etc.); muitos eu fazia até sem estudar, ou então comprava apostila e estudava aos finais de semana. Claro que em nenhum desses eu consegui ser aprovado ou, às vezes, até conseguia, mas não uma colocação significativa. O importante é que eu estava adquirindo conhecimento em matérias comuns a todos os concursos e ritmo de prova (quando o assunto é concurso público, todo tipo de preparação ou tentativa agrega algo no final, mesmo se ela não teve sucesso).
Em 2010, quando estava prestes a me formar, decidi me inscrever para dois concursos que ofereciam vaga para o cargo de Administrador, um deles foi do Governo do Estado do RS e outro foi do Instituto Federal do RS (IFRS). Novamente fiz uma preparação de estudos na qual eu tinha que conciliar com trabalho e faculdade. Como eu estava bem afiado na matéria específica de Administração, eu aproveitava o final de semana para estudar apenas as legislações correlatas aos respectivos concursos.
Para minha surpresa, fiquei em 7º lugar no Governo do RS e em 26º lugar no IFRS. Fiquei feliz e assustado ao mesmo tempo, porque o primeiro concurso era para chamada imediata de 10 vagas e eu não havia me formado (me graduaria em agosto de 2011). Dito e feito, no final do mesmo ano me convocaram para assumir a vaga e com muita tristeza eu tive que abrir mão dela.
Foi em agosto 2011, após minha formatura, que ocorreu o momento divisor de águas para a construção da minha base de conhecimento na maior parte das disciplinas do concurso público que eu almejava. O meu namorado havia sido aprovado no cargo de Analista Tributário da Receita Federal e foi convocado para trabalhar na fronteira noroeste do Estado. Eu, já cansado do trabalho que tinha na Prefeitura, resolvi arriscar tudo: pedi exoneração do meu cargo de assistente administrativo na Prefeitura de Porto Alegre e fui morar em Santa Rosa com ele, que topou assumir todas as despesas da casa enquanto eu me preparava para o concurso da Receita Federal, uma vez que havia ficado motivado naquela época para ser Auditor da Receita Federal.
Foi nessa época que eu comecei a me aprofundar melhor e entender a tão tortuosa jornada de concurseiro. Comprei livros, apostilas em pdf, me inscrevi em curso presencial, li artigos, etc.
Foi em Santa Rosa que eu aprendi o que era estudar com material certo, planilhar os estudos, calcular HBC (horas bunda-cadeira). Quando vi, eu estava mergulhado em uma rotina de 8 horas de estudo em casa mais 4 horas de curso preparatório presencial. Eu controlava tudo numa planilha excel que calculava minhas HBC totais. Em oito meses morando lá, devo ter acumulado mais de 1800 horas bunda-cadeira.
O resumo da história é que eu nunca fiz o concurso da RFB, pois o edital estava longe de sair e nesse meio tempo havia sido lançado o edital para o cargo de Administrador da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Fiz o concurso “sem estudar”, só com a preparação da Receita Federal e tirei 6º lugar. Em setembro de 2012 voltei para Porto Alegre e comecei a trabalhar no Departamento Municipal de Habitação (DEMHAB), Autarquia do Município.
Foi trabalhando no DEMHAB que comecei a descobrir a área de Controle Interno e Externo, pois cada Autarquia possui uma controladoria na qual há auditores responsáveis pelo controle interno dos órgãos municipais. Eu não trabalhava diretamente no setor, mas como ingressei na área de patrimônio, tinha contato direto com os auditores e achava o trabalho deles muito interessante. E quando eu acompanhei a primeira auditoria do TCE-RS no DEMHAB, decidi que aquela era a carreira que eu queria seguir.
Em 2014, foi lançado o edital da CAGE-RS, órgão de Controle Interno do Estado, e fiquei muito ansioso para estudar para o concurso (Não era Controle Externo, mas ainda assim fiquei motivado). Comprei o material completo do Estratégia e comecei meu estudos pós-edital. O problema é que dessa vez eu tive que conciliar os estudos com o trabalho, então só conseguia estudar durante os intervalos, à noite quando chegava em casa e nos finais de semana. Pelo tempo ter sido muito exíguo para a preparação adequada e também por falhas de planejamento do cronograma de estudos, acabei ficando em 79º lugar em uma prova só com questões objetivas (eram 20 vagas).
Depois desse concurso, eu decidi dar uma pausa nos estudos e focar mais no trabalho. E somente no início desse ano que começou a me acender novamente uma chama de concurseiro e uma vontade de voltar a estudar para alcançar o cargo que eu tanto almejava. Com as notícias de que o concurso do TCE-RS havia sido autorizado fiquei mais motivado ainda para começar os estudos. Porém, estava tão mergulhado no meu trabalho e nas rotinas diárias que não conseguia achar tempo para parar e estudar.
Quando saiu o edital no final de maio, no mesmo dia, minha intuição me dizia que esse era o meu concurso, que agora era a minha vez. Então conversei com meu chefe e tirei uma licença-prêmio (a cada 5 anos trabalhados, os funcionários da Prefeitura de Porto Alegre ganham uma licença remunerada de 3 meses para tirar quando quiser); ali estava a oportunidade que eu tinha de me dedicar integralmente aos estudos até a data da prova. Consegui focar 100% durante os 3 meses que antecederam a prova e o resultado foi a aprovação.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Luiz Felipe:
Assistente Administrativo – Prefeitura Porto Alegre (29º) – 2008
Administrador – SARH – Governo do Estado RS (7º) – 2010
Administrador – IFRS (26º) – 2010
Administrador – Prefeitura Porto Alegre (6º) – 2012
Auditor do estado – CAGE RS (79º) – 2014
Auditor Público Externo – TCE-RS (5º) – 2018
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Luiz Felipe: Foi uma surpresa sem tamanho. Pois conforme os fóruns de gabarito preliminar das objetivas, eu estava na casa dos 20º a 30º. Somente tirando nota quase máxima na discursiva que eu poderia subir minha colocação.
Então, antes de abrir a lista, eu me preparei para procurar meu nome próximo daquela posição esperada. De repente quando mal abro a planilha e já vejo meu nome ali entre os primeiros, não entendo muito bem o que tinha acontecido… Eu penso: estranho, meu nome tá muito no começo para ser em ordem alfabética. Logo após olhar bem na direita e ver o número 5, cai a ficha da minha colocação: 5º lugar.
Se eu disser que chorei, não é exagero, pois fiquei muito emocionado. Estava ali, próximo de mim, o cargo pelo qual tanto sonhei em um Tribunal de Contas do Estado onde nasci!
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Luiz Felipe: Sempre quando eu entrava numa temporada de estudos, eu abdicava de praticamente todas as outras programações. Eu imergia totalmente naquele projeto e focava na missão.
Quando eu conseguia estudar sem ter que trabalhar, minhas rotinas sempre foram de 8 a 10 horas de estudo. Já nas vezes em que eu tive que conciliar o estudo com o trabalho, eu estudava quando voltava do trabalho e durante os finais de semana.
Para mim não tinha mais festas, feriado, jantas com amigos, etc. Era foco total até alcançar (ou não) o objetivo, sempre terminando com a sensação de dever cumprido (aquela sensação: dei o meu melhor). Eu pensava: vou ter N outros momentos para ir a festas com amigos, mas essa oportunidade é só daqui a 4 anos, ou nem isso.
Para o TCE-RS não foi muito diferente. Eu estudava de domingo a domingo, umas 10 horas por dia, só não tirei a musculação totalmente da minha rotina porque é importante um exercício físico para extravasar, mas diminui a frequência semanal, eu sempre malhei 5 dias por semana e passei a malhar 3 dias. Quanto aos programas sociais com amigos, zero. Só em alguns domingos eu ia almoçar na casa minha vó para rever a família, mas logo depois já voltava para casa para estudar.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Luiz Felipe: Namoro há 11 anos e estou morando junto desde maio desse ano. Antes eu morava com meus pais.
Minha família sempre apoiou a minha caminhada, pois eles queriam sempre me ver em uma profissão estável. Meu pai e minha mãe sempre me deram o maior apoio em todos os sentidos. Sou eternamente grato a eles por terem torcido por mim nessa jornada.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Luiz Felipe: Esse é o concurso dos meus sonhos! =D
Mas se eu tivesse que continuar os meus estudos, seria nas áreas de Controle Externo e Auditoria Fiscal.
Particularmente, eu não acho que seja tão interessante desfocar totalmente do concurso que você tanto almeja. No máximo dá pra escolher alguns outros de áreas que tenham matérias afins com o seu foco principal até como uma forma de você sempre manter na memória o conhecimento. Mas desfocar completamente pode fazer você dedicar seu tempo em matérias específicas demais e que não têm relação nenhuma com o seu objetivo principal.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Luiz Felipe: Estudei por 3 meses, logo depois que saiu o edital.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Luiz Felipe: Meu estudo foi todo pós-edital. Eu estava desde 2014 sem prestar provas para concurso público, totalmente focado no trabalho. Porém, o conhecimento que eu acumulei nos estudos anteriores foi tão denso (principalmente o estudo para RFB e para CAGE-RS) que muitas matérias às quais eu estava estudando para esse concurso do TCE-RS pareciam que eram revisões; assim que eu lia uma aula, boa parte dos assuntos retornava à minha memória com facilidade e quando eu fazia os exercícios tudo fluía como se eu tivesse estudado ontem a matéria. Foi assim com Português, AFO, Auditoria, Direito Administrativo, Direito Constitucional, Raciocínio Lógico, Matemática Financeira, Administração e Estatística; todas já me eram muito familiares.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Luiz Felipe: Na maior parte das matérias, foi suficiente para mim o curso completo em PDF e vídeo-aulas do Estratégia. Quando me permanecia a dúvida após a leitura de alguma aula, eu revia a disciplina com a vídeo-aula.
Para a disciplina de políticas públicas eu também tive que me remeter à leitura da lei seca, porque era uma matéria que eu nunca tinha estudado e estava meio apreensivo sobre de que forma a banca iria abordar (a atenção estava redobrada até porque era a disciplina que tinha mais questões dentro do módulo das específicas).
E, por fim, os materiais que estavam na minha cabeceira eram a Lei Orgânica e o Regimento Interno do TCE-RS. Sempre que podia, eu dava uma lida neles para memorizar tudo o que tinha nos documentos.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Luiz Felipe: Soube do Estratégia em 2012 por comentários de amigos concurseiros, mas fui conhecer bem o seu material em 2014, quando comprei o curso completo da CAGE-RS.
Adquiri novamente agora para o TCE-RS, e posso dizer que foi o melhor investimento da minha vida. A minha jornada de estudos se tornou bem mais completa graças ao conhecimento obtido desses cursos. Os professores do Estratégia são de alto nível.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Luiz Felipe: Eu montei um cronograma de estudos em excel que contemplava todos os dias até a data da prova. Procurei dividir em duas matérias por dia, de quatro a cinco horas para cada, sempre intercalando todas as 14 disciplinas, de modo que nenhuma matéria ficasse mais de uma semana sem ser estudada novamente. Contei a quantidade de aulas em pdf que tinha cada disciplina e calculei um turno para cada aula. Então, por exemplo, na segunda-feira pela manhã eu estudava a aula 01 de Matemática Financeira e à tarde estudava a aula 03 de Administração; e assim sucessivamente.
Ao fim de cada aula, eu fazia os exercícios propostos pelo professor. Porém, não resolvia todos os exercícios de uma só vez. E foi isso que me fez reter a memória das aulas mais antigas mesmo nos dias mais próximos da prova. O que eu fazia: digamos que cada aula tivesse 50 exercícios; ao invés de resolver todos os 50 no mesmo dia/turno, eu resolvia só uns 10 e guardava os outros 40 para os próximos dias nos quais eu iria estudar a matéria novamente, então, antes de começar a nova aula, eu resolvia uns 5 exercícios (e lia os comentários) da aula anterior para somente depois começar a nova aula, assim cumulativamente e sucessivamente. Mais próximo do dia da prova, eu estava revendo os exercícios de todas as aulas anteriores antes de entrar em um novo assunto (5 para cada aula, lendo sempre os comentários). Isso funcionou muito bem para eu guardar a matéria por completo mesmo após 2 meses de estudo.
Gostaria de salientar que para a as disciplinas de exatas a técnica foi um pouco diferente. Eu até fazia exercícios das aulas anteriores, porém, não me limitava a um número X de exercícios por aula. Quando o assunto é exatas, quanto mais exercícios você faz e refaz, melhor o resultado, porque você tem que, além de conseguir saber resolver o problema, treinar para resolvê-lo da forma mais rápida possível, pois o tempo é o pior inimigo quando se trata de matemática, estatística, etc.
Quanto a resumos, nunca cheguei a fazer, mas eu criava os famosos mnemônicos com tudo o que eu conseguia e achava importante memorizar. Então quando notava, eu estava com umas palavras imensas e bizarras que me ajudavam a guardar características, princípios ou requisitos de algum assunto. E nesse quesito tudo é válido, o importante é achar uma forma de conseguir relacionar facilmente os conceitos.
Resumindo, para mim foi suficiente a leitura dos cursos em PDF mais a resolução de exercícios dos mesmos; e caso permanecesse alguma dúvida, eu assistia à vídeo-aula a fim de clarear os ensinamentos. Em algumas disciplinas também estudei a lei seca (Políticas Públicas e Controle na Administração Pública).
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Luiz Felipe: Não cheguei a ter dificuldade em nenhuma disciplina, mas fiquei apreensivo com algumas; a principal foi Políticas Públicas, que, além ter maior número de questões, eu nunca tinha estudado ela. Por isso tive que dedicar uns turnos a mais no estudo dela, assistindo a vídeo-aulas, relendo algumas teorias e memorizando as leis secas.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Luiz Felipe: Os dias que antecederam minha prova foram totalmente atípicos e inesperados. Devido à jornada de estudos pesada que eu estava levando, eu tive uma crise de enxaqueca 10 dias antes da prova, que me incapacitou de pegar qualquer material para ler por uns 4 dias; eu não conseguia sair do quarto escuro. Fiquei desesperado e só dizia para meus pais: não acredito que vou ser derrotado por causa de uma dor de cabeça! Eles só respondiam que ia passar e logo eu ia recomeçar meus estudos, mas eu estava tão triste porque eu tinha já tudo planejado.
Como se não bastasse, quando a crise estava terminando, eu tive um febrão de 40 graus que me levou para o pronto socorro. Tive que tomar antibiótico e antiviral. Lá estava eu novamente sem conseguir estudar direito.
Enfim, foi um grande teste de resiliência; tive que me reerguer e pensar comigo mesmo: “Era para ser a semana de revisão, então o conteúdo já está memorizado. Vai dar tudo certo!”. Somente quando faltava 4 dias para a prova que eu consegui pegar o material novamente. Então aproveitei para revisar os exercícios das matérias de exatas e assistir ao aulão de revisão do Estratégia no dia anterior à prova, que me ajudou muito a relembrar alguns assuntos importantes.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Luiz Felipe: A prova discursiva foi a prova decisiva para mim e ao mesmo tempo foi a que mais me deixou com medo, principalmente pela grande abrangência de disciplinas que poderiam ser exigidas nela, sem contar o fato de que era eliminatória: se você não acertasse 50% de cada uma, estaria eliminado.
Tratava-se de duas questões discursivas nas quais seriam abordados, a saber: uma questão sobre o conteúdo de Controle na Administração Pública e/ou Auditoria Governamental e/ou Administração Financeira e Orçamentária, e uma questão sobre o conteúdo programático específico de cada categoria funcional. Ou seja, a segunda questão poderia abranger qualquer matéria de todo o conteúdo da prova específica, que tinha 8 disciplinas.
Tendo isso em mente, na medida em que eu ia estudando, eu anotava possíveis pontos da disciplina que poderiam ser exigidos. Eu pensava: isso daria uma boa questão discursiva. Então eu deixava registrado num canto do caderno para depois ensaiar como eu responderia caso ela fosse exigida.
Depois, eu tentei entender como a banca FCC exigia provas discursivas e fui direto no concurso do TCE-RS de 2014 no qual a ela havia aplicado para outras especialidades de APE. Ali também tiveram duas questões, uma de conhecimentos básicos e outra de conhecimentos específicos. Analisei que na prova de conhecimentos específicos eles perguntaram algo bem técnico relativo à formação do cargo (se era contador, algo sobre contabilidade; se era arquiteto, algo da profissão de arquiteto), então, como no meu caso era para administrador, por analogia, imaginei que seria perguntado algo bem específico da profissão de Administrador. E aí está o outro conselho que dou: você tem que tentar entrar na mente do examinador e pensar como ele vai exigir essa questão. Sei que é difícil, mas infelizmente nós não conseguimos ter domínio total do conteúdo de todas as matérias de forma tão específica para discorrer numa discursiva, por isso temos que analisar o “modus operandi” da banca. E deu certo para mim, de 100 pontos eu fiz 95 e foi essa pontuação que me fez subir da 23ª posição para a 5ª posição. Para você ver o quão decisiva é uma prova discursiva.
Além disso, também aconselho quem vai enfrentar esse tipo de prova a ter noção de como está sua escrita e coesão textual, pois se você não tem essa base, não conseguirá desenvolver uma resposta em tempo tão exíguo e de maneira tão clara. Se tiver dificuldades em redação, é aconselhável fazer um curso antes para desenvolver essa técnica para depois poder aplicar o conhecimento no papel.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Luiz Felipe: Eu cito como maiores ACERTOS o fato de ter conseguido me dedicar integralmente para o concurso, sem ter que conciliar junto com o trabalho; e ter programado o estudo das disciplinas de maneira intercalada, assim nenhuma ficava muito tempo sem ser estudada, facilitando a memorização; também acertei no fato de ter “guardado” exercícios de cada aula para resolvê-los cumulativamente antes de iniciar as outras.
Acho que o ERRO foi o de eu não ter reservado nenhum dia de descanso semanal entre os meus estudos, o que acabou afetando meu sistema imunológico e me deixando doente nos dias anteriores à prova. Mas para eu ter feito isso, teria que ter começado o estudo antes do edital, pois foi bem apertado o cronograma dentro dos 3 meses que antecederam a prova.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Luiz Felipe: Pensei várias vezes em desistir. Quando você está estudando, passa por um mix de sensações e expectativas que te desequilibram; uma hora você acha que tem condições de ficar entre os primeiros colocados, outra hora você acha que não tem condições nenhuma por conta do alto nível concorrência. Por isso eu digo que o seu pior concorrente é você mesmo.
Sempre que eu pensava em desistir, eu deitava na cama, fechava os olhos e imaginava só as coisas boas que eu esperava após a aprovação: sendo convocado, fazendo o curso de formação, trabalhando nas auditorias Estado a fora… Parava por uns 30 minutos, descansava, refletia, e voltava aos estudos. E quando a vontade de desistir aparecia no último mês de estudo, eu pensava: ah não! “Estudou tudo isso pra desistir agora na reta final? Acorda!!!” Então voltava tudo ao normal.
Resumindo, tudo depende da sua capacidade de dar a volta por cima e de criar mecanismos que irão te defender contra esses momentos de “bad”, que todos terão em algum momento.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Luiz Felipe: A carreira de Auditor de Controle Externo que sempre admirei aliado ao fato de poder trabalhar num órgão independente, onde o trabalho que você executa não sofre ingerência política.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Luiz Felipe: É aquela velha frase que sempre funciona: nunca desista! A caminhada para o sucesso é iterativa. É um processo incremental. Você tem que ler e reler, ao longo do tempo, a mesma matéria até conseguir fixar os conteúdos. Eu gosto de dizer que quando a gente tem um contato pela primeira vez com uma determinada disciplina, conseguimos fixar uns 20% do total que estudamos dela. Somente após a revisão da matéria (exercícios também ajudam) você consegue aumentar o percentual de fixação da mesma, pois aquela parte que você já praticamente tem memorizada abre espaço para outra que você ainda não conseguiu fixar, e assim sucessivamente. É uma jornada que para uns leva anos e para outros apenas meses, mas sempre baseado na tentativa e erro de forma reiterada, até que uma hora vem o acerto.
Leia bastante artigos de professores sobre técnicas de estudo e também relatos de aprovados sobre como eles conseguiram o sucesso na aprovação. E nunca se esqueça de investir no material certo! Isso vai te ajudar a construir o seu próprio caminho e a conhecer como funciona para você: não existe uma fórmula única, para cada um há uma maneira diferente de estudar; o mais importante é descobrir qual método se aplica melhor a você e seguir adiante rumo a tão sonhada aprovação.
Além disso, se você já conhece a banca para qual concurso irá prestar, faça muito exercícios dela. Procure estudar como ela se comporta na abordagem das questões. Isso ajuda muito na preparação.
Enfim, você vai ficar cansado(a), você vai pensar em desistir, você vai falhar, mas jamais pode perder a esperança. Tenha sempre em mente aquele cargo que almeja, imagine-se trabalhando nele, vivendo aquela vida, sendo entrevistado pelo Estratégia =) . Isso ajuda muito na motivação, principalmente nos dias mais difíceis dessa árdua caminhada.
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