Aprovado no concurso PF 2021 para o cargo de Agente
Policial (Agente, Escrivão e Investigador)
“O tempo que você vai dedicar ao projeto da aprovação vai passar, a questão aqui é saber onde você vai querer estar daqui a 5 anos – porque, estudando ou não, esse tempo vai passar do mesmo jeito. É uma tremenda ilusão achar que a “vida está passando” e você está parado. Eu me dediquei 5 anos no mundo dos concursos e pensava isso também, hoje eu olho para trás e vejo que o que eu construí nesses anos foi muito mais significativo do que aquilo que meus colegas que desistiram de estudar construíram nesse mesmo tempo. O concurseiro é como aquele atleta de natação das olimpíadas, ele está nadando por baixo da água. Ninguém vê o que ele está fazendo, mas quando ele subir para a superfície vão notar o quão longe ele chegou.”
Confira nossa entrevista com Lucas Peixoto, aprovado no concurso PF 2021 para o cargo de Agente:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Lucas Peixoto: Meu nome é Lucas, tenho 31 anos, sou formado Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e sou cearense da cidade de Fortaleza.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Lucas: Inicialmente, resolvi entrar no mundo dos concursos quase que exclusivamente por motivação financeira, afinal, grande parte dos cargos públicos têm uma remuneração melhor do que a oferecida pelo setor privado para os recém-formados (meu caso). Entretanto, com o tempo, percebi que o esforço exigido para se alcançar o sucesso da aprovação era enorme, de modo que a motivação financeira talvez não fosse suficiente para me manter focado e dedicado. Foi aí que entrou o concurso policial. Quando entendi que precisava de fatores que fossem além do dinheiro, busquei encontrar aquilo que mais fazia sentido para mim. Assim, me identifiquei com a área policial, pois nessa carreira eu via uma possibilidade de perceber de forma mais “prática” e direta a contribuição que eu poderia dar a sociedade. Apesar de parecer clichê, isso para mim sempre foi um motivador muito forte. Como disse Will Smith em uma de suas entrevistas: “se você não está no mundo para ajudar outras pessoas, você está perdendo tempo”.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Lucas: Tive o privilégio de ter uma família bem estruturada, que me deu todo o apoio que precisei para que eu pudesse me dedicar exclusivamente aos estudos. Aproveito para registrar minha admiração àqueles que têm que conciliar estudos e trabalho: a dedicação de vocês inspira e fortalece aqueles que estão na caminhada.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Lucas: Eu já fui aprovado em alguns concursos, mas chamado para poucos:
Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) – cargo de especialista em regulação;
Ministério Público da União – cargo de técnico (especialidade em administração) – 2072º colocado;
Universidade Federal do Ceará – cargo de Engenheiro de Produção – 4º colocado;
Tribunal de Justiça do Amazonas – cargo de técnico administrativo – 374º colocado;
Por último: Polícia Federal – cargo agente de polícia – 585º colocado (após o resultado do teste físico).
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Lucas: Seria muito pretensioso da minha parte tentar descrever a sensação em palavras, mas posso dizer que foi MUITO LOUCO! (risos) De fato é um pouco isso mesmo, aquela loucura representada por um estado mental em que você não consegue processar direito a importância daquela informação. Somente com alguns dias você compreende que sua vida será completamente diferente dali para frente.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Lucas: No início eu tentei me isolar e intensificar os estudos para passar o quanto antes. Com o tempo eu percebi que isso não estava ajudando, pois gera ansiedade, pressão, desanimo e, no final das contas, você acaba abrindo mão de momentos IMPORTANTES da sua vida. Então, antes do edital abrir, eu tentava ser mais flexível e selecionar bem minhas saídas e encontros sociais. Quando o edital saiu, aí sim, resolvi apertar ainda mais os estudos e foquei na preparação até o dia da prova – portanto, nesse período pós edital eu abri mão de qualquer vida social.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Lucas: Não sou casado, não tenho filhos, mas tenho namorada. Moro com meus pais e desde o começo a decisão de estudar para concursos foi tomada em conjunto – entre mim e eles. Acho importante para todo concurseiro abrir o jogo com as pessoas que estão ao seu redor e vão o acompanhar durante a caminhada da aprovação. Para mim funcionou muito bem, tanto com meus pais, quanto com minha namorada, joguei as cartas na mesa, expliquei minhas intenções e deixei claro todos os sacrifícios que seriam necessários. Todos me apoiaram. Meus pais seguraram as pontas e conseguiram me bancar financeiramente e minha namorada também entendeu as condições, de modo que tivemos que nos privar de viagens, passeios e saídas caras.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Lucas: Aqui é um ponto importante para mim, pois representa um dos grandes erros da minha preparação (na minha opinião). Hoje, com mais maturidade, eu vejo que focar em um concurso específico é correr um risco muito alto, visto que a instabilidade do cenário político e público pode comprometer a autorização e o edital para o cargo que você tanto espera.
Por outro lado, fazer qualquer concurso que aparecer compromete ainda mais o estudo, pois o conhecimento não se acumula quando você migra de uma área para outra de acordo com o edital que sair. A consequência disso é uma maior frustração com reprovações e mais tempo para ser aprovado. Cometi os 2 erros durante a minha preparação. Hoje eu teria feito diferente: escolheria uma área de estudo (área fiscal, policial, tribunais e etc) e focaria nos concursos daquela área, acumulando o conhecimento de uma prova para outra. Por isso que, se eu pudesse dar um conselho sobre esse tópico, eu diria para o concurseiro tirar as primeiras semanas ou até meses para escolher a área de estudo que seguirá. Lembre-se do filme de Alice no país das maravilhas, quando o personagem do Gato afirma sabiamente: “para quem não sabe para onde vai, qualquer caminho serve” (parafraseando – concurseiro pode até não escolher uma estrada específica, mas tem que saber pelo menos qual é a direção do seu destino). Em síntese, não aconselho ir focado apenas em um único concurso específico, escolha uma área de conhecimento e faça todos os concursos daquela área. Uma vez aprovado, se aquele não for o cargo que tanto deseja, você terá mais conhecimento, maturidade e menos pressão para estudar e atingir o seu objetivo maior. No meu caso, por enquanto não penso em outro concurso, tenho certeza que o cargo de agente da Polícia Federal vai me realizar profissionalmente. Mas o futuro é incerto, pretendo seguir com projetos ainda maiores e não descarto a possibilidade de voltar ao mundo dos concursos.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Lucas: Para a Polícia Federal estudei por 1 ano e meio.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Lucas: Sim, estudei sem edital na praça. Aliás, quem quer chegar competitivo para a prova tem que estudar antes do edital sair. Eu, particularmente, não conheço nenhuma pessoa que foi aprovada e começou a estudar apenas com a saída do edital. Quanto a disciplina, penso que é algo treinável e, apesar da dificuldade de ser disciplinado no começo de qualquer atividade, no decorrer do tempo se torna mais “natural”. Acho que a chave da disciplina é a percepção de resultado do trabalho – na prática, quanto mais eu estudava, mais eu acertava questões e melhor eu ia nos simulados. Perceber que estava evoluindo era, além de uma motivação, uma forma de mostrar a importância da disciplina. No meu caso, eu sempre tinha que ter algum parâmetro para perceber essa evolução e me manter disciplinado (no caso, eu fazia muitas questões e simulados). Ainda sobre disciplina, gosto de fazer uma analogia com a academia: pessoas que assumem o compromisso, mesmo a contragosto (no início), de se dedicarem 1 mês na musculação, quando percebem o resultado no próprio corpo, continuam treinando e dificilmente faltam durante a semana – ou seja, a pessoa passa a ser disciplinada “naturalmente”.
Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Lucas: Na minha preparação, eu diria que 95% do meu estudo foi baseado em PDF. Assistia poucas videoaulas, nunca peguei um livro e nunca assisti aulas presenciais. A principal vantagem do PDF é ritmo. No PDF eu conseguia ser mais eficiente, pois nos assuntos que eu tinha mais dificuldade eu assumia um ritmo mais lento, para poder entender melhor, enquanto que nos assuntos em que eu tinha mais facilidade, conseguia andar mais rápido. Além disso, eu conseguia me situar melhor no material pdf. Quando eu precisava recorrer a algum tópico que tinha ficado duvidoso, tinha mais facilidade em localizá-lo. Ao contrário disso, eu nunca fui de assistir muitas videoaulas, pois eram o oposto dos PDFs – o ritmo da aula é ditado pelo professor e, no meu caso, também tinha extrema dificuldade em localizar assuntos para sanar dúvidas que me ocorressem. Aulas presenciais não funcionam comigo, acho completamente ineficiente. Além do tempo de deslocamento para o local, tem muitos fatores que podem tirar atenção (conversas, fome, frio…) e, assim como as videoaulas, o ritmo das aulas varia de acordo com o professor e a turma. Quanto aos livros, não vejo sentido. Os cursinhos de hoje disponibilizam o material necessário para passar. Eles fazem o trabalho duro de minerar o que é importante, organizar tudo em um PDF e disponibilizar para o aluno. Quem estuda por livros está mais interessado em saber sobre o assunto do que passar na prova. E esse é um ponto fundamental para quem quer ser aprovado: passa quem acerta mais questão e não quem sabe mais.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Lucas: Conheci pesquisando na internet. Sempre fui muito prático nas minhas coisas, então, o que mais me dava garantia sobre o melhor material era saber qual curso mais aprovava no mercado – essa informação era suficiente para mim.
Então, busquei no Google as informações e indicações de quem já tinha sido aprovado e, também, baixei algumas aulas gratuitas disponibilizadas pelo Estratégia. Dessa forma, pude perceber que o material era de qualidade, atualizado e tinha uma organização e didática que me agradava.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso?
Lucas: De fato os concursos cobram muitos assuntos e é praticamente impossível saber tudo que é disposto no edital. Dessa formar eu optei por fazer um estudo mais lento, porém mais efetivo. Eu estudava de 3 a 4 matérias distintas por dia, aproximadamente 1 hora e meia para cada (totalizando no dia 6 horas líquidas). Eu estudava o PDF e anotava as partes mais importantes para mim. As anotações eram uma variação de resumo e mapa mental – chame do que quiser. Devido ao fato de fazer anotações, meu estudo era mais lento, entretanto, minhas revisões compensavam em eficiência, pois em todas elas (as revisões) eu recorria apenas as minhas anotações e não mais ao conteúdo do PDF. Além disso, minhas anotações nunca estavam prontas, sempre que eu descobria, ao longo do estudo, alguma observação importante, eu logo adicionava nas anotações – que iam ficando sempre mais completas. Em cada aula, ao final dos PDFs eu resolvia todos os exercícios. Minhas revisões (baseada em anotações) funcionavam em 3 partes:
- antes de eu iniciar o estudo de matéria eu revisava o último assunto que eu tinha estudado dessa mesma matéria – nesse caso, além de revisar, eu entrava na linha de raciocínio do assunto.
- Depois que eu terminava a aula (ex: aula 1) do assunto e resolvia todas as questões, eu revisava de novo todo aquele assunto (toda a aula 1), antes de passar para o próximo (aula 2).
- Seguia para a próxima aula (aula 2) do assunto, quando eu acabava aquela outra aula (aula 2), eu revisava não só essa mesma aula (aula 2), como também a aula anterior (aula 1).
Funcionava para mim, pois quando eu estava terminando aquela matéria (direito, contabilidade, informática, etc), eu teria revisado muitas vezes aquelas aulas mais distantes (aula 1, aula 2.. ) e, portanto, mais fáceis de serem esquecidas e revisado menos vezes as aulas que eu tinha estudado mais recentemente (aula 10, aula 11…). Uma coisa compensava a outra. Eu sei que pode não ser o método perfeito, mas pra mim dava certo. Nunca fui de usar ferramentas e técnicas específicas de memorização, foquei no básico – estudo de conteúdo, anotações, questões e revisões.
Com a mesma praticidade, eu construí meu plano de estudo. Simples, minimalista. Criei uma tabela no Excel com a seguinte colunas:
Coluna 1) dia
Coluna 2) tempo estimado (no caso 1 hora e meia)
Coluna 3) tempo estudado
Coluna 4) matéria (ex: direito administrativo, direito constitucional, português…) essa coluna dispunha das 4 diferentes matérias que eu estudaria no dia.
Coluna 5) material (Estratégia, Maratona Estratégia, banco de questões…)
Coluna 6) Início (ponto onde eu ia começar a estudar – ex: aula 2 – pag 7)
Coluna 7) Final (ponto onde eu terminei o estudo – ex: aula 2 – pag 20)
Coluna 8) Observação (em geral dizer se a aula era difícil ou fácil)
Aqui, gostaria de deixar uma opinião: vejo muitos concurseiros se apegando a formas de estudo, de anotações e principalmente de planejamentos, como se fosse possível existir um caminho perfeito para estudar e aprender. Não vejo isso com bons olhos pois acredito que “é melhor feito, do que perfeito!”. Conheci diversos aprovados que tinham sua própria forma de estudar e aprender. Portanto, faça do jeito que for melhor para você, e esse jeito você só vai descobrir tentando, errando e ajustando. O que os coachs e os cursinhos fornecem é um direcionamento e não uma fórmula pronta – aproveite aquilo que melhor atende suas necessidades.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Lucas: Tinha muita dificuldade em informática. Por ser um assunto muito amplo e cheio de detalhes e pontos específicos a serem memorizados, dificilmente eu conseguia compreender a matéria como um todo. Para superar isso eu fazia muitas questões. Eu não passava a dominar a matéria depois que eu resolvia questões, mas eu ficava muito mais seguro sobre o que era cobrado e, nesse caso, por mais que a essência do conteúdo fosse complicada eu conseguia acertar as questões – isso é o que importa para ser aprovado.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Lucas: No meu caso, estudei mais intensamente ainda na semana que antecedeu a prova. O conteúdo que você aprende nesse período não será esquecido na hora H. Então, eu aproveitei bem a semana que antecedeu para focar nos assuntos mais complicados e, principalmente, aqueles que precisavam ser decorados (fórmulas, detalhes de informática, cálculos de contabilidade e estatística). Além disso, nos últimos 10 dias antes da prova, eu cheguei a fazer 4 simulados, para poder chegar adaptado ao tempo e corrigir algumas deficiências. Na véspera da prova, 1 dia antes, eu reduzi a intensidade e tentei relaxar mentalmente. Fiz uma meditação, me alimentei bem, revi um caderno de fórmulas matemáticas, e tentei focar naquilo que eu sabia, sem ficar muito pilhado quanto a estar esquecendo de rever alguma coisa. Então, em resumo, não foi exatamente um dia de descanso, mas foi leve, com pequenas revisões pontuais – sem pressão.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Lucas: A prova discursiva nunca me assustou muito. Eu sabia que existia um padrão para escrever a redação. Na prática eu buscava os temas disponibilizados pelos professores do estratégia ou, as vezes, eu mesmo sugeria possíveis temas de redação; imprimia as folhas com o padrão da banca e escrevia sobre o assunto. Meu conselho é não inventar nas redações e praticar escrevendo, reescrevendo e corrigindo (se possível contrate alguém para corrigir suas redações até você entender como é o padrão correto).
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Lucas: Tenho facilidade para 3 dos 4 exercícios. Sempre me exercitei e pratiquei esportes, mas nunca fui muito de correr. Então, no tempo de preparação para o TAF eu foquei 80% do meu tempo de treinamento na corrida. Eu passei a correr 3 vezes na semana no período de 1 mês antes do teste. Fiz uma dieta nesse tempo e também evitei sair e dormir tarde. Não aconselho iniciar a preparação tardiamente, como eu fiz, pois fiquei muito perto de ser reprovado na corrida. Para quem pretende ser policial, treinem com antecedência, pois eu vi de perto o quão frustrante é quando as pessoas são reprovadas nessa fase.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Lucas: Foram muitos erros, mas falarei especificamente de 2 erros:
1) Focar em muitos concursos: é um erro clássico e mesmo assim vejo muita gente cometendo. Acontece que o mundo dos concursos é extremamente desgastante e o concurseiro começa a achar que todo concurso é uma oportunidade para ser aprovado. É um engano. Para ser aprovado tem que ter foco em uma área, só assim você vai criando uma bagagem de conhecimento que vai possibilitar não só uma, mas inúmeras aprovações. Quem estuda para todos os concursos ao mesmo tempo, o máximo que consegue é quase ser aprovado em todos eles.
2) Estudo perfeito: outro erro que acomete inclusive muita gente que já está no mundo dos concursos há bastante tempo e, teoricamente, deveria ter maturidade para não cair nessa armadilha. O problema de tentar fazer um estudo perfeito é que o concurseiro perde muito tempo focando em métodos ideais e materiais impecáveis, mas esquece de acertar questão. O que vai passar você é o número de pontos que você fez. Caí muitas vezes na ilusão de recomeçar o estudo de assuntos que eu já dominava, com materiais mais aprofundados e outras formas de estudo, apenas pelo mero capricho de querer saber tudo que pode cair sobre determinado assunto. Aqui vai uma verdade: você vai errar questões sobre assuntos que você estudou, PONTO. O concurso público é um teste de abrangência e não de profundidade. Quantas pessoas você conhece que passou em concurso e não estudou o edital inteiro? Inúmeras! Justamente porque elas sabiam mais ou menos sobre tudo, focaram em andar por todos os assuntos, dar atenção especial às suas dificuldades e, principalmente, àquilo que de fato era cobrado pela banca. Aceitar que não vai saber tudo é o primeiro passo para a aprovação.
– Também citarei 2 principais acertos:
1) escolha do material: é fundamental ter um material organizado, focado no que é cobrado, atualizado e que passe confiança. Um material que seja ao mesmo tempo, completo e conciso, afinal, não faz sentido você saber mais do que precisa. Ter isso em mãos é metade do caminho. Cuidado, não é querendo fazer propaganda para o Estratégia, mas eu me deparei com muito material que era um desserviço para o concurseiro, pois além de ter péssima qualidade e didática, estava COMPLETAMENTE desalinhado com o que de fato era cobrado.
2) Questões e simulados: essas 2 ferramentas elevaram meu nível como concurseiro. Pense bem, questões e simulados são os mapas para a aprovação. Se você pudesse ter uma amostra grátis de como será sua prova, isso seria fantástico, correto? É exatamente isso que a resolução de questões proporciona. Cada questão resolvida é como se fosse uma “cola”, uma “dica”, do que você precisa estudar. E, ainda vai além, porque um conjunto de questões sobre um mesmo assunto vai servir como um indicador que vai dizer se você sabe o suficiente sobre aquilo ou precisa revisar. “Sem questão, sem aprovação”, é meu lema! Indo além, se você conseguisse misturar essas questões de vários assuntos, e enfileirasse elas em ordem e quantidade iguais aquelas que serão cobradas na hora da prova, isso seria quase trapacear, não é mesmo? Sim! Esses são os simulados, que além de medirem seu nível de conhecimento, explicitando suas forças e fraquezas, ainda te deixa muito mais capaz de controlar o tempo e de lidar com imprevistos que porventura possam acontecer no dia da prova. Na prática, quando eu tinha estudado 50% do edital eu já começava a fazer simulado – só me tinha a me acrescentar, nada a perder.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Lucas: O mais difícil é ter resiliência e paciência. A vida do concurseiro não é fácil e a caminhada é cheia de incertezas. Nessas condições, é difícil se manter firme a um propósito por um período longo de tempo. Cheguei a pensar em desistir várias vezes, muitas mesmo. Para seguir em frente eu pensava em tudo que eu já tinha aprendido até o momento e o tanto de coisa que já tinha abdicado. Existe um conceito financeiro que explica bem o argumento que eu usava para seguir em frente – custo de oportunidade. O custo de oportunidade é, de forma simplificada, o “valor” de tudo que você abriu mão (oportunidades) para chegar até onde chegou. No meu caso, o custo de oportunidade era muito alto, eu tinha muito conhecimento e já tinha deixado passar diversas oportunidades ao longo da caminhada. Fazer outra escolha e desistir de tudo não era uma boa opção, pois eu teria que abrir mão de todo o conhecimento que eu tinha adquirido ao longo dos anos – era um preço muito caro a se pagar. Além disso, eu buscava vídeos motivacionais, depoimentos de alunos que foram aprovados e outras ferramentas que consolidassem ainda mais a ideia de que no final valeria a pena.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Lucas: Trazer orgulho para minha família era uma das motivações. Além disso, existia uma motivação pessoal – eu me “obriguei” a ir até o fim nesse projeto. Independentemente do que acontecesse, eu decidi ir até o fim, mesmo que depois de aprovado eu viesse a não assumir o cargo. Eu estava decidido que não tinha volta, pois isso moldaria meu caráter para conseguir realizar qualquer outro projeto na vida, ou seja, era uma decisão que iria além da aprovação.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar onde você chegou!
Lucas: Não me vejo na posição de dar muitos conselhos, até porque há poucos meses eu estava atrás de um computador estudando como qualquer concurseiro. Mas eu posso tentar apontar alguns pontos foram importantes para mim.
- Assumir que vai ser difícil: jogue limpo com você mesmo. A caminhada vai ser difícil, e aceitar isso faz você não alimentar expectativas erradas e o colocam numa posição de quem está pronto para os desafios que virão. Vi inúmeros colegas que iniciaram os estudos para concurso e em 4 meses, quando viram o tamanho do desafio, desistiram de seguir. Esteja preparado para o pior, uma coisa eu garanto: “o buraco é fundo, mas tem saída”.
- Escolher cuidadosamente seus materiais: as ferramentas certas vão encurtar seu caminho até a aprovação. No início procure identificar um material de qualidade, faça teste, busque opiniões e escolha aquele que for ideal para suas necessidades. Muito cuidado quando for fazer isso, afinal, se você está procurando um tesouro, é melhor que esteja com o mapa certo.
- Escolher uma área de estudos: não saia fazendo qualquer concurso que abrir edital. Foque em uma área, pois só assim você conseguirá, a cada prova, somar conhecimento e ficar cada vez mais perto da aprovação.
A mensagem final que eu posso dizer a vocês é mais uma reflexão.
O tempo que você vai dedicar ao projeto da aprovação vai passar, a questão aqui é saber onde você vai querer estar daqui a 5 anos – porque, estudando ou não, esse tempo vai passar do mesmo jeito. É uma tremenda ilusão achar que a “vida está passando” e você está parado. Eu me dediquei 5 anos no mundo dos concursos e pensava isso também, hoje eu olho para trás e vejo que o que eu construí nesses anos foi muito mais significativo do que aquilo que meus colegas que desistiram de estudar construíram nesse mesmo tempo. O concurseiro é como aquele atleta de natação das olimpíadas, ele está nadando por baixo da água. Ninguém vê o que ele está fazendo, mas quando ele subir para a superfície vão notar o quão longe ele chegou. Não tenha medo, trace seus objetivos, siga em frente e não se preocupe tanto com o resultado, ele vai chegar na hora certa. Além disso, não desista, nem negocie o seu sonho, comece uma caminhada sem olhar muito para trás, os arrependimentos de anos anteriores ficaram no passado, os próximos anos estão intactos, são páginas em branco, cabe a você escrever do jeito que você quiser.