Aprovado em 6° lugar no concurso SEFAZ CE no cargo de Auditor Fiscal
“O concurso público não é a salvação de todos os problemas, mas é algo que recompensa os que se dispuseram a estudar apesar de todos os entraves”
Confira nossa entrevista com Lucas Marinho Maciel de Azevedo, aprovado em 6° lugar no concurso SEFAZ CE no cargo de Auditor Fiscal:
Estratégia Concursos: De onde você é? Qual é sua idade? E sua formação?
Lucas Marinho Maciel de Azevedo: Tenho 26 anos e sou formado em Engenharia Naval pela Universidade Federal de Pernambuco.
Estratégia: Você chegou a trabalhar na sua profissão? O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Lucas: Já cheguei a estagiar durante um pouco menos de 1 ano, em um estaleiro de construção naval aqui no Porto de Suape, mas nunca cheguei a exercer efetivamente a função de engenheiro.
A minha decisão de prestar concursos começou justamente nesse período que eu estagiava, foram uma junção de fatores como o fato da área de engenharia não estar em alta. Eu não morria de amores por engenharia, meus pais são servidores públicos e a remuneração poderia proporcionar uma vida mais tranquila.
Também pensei em tentar uma outra formação na área de TI que me atraía em alguns sentidos, mas acabei optando por prestar concursos públicos mesmo.
Estratégia: Como foi a escolha pela área fiscal? O que pesou mais para você quando teve que definir esse foco de estudo?
Lucas: Antes de começar a estudar eu fiz um estudo extenso das carreiras possíveis, e as que mais me atraíram foram a área fiscal e a área de controle. Ter definido o foco para área fiscal teve alguns motivos, o trabalho em si parecia bem diversificado: cruzamento de dados, fiscalização externa, interna, evitar fraude, arrecadar para sociedade, maior flexibilidade de horários. A área de controle também me interessou por ser um trabalho muito importante para sociedade, o motivo de optar pela fiscal acho que foi mais uma maior aptidão pelas matérias que não eram afins.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Lucas: Quando eu comecei a estudar de verdade, meu único trabalho era estudar. Apesar de ter decidido iniciar os estudos para concursos enquanto ainda estagiava, queria finalizar essa parte de estágio, TCC e faculdade para poder iniciar com foco total o estudo para concursos.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Lucas: Esse foi meu primeiro concurso da área fiscal, eu até fiz anteriormente o de agente da PF, mas era mais para ter uma vivência de prova e ver como eu me saia durante uma prova, mas como não estudei diretamente para essa prova, minha nota não foi boa e não consegui nem ter a discursiva corrigida. Eu considero que mesmo tendo reprovado foi uma experiência legal, já que deu para ver alguns erros de estratégia que eu fiz durante a prova para tentar consertar nos próximos.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Lucas: Sim, a maioria do meu estudo foi sem edital. Eu considero que manter a disciplina foi justamente a parte mais difícil dessa jornada, um pico de motivação te ajuda a estudar durante um dia, dois dias, uma semana, mas não tem como manter a motivação em alta durante dois anos, três anos. É aí que entra a disciplina, saber renunciar algumas coisas para poder alcançar outras tantas, eu tratava o estudo como meu trabalho e que como qualquer outra pessoa que trabalha eu precisava cumprir minhas horinhas e entregar resultados.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Lucas: Quando eu comecei a procurar mais sobre concursos não tinha como não conhecer o Estratégia. Para escolher um curso preparatório eu fui objetivo e dei preferência ao que tivesse mais aprovações na área fiscal e pelo que eu pesquisei o Estratégia era o líder nesse quesito, então foi uma decisão rápida.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? O que funcionava melhor para você? Videoaulas, PDFs, livros?
Lucas: Usei muito PDF no contato inicial com a matéria, videoaulas apenas em assuntos pontuais que o conceito não tinha sido muito bem assimilado, alguns resumos que eu fazia baseado no PDF e comentários de questões e, por fim, fazia várias questões de provas antigas.
Estratégia: Quantas horas por dia costumava estudar?
Lucas: Foi todo um processo. Comecei com 2 horas por dia, mesmo tendo todo o dia livre, e fui aumentando aos poucos. Minha média era 30~35h semanais (6h/dia e dava um descanso no final de semana) em pré edital e mais ou menos umas 44~50h (8h30 por dia e diminuía o ritmo no final de semana) em pós edital, como eu tinha o dia todo disponível até era possível aumentar essa carga horária, mas essa era a quantidade que eu consegui chegar sem comprometer tanto a rotina.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos?
Lucas: A quantidade de matérias realmente é uma das maiores dificuldades da área fiscal. No começo dos estudos eu mantinha em torno de 6 matérias no ciclo de estudos e à medida que eu ia finalizando o conteúdo programático, novas matérias iam entrando no ciclo. À princípio depois que entrava no ciclo nenhuma matéria saía dele, exceto quando já existia edital aberto e alguma matéria não estava dentro do edital. Nos estudos mais avançados o ciclo devia ter em torno de 15 matérias que eu tentava ver cada uma pelo menos uma vez por semana.
Na primeira vez que eu via uma matéria eu lia toda a teoria do PDF grifando, não era nem exatamente para depois revisar por grifos, era mais uma forma de manter a leitura ativa. Aí depois que acabava o PDF eu fazia em torno de 10 a 20 questões da aula e partia para próxima aula. Depois de 3 a 4 aulas eu dava uma revisada rápida nas aulas antigas pelos grifos feitos para não esquecer tanto o conteúdo das aulas antigas. Quando terminava todas as aulas disponíveis o objetivo principal agora era fazer o máximo de questões possíveis.
Eu preferia criar cadernos com todo o conteúdo da disciplina do que por assuntos separados. Isso me fazia perceber que mesmo tendo feito algumas revisões eu ainda notava que várias partes do conteúdo haviam sido esquecidas ou não tinham sido muito bem assimiladas, tanto que o percentual inicial de acertos não costumava ser tão alto. À medida que eu ia fazendo mais e mais questões, lendo os comentários dos professores e alunos e focando nos meus erros, esse percentual ia aumentando aos poucos até se tornar algo competitivo. Para algumas matérias, eu até fazia um resumo digital no Evernote, que substituía a necessidade de olhar o PDF em caso de dúvida acerca da teoria, mas isso era só em período de pré-edital, pois o tempo para criar o resumo era considerável e em pós-edital eu tinha que ser mais cuidadoso com esse recurso.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Lucas: Sim, como fiz engenharia tinha um pouco mais de facilidade com as disciplinas de exatas, como estatística, matemática e raciocínio lógico. As matérias de direito foram um problema no começo, mas depois que se tem um entendimento dos termos e conceitos as coisas começaram a fluir. As disciplinas que mais trouxeram dificuldade no estudo foram economia e tecnologia da informação por abordarem assuntos que não faziam tanto sentido para mim e por mais que eu tentasse extrair algum significado não tinha muito sucesso.
Para superar as dificuldades eu só passei a aceitar como verdade as coisas que não entendia muito bem e solidificar esse entendimento através de inúmeras questões. As videoaulas também foram importantes nesses assuntos mais problemáticos, já que a explicação do professor ajudava a clarear quando possível.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Lucas: Sou solteiro e moro com meus pais e minha irmã. Minha família sempre me apoiou financeiramente e nunca fizeram muita pressão em relação a ter que passar o mais rápido possível.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Lucas: Nunca tive uma vida social muito agitada. Mesmo assim, durante a preparação para concursos diminuí um pouco as saídas, os filmes e seriados, as jogatinas de videogame, tudo isso para que no fim eu pudesse alcançar o objetivo de passar na prova. Não fui extremamente radical, mesmo no pós-edital eu saia em alguns finais de semana para comer com amigos e jogar conversa fora, mas eram coisas mais breves que não iriam interferir no meu estudo no dia posterior.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo).
Lucas: Isso não tem uma resposta única, depende muito da realidade de cada pessoa. No meu caso, o objetivo maior realmente era o de auditor fiscal e, como eu tinha a possibilidade de focar exclusivamente nesse cargo, me pareceu valer a pena partir direto para ele do que tentar primeiramente um concurso escada. Como a minha realidade não é a mesma que todo mundo, é necessário fazer uma avaliação pessoal se realmente é válido buscar uma aprovação mais rápida que vá garantir uma renda enquanto se prepara para maiores metas ou já se preparar para o cargo fim.
Não diria que esse é meu cargo dos sonhos, nem diria na verdade que exista um para mim, mas o ideal sempre foi poder ficar onde eu moro, em Pernambuco, ou pelo menos próximo daqui no Nordeste. Ainda não decidi o que farei no futuro próximo, mas talvez eu continue estudando caso surjam novas possibilidades que me atraiam.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Lucas: Estudei durante aproximadamente 2 anos e 2 meses para a área fiscal. Direcionado para a prova da Sefaz Ceará foi apenas após ter saído o edital mesmo, mas obviamente que grande parte desses mais de dois anos foram aproveitados no estudo para a prova.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Lucas: Era algo que eu realmente não esperava. Até quando eu saí da prova eu tinha a noção que tinha ido bem, mas não esperava nada mais do que ter minha redação corrigida. Quando eu vi meu nome nos aprovados, senti um alívio imenso e tirei um grande peso das costas. Mesmo que eu continue estudando para concursos, ter uma aprovação dentro das vagas torna os estudos totalmente diferentes, sem a pressão de ter que passar o quanto antes.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Lucas: As semanas finais foram apenas de revisão das questões em que tinha maiores dificuldades, rever assuntos de maior dificuldade e decorar prazos e fórmulas para não esquecer na hora da prova. Apesar de não ter fechado todo o edital, eu não quis adicionar conteúdo novo na reta final pois isso poderia atrapalhar o psicológico para hora da prova, achei mais importante solidificar o conhecimento que já tinha adquirido e apostar que ele seria o bastante para ir bem na prova.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Lucas: Na área fiscal as provas discursivas estão sendo cada vez mais presentes, então a preparação para discursiva é bem importante. No caso da área fiscal, a questão estrutural e de português não costuma ter grande peso no quantitativo final, é mais a questão do próprio conteúdo da disciplina. Assim, o próprio estudo para prova objetiva acaba sendo aproveitado para a prova discursiva, mas difere um pouco na questão da profundidade, pois você deve ser capaz de transferir para o papel suas ideias e pensamentos, coisa que não é necessária na prova objetiva.
Sendo assim, eu optei por fazer um curso à parte com temas discursivos sem correção, pois imaginava que o espelho da questão junto com uma proposta de solução seria o bastante para tentar identificar meus erros e tentar melhorar nesses quesitos. Eu fiz pelo menos uma questão discursiva por semana durante o pós-edital e isso me ajudou a ficar mais seguro durante a prova.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Lucas: Antes de iniciar os estudos eu procurei muito sobre técnicas de estudo e como se planejar e isso me ajudou a minimizar os erros, mas apesar disso houve muitos erros e acertos nessa jornada. Acredito que meu maior erro foi a questão dos horários. Apesar de eu conseguir manter uma constância de horas diárias e semanais de estudo, eu não conseguia manter uma rotina bem definida entre dormir e acordar: muitas vezes eu acordava cedinho enquanto muitas outras eu acordava depois de meio dia, e essa foi uma das coisas que eu não consegui corrigir durante a preparação. Isso me atrapalhou um pouco porque era mais complicado manter um planejamento dessa forma.
Em relação aos acertos, eu considero o fato de eu ter me disposto a errar e consertar os erros quando eu via que não estava funcionando muito bem para mim. Tentei fazer resumos a mão, usar mapas mentais, fazer revisões programadas, usar livros de doutrina, todas essas coisas não funcionaram muito bem para mim e meu acerto foi que, ao perceber isso, eu adaptava meu planejamento para tentar algo diferente que fosse funcionar. Existem inúmeras técnicas de planejamento e de estudo, mas eu não acredito que exista a melhor de todas, a melhor sempre será a que funcionar para você.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Lucas: A parte mais difícil com certeza era manter a rotina dos estudos. Por mais que algumas matérias sejam realmente interessantes de se estudar, existem inúmeras outras coisas que eu preferia estar fazendo a ficar debruçado em PDFs e fazendo questões diariamente. Renunciar essas coisas para manter o foco definitivamente foi um grande desafio para mim.
Nunca pensei em desistir, eu via que aos poucos eu estava avançando nas disciplinas e que meu percentual de acertos estava ficando competitivo, apesar de sempre ter aquela dúvida interior se eu realmente era capaz de passar em um concurso de alto nível, não considerava desistir. Por isso que eu acho muito importante o aluno ter métricas para se basear, seja horas de estudo, porcentagem de acertos, quantidade de questões resolvidas, qualquer coisa que possibilite ver que existe progresso e que a aprovação é só questão de tempo.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Lucas: O que me motivava era ter minha independência financeira, poder ter uma maior tranquilidade na vida que me possibilitasse fazer as coisas que eu gosto, como viajar, conhecer lugares novos, ter segurança.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Lucas: Eu acho muito bacana ver a história de quem passou e ver que no fundo são todos apenas pessoas normais que decidiram estudar. No entanto, eu também acho importante saber que cada pessoa tem a sua história. Não é porque a pessoa passou em x horas que se você não passar no mesmo período você é incapaz, nem porque a pessoa estudava horas por dia que você deve fazer igual.
Uma parte muito importante desse processo é o autoconhecimento e conseguir definir o que é factível para você. Muitas pessoas possuem diversas responsabilidades além de estudar para concursos e isso deve ser levado em consideração ao definir o seu futuro. No entanto, não são essas responsabilidades que vão tornar o caminho impossível, muitos dos que passaram tiveram várias dificuldades como qualquer pessoa tem.
O concurso público não é a salvação de todos os problemas, mas é algo que recompensa os que se dispuseram a estudar apesar de todos os entraves.