Aprovado em 32º lugar no concurso da PF 2021 para o cargo de Escrivão
“No começo de 2019, que foi quando eu decidi me dedicar totalmente aos concursos, vi o vídeo da história de vida do professor Felipe Luccas, que ele dizia uma frase que me marcou muito “Quando você tem alguma coisa que te incomoda, você tem o dever moral de ir dormir sabendo que fez de tudo para eliminar aquela situação”, essa frase virou um mantra na minha vida, era exatamente o que eu sentia, eu não estava satisfeito com muitas coisas e queria mudar. Imprimi essa frase, colei na parede em frente a minha mesa de estudos e tentei dar o meu máximo todos os dias, para dormir com a consciência tranquila.”
Confira nossa entrevista com Júlio César Melo, aprovado em 32º lugar no concurso da PF 2021 para o cargo de Escrivão:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Júlio César Melo: Sou formado em Engenharia Civil desde o final de 2015 pelo Centro Universitário de Maceió (CESMAC-AL), tenho 28 anos, nasci e sempre morei em Maceió, Alagoas.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Júlio César: Quando eu me formei, já imaginei que não ia continuar a trabalhar na construção civil. Não estava satisfeito com o dia a dia no canteiro de obras e também não via valorização profissional nas construtoras que estagiei e trabalhei. Além disso, a estabilidade financeira e profissional, somada à qualidade de vida que eu observava na vida de alguns parentes que são funcionários públicos, me atraíam muito. Dessa forma, decidi estudar para concurso.
Eu escolhi a área policial porque eu queria atuar num segmento que trouxesse um retorno mais imediato e visível para a população, algo mais direto, que realmente fizesse a diferença para a sociedade. Também sempre me interessei por segurança pública e pela atividade investigativa da polícia que via nos filmes e nas matérias da internet, então meu foco foi esse.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Júlio César: Inicialmente eu conciliava trabalho e estudo, mas depois decidi me dedicar integralmente ao estudo para concurso público. Minha família me ajudou e me incentivou a tomar essa decisão.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Júlio César: Cheguei a ser aprovado, logo no início da minha preparação, para os concursos do Tribunal de Justiça de Pernambuco (27º lugar em Caruaru-PE) e do Ministério Público de Alagoas, ambos para cargo de técnico judiciário e no cadastro de reserva. Entretanto, não cheguei a ser nomeado em nenhum dos dois.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Júlio César: Sensação de alívio e de dever cumprido, misturada com uma felicidade imensa. É muito bom ver que todo o esforço valeu a pena, principalmente num período tão difícil como foi nesse último ano de pandemia.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Júlio César: Comecei a estudar no meio do ano de 2017 e eu tinha uma postura de conciliar vida social, trabalho, estudo, viagens, etc.; cheguei a ser aprovado para o cadastro de reserva em alguns concursos e bati na trave em outros, como no concurso do Ministério Público da União, que não fui classificado por 1 ponto. Assim, em março de 2019, decidi que eu não ia mais ficar só no quase e ia passar dentro das vagas. Larguei meu emprego, excluí minhas redes sociais e me isolei totalmente, minha vida social ficou absolutamente restrita, eu praticamente só ia à casa de minha namorada e saía para comer com ela. Adotei uma postura mais radical e tinha uma rotina bem pesada de estudo, optei pecar pelo excesso. No fim das contas, o concurso da PF foi o primeiro que fiz depois dessa mudança e deu certo.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Júlio César: Tenho namorada, não tenho filhos e moro com meus pais. Minha família me apoiou desde o início, sempre me ajudaram, deram todo o suporte necessário para eu ter foco total nas provas. Depois que eu decidi me dedicar exclusivamente aos concursos, só ajudava em algumas tarefas de casa, não tinha outras obrigações. Assim, essa vitória é também da minha família e da minha namorada, eu não teria conseguido sem o apoio deles. Todos foram fundamentais.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Júlio César: Inicialmente não tenho outra carreira em mente, mas também não fecho as portas. Possivelmente, no futuro, eu posso me interessar por outra carreira e voltar a estudar. No momento, meu foco é na Polícia Federal e na Polícia Civil do Distrito Federal, que eu ainda vou prestar.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Júlio César: Posso considerar que foi desde julho de 2020, quando saiu o edital da PCDF, o qual tem o assunto muito semelhante ao da PF. Antes disso nunca tinha estudado matérias como estatística, contabilidade e a parte mais aprofundada de informática, já que foi uma “surpresa” essas matérias na prova da PCDF, que era meu foco inicial.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Júlio César: Sim. Meu conhecimento foi construído no pré edital ou nos períodos de suspensão de prova. Eu sabia que o diferencial estaria na preparação “mais distante” da prova, que assim eu me destacaria, então eu tinha uma rotina muito pesada de estudo mesmo longe das provas. Meu dia começava às 06h30 da manhã e era de estudo nos três horários, fazia atividade física por volta das 18h e geralmente deixava a noite para assuntos que eu já tinha mais facilidade. Nos finais de semana eu estudava no sábado pela manhã e tarde, no domingo, só pela manhã. No começo de 2019, que foi quando eu decidi me dedicar totalmente aos concursos, vi o vídeo da história de vida do professor Felipe Luccas, que ele dizia uma frase que me marcou muito “Quando você tem alguma coisa que te incomoda, você tem o dever moral de ir dormir sabendo que fez de tudo para eliminar aquela situação”, essa frase virou um mantra na minha vida, era exatamente o que eu sentia, eu não estava satisfeito com muitas coisas e queria mudar. Imprimi essa frase, colei na parede em frente a minha mesa de estudos e tentei dar o meu máximo todos os dias, para dormir com a consciência tranquila. Depois de um tempo, eu me senti confortável no desconfortável, me acostumei a uma rotina intensa de estudos, meu calendário passou a ter 365 dias úteis e o que parecia ser impossível ficou menos dolorido.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Júlio César: Minha prioridade era os cursos em PDF, só utilizava as videoaulas quando era algum assunto que eu não entendia tão bem. Algumas matérias como contabilidade, estatística e português, eu assisti videoaulas, pois são matérias que num primeiro contato tudo fica mais nebuloso, só com o tempo que as coisas clareiam. A principal vantagem dos pdfs é a objetividade e a boa fixação do conteúdo, principalmente quando se utiliza de um estudo ativo, com anotações, observações, etc. Já nas videoaulas, a grande vantagem é a explicação mais compreensível em alguns assuntos. Os professores são muito didáticos e conseguem explicar alguns pontos que apenas a leitura pode não deixar tão claros.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Júlio César: Indicação da noiva do meu primo, que estudava para concursos e utilizava o material. A partir daí sempre usei os cursos do Estratégia.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Júlio César: Inicialmente, como boa parte dos concurseiros, eu não sabia estudar, estudava umas quatro matérias ao mesmo tempo e fazia resumos imensos, demorava meses para concluir a matéria rsrs. Após eu começar a entender um pouco mais o mundo dos concursos, vi que meu estudo estava totalmente ineficiente e eu demoraria demais para concluir o curso. Então comecei a grifar o material, a utilizar os resumos do final das apostilas para revisar e a fazer muitas questões. Adotei o método de revisão de 1/7/30 dias, o que me ajudou demais a solidificar e fixar o conteúdo. Além disso, nos assuntos que eu via que não tinha entendido tão bem, eu fazia bem mais questões, sempre procurava aparar as arestas, tentava não negligenciar nenhum ponto. No período que eu conciliava com trabalho, estudava cerca de 4 horas por dia, já no período de dedicação exclusiva para concursos, 8 horas por dia. Quando eu cheguei num ponto “mais avançado”, meu estudo era basicamente revisão, então eu estudava todas as matérias do concurso na semana, 5 ou 6 por dia, rodava as disciplinas várias vezes. Fiz muitas e muitas questões e simulados.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Júlio César: Sim. Português sempre foi meu calo. Deixei de entrar em alguns concursos por conta dele. Eu tinha um pensamento que não aconselho ninguém a ter, eu pensava “já que não sou bom em português, vou focar nas outras para compensar”. O problema é que português geralmente tem um grande peso na maior parte dos concursos, assim eu não conseguia compensar, rsrs. Então resolvi encarar minha dificuldade e procurei melhorar, fiz várias e várias provas do Cespe, teve época que eu fazia 2 ou 3 provas por semana, só as questões de português; fiz muitas e muitas questões; assisti às videoaulas; vi dicas de outros concurseiros e de aprovados; realmente busquei de todas as maneiras aprender. Melhorei e muito, sempre ia bem nos simulados, mas na prova da PF, o “medo” do português me fez ter muito preciosismo nas questões, vi erros onde não existia e terminou que das 12 questões que errei na prova inteira, 6 foram de português, rsrs (faz parte, mas espero que não aconteça novamente).
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Júlio César: Na semana da prova mantive meu horário normal de estudo e procurei revisar minhas anotações, com foco nas disciplinas de maior peso (português, contabilidade, informática, estatística). Na realidade, foi uma revisão final, pois eu já tinha feito várias outras revisões. Na véspera eu assisti algumas matérias do aulão do estratégia e fiz atividade física para diminuir a ansiedade. Pensei em não estudar, mas provavelmente eu ficaria inquieto, então optei por ver o aulão mesmo.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Júlio César: Meu foco inicial era o concurso de Escrivão da PCDF, que teria prova em março de 2020 se não fosse a pandemia, então desde essa época eu fiz redações. Teve período que foi uma por semana, outros que foi 1 a cada 15 dias, mas eu nunca deixava totalmente de fazer. Procurei entender a estrutura ideal da redação, o que o cespe mais analisava e treinei muito. Terminou que deu certo e na prova tirei 12,73 dos 13 pontos possíveis.
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Júlio César: Antes da prova de conhecimentos, eu corria duas vezes por semana e fazia barras em casa mesmo. Após a prova eu entrei na academia e comecei a treinar especificamente pro TAF. Também nunca deixei de me preocupar com a alimentação, porque eu sabia que ia pesar no teste físico e além disso me ajudava tanto na concentração para estudar, como no sono. Entretanto, por excesso de exercícios, faltando vinte e poucos dias pro teste eu lesionei a musculatura da minha perna e tive que parar de correr. Mas graças a Deus consegui me recuperar, fui aprovado e deu tudo certo.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Júlio César: Meu principal erro, sem dúvidas, foi a negligência com português no início da minha preparação. Eu não entendia que para concurso precisamos estudar o que é importante, ou seja, o que cai em prova. Achava que por falar português, eu sabia português. Pensava que eu conseguiria tirar uma nota mediana nessa matéria, nas outras eu iria melhor e seria o suficiente para ser aprovado. Precisei quebrar a cara para entender que não funciona assim.
Meu maior acerto foi minha disciplina nos períodos difíceis, nos momentos em que parecia que nunca chegariam as provas, nas vezes que os concursos foram suspensos e mesmo com o desânimo, eu mantive o ritmo. Entendi que eu não podia depender de motivação para estudar, levei o estudo como meu trabalho, eu estudava e ponto. Chegou um momento que eu estranhava se eu não estudasse. Então, na minha visão, a minha disciplina foi o que me levou à aprovação.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Júlio César: O mais difícil para mim foi a (falsa) sensação de estar parado enquanto todos os outros “estavam em evolução na vida”. Eu via amigos e parentes crescendo profissionalmente, tendo conquistas e passava a me questionar quando chegaria meu dia. Não é fácil não, mas faz parte do processo. A pandemia também dificultou muito esse aspecto, a prova de escrivão da PCDF foi a primeira prova a ser suspensa, eu já estava de mala pronta quando decidiram suspender. Também fui à Curitiba para fazer o concurso da Polícia Civil do Paraná e no dia suspenderam a prova. Essas coisas desanimam e a gente se questiona até onde vale a pena. Graças a Deus e ao apoio das pessoas que me amam, eu persisti e deu tudo certo. Esclareço que a sensação é falsa porque todos os dias que estudamos, estamos evoluindo, estamos mais próximos da aprovação, apesar de não ser tão perceptível.
Único momento em que pensei em desistir foi quando fiquei por um ponto da nota de corte do concurso do Ministério Público da União, no final de 2018. Aliado a esse fato, minha família passou por alguns problemas pessoais, saí do meu emprego, terminou que foi um furacão de problemas. Nessa época, fiquei dois meses pensando o que faria da minha vida, pensei em tentar a vida fora do país, em abrir meu próprio negócio, todas as opções foram cogitadas. Até que, depois de muita reflexão com minha namorada, decidi voltar a estudar. Mas dessa vez eu não queria ficar no quase, então mudei totalmente meu estilo de vida, planejei uma rotina intensa de estudo e a segui até o dia da prova.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Júlio César: A possibilidade de proporcionar uma vida mais tranquila para a minha família; a independência financeira e a profissão policial em si, que me encanta muito.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Júlio César: Faça um bom planejamento de estudos, procure boas fontes, verifique exemplos que deram certo e confie no processo. Não duvide da sua capacidade! Tenha fé! Com força de vontade, disciplina e perseverança você vai alcançar seus objetivos. Não tem segredo.