Aprovado em 2º lugar no concurso PRF (1ª fase)

“O estudo para concursos é uma maratona. Não sabemos quanto tempo vai durar. Para suportar o processo até a aprovação, não podemos nos descuidar do convívio com a família, dos momentos de lazer. Além disso, haverá dias em que não iremos fazer as renúncias necessárias, o que é natural, desde que isso não se torne um equivocado hábito”.
Confira nossa entrevista com José Lucas Brito, aprovado em 2º lugar no concurso da Polícia Rodoviária Federal (1ª fase):
Estratégia Concursos: Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
José Lucas Brito: Sou graduado em Engenharia Elétrica (2017), especialista em Docência do Ensino Superior (2018) e mestre em Inovação Tecnológica (2020). Tenho 26 anos. Sou de Uberaba – MG.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
José Lucas: Minha família sempre foi muito simples, todos nós sempre estudamos em escolas da rede pública. Graças à Deus, nunca nos faltou o básico. Entretanto, sempre nos mantivemos dedicados ao estudo, a fim de buscar uma condição melhor, além desse básico. Meus tios e minha mãe sempre vivenciaram o mundo dos concursos – inicialmente com “classificados” nos jornais ou por apostilas em bancas de revistas. Eles enxergaram no concurso público uma oportunidade de melhorar de vida por meio da meritocracia, o que na iniciativa privada eles perceberam que era mais complicado. De forma positiva, eles me influenciaram e também desde cedo me dediquei para vencer pelo esforço. Fui empregado privado por pouco tempo e posso concluir que a meritocracia dos concursos públicos me permitiu uma condição de vida e uma entrega de valor para a sociedade que não seria possível na iniciativa privada.
Estratégia: Por que a área Policial? Tem algum parente policial que te inspirou?
José Lucas: Sempre admirei o trabalho policial e sua colaboração para promover uma sociedade melhor. Além disso, a imagem institucional, as viaturas e o espírito de corpo dos integrantes, na minha opinião, simbolizam a combinação de estrutura e de pessoas imprescindíveis para a manutenção da ordem, da segurança e do acolhimento estatal àqueles que necessitam.
Possuo um parente que é Oficial da Polícia Militar. Durante as suas cerimônias no curso de formação, ocorrido durante a minha adolescência, eu me encantava com a organização, a coordenação e a disciplina de toda a turma. Meus olhos brilhavam por tudo aquilo. Essa admiração permanece até os dias atuais, acrescida do reconhecimento da sua colaboração enquanto policial para a sociedade e, por outro aspecto, seu crescimento pessoal promovido, em parte, pela instituição.
Estratégia: O fato de lidar com o crime no dia a dia gerou algum tipo de medo em você ou em sua família?
José Lucas: Infelizmente vivemos em um país no qual a desigualdade social elevada colabora para o acentuado índice de violência. Alguns familiares inicialmente se mostraram receosos com meu intuito de ingressar na carreira policial em função dos noticiários. Com o tempo, aceitaram e me motivaram a manter o foco no objetivo de pertencer. Tenho ciência de que é uma área de atuação sensível e dos riscos da profissão, porém, sei que a sociedade precisa que os órgão de segurança pública promovam atividades de prevenção e de combate ao crime. É o tipo de colaboração que espero ter a honra de prestar, estar sempre pronto e capacitado continuamente para quaisquer ocorrências.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
José Lucas: Sempre trabalhei e estudei. Tenho recordação que, durante algum tempo, trabalhava informalmente das 20h às 01h em uma lanchonete. Embora não fosse indispensável que eu trabalhasse, eu o fazia para ter autonomia – algum dinheiro para cinema, sorvetes – uma vez que a renda lá em casa era contada para as necessidades ordinárias. Nessa época, eu cursava o 2º ano do ensino médio integrado com um curso técnico, o qual ocorria em período integral. Em função do horário do transporte (06h00) e da distância do colégio (Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET – a 25 km da minha casa) eu não dormia muito. Além disso, eu precisava usar todo o tempo livre (trajeto de ônibus, intervalos entre aulas) para estudar um pouco. Foi um período bem cansativo e que durou pouco tempo (aproximadamente 4 meses) pois, seguindo a orientação da minha mãe, eu deveria me dedicar aos estudos e aproveitar a oportunidade que ela, ainda que mediante sacrifícios e algumas privações, felizmente pode me proporcionar. O meu resultado nas disciplinas as quais cursava nesse período provam que é possível, mesmo que as condições e a disponibilidade de tempo não sejam favoráveis, lograr êxito se aproveitarmos bem as janelas ociosas disponíveis ao longo do dia: em umas das matérias – Olericultura – do curso Técnico em Agricultura, com um dos professores mais exigentes da época, eu obtive 98% de aproveitamento. O curioso é que, em outros períodos, com mais tempo livre, nunca havia obtido um desempenho tão bom.
Durante toda a minha graduação, eu também trabalhei. Nos primeiros períodos, era funcionário da iniciativa privada. Logo após completar 18 anos, fui nomeado para um cargo público o qual eu havia me classificado para o cadastro de reserva no ano anterior.
Conclui a graduação, realizei 2 pós – graduações em paralelo ao exercício desse cargo. Para que eu concluísse a segunda delas – Mestrado em Inovação Tecnológica, usufruí de uma licença muito importante, prevista no plano de carreira: Licença Capacitação. Terminadas essas pós, iniciei um novo processo de estudos para concursos, a priori para a área fiscal. Após 3 reprovações e 1“semiaprovação”, decidi migrar para a área policial.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
José Lucas: O primeiro concurso que prestei (2012), fui classificado e, após um ano, fui agraciado com a nomeação. Permaneço até hoje no cargo de Técnico Administrativo em Educação (TAE), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFTM). Para esse mesmo cargo, também na mesma época que prestei para o IFTM, houve uma oferta de vagas para a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), onde eu fui classificado na última vaga para o cadastro de reserva (se houvesse me dedicado um pouco mais para a prova discursiva, estaria entre os primeiros no resultado final dessa prova). Após 2 anos da minha nomeação no IFTM, a UFTM também me nomeou, mas optei em não tomar posse.
Em 2013, prestei 2 concursos para o Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBM MG). No cargo de Soldado Combatente (CFSd), fui o 34ª na prova objetiva e, após obter 90% de desempenho na discursiva (dessa vez me preparei adequadamente), fui o 8º colocado nessa primeira etapa, sendo convocado para o TAF. Optei por não realizar o TAF, pois estava na reta final da graduação e satisfeito, por hora, com o cargo de TAE. Já para o cargo de Oficial (CFO) eu fui “vergonhosamente” reprovado. Não passei nem perto rs.
Anos mais tarde, em 2016, prestei o concurso para o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Não me preparei para redação pois acreditava que “NHS” (na hora sairia), pois eu já havia “gabaritado” uma redação anos antes. No decorrer da prova eu já percebi o erro que havia cometido. Além disso, já imaginava que a prova seria anulada, pois não havia folhas definitivas para a prova discursivas de muitos candidatos da minha sala. A prova foi anulada e remarcada para o mês seguinte, todavia, optei em não refazê-la, uma vez que eu não iria me preparar em tempo.
Na sequência (2018), prestei para o cargo Auditor ICMS – GO (2018), atraído pelo vultoso salário (cerca de R$ 20.000). Lembro que estudei aproximadamente por 90 dias, com bastante vontade, mas todo desorganizado, com aulões gratuitos no youtube, legislações e conteúdos teóricos dispersos pelos sites oficiais. Enfim, sem nenhum método. Estudava com prioridade apenas as matérias que gostava, como AFO (Administração Financeira e Orçamentária), por exemplo. O resultado em AFO foi positivo, mas, obviamente, insuficiente para ser aprovado. Embora tenha sido desclassificado por não atingir o mínimo na maioria das matérias, notei que se me organizasse e estudasse de forma adequada, poderia obter sucesso.
Mantive os estudos, mas buscando me organizar. Realizei a assinatura ilimitada do Estratégia Concursos próximo à prova do ISS Guarulhos (abril/2019). Obtive aproximadamente 85% de desempenho, mas foi abaixo da nota de corte. Na sequência, prestei ISS Campinas (junho/2019), para os cargos de Técnico e Auditor. Reprovei, em ambos, com desempenho inferior ao concurso de Guarulhos.
Desde o edital do ICMS – GO não cessei os estudos. Mantive a constância em Português, Matemática/RLM, Direitos Constitucional e Administrativo, Informática, Contabilidade e Direito Tributário – “matérias – base” da área fiscal. A legislação específica, a cada edital eu dedicava a maior parte da carga – horária para aprendê-la.
Em meados de dezembro/2019, prestei a prova do ISS Uberlândia, cargo de Auditor. Dentre os concursos para Auditor em que me inscrevi, esse era o que eu mais queria, pois Uberlândia é uma cidade que eu gosto bastante e é próxima (100 km) da qual eu resido. Hoje percebo que me sabotei durante a preparação para esse concurso, pois o desejo de ser aprovado não foi convertido na dedicação necessária durante a preparação. Em uma análise crítica, percebo que me dediquei mais nos 90 dias “do início da jornada”, para o ICMS – GO, do que esse para o ISS Uberlândia. Acho que no começo, estava cheio de motivação e com o passar do tempo, devido a algumas reprovações, “relaxei” um pouco. Não obstante, fui “relativamente disciplinado” nos 3 meses entre edital e prova desse ISS. Fiquei classificado em 28º, com 63 pontos (90% de aproveitamento), mas a previsão editalícia era de 15 vagas. Inicialmente fiquei muito frustrado – sobretudo por algumas alterações realizadas pela banca entre o gabarito preliminar e o oficial, bem como por uma questão de raciocínio lógico a qual eu desenvolvi corretamente e errei por um deslize ao assinalar o caderno de provas. Era o concurso que eu mais almejei até então. De forma inusitada, em conversa com o 1º colocado, que obteve 66 pontos, ele me relatou um equívoco similar, em uma outra questão dessa mesma matéria. Superada a frustação, questionei-me o porquê da escolha da área fiscal. Não obtive outra resposta senão o salário. Recordei que o trabalho ocupa parte significativa em nossas vidas, e que talvez o tipo atividade de Auditor não iria me satisfazer, a despeito da remuneração. Lembrei-me que sempre admirei a carreira policial, a dinâmica do trabalho operacional e a “rotina de não ter rotina”. Aceitei que, enquanto Policial, haveria sim as rotinas administrativas as quais minaram a minha vontade de ser Auditor, mas a “parte ativa” me parecia ser predominante e compensar as tarefas burocráticas.
Surgiram rumores do concurso para Policial Legislativo do Senado Federal (PLSF). Salário excepcional, função operacional e de enorme importância para a democracia. Fiquei na torcida para que esse edital demorasse a ser publicado, a fim de que eu me preparasse ao máximo. O edital acabou não sendo publicado em função, entre outras coisas, da pandemia. Mantive os estudos e, no fim de 2020, surgiram rumores sobre o edital da PRF – concurso que em 2018, após terminar a graduação e antes de iniciar uma pós, pensei em enfrentar mas optei por realizar a pós – graduação.
Ainda antes da autorização deste concurso PRF, eu estava convicto de que esse seria o “meu concurso.” Já havia acumulado conteúdo ao longo de aproximadamente 2 anos. Outrossim, a possibilidade de ser Policial Rodoviário Federal me provocou um entusiasmo e um brilho no olhar superior a todos os outros cargos para os quais eu prestei concursos anteriormente. Destinei esse entusiasmo ao estudo das disciplinas de física e de legislação de trânsito – que se tornaram as minhas favoritas. O edital foi publicado e dediquei toda a minha energia disponível para esse concurso. Fui para a prova “relativamente confiante” e como recomendou um professor “vibrando e feliz pela oportunidade de disputar esse cargo”. Estava convicto de que “eu não consegui fazer tudo, mas eu fiz tudo o quê consegui”. Com o resultado final, uma grande surpresa: a benção em ser aprovado entre os primeiros.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados(as) na primeira fase do certame?
José Lucas: Em 2013, quando fui nomeado para TAE no IFTM eu não possuía dimensão da grandeza da aprovação em um concurso público. Lembro-me de que na posse, o Reitor brincou com a gente: “com esse papel aí em mãos – termo de posse – vocês compram um carro 0 km imediatamente”. Embora eu não tenha comprado um veículo, a estabilidade e a remuneração dessa cargo me proporcionaram um conforto emocional, financeiro e pessoal que foi uma base muito sólida para a continuidade dos estudos.
Agora no concurso da PRF 2021, a sensação foi de alívio por alcançar o êxito na prova objetiva e dever parcialmente cumprido. Como há outras etapas (TAF, Psicotécnico, Exames Médicos e CFP), ainda mantenho o pensamento de que “está zero a zero”, afinal, até a nomeação – parte que efetivamente importa – há outra longa jornada.
Precisarei complementar essa resposta após o entrar em exercício no cargo, só então poderei mensurar a magnitude do sentimento de realmente pertencer a gloriosa PRF!
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
José Lucas: Inicialmente a postura foi radical. Todo o tempo disponível eu pensava em estudar. Para todo e qualquer convite ou pedido de ajuda, a resposta era no padrão “não posso pois tenho que estudar”. Felizmente essa minha postura durou pouco tempo. Ouvi as críticas de que “eu estava muito chato e exagerando”. Realmente estava. Busquei o equilíbrio e o processo se tornou mais leve. Claro que renúncias foram necessárias, não podia fazer só o que eu queria, nem atender a todos os convites e pedidos dos entes queridos. Muitas vezes apenas “passava” nas reuniões familiares (aniversários, churrascos), por exemplo. A vontade era de permanecer ali, até altas horas, mas no dia seguinte precisava acordar cedo e descansado para as sessões de estudo. A tentação, aos finais de semana, era ainda maior. Sabadão de sol, a vontade era sair, aproveitar o período para lazer. Algumas vezes não resistia e cedia ao desejo momentâneo. Porém, na sequência, era tomado por um grande remorso. Aprendi a me contentar a partir da resposta de que esses momentos de que eu tanto abdicara seriam ainda melhores após a aprovação. Logo me concentrava novamente e dedicava energias para que lograsse êxito o quanto antes e retomasse as tarde ensolaradas de sábado para o lazer. Aos domingos, quase sempre nos reunimos na minha vó para o almoço. Nas semanas que antecederam o concurso, eu deixei de ir, pois o bem – estar em família me fazia esquecer do compromisso com os estudos. Foi sacrificante, mas eu sabia que era momentâneo e necessário a fim de consolidar todo um processo na busca de um cargo que seria permanente.
Por fim, aprendi que o equilíbrio é fundamental. O estudo para concursos é uma maratona. Não sabemos quanto tempo vai durar. Para suportar o processo até a aprovação, não podemos nos descuidar do convívio com a família, dos momentos de lazer. Além disso, haverá dias em que não iremos fazer as renúncias necessárias, o que é natural, desde que isso não se torne um equivocado hábito. Essas renúncias, próximo a ocorrência das provas, serão ainda mais decisivas, por isso é preciso equilíbrio ao longo da jornada, para que a energia não se acabe antes do “grande dia”.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
José Lucas: Não sou casado e nem tenho filhos. Tenho um relacionamento a 7 anos, e tenho muito a agradecer a minha namorada, principalmente pelas lições sobre equilíbrio e as renúncias que ela também fez para me acompanhar. Muitas vezes não viajamos ou fomos a shows para que eu estudasse. Inclusive, acabei exercendo certa influência para que ela também estudasse para concursos, o que ela já pensava um pouco antes de me acompanhar. Durante quase todo o meu processo de estudo (2 anos e 6 meses), morei com a minha mãe e minha irmã. Sou muito grato por tudo o que elas fizeram por mim e o suporte, desde o apoio emocional até as tarefas domésticas, para que eu me dedicasse aos estudos. No pós-edital PRF 2021 fui morar sozinho. Porém, as constantes marmitas fornecidas pela família me pouparam um tempo precioso na cozinha. De fato foi um grande privilégio tudo o que os familiares fizeram por mim, pois infelizmente não é em todos os lares que isso ocorre. Eles também sempre me incentivaram e nunca duvidaram de que mais cedo ou mais tarde eu iria trazer boas notícias na volta de uma prova.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
José Lucas: Aos 18 anos, não escolhi, de forma convicta, prestar um concurso público. Era mais uma questão de necessidade de trabalho e, sem dúvidas, a possibilidade de um cargo público era uma excelente oportunidade para suprir minha demanda. Não exigia experiência – ainda bem, porque eu não tinha nenhuma. Não tinha que enviar currículo e nem passar por entrevista. “Apenas” precisava ser aprovado nas provas. Na época eu não compreendia tudo o que um cargo público me oferecia. Ao olhar para trás, hoje elenco que a remuneração, a estabilidade, os serviços que tive chance de prestar para a sociedade, o conforto mental e material que esse cargo me proporcionaram, criaram a base para eu trilhar a árdua jornada que o concurso exige. Eu não tinha certeza do caminho que iria trilhar, porém, estava em uma base extremamente sólida, uma ponte que me possibilitaria grandes voos. Portanto, tenho plena convicção de que um concurso “escada” pode ser o trampolim para um grande salto.
É importante manter o foco no concurso alvo, todavia, muitos editais possuem pontos em comum, e até mesmo “um está contido em outros”. Nesses casos, uma “eventual” aprovação em um concurso “menor” pode ser o ponto de impulso para o “concurso fim”. Lembro-me que, ao tomar posse no cargo de TAE, várias pessoas me fizeram um importante alerta: “não se acomode, busque algo maior e só pare quando estiver onde deseja”. Replico esse conselho aos nossos colegas concurseiros.
Espero (e venho me dedicando) para lograr êxito nas demais etapas do concurso PRF 2021. Pretendo seguir carreira na gloriosa, capacitar-me continuamente no cargo de Policial Rodoviário Federal e acredito que não me dedicarei a outros concursos. Irei empregar energia em colaborar para a segurança pública e em auxiliar outras pessoas na busca pela aprovação.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
José Lucas: Aproximadamente 6 meses. Já estudava há 2 anos quando se iniciaram os rumores sobre uma autorização para o concurso da PRF. Em meados de outubro/2020, inseri as disciplinas de Ética, Física, Geopolítica e Legislação de Trânsito em meu planejamento.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
José Lucas: Iniciei os estudos em um pré-edital de um concurso extremamente disputado (ICMS – GO), com muitas disciplinas e transbordando motivação. Foram 90 dias bem intensos até a prova. Após a experiência dessa reprovação – ao mesmo tempo “premeditada” pela complexidade da prova e “inesperada” pela falsa sensação de justiça por me dedicar intensamente no pouco tempo que havia entre edital e prova – percebi que não podia esperar o próximo edital para (re)inicar os estudos. Fortaleci as matérias comuns aos editais da área fiscal. Na sequência, o ano de 2019 foi bem movimentado em editais dessa área. Não houve intervalo significativo entre uma prova e um novo edital na “praça”.
O ano de 2020 já foi diferente. Em função da pandemia, muitos concursos foram suspensos. A minha experiência das provas anteriores me possibilitou enxergar uma oportunidade nesse intervalo. Aproveitei o tempo para acumular conhecimento e consolidar as “matérias base”.
Compreendi que a ausência de edital é uma vantagem. Geralmente entre edital e prova não há tempo suficiente para uma preparação adequada. Na verdade, até torcia para que demorasse um pouco a fim de não estar preparado quando ocorresse a publicação.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
José Lucas: No início eu estudava apenas por videoaulas. Fazia anotações, pois registros nos cadernos me acompanhavam desde a escola e a faculdade. Gostava muito desse método, era confortável. Porém, o meu desempenho nas questões não era bom. Logo percebi que o conteúdo das videoaulas não seria suficiente. Embora durassem várias horas – tempo que se tornava ainda maior, pois eram constantes as pausas para anotações – o professor não tinha como abordar a imensidão dos conteúdos. Passei a utilizar os PDF’s e evolui bastante. Realizava todas as questões que eles continham ao final e anotava aquelas que havia errado para refazê-las como forma de revisão. Mantive as videoaulas para tópicos pontuais que eu não compreendia apenas pela leitura. Buscava assisti-las em velocidade acelerada (1.75 ou 2x). Em certas ocasiões, quando estava muito cansado e percebia que não me concentrava na leitura, também recorria às videoaulas, como recurso para revisão. Evitava vídeos para novos conteúdos, sempre que possível. Utilizava bastante os áudios desses vídeos nos trajetos entre casa x trabalho e vice – versa, tarefa que o Estratégia Cast facilitou e potencializou, uma vez que esse recurso era específico para momentos como os de deslocamentos.
Até adquirir alguma maturidade, utilizei também as Trilhas Estratégicas. Essas me pouparam bastante tempo de planejamento e otimizaram a minha organização. Sempre que eu sentava para estudar, as tarefas já estavam sequenciadas nas trilhas. Após algum tempo, eu preferi realizar o meu próprio planejamento, com a experiência adquirida.
Nas últimas semanas, utilizei muito os mapas mentais e os resumos dos próprios professores, a fim de percorrer todo o edital e manter o máximo de conhecimento na memória de curto prazo.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
José Lucas: Acompanhava os aulões gratuitos no YouTube e as análises de editais. Ao estudar legislações específicas de determinados cargos – geralmente um pouco confusas e que demandam uma didática diferenciada para a compreensão – busquei um conteúdo direcionado e de fácil compreensão. A partir das aulas demonstrativas, percebi que os materiais Estratégia Concursos pavimentariam o meu trajeto.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
José Lucas: Mesmo antes de compreender o que era estudar para concursos, ainda na fase desorganizado, já estudava mais de uma matéria ao mesmo tempo. Na escola e na faculdade, eu percebia que o meu rendimento era prejudicado quando continuava na mesma matéria por muito tempo. Na preparação para concursos eu restringia esse período a 1h por disciplina. Geralmente buscava estudar entre 5h e 6h por dia, período dividido entre antes e depois do trabalho, bem como complementado pela disponibilidade durante o intervalo de almoço.
No pré-edital, eu anotava muito. Após terminar a leitura de um PDF de um tópico específico e, se fosse o caso, complementá-lo ou estudar na íntegra via vídeoaula, realizava uma bateria de questões. Após finalizada essa aula e a partir do conhecimento geral desse tópico, realizava algumas anotações. Entretanto, no pós-edital o tempo é um grande concorrente. Nesse caso, eu me restringia a grifar os arquivos PDF’s e fazer questões, retornando aos grifos como forma de revisão. Em matérias que eu julgava o meu desempenho, no pré-edital como“satisfatório” (75% a 80%), eu revisitava a aula via marcações dos aprovados – complementando-as se achasse necessário – muitas questões e leitura da lei seca.
À medida que evoluímos nos estudos, se nos mantivermos críticos quanto ao que funciona ou não para nós, potencializamos o desempenho. Sempre me atentei para essa análise e buscava dedicar uma carga horária maior para as matérias que o percentual de questões estava inferior e aquelas de maior peso conforme o edital. Inclusive, começava a sessão de estudos por essas matérias.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
José Lucas: Apesar de ter cursado engenharia, o conteúdo de matemática cobrado em concursos públicos é diferente. Além disso, na graduação realizávamos cálculos mais complexos e específicos para alguma aplicação técnica, porém auxiliados por calculadora. Nas provas de concursos públicos, não há esse recurso. Precisei praticar a realização de contas à mão. Outra dificuldade é a “linguagem matemática” que algumas vezes é cobrada para representação de simples problemas de conjuntos, por exemplo. Nesse caso, recorri as videoaulas de questões resolvidas, as quais eu pausava e buscava resolver a questão e posteriormente continuar o vídeo para corrigi-la. Acredito que esse procedimento funcionou devido à base prévia, obtida na faculdade, e também à minha dedicação para essa disciplina na escola – estudava muito para superar a dificuldade e o receio de reprovar nessa matéria. Percebo que sempre fui “mediano – esforçado”, que precisava se dedicar bastante para ir bem.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
José Lucas: Na reta final procurei continuar o estudo por 6h diárias, às quais dedicava 1h para cada disciplina. Dediquei as 3 últimas semanas para revisões de mapa mentais e refazer questões que eu marquei anteriormente como importantes. Sempre ao término de cada hora, dedicava aproximadamente 10 minutos para realizar anotações, limitadas a no máximo 10 linhas, no que eu denominei de “caderninho do sucesso”. Ao fim de cada semana, eu relia. Ainda que eu já soubesse o conteúdo, eu fazia essas breves anotações para consolidar uma visão geral do edital e sempre ter um contato sucinto com todos os conteúdos.
No dia que antecedeu a prova, eu acompanhei a revisão de véspera, como forma de contato geral com as matérias. No domingo pela manhã, escrevi um parágrafo, a fim de organizar algumas ideias possíveis de serem utilizadas na redação e adequar a letra, o espaçamento e a translineação.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
José Lucas: Eu já havia me preparado de forma intensa para a discursiva quando prestei o CBM MG (2013) e obtive êxito, praticamente “gabaritando” em um tema muito específico – eutanásia. Entretanto, em outro concurso – CBM DF (2016)- acreditei no “equivocado NHS” (na hora sai) e foi um grande desastre. Os concursos que prestei em 2019 não tiveram discursivas – algo que eu torcia bastante para que ocorresse quando da iminência do edital. Ao migrar para a Área Policial, percebi que todas as possíveis provas que eventualmente me interessassem a discursiva era cobrada. Então de imediato inseri a escrita de textos e a leitura de conteúdos passíveis de cobrança em meu estudo. Na sequência, contratei um serviço de correção – cera de 10 textos – a fim de aprimorar minha escrita e adequá-la às respostas dos tópicos propostos. Nesses textos, mais especificamente nos 3 últimos, estava obtendo entre 95% e 100% da nota. A partir de então continuei treinando semanalmente, a partir de propostas apresentadas no PDF e geralmente eu mesmo confrontava esses textos com a proposta de solução dos professores. Acompanhei também os vídeos de atualidades, referentes aos dados e estatística que poderiam ser interessantes para a parte de conteúdo. Além disso, revisava bastante a “abordagem teórica”, existente nos PDF de discursivas.
Eu aconselho treinar (e muito) com antecedência. Dessa forma, quando o edital for publicado bastará apenas uma manutenção quanto à estrutura e uma atualização dos dados para o conteúdo. Novamente, entre o edital e a prova há pouquíssimo tempo. Deixar o treino da discursiva exclusivamente para esse momento pode custar a sua aprovação.
Estratégia: Como está sendo sua preparação para o TAF e demais etapas?
José Lucas: Desde criança eu sempre gostei de esportes, apesar da notória falta de talento. No futebol, por exemplo, eu sempre era o último a ser escolhido. Na adolescência, depois de muito treino (5 dias por semana e jogos “oficiais” aos domingos) eu adquiri um pouco de técnica (o suficiente para ser titular absoluto na posição de meia defensor na escolinha do Cruzeiro E.C., unidade Uberaba). Apliquei a recomendação “repetição com correção até a exaustão leva a perfeição”. Parei com os treinos em função dos estudos (curso técnico e ensino médio) em período integral. Mas sempre permaneci fisicamente ativo, praticando corrida e futebol.
Quando direcionei os estudos para a área policial, iniciei os treinos específicos, a exemplo da barra fixa. Esse exercício em especial, demandou-me uns 6 meses para conseguir 3 repetições (mínimo exigido em alguns concursos). Continuei treinando e ainda hoje tenho um pouco de dificuldade. De toda forma, os meus atuais índices são satisfatórios e busco sempre aprimorá-los a fim de evitar surpresas no dia do TAF. Além disso, acredito que os treinamentos físicos regulares (geralmente 3x na semana) e o futebol semanal com os amigos foram uma importante válvula de escape que potencializou os meus estudos.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
José Lucas: Hoje percebo que reiniciar a teoria de todas matérias, a cada edital, foi um grande erro e que demorei a perceber. Noto que procedia dessa forma por insegurança, por acreditar que precisava dominar, por exemplo, a aula 00 de D. Administrativo. Precisamos percorrer o máximo possível do edital, para evitar que tenhamos alguma surpresa negativa no dia da prova.
Para vencer essa prática equivocada, destaco um importante acerto: o registro de cada aula estudada e, principalmente, o desempenho obtido nas questões de cada assunto integrante de sua respectiva disciplina. Esse registro me serviu como relatório analítico, um mapa estatístico para a gestão do meu tempo, corrigindo sempre aqueles pontos fracos. Apliquei o conceito de gestão, o qual enuncia “o que não é controlado, não é mensurado; o que não é mensurado, não evolui”.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
José Lucas: Inicialmente subestimei o tamanho do desafio. Estava ciente que a aprovação exigiria muita dedicação, porém não tinha dimensão do tempo que esse processo levaria.
Explorei o lado positivo das reprovações, pois notava uma evolução e ganhava experiência fazendo provas.
Ficar de fora das vagas no ISS Uberlândia por poucos pontos, foi minha maior frustração nesse processo. Foi o único momento em que pensei, por algum instante, em desistir. Logo em seguida, considerei tudo o que havia superado até o momento e que estava próximo de ser aprovado. Essa mentalidade foi fundamental para prosseguir.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
José Lucas: Retomei os estudos obcecado em melhorar de vida. Esse desejo permaneceu por todo o período. Entretanto, a partir de certo ponto, não superava as dificuldades e a vontade de optar por algo mais fácil (assistir TV, dormir). Ao longo do processo, o “motivo para a ação” foi substituído pela disciplina e pelo hábito criado nos períodos iniciais.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
José Lucas: Desde o início, seja organizado. O controle dos tópicos estudados e do aproveitamento (% de acertos nas questões realizadas) vai evitar que você cometa o erro de permanecer estudando algo que você já saiba e, o que pode custar a sua aprovação, não estudar o que você não sabe. Além disso, é necessário “fazer o que precisa ser feito, o que nem sempre é aquilo que desejamos”.
Os Navy Seals americanos possuem 4 regras para cumprir uma missão:
Definição clara de metas;
Ensaio mental/visualização;
Conversa íntima;
Controle de excitação.
Acredito que essas regras podem nos auxiliar em diversas áreas de nossas vidas, dentre elas, o estudo para concursos. Lembre-se de que “o destino é o objetivo, mas a estrada até lá deve ser aproveitada”.
Percebo que nesse processo, além do aprendizado das matérias específicas, podemos aprender muito para a vida.
Outrossim, registro os ensinamentos contidos no livro “Transformando suor em Ouro”, do técnico de voleibol Bernardinho:
A incerteza do sucesso deve ser remediado pela preparação adequada;
Não se deixe abater pelas derrotas, nem se entorpecer pelas vitórias.
Por fim, devemos nos lembrar que “a disciplina é a ponte que liga nossos sonhos às nossas realizações” (Thillman, jogador de futebol e militar americano).