Aprovado em 20° lugar no concurso IBAMA para o cargo de Analista Administrativo
Concursos Públicos
“Apesar de serem 6 horas diárias de trabalho, a rotina era consideravelmente estressante, então decidi que iria demitir-me e voltar a dar aulas particulares de idiomas para poder dedicar-me mais aos estudos. Não foi de maneira nenhuma uma decisão fácil.”
Confira nossa entrevista com Gustavo Baquião Dantas, aprovado em 20° lugar no concurso IBAMA para o cargo de Analista Administrativo:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Gustavo Baquião: Meu nome é Gustavo, nasci em São Sebastião do Paraíso – MG, mas moro em Brasília há 8 anos. Tenho 26 anos e sou formado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília-UnB, onde atualmente curso Direito.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Gustavo: Foi a união do meu perfil profissional e pessoal com a busca de uma estabilidade financeira em um cargo em que pudesse desenvolver uma carreira de longo prazo.
Trabalhei por muito tempo como professor de idiomas (inglês, espanhol, francês e alemão), tanto de forma autônoma como em escolas de idiomas. Porém, frustrei-me muitas vezes quando percebia que no setor privado não era reconhecido na proporção do valor que gerava e não tinha perspectivas muito promissoras de ascensão profissional. Claro que não posso afirmar isso para todas as empresas, mas em todas em que trabalhei não havia uma preocupação com o empregado no sentido de fornecer-lhe estímulos para que se desenvolvesse e se mantivesse na empresa no longo prazo. Nunca me incomodou ter de ser eficiente e dar o melhor de mim em todos os lugares por onde passei, o que me empenhei em fazer sempre. Porém, acho fundamental que meu esforço seja reconhecido, o que raras vezes ocorria.
Além disso, e fundamentalmente, creio que me identifico muito mais com os objetivos públicos do que o trabalho na iniciativa privada. Vejo-me muito mais realizado trabalhando para o Estado brasileiro e sendo capaz de oferecer a minha contribuição para uma sociedade melhor do que simplesmente me focando em um microcosmo de obter mais dinheiro hoje do que ontem.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Gustavo: Trabalhei durante todo o período dos meus estudos. Quem mora em Brasília sabe que os aluguéis e custo de vida são altíssimos e, como desde muito novo optei por não depender financeiramente dos meus pais em nada, tive que trabalhar para me manter aqui.
Conciliei os estudos com o trabalho de distintas formas. No início dos estudos, trabalhava no BRB – Banco de Brasília, concurso para o qual fui aprovado em 2019. Minha jornada de trabalho era de 6 horas, então estudava de manhãzinha antes de ir ao trabalho e também à noite, quando voltava para casa. Apesar de serem 6 horas diárias de trabalho, a rotina era consideravelmente estressante, então decidi que iria demitir-me e voltar a dar aulas particulares de idiomas para poder dedicar-me mais aos estudos. Não foi de maneira nenhuma uma decisão fácil. Abrir mão de um salário fixo e suficiente para me manter financeiramente foi uma escolha que me custou alguns meses. Como precisava muito do dinheiro, resolvi continuar mais alguns meses para juntar mais dinheiro e poder ter uma reserva de emergência caso necessitasse ao sair do banco.
Quando efetivamente saí do banco e havia acumulado uma reserva de segurança, decidi dar somente uma quantidade de aulas suficiente para manter minhas despesas básicas. Apertei os cintos e estabeleci o máximo de 4 horas diárias de aulas. Assim, pude reduzir minha jornada de trabalho, mas também abri mão de todos os gastos supérfluos que podia ter. Quando não trabalhava, estava sempre estudando, de 7 a 8 horas diárias.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação? Pretende seguir estudando ou “aposentou”?
Gustavo: Fui aprovado no concurso do BRB – Banco de Brasília, em 24º lugar, para escriturário, para Analista do CFQ – Conselho Federal de Química e no da Apex – Agência de Promoção de Exportações, em 4º lugar para o cargo de Analista de Negócios Internacionais. No caso do BRB, exerci o cargo por 1 ano e pedi exoneração ano passado e nos casos da Apex e do CFQ, apesar de o resultado já ter sido homologado, ainda não fui nomeado e, portanto, ainda estou no aguardo.
Pretendo continuar estudando, com certeza. Meu objetivo final é sem dúvida ser aprovado para Diplomata no Ministério de Relações Exteriores.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Gustavo: Confesso que adotei uma postura mais radical, apesar de ainda ter bastante contato com a família. Acredito que isso depende muito do perfil de cada um, no meu caso deixei claro para os amigos mais próximos que ia ter de focar nos estudos e ia “sumir” por algum tempo, mas não acho que isso seja uma solução universal. Muitas pessoas realmente se sentem mal por terem de abdicar do convívio social e, por isso, em nome da própria saúde mental, não devem fazê-lo.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Gustavo: Não sou casado, mas moro com minha namorada, que também estuda para concursos e o fato de estudarmos juntos foi fundamental para que eu seguisse focado em estudar. Meus amigos me apoiaram no geral e minha família mais próxima (pais e irmã) me apoiaram desde sempre, mas, como moro longe deles, o apoio diário e motivação constante consegui em minha namorada. Acho que se o candidato não tem ninguém próximo que esteja na mesma condição de concurseiro, é interessante entrar em algum grupo nas redes sociais ou até se encontrar fisicamente com outros concurseiros, pois, mesmo que família e amigos o apoiem, somente um outro concurseiro entenderia todas as dificuldades e altos e baixos de estudar para concursos.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado? Qual foi o segredo de manter a disciplina durante todo o período?
Gustavo: Para o IBAMA estudei por cerca de 3 meses, desde que o edital foi publicado até a data das provas. Porém, com certeza, não foram esses 3 meses que me fizeram passar. Estava estudando para o TCU havia uns 6 meses e consegui aproveitar muitos dos meus estudos na prova do IBAMA.
Gustavo: Manter a disciplina e motivação não é fácil. Acho que o primeiro passo é entender que é necessário esforço diário para não se desfocar do objetivo de ser aprovado e que o processo não será simples. Além disso, ver depoimentos de aprovados e registrar por escrito o que se quer fazer concretamente após ser aprovado ajudam muito no foco. Fazer uma prova de concursos não é objetivo final de ninguém, mas ter um padrão de vida e um trabalho que sejam prazerosos sim. Logo, lembrava-me sempre do porquê estava abdicando de uma vida mais leve agora para poder usufruir dela depois.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens?
Gustavo: Usei videoaulas e cursos em PDF. Para mim o formato virtual é muito cômodo e, desde que iniciei meus estudos para concurso, não tive nenhuma aula presencial. Sempre assistia às videoaulas e, posteriormente, lia a aula em PDF. Foi muito importante que o PDF já tivesse vários exercícios em si, de modo que já pude pôr em prática o conhecimento teórico aprendido na aula. Não usei nenhum livro e nem acho que livros têm muita relevância para concursos quando a aula em PDF é bem feita. Quando se trata de aprender conteúdo em nível universitário ou para o conhecimento geral, os livros são indispensáveis, mas os concursos exigem um conhecimento muito aplicado e utilitarista, melhor apreendido pelos professores especializados que montam seus cursos com essa realidade em mente.
A principal vantagem foi a comodidade de estar em minha própria casa e ter acesso a todo o conteúdo de que precisava. Como já tenho muita familiaridade com o estudo autodidata, que usei muito antes para todos os idiomas que aprendi, não encontrei nenhuma desvantagem em estudar somente por pdfs e videoaulas.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Gustavo: Conheci há alguns anos, quando resolvi estudar para o concurso do BRB – Banco de Brasília. Amigos meus haviam comentado que as aulas eram muito boas e decidi baixar as aulas experimentais para ver como eram. O conteúdo me deixou muito satisfeito e, em especial, achei os PDFs muito bem elaborados.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou em nosso material?
Gustavo: O principal diferencial do Estratégia, na minha opinião, é o PDF, muito bem elaborado e totalmente completo. Uma vez que a teoria é toda detalhada e há uma série de questões ao final, é possível ter uma preparação completa, quando se une o estudo pelos PDFs às videoaulas.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos? Estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Quantas horas líquidas estudava por dia?
Gustavo: Eu fiz uma planilha no Excel com todas as aulas que tinha que ver, todas as já vistas e o percentual da matéria que já tinha concluído. Sempre estudava as matérias com menor percentual de conclusão, para terminar todas mais ou menos simultaneamente. Não estudava várias matérias ao mesmo tempo porque percebi que meu cérebro funcionava melhor com as matérias bem separadas e cada uma em seu momento.
Para cada aula de cada matéria, primeiramente assistia às videoaulas e posteriormente lia os PDFs, resolvendo os exercícios propostos ao final. Assim que terminava os exercícios do PDF, atualizava minha planilha do Excel e ia para a matéria subsequente com o menor percentual de aulas vistas. Não media precisamente quantas horas líquidas estudava por dia e, sempre que me sentia exausto, fazia pequenas pausas, mas eram cerca de 7-8 horas líquidas diariamente de estudos.
Estratégia: Como fazia revisões? Costumava fazer resumos, simulados ou algo mais?
Gustavo: Antes de cada aula que iniciava, lia minhas anotações referentes à aula imediatamente anterior. Não fazia resumos, mas usava bastante o caderno, anotando tudo que os professores diziam nas videoaulas que me parecia importante e ia complementando com as informações novas que os PDFs traziam. Simulados são a melhor forma de aferir o conhecimento prático antes da prova, não fiz muitos porque não tive tempo de “fechar o edital” antes da prova, mas os recomendo fortemente, principalmente para aqueles que já conseguiram estudar todas as matérias do edital.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Gustavo: A resolução de exercícios é sem dúvida a maneira mais eficiente para fixar o conteúdo aprendido nas aulas. Além disso, as diversas bancas têm um jeito específico de fazer questões e a única maneira de entender realmente essas especificidades é resolvendo questões. Muitas vezes leio questões de concurso e acho o enunciado truncado ou prolixo, mas, por ter respondido questões similares, consigo entender o que o examinador pretende avaliar. Fazia cerca de 60 questões após cada aula, estimando que cada matéria tinha 10 aulas e que havia 10 matérias, cerca de 6000 questões.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Gustavo: Minhas maiores dificuldades iniciais, por não ter tido nenhum contato prévio com as matérias, foram Contabilidade e AFO. No entanto, depois de algum tempo, tornaram-se meus maiores trunfos e fiquei muito contente ao perceber que havia várias questões sobre as duas matérias na prova do IBAMA. Minha estratégia para superar as dificuldades foi realmente estudá-las com calma e com a ideia de que só ia entendê-las completamente ao final dos meus estudos, pois, diferentemente de português ou das matérias de Direito, Contabilidade e AFO têm um conhecimento muito conectado e, quando se está nas últimas aulas, passa-se a entender por que os conteúdos eram daquela forma.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Gustavo: Na semana que antecedeu a prova ainda não tinha visto todo o conteúdo, então continuei no ritmo de aulas que seguia antes, apesar de um pouco mais apressado pela proximidade da prova. Já no dia pré-prova, como sempre faço, não estudei absolutamente nada, tirei o dia para descansar o cérebro e tê-lo descansado para o dia seguinte.
Estratégia: (Se não houve prova discursiva, pularemos esta pergunta) No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Gustavo: Eu gosto de fazer todos os concursos que posso, mesmo quando não tenho muita intenção de passar para o cargo, justamente para ter minha redação corrigida e medir como anda minha redação. Sempre gostei muito de ler e de escrever, então confesso que essa é uma parte da preparação na qual não foco muito, mas, para quem não tem o hábito, é essencial escrever textos com possíveis temas que se acha que podem cair na redação (até porque também se revisa o conteúdo da prova objetiva ao fazê-lo). Mais importante ainda do que fazer redações para possíveis temas é tê-las corrigidas, então, sempre que possível, cabe contratar o serviço de um professor que as corrija.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação, quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Gustavo: Meu principal erro foi colocar toda minha esperança e motivação em ver todas as aulas de todas as matérias. A grande maioria das pessoas não tem tempo hábil para “fechar o edital” e isso não é diretamente determinante em sua aprovação ou não. Creio que ajustar melhor meu psicológico para lidar melhor com o stress teria sido de grande valia.
Meu maior acerto foi o de fazer questões sempre, desde as primeiras aulas, com as questões sugeridas ao final de cada PDF. Além disso, ter revisado cada aula antes de passar para a subsequente também foi fundamental para realmente fixar todo o conteúdo aprendido antes de prosseguir.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Gustavo: Já pensei em desistir em concursos anteriores. A frustração de não ser aprovado é um sentimento difícil de se lidar, principalmente após ter estudado tanto para um concurso em específico. Minha principal motivação foi pensar em tudo que já havia estudado e na possibilidade de pôr todo esse conhecimento a perder por causa de um ou outro concurso em que não fui aprovado. Deixo claro a todos que me perguntam que, antes de ser aprovado, tive vários resultados negativos em provas que desejava muito. A grande verdade é que o conhecimento para concursos é cumulativo e quanto mais se estuda, mais se acumula conhecimento para passar, não só no concurso que se almeja, mas também em outros correlatos.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Gustavo: Meu conselho é perseverar nos estudos, porque, no longo prazo, todo seu esforço valerá a pena. Dediquem-se de corpo e alma a esse projeto de vida que é estudar para concursos. Sejam discretos, para não levantar expectativas em amigos ou familiares e tenham o estudo como objetivo pessoal, com o qual vocês tenham um compromisso diário.