Aprovado no concurso PC CE para o cargo de Escrivão em 6° lugar
Policial (Agente, Escrivão e Investigador)“É muito fácil decidir quando as escolhas não estão disponíveis. Não havia opção. Ou eu estudava e me dedicava o máximo possível… ou eu também estudava.”
Confira nossa entrevista com Giulian Salvador, aprovado no concurso PC CE para o cargo de Escrivão em 6° lugar:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Giulian Salvador: Olá. É um prazer enorme conversar com o Estratégia sobre minha preparação para os últimos concursos. Meu nome é Giulian Salvador de Lima Regis, tenho 25 anos, sou natural de Olinda, Pernambuco, e advogado formado em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus Natal, cidade onde atualmente resido.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Giulian: Sou um grande entusiasta do concurso público e da possibilidade de servir ao povo brasileiro, participando ativamente da construção do serviço público nacional. Como sou, também, um amante do estudo e da leitura, acabei fisgado por esse universo concurseiro. Não posso negar, porém, que a perspectiva de ser reconhecido e remunerado por trabalhar com o que gosto constituiu um grande atrativo.
Há alguns anos li uma reportagem da BBC que fala sobre a mobilidade social no Brasil. Segundo o texto, uma família pobre, desprovida de recursos, pode demorar até nove gerações (mais de duzentos anos) para atingir um patamar razoável de qualidade de vida. Por mais que uma família se esforce, pode demorar séculos para ascender socialmente. Não é fácil.
Eu costumo visualizar o concurso público com o bastião meritocrata do Brasil. É um dos poucos recursos ainda disponíveis para pessoas hipossuficientes. O concurso público não vê cor, renda ou classe social: vê esforço, e o premia.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Giulian: Eu iniciei minha jornada nos estudos ainda no período da faculdade e me preparei financeiramente para ter uma vida dedicada aos estudos. Sou advogado e atuo, naturalmente, na minha área profissional. Porém, a maior parte do meu dia é dedicada exclusivamente à construção de uma base jurídica sólida, apta a garantir, se Deus quiser, minhas aprovações.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Giulian: Minha primeira aprovação em concurso público ocorreu ainda no nono período da faculdade, logo após a aprovação no Exame da Ordem, quando logrei êxito na prova para Procurador Legislativo de Parnamirim/RN em 2019. Na ocasião, acertei 96% da prova objetiva e tive a segunda maior nota. A fase seguinte era a de títulos. Como ainda estava na faculdade, não pude pontuar e perdi algumas posições.
Depois vieram inúmeras provas. Fiz para Advogado Público de Fortaleza/CE (concurso IJF), alcançando a 3ª maior nota na prova objetiva. Depois disso, alcancei em novembro de 2020 a primeira aprovação nas vagas: 1º lugar em todas as fases do concurso para Procurador Autárquico de Eusébio/CE, cidade vizinha a Fortaleza e maior pib per capita do Ceará.
No ano corrente, obtive êxito nas provas para Delegado de Polícia Civil do Pará e do Rio Grande do Norte, sendo aprovado nas duas fases jurídicas: objetiva e discursiva. Mais recentemente, passei para o cargo de Escrivão de Polícia Civil do Ceará, obtendo a 2ª maior nota na prova objetiva dentre 34 mil concorrentes.
Fui aprovado, ainda, em 1º lugar na prova objetiva para Técnico Forense (bacharel em Direito) no concurso do ITEP/RN, órgão de perícia aqui no Rio Grande do Norte; e em 5º lugar, dentre 7 vagas, para o cargo de Auditor Fiscal de São Gonçalo do Amarante/RN, cidade vizinha a Natal.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Giulian: É uma sensação quase indescritível. Mas se pudesse descrever, certamente seria um misto de felicidade, alívio e dever cumprido.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Giulian: Há um preço a ser pago numa preparação de longo prazo. Para obter êxito em carreiras tão distintas e ao mesmo tempo formar uma base jurídica consolidada, tive que abdicar de parte do lazer. Nesse ínterim, fiz questão de me cercar de pessoas comprometidas com o estudo e que facilmente compreenderam a rotina de um concurseiro.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Giulian: Certa vez li uma entrevista de um aprovado, como esta que estamos tecendo agora, em que ele especificava a impossibilidade de passar em concurso sem o apoio da família. Fiquei com um nó na garganta na hora.
Meus pais são falecidos, assim como meus avós, maternos e paternos, e minha irmã. Por circunstâncias que não cabe a ninguém controlar, não pude contar com minha família em vida para me apoiar nessa jornada, embora os tivesse em mente.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo).
Giulian: O corredor corre; o nadador nada; e o concurseiro faz provas. Muitas, de preferência. Eu costumo dizer que grande parte das vezes não é o concurseiro que escolhe o concurso, mas o concurso que escolhe quem vai ser concursado. Daí a importância de fazer um bom número de provas que estejam dentro do seu núcleo duro de preparação (a base jurídica consolidada, que citei acima).
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Giulian: Desde o início o meu estudo foi pautado em criar uma base nas principais disciplinas jurídicas. Não saí mudando a estratégia de preparação de um concurso público para outro. Estou desde maio de 2019 dedicado diariamente aos estudos e costumo utilizar essa data como parâmetro de minha preparação.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Giulian: Sempre. Nenhum corredor vai ganhar uma maratona em que os concorrentes largaram antes. É preciso antecipar a preparação o máximo possível. Sei que isso é difícil para a maior parte das pessoas, que trabalham, estudam e precisam de tempo para a família. Mas é necessário.
No tocante à disciplina, entendo que ela é melhor observada se o estudo for prazeroso. Estudar pode ser chato, mas não precisa ser. Busquei a felicidade ao longo da minha jornada, vivendo cada etapa da preparação. Tem uma máxima que costumo seguir: “estudar como um coreano; ser feliz como um brasileiro”.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Giulian: Iniciei minha preparação por meio da leitura de livros ainda na faculdade. É muito bom criar uma base e beber diretamente dos clássicos. Mas é preciso ter parcimônia: Celso Antônio Bandeira de Mello não escreveu sua doutrina voltada ao mundo dos concursos.
É aí que entra a importância dos cursinhos voltados à preparação para concursos públicos. Os professores dominam o que a banca deseja, sabem quais tópicos do edital requerem uma maior atenção do candidato.
Como sempre gostei de produzir meus próprios resumos, lia em PDF ou assistia as videoaulas e passava para o meu material o que entendia pertinente. Se sentisse que algum tópico necessitava de um estudo mais extenso, buscava um livro.
Acima de tudo, resolvia questões. Muitas. Devo ter resolvido até hoje por volta de 70 mil questões – todas voltadas para as disciplinas jurídicas.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Giulian: Contratei o Estratégia lá em 2019, quando fiz o meu primeiro concurso para Procurador Legislativo. Mas o conheço de longa data. O Estratégia Concursos é o maior curso preparatório e, inegavelmente, a maior referência para quem busca uma preparação. Tem um excelente corpo de professores e a expertise de quem transformou milhares de concurseiros em concursados.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Giulian: Nunca tive dificuldade em estudar duas ou mais disciplinas num único dia. Como estudo diariamente em dois ou três turnos, costumava separar um turno para cada disciplina.
Meu plano de estudos é todo voltado para o longo prazo. Tenho o controle sobre tudo o que estudei nos últimos 2 anos e sobre tudo que vou estudar nos próximos meses. Utilizo o Excel para manter o controle sobre o registro de minhas planilhas com cronograma, metas, número de questões resolvidas, etc. Recomendo, inclusive.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Giulian: Minha preparação é toda voltada ao mundo dos concursos jurídicos. Concursos que têm como foco a cobrança do mesmo núcleo de disciplinas: Direito Administrativo, Constitucional, Processo Civil, Processo Penal, Civil, Penal e Tributário. Como sou um entusiasta do Direito, não tive dificuldade em me preparar nessas disciplinas. Porém, alguns concursos costumam trazer disciplinas “não jurídicas”, formando um núcleo de “conhecimentos gerais”.
Saber conciliar o estudo de disciplinas jurídicas com o eixo de conhecimentos gerais requer uma precisão cirúrgica. Há um risco enorme de se perder o foco na preparação jurídica de longo prazo. Para não abalar minha preparação, procurei continuar com o foco na construção da base jurídica e deixar um número mínimo de horas para as disciplinas “não jurídicas”.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Giulian: A reta final é um período como qualquer outro. Sigo estudando naturalmente na véspera da prova e até mesmo no dia do certame. A parte do descanso fica para depois da nomeação.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Giulian: A preparação deve ser conjunta. Na verdade, o estudo para a fase objetiva é aproveitado na íntegra na fase discursiva, principalmente em certames que vedam a consulta à lei seca como o de Escrivão de Polícia Civil do Ceará e os de Delegado de Polícia Civil do Pará e do Rio Grande do Norte.
Estratégia: Como foi (ou está sendo) sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Giulian: Além de conciliar o estudo para as provas objetiva e discursiva, o candidato que se submete a concursos da área policial deve ter uma rotina de atividades físicas. O teste de aptidão física para Escrivão da Polícia Civil já aconteceu e, com a graça de Deus, deu tudo certo.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Giulian: No começo de minha preparação costumava transcrever absolutamente tudo que lia para o meu resumo. Não é o ideal. O concurseiro tem que filtrar quais informações vão para o caderno de anotações e quais não vão. Sem dúvidas foi o meu erro lá no começo da jornada.
Meu maior acerto, penso eu, foi buscar construir uma preparação de longo prazo. Apesar de ter feito inúmeras provas, algumas de carreiras distintas, nunca pautei meu estudo em me preparar apenas para um único concurso. Sempre busquei construir uma base sólida, como uma casa cuja estrutura pode durar nove gerações.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Giulian: É muito fácil decidir quando as escolhas não estão disponíveis. Não havia opção. Ou eu estudava e me dedicava o máximo possível… ou eu também estudava. Nunca pensei em desistir. Nem cogitei. Tem uma música do Raul Seixas que fala sobre isso:
E esse caminho
Que eu mesmo escolhi
É tão fácil seguir
Por não ter onde ir
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Giulian: Transformar sonhos em realidade.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Giulian: Eu não sei se cheguei efetivamente em algum lugar. Porém, gostaria de deixar como mensagem um trecho da filósofa russa Ayn Rand, autora de “A Nascente” e “A Revolta de Atlas”, que está em um post-it acima da minha mesa de estudos:
Não deixe sua chama se apagar com a indiferença.
Nos pântanos desesperançosos do ainda, do agora não.
Não permita que o herói na sua alma padeça frustrado e solitário com a vida que ele merecia, mas nunca foi capaz de alcançar.
Podemos alcançar o mundo que desejamos.
Ele existe.
É real.
É possível.
É seu.