Aprovado em 21º lugar no concurso PRF 2021
“Sem dúvidas, a minha maior motivação era ver meus pais, meus irmãos e minha esposa sentindo orgulho de mim por ter conseguido vencer apesar de todas as adversidades”
Confira nossa entrevista escrita com Gabriel Augusto Melo Torraca de Araujo, aprovado em 21º lugar no concurso público da Polícia Rodoviária Federal:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Gabriel Augusto Melo Torraca de Araujo: Eu sou mineiro, de Bandeira do Sul, Sul de Minas, me chamo Gabriel Augusto Melo Torraca de Araujo, tenho 27 anos e sou formado em Administração.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Gabriel Augusto: Eu me formei no final de 2015 sem expectativa de conseguir um emprego na iniciativa privada, pois moro em uma cidade de 6 mil habitantes, a qual não possui oportunidades para graduados. Assim, comecei a estudar para as carreiras bancárias no começo de 2016, pois era meu objetivo na faculdade ingressar no setor. Obtive nesse ano o 1º lugar no concurso para Agente Legislativo da Câmara Municipal de minha cidade – cargo que exerço até hoje.
Assim, por não haver expectativa de realização de concursos do Banco do Brasil e da Caixa, resolvi que iria alçar voos maiores, decidindo que iria estudar para Auditor Fiscal da Receita Federal. Iniciei, então, meus estudos nesse sentido no começo de 2017 e, durante dois anos, meu foco foi única e exclusivamente esse concurso – que não saiu até hoje.
Em 2017, prestei o concurso do TCE-SP, para a região de Mogi Guaçu, obtendo 70% de acertos em apenas 8 meses de estudos. Entretanto, não fiquei bem colocado, não tendo chances de ser nomeado.
Já, no ano de 2019, prestei os concursos para Inspetor Fiscal de Rendas do Município de Guarulhos, ficando em 293º – o que me deixou um pouco abalado, pois estava bastante preparado – e para Auditor Fiscal de São José do Rio Preto – SP, terminando em 34º.
Em 2020, inscrevi-me para o concurso do TCM-SP, para o cargo de Agente de Fiscalização – Administração, cujas provas foram suspensas por conta da pandemia da Covid-19.
Portanto, como não possuía condições financeiras de prestar todos os concursos da área fiscal que estavam surgindo, tive de ser bastante cirúrgico e escolher aqueles mais perto de casa, que foram poucos.
Assim, no final de 2020, com a autorização dos concursos da PF e da PRF, resolvi ingressar na área policial, pois vi ali uma oportunidade de aprovação, pois eu já vinha muito forte para a área fiscal – o que fez com que eu cogitasse a PF, por haver intersecção de várias disciplinas. Entretanto, escolhi estudar firme para a PRF, pois me apaixonei pela instituição e pelas atividades do policial rodoviário federal.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Gabriel Augusto: Desde que comecei meus estudos focados na Receita Federal, fui servidor na Câmara Municipal de Bandeira do Sul – MG, disponibilizando seis horas do meu dia aos afazeres do órgão.
Assim, me sobravam parte da manhã e à noite para os estudos. Consequentemente, acordava por volta das 5:30 horas e estudava até perto das 10:30, pois precisava estar no serviço às 11:00 horas. Assim que saía da Câmara, tentava estudar até perto das 19:00 horas, não rendendo mais a partir de então, pois sou uma pessoa matutina.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Gabriel Augusto: Como eu considero aprovação quando eu estou dentro do número de vagas, eu obtive êxito em dois concursos antes da PRF: 1º lugar para Agente Legislativo na Câmara Municipal de Bandeira do Sul – MG e 6º lugar para Agente Administrativo na Prefeitura de Machado – MG.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados(as) na primeira fase do certame?
Gabriel Augusto: Ao abrir o Diário Oficial da União na manhã do dia 28 de maio de 2021, tive uma das maiores alegrias em minha vida, pois é indescritível essa sensação de ter vencido mais de 300 mil pessoas e obtido o 21º lugar nesse certame de elite. Além disso, bateu-me um forte sentimento de dever cumprido e de que, a partir dali, nada seria impossível mais.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Gabriel Augusto: Nos primeiros dois anos, eu acreditava firmemente que deveria abdicar de quase toda minha vida social e de meus hobbies. Entretanto, no final de 2019, eu tive uma crise de estresse muito grande, a qual me fez ficar quase dois meses sem conseguir estudar regularmente.
Naquele momento, eu percebi que as coisas não eram assim e que deveria encontrar um ponto de equilíbrio entre estudo, lazer, namoro, amizades, entretenimento e tudo mais. Consequentemente, consegui encontrar a harmonia necessária e, com isso, obtive maior força de vontade e motivação para continuar a jornada de maneira mais leve e perene.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Gabriel Augusto: Com relação a isso, casei-me dois dias antes de sair o edital da PRF, o que me fez não ter um rendimento máximo no pós-edital (estudei, em média, 15 horas líquidas por semana), e não tenho filhos ainda. Entretanto, percebi que o dever de casa já havia sido feito e que não precisaria me desesperar, pois tudo vem na hora certa.
Ademais, enquanto eu namorava, meus pais, meus irmãos (tenho dois mais novos) e minha namorada (atual esposa) incentivaram-me muito e respeitavam meu tempo de estudo, pois entendiam que aquilo era importante para mim.
Além deles, meus sogros também me apoiaram muito, mesmo sendo divorciados e cada um com suas preocupações, e, inclusive, todo o restante da minha família e da família da minha esposa (tios, tias, primos, primas, etc).
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Gabriel Augusto: A minha resposta é: com toda certeza. No entanto, não se pode abrir demais o leque de opções e atirar em concursos completamente diferentes um do outro, pois deve-se escolher uma área e, inclusive dentro dela, decidir quais são os concursos mais parecidos entre si.
Mas, eu não segui muito essa receita quanto à PRF, pois eu vim da área fiscal e tive de estudar do zero sete disciplinas (ética, geopolítica, direito processual penal, legislação penal especial, legislação de trânsito, direitos humanos e física).
Entretanto, só foi possível a mim fazer isso porque estava muito preparado para área fiscal, com as disciplinas básicas praticamente dominadas – o que me fez focar quase integralmente nas novas.
Portanto, cada estudante deve realizar uma autoanálise e ponderar se deve migrar para outros concursos ou áreas e analisar quais valem a pena e quando realizar essa mudança.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Gabriel Augusto: Especificamente para a PRF, estudei aproximadamente seis meses. No entanto, estudo para concursos desde 2016.
Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Gabriel Augusto: Para a área fiscal, estudei dois anos para a Receita Federal sem edital na praça e, para me manter focado, todos os dias eu me imaginava exercendo o cargo de Auditor Fiscal, além de assistir a vídeos do órgão e, inclusive, ao programa Aeroporto – Área Restrita, do Discovery Channel, que mostra a rotina da RFB e da PF no aeroporto de Guarulhos.
Agora, especificamente para a PRF, estudei uns dois meses sem o edital, mas já havia a autorização para o concurso. Por isso, já estava bastante animado. Entretanto, todos os dias eu assistia vídeos de perseguições, abordagens e rotinas dos PRFs e isso me motivava demais, ao ponto de eu me pegar com os braços posicionados como se estivesse segurando um fuzil, imaginando como seria a sensação de pertencer à PRF e prestar um serviço de excelência ao cidadão.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Gabriel Augusto: Quando o assunto é material de estudos, eu sempre falo que cada um tem aquele que se adequa ao seu perfil. No meu caso, minha base na área fiscal foi toda construída com livros. A partir daí, comecei a utilizar os PDFs do Estratégia naquelas disciplinas mais específicas como Comércio Internacional e Legislação Tributária. Já, no caso específico da PRF, eu utilizei apenas os PDFs do Estratégia naquelas disciplinas novas. Fiz assim porque sempre conseguia aprender mais eficientemente lendo, anotando e rabiscando.
Com relação às videoaulas e às aulas presenciais, não me adaptei a elas, pois não conseguia prestar atenção apenas ao que estava sendo dito e, por isso, tinha dificuldades em me concentrar e absorver os conteúdos.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Gabriel Augusto: Cheguei ao Estratégia quando estava lá no início de minha preparação, pesquisando os melhores materiais e o nome “Estratégia” sempre estava no topo das listas em fóruns, YouTube e demais redes sociais no que diz respeito à qualidade.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Gabriel Augusto: Nunca tive dificuldades em nenhuma disciplina até hoje, por incrível que pareça, nem mesmo em Contabilidade – que é o terror da área fiscal.
Não obstante, nas primeiras semanas estudando Direito, como já busquei livros densos e voltados à área jurídica (pois acreditava que eram os melhores), não entendia muito bem o que estava escrito, pois não possuía a linguagem jurídica desenvolvida.
Entretanto, após poucas semanas, os assuntos já estavam fluindo e eu estava conseguindo entender tudo claramente.
Estratégia: Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Gabriel Augusto: No pós-edital, eu consegui estudar, em média, apenas 15 horas líquidas semanais, pois me casei dois dias antes do edital e, por conta da correria para arrumar a casa e para me adaptar a essa vida a dois, não consegui manter um ritmo maior.
Para piorar a situação, tive um problema de saúde duas semanas antes do certamente, o que me impossibilitou de estudar durante esse período, voltando a conseguir apenas na quinta-feira antes da prova.
Assim, eu apenas revisei, nesse tempo, legislação de trânsito, física e um pouco de tecnologia da informação. Fui revisando durante a viagem de ônibus até São Paulo (cidade mais próxima de minha cidade que teve provas aplicadas) e, no hotel, revisei na noite do sábado e na manhã do domingo, antes da prova.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Gabriel Augusto: Como sempre gostei de escrever, basicamente, para me preparar para a discursiva, eu escrevia uma redação por semana, desde a época que estudava apenas para a área fiscal, corrigindo-a na semana seguinte. Além disso, adquiri no início um pacote de correções da Professora Adriana Figueiredo que me ajudou demais a identificar meus erros e entender como funciona a estrutura de uma redação para concurso.
Assim, eu recomendo a todos os estudantes que escrevam, ao menos, uma redação por semana desde o início de seus estudos e, se possível, que contrate um curso de redação com correções.
Estratégia: Como foi (ou está sendo) sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Gabriel Augusto: Especificamente para o TAF, desde que iniciei meus estudos para a PRF, no final de 2020, treino todos os dias em casa os exercícios que serão cobrados, intercalando-os para que haja um dia de descanso entre o mesmo exercício.
Agora, para os testes psicológico e médico, não tem muito o que fazer. Quanto ao primeiro, vou apenas ir e fazê-lo da melhor maneira possível. Quanto ao segundo, mudei meus hábitos alimentares, comendo mais frutas, verduras e legumes e menos massas e açúcar.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Gabriel Augusto: Como meu maior erro, eu apontaria a flexibilidade demasiada, pois estava constantemente mudando de método de estudo sem antes dar o tempo necessário para a análise dos resultados. Por isso, eu acabei demorando um pouco para encontrar aquele adequado à minha realidade.
Agora, com relação aos acertos, acredito que o meu maior foi ter seguido em frente, estudando praticamente todos os dias, nem que fosse uma hora, e, no momento ideal, ter resolvido mudar o foco e ampliar mais meu leque de opções.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Gabriel Augusto: O momento mais difícil nessa jornada foi quando tive um surto de estresse no final de 2019, o que me deixou quase dois meses sem conseguir estudar. Eu olhava o notebook e os livros e apenas tinha vontade de jogá-los fora. Foi difícil, mas entendi que cheguei a esse ponto por ter abdicado de praticamente todo prazer durante mais de dois anos, o que cobrou seu preço.
Assim, eu recomendo a quem estiver estudando para que encontre um equilíbrio entre as diversas tarefas, jamais abdicando demasiadamente de momentos prazerosos. A vida é feita para ser vivida, e a jornada de concurseiro não tem de ser estressante e dolorosa, mas leve e descontraída, desde que não se esqueça de que esse é o principal projeto em sua vida.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Gabriel Augusto: Sem dúvidas, a minha maior motivação era ver meus pais, meus irmãos e minha esposa sentindo orgulho de mim por ter conseguido vencer apesar de todas as adversidades.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar onde você chegou!
Gabriel Augusto: A todos aqueles que levantam todos os dias para estudar, eu digo que o esforço de vocês valerá muito a pena e que cada reprovação acontece porque tem algum muito melhor lhes aguardando – vocês saberão disso quando chegarem lá.
Além disso, tenham sempre em mente que esse projeto de vida demorará, em regra, alguns anos para que seja concluído. Portanto, devem sempre ter alguns momentos prazerosos e divertidos com seus amigos, famílias, colegas, etc.
Estudar não tem de ser uma atividade que sugue suas energias, mas que agregue valor em suas vidas.
Desejo muito sucesso a todos vocês e, com toda certeza, vocês alcançarão seus objetivos.