Aprovado no concurso da PF para o cargo de Agente
“Concurso público é uma luta diária contra ansiedade, falta de amparo, sono e sentimento de incapacidade. Mas acredite em você, acredite que você é muito mais do que imagina”.
Confira nossa entrevista com Daniel Henrique Coimbra, aprovado em 35º lugar no concurso da PF para o cargo de Agente (1ª fase):
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Daniel Henrique Coimbra: Chamo-me Daniel Henrique Coimbra, tenho 30 anos, formado em Engenharia de Automação e Controle, de Campinas – SP, e atualmente sou Guarda Municipal de Paulínia.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Daniel: Na verdade “quem”. Minha mãe é um exemplo para mim, sempre em busca das melhores condições para mim e meu irmão. Ela entrou na faculdade com mais de 40 anos e, mesmo assim, depois de formada foi a primeira colocada no seu concurso de Contadora. Ela sempre me inspirou a buscar o serviço público. Porém, não a agradando totalmente, sempre tive interesse pela área policial e tinha a Polícia Federal como objetivo principal. Esse fascínio começou pelos filmes, mas se intensificou quando conheci mais afundo sobre o serviço policial, tanto na prática como em livros.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Daniel: Comecei a trabalhar aos 16 anos como recepcionista de um consultório odontológico e não parei desde então. Por isso, sempre trabalhei enquanto era concurseiro. Em 2014, logo quando me formei, saiu a autorização do concurso da Polícia Federal (PF). Nessa época já era concursado na Sanasa Campinas e trabalhava no horário comercial. Portanto, cheguei a fazer um cursinho presencial para a PF das 19h às 23h e, quando chegava em casa, fazia resumos de toda aula do dia. Com isso, ficava até quase 1h ou 2h da manhã estudando.
Posteriormente, quando já estava na Guarda Municipal de Paulínia, com o plantão de 12×36, estudava todos os dias de folga. Como essa trajetória tem 7 longos anos, evidentemente não estudei todo tempo. Mas sempre que saia alguma “fumaça” do concurso da PF, eu já voltava para os estudos.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Daniel: Primeiro concurso que passei foi para Agente Técnico de Saneamento na Sanasa Campinas em 43º lugar. Esse concurso, especificamente, não estudei tanto quanto os outros, pois havia acabado de sair do Ensino Médio e o certame cobrava conhecimentos básicos de escola. Num primeiro momento, não era a carreira dos meus sonhos, mas foi fundamental para aprovação em outros cargos, devido a estabilidade e suporte financeiro. Posteriormente, em 2014, fui aprovado para Papiloscopista Policial da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro e para Agente da Polícia Federal. Porém, nesse concurso fui reprovado por 0,88 na discursiva. Continuei estudando e passei, em 2015 para Soldado da Polícia Militar de Santa Catarina, Oficial do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, Engenheiro de Abastecimento na Companhia de Serviço de Água, Esgoto e Resíduos de Guaratinguetá (SAEG), Engenheiro de Controle e Automação na Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA) e Guarda Municipal de Paulínia, o qual assumi e estou até hoje. Mais recentemente passei em 35º para Agente de Polícia Federal.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Daniel: É extraordinário, não conseguia acreditar. Eram 2:10 da manhã quando saiu no Diário Oficial da União e eu estava com minha noiva e meu cachorro. Logo quando consegui abrir o arquivo, fiquei ainda uns 10 minutos para procurar meu nome, com medo da reprovação na discursiva. Quando criei coragem, vi que meu nome estava numa linha e as notas na outra e lembro de conferir umas 20 vezes para ter certeza de que era aquela nota. Foi uma alegria que não cabia em mim, demorou para “cair a ficha”. Sem sombra de dúvidas, foi uma das melhores madrugadas da minha vida.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Daniel: Como se passaram 7 anos nessa luta, no último concurso fui bem flexível quanto a comemorações familiares. Não participei de todos os encontros, mas alguns fiz questão de aparecer. Quanto ao convívio com os amigos, “segurei um pouco a onda”. Os encontros que pude postergar o fiz, mas não fiquei totalmente isolado.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Daniel: Sou noivo e minha noiva foi importantíssima na minha aprovação. Ela sempre me apoiou e sempre me ajudou nas desculpas para não comparecer aos compromissos sociais. Ela que ouvia meus lamentos, meus resultados nas baterias de questões e simulados. Ela chegou até ver videoaulas comigo. Quanto minha mãe, como contei na outra pergunta, sempre foi minha inspiração, exemplo de pessoa que gostaria de me tornar no futuro: batalhadora, determinada e excelente mãe. Devo tudo que tenho a ela.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Daniel: Acho fundamental. O concurso da Sanasa para mim foi um “divisor de águas”. Consegui ter estabilidade com uma boa remuneração, sem perder de vista o concurso dos meus sonhos: a PF. Posteriormente, na Guarda Municipal de Paulínia, ficou evidente que era a área policial que eu queria para minha vida. A operacionalidade e a vivência nas ruas foram determinantes para focar ainda mais no meu objetivo.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Daniel: Dessa última vez, direcionado para Agente da Polícia Federal, foi um ano e meio, pois já estudava a seis meses para Agente de Polícia Civil do Distrito Federal. Já em 2018, estudei desde a autorização, por volta de seis meses. Em 2014, estudei apenas 4 meses. Tudo isso para PF, fora para os outros cargos.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Daniel: Estudei sim, mas somente para a PF. Mantinha a disciplina, pois sabia que após a autorização do concurso, o edital estaria iminente e, consequentemente, a prova. Lógico que tive altos e baixos, mas sempre mantinha uma constância nos estudos. Nos dias ruins, que não queria ver matéria pela frente, pelo menos via alguma videoaula ou fazia uma bateria de questões.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Daniel: Em 2014 foi somente aulas presencias. Já nos outros concursos parti para os PDF’s. Em 2017 e 2018 fiz a besteira de comprar vários livros de direito para me aperfeiçoar nas matérias jurídicas, mas para o concurso de APF não é mais necessário essa bagagem jurídica específica. Os PDF’s do Estratégia são cirúrgicos nesse aspecto, abordam o necessário. Por isso, 90% dos meus estudos eram voltados para os PDF’s e questões. Os outros 10% eu via videoaulas das matérias mais “cascudas” para mim, como, por exemplo, Estatística.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Daniel: Quem está no mundo dos concursos é impossível não conhecer o Estratégia. Sempre o vi como o suprassumo na área. Por isso, mesmo após a reprovação na PF em 2018, adquiri a assinatura vitalícia.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Daniel: Nos meus estudos, coloquei as matérias num ranking de importância para cada prova e dividia as horas que eu tinha disponível em cada uma delas. Verificava o número de aulas e tentava encaixar todas elas em, no máximo, 2 ou 3 meses. Não pedia muito tempo com assuntos complexos, priorizava a rodagem das aulas. Numa primeira passada pela aula, lia todo o PDF e depois fazia as questões ímpares. Já num segundo momento, lia o resumo ou o mapa mental da aula e fazia as questões pares. Agora, numa terceira passada, já ia para os sites de questões e fazia uma bateria delas. No começo dos estudos, via de 3 a 4 matérias por dia, mas no pós-edital já passava para 5-7 matérias por dia. Em 2014, eu fazia resumos das aulas presenciais, mas, hoje em dia, não vejo necessidade, devido a repleta gama de materiais de revisão que Estratégia oferece. Sempre gostei mais das questões, por isso, de 2019 a 2021, fiz mais de 67 mil questões. Já o número de horas, num pré-edital, era de 3-4 horas por dia. No pós-edital, passava para 5-7 horas por dia.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Daniel: Como sou engenheiro, tenho mais facilidade com as exatas. Por isso, tinha muita dificuldade nas matérias jurídicas. Porém, a estatística da PF foi um pouco maçante de estudar.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Daniel: Nas duas últimas semanas antes da prova, coloquei como meta bater o edital todo novamente, fazendo todas as questões dos PDF’s ou dos sites de questões. Assim o fiz. Nessas semanas fiz 6 mil questões. Porém, na véspera de prova, resolvi não fazer questões e só ver a revisão de véspera do Estratégia.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Daniel: Esse sempre foi meu calcanhar de Aquiles. Por isso, desde quando eu voltei a estudar, escrevia redações sobre temas possíveis para a prova. Mesmo escrevendo mais de 20 redações antes da prova, não me sentia seguro nessa parte. Recomendo que não menosprezem essa matéria: façam diversas redações de temas variados. Eu sou exemplo de pessoa que não passou por causa dessa “bendita” matéria.
Estratégia: Como está sendo sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Daniel: Estou tentando treinar todos os dias, mas sempre preocupado em não me lesionar. Quanto aos exames médicos, já estou providenciando alguns para não deixar tudo para última hora.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Daniel: O meu maior erro foi não colocar o concurso com objetivo principal na minha vida. Com isso, não utilizada de todo meu potencial nessa tarefa e acabava reprovando por poucos pontos. Já o meu maior acerto foi ter “mudado a chave”. Foi encarar o concurso público como uma missão e que precisava ser finalizada com êxito.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Daniel: Sem dúvida é a reprovação. Tem gente que passa de primeira, mas não é a realidade da maioria das pessoas e, também, não foi a minha. Reprovar por duas vezes, uma por 0,88 na redação e outra por 4 pontos da objetiva, foi muito difícil. Você começa a pensar que aquilo não é pra você. Mas, com ajuda dos meus familiares e, principalmente, de Deus, segui firme nessa busca.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Daniel: Sempre foi e sempre será minha mãe.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Daniel: Gostaria de falar que é fácil, que é só você estudar que você conseguirá passar, mas não é só isso. Concurso público é uma luta diária contra ansiedade, falta de amparo, sono e sentimento de incapacidade. Mas acredite em você, acredite que você é muito mais do que imagina. Não ouça amigos e familiares que querem te colocar para baixo. Uma frase memorável que reflete isso é do filme À procura da felicidade: “Nunca deixe ninguém dizer que você não pode fazer alguma coisa. Se você tem um sonho, tem que correr atrás dele. As pessoas não conseguem vencer, e dizem que você também não vai vencer. Se quer alguma coisa, corre atrás.”. Persista. Não desista, por mais difícil que seja. Por fim, gostaria de deixar um trecho de uma música de Samuel Messias que foi importantíssimo na minha persistência: “Não abandone o barco, pois a ordem é chegar do outro lado e você vai chegar, não abandone o barco, pois esse seu deserto vai servir de testemunho para levantar alguém de novo”.