Aprovado em 2º lugar no concurso TJ-SP para o cargo de Escrevente Técnico Judiciário em Santo André/SP
“Eu era radical. 30 horas líquidas por semana de estudo mais trabalho. Não recomendo isso para todo mundo. No meu caso era radical, porque eu não via outra saída para mudar uma situação financeira que encarava como inaceitável. Então, em outras palavras, estudava como se minha vida dependesse disso.”
Confira nossa entrevista com Bruno Luiz Rezende Mileno, aprovado em 2º lugar no concurso TJ-SP para o cargo de Escrevente Técnico Judiciário em Santo André/SP:
Estratégia Concursos: Olá! Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Bruno Mileno: Bom dia! Sou Bruno Mileno, tenho 31 anos, carioca, formado em engenharia de produção.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Bruno: Diferentemente do que eu acredito ser a maior parte dos concurseiros, eu nunca tive sonho de ser funcionário público naturalmente. Eu queria ter uma posição de destaque em uma grande instituição financeira. Eu me formei no final de 2014 e em seguida arrumei emprego num banco no início de 2015. Até aí, indo de acordo com o que eu tinha de planos. Entretanto, 1 ano após trabalhar na instituição eu constatei que as perspectivas de crescimento de carreira, tanto na instituição, quanto no mercado em geral, seriam muito adversas para mim. Não havia oportunidades, o período era de crise e demissões frequentes. Eu venho de família humilde, tinha um salário muito baixo e imensa vontade de sair da condição financeira que eu estava. Então, dado que eu não iria sair dessa situação trabalhando para o banco, eu precisaria encontrar outra solução. Eu acreditei que o concurso público seria essa solução para mudança de vida. Acredito que ainda é a solução para muita gente.
Estratégia: Por que a área judiciária? Você tinha alguém na família que o inspirou? O que te fez estudar para esse concurso?
Bruno: Eu comecei estudando para auditor fiscal. Entretanto, após um ano de estudos, as perspectivas não eram animadoras de abertura de concursos fiscais:
https://oglobo.globo.com/brasil/ministro-interino-diz-que-nao-havera-concursos-publicos-ate-2018-19460810
Eu tomei conhecimento do concurso quando ele saiu na mídia, pois chamou atenção pela quantidade de vagas (numericamente são muitas), e eu observei que mais de 60% da ementa eu já tinha conhecimento, como direito adm, direito constitucional, português, raciocínio lógico, atualidades e TI. Só precisaria focar em matérias de Direito que não sabia (vale comentar, que nem sabia o que um Escrevente fazia, rsrs). Já tinha se passado mais de 1 ano que eu queria sair do meu emprego do banco, então eu estava topando qualquer coisa para ir embora de lá. Pela carga de trabalho, eu ganharia cerca de 1 hora a mais por dia para continuar estudando para fiscal em comparação com o banco, além de que o salário é razoável. O concurso parecia ser um bom trampolim.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Bruno: Não tive a oportunidade de só estudar. Meu sustento vinha do salário.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Bruno: Depois do TJSP, fui aprovado como técnico judiciário também no TST, como Engenheiro na Petrobrás e engenheiro na Transpetro. Entre as primeiras posições, me destaquei na Transpetro (9° lugar AC) e TJSP (2° lugar AC). O cargo que me encontro hoje é de Engenheiro de Produção da Petrobrás.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Bruno: Eu era radical. 30 horas líquidas por semana de estudo mais trabalho. Não recomendo isso para todo mundo. No meu caso era radical, porque eu não via outra saída para mudar uma situação financeira que encarava como inaceitável. Então, em outras palavras, estudava como se minha vida dependesse disso.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Bruno: Hoje eu sou casado. Inclusive só conheci minha esposa porque nos cruzamos no fórum do TJSP – a estratégia do concurso trampolim funcionou melhor que o esperado, rsrs.
Entretanto na época era solteiro e sem namorada. Eu morava sozinho e tive pouco apoio familiar. Acho que isso também ajudou para que o sistema radical funcionasse.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Bruno: Eu acho que a margem de escolha na vida é bem reduzida. Eu não escolhi ser Escrevente por 8 meses em Santo André, foi a oportunidade que apareceu para me tirar do Banco. Eu tinha escolhido carreira de auditor e antes disso, na iniciativa privada. Na sequência, eu não escolhi o concurso do TST, mas agarrei a oportunidade, pois me daria maior margem ainda para focar para auditor se passasse nesse concurso, ainda mais margem do que o TJSP. Posteriormente, abriu concurso para Engenharia de Produção na Petrobrás, que seria uma oportunidade na minha cidade, na minha área de formação e com salário que eu buscava. Isso não significa sair atirando para todo lado. Só fui começar a fazer concursos após ter feito uma boa base de preparação para fiscal, que foi cerca de 1 ano após começar a estudar.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Bruno: 3 Meses. Mas o tempo total de estudo até chegar no concurso fim foram 2,5 anos.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Bruno: Não acredito que seja possível começar a estudar após o lançamento do edital e ser aprovado nos dias de hoje. De 2015 em diante a oferta de concursos diminuiu muito. A competição é muito grande. Só é possível estudar após o lançamento do edital se já houver uma grande base de preparação, fruto de estudo anterior.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Bruno: Acredito que a maioria dos concurseiros já conhecem o Estratégia Concursos. Já assisti vários vídeos dos professores de carreira fiscal e do próprio Ricardo Vale. O curso possui excelente conteúdo.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Bruno: Eu usei tudo, rsrs, até para descobrir o que funciona melhor comigo. O curso PDF é a base, entretanto, é fundamental ser complementado com leitura de lei e site de questões. Mas já fiz de tudo: quando a constituição era uma leitura inédita para mim, eu ia correr ouvindo o artigo 5°. Para concurso de técnico, eu não recomendaria livros, porque vão desfocar demais. Videoaula para mim serviu melhor no início do aprendizado de uma matéria, porque é boa para contato inicial, mas a absorção maior se dá pelo PDF. Por fim, consiga simulados quando abrir o edital e faça o máximo que puder, pois ir bem em um simulado é o melhor indicador de que a aprovação está próxima.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Bruno: Fazia um cronograma de estudos por ciclos e alternava as matérias. É necessário revisar o conteúdo constantemente. Entre os concurseiros é bem difundida a regra 24, 7, 30. Após aprender algo novo é necessário revisar em 24 horas, depois em 7 dias e depois em 30 dias para decorar definitivamente. Um bom planejamento ajuda a guiar nas revisões e ver como está o andamento das matérias do edital. Resumos são importantes quando se já possui experiência na matéria. Conforme vai estudando, o que se tem de novidade para aprender vai acabando, daí o tempo em revisão aumenta. O resumo ajuda a fazer a revisão mais rápido. Exercícios são a melhor forma de ver se aprendeu o conteúdo: faça um pouco todo dia de estudo.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Bruno: Não para o TJSP, mas tive para contabilidade estudando para auditor. Quanto mais dificuldade há na disciplina, maior o espaço que ela deve ter no cronograma de estudos.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Bruno: Após acabar o edital, fiz e corrigi todas as provas antigas, indo da mais velha para a mais nova. Isso é importante para se acostumar com a banca, verificar se há algum padrão na prova, gerenciar o tempo de prova. Até marcação no cartão resposta eu simulei. Disso, tive a ideia de comprar uma caneta mais grossa que a tradicional. Testei e percebi que economizava cerca de 1 segundo para marcar cada questão. Parece pouco, mas 1 segundo em cada questão soma 1 minuto e 40 segundos a mais na prova do TJSP. Como o tempo de prova é muito apertado, cada economia de tempo é preciosa. Na véspera da prova eu gosto de ver meu resumo total que vou montando ao longo do concurso que presto. Elaboro conteúdo suficiente para umas 6 horas de revisão, então vou relaxar após concluir essa revisão.
Estratégia: Como foi sua preparação para a prova prática? O que você aconselha?
Bruno: No caso do TJSP houve a prova prática de digitação. É necessário treinar com simuladores pela internet. Há programas gratuitos que fazem a correção de texto. Entretanto, creio que só vale a pena começar após a primeira fase. Os simulados práticos servem para ver como está a performance e o gerenciamento do tempo.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Bruno: Erros:
1)Não parcelar questões das aulas. Ao aprender nova matéria, parcele questões para as revisões do dia seguinte, da semana seguinte e mês seguinte, pois facilita a memorização.
2)Assistir mais videoaulas do que fazer PDF. Descobri que meu aprendizado por videoaula é mais lento do que por PDF, e nos primeiros meses, eu assistia muito videoaula.
Acertos:
1)Flexibilidade para mudar de concurso: o concurso que comecei a estudar era auditor da receita federal e comecei a estudar em abril/2016. Se não tivesse tido flexibilidade para trocar de concurso, ainda estaria aguardando.
2)Organização: definição de metas de horas de estudo por semana para tentar atingir o cronograma planejado é fundamental para medir o avanço, assim como questões são importantes para medir o quanto se aprendeu.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, o que te motivou a seguir em frente?
Bruno: Houve alguns momentos: um dia em 2016 o ministro do planejamento do Governo Temer, Dyogo Oliveira, afirmou que não haveria concursos até 2018 e me deixou bem desanimado na ocasião. Em outra ocasião, não teve nenhuma notícia especial, mas ao chegar em casa, após 1 ano estudando e não haver notícia de abertura de concurso nenhum, por vários meses, sendo que eu só estudava quando não estava trabalhando, me deixou bem triste.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Bruno: Eu demorei para acreditar. Não imaginava que ia ficar em segundo lugar num concurso tão concorrido.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Bruno: Estudar para concurso é algo extremamente pesado e difícil. Entretanto, é o meio pelo qual eu acredito que seja possível mudar de vida, principalmente para quem tem origem humilde e encontra pouca oportunidade na iniciativa privada. Mudou a minha. Mas pense bem antes de começar, porque uma vez começado, se desistir, o tempo empregado será perdido.
Para aqueles que já estudam há mais tempo e estão lutando por aprovação, gostaria de dividir as palavras:
Independente da peculiaridade da vida de cada um, não são poucas as dificuldades que nós (concurseiros) enfrentamos. Entretanto, estou convencido que o mais importante é não desistir. Não desista. Se ficar muito difícil e tiver que chorar, chore e continue.
