Aprovada em 2º lugar no concurso SEFAZ CE no cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual
“Se decidirem estudar para concurso, decidam com convicção. Se conheçam, saibam o que funciona para vocês. Tudo é parte do processo”
Confira nossa entrevista com Beatriz Boscardini Bastos, aprovada em 2º lugar no concurso SEFAZ CE no cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual:
Estratégia Concursos: De onde você é? Qual é sua idade? E sua formação?
Beatriz Boscardini Bastos: Sou do Rio de Janeiro, capital, e nunca morei fora daqui. Tenho 28 anos e sou formada em Direito.
Estratégia: Você chegou a trabalhar na sua profissão? O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Beatriz: Estagiei na área de Direito por um ano. Foi um período em que até cogitei seguir a carreira, em parte por ter me amedrontado com a ideia de encarar um concurso público. Acreditava ser algo inatingível pra mim. Mas, de qualquer forma, a ideia inicial, quando entrei na faculdade, já era o concurso na área fiscal, inspirada pela minha mãe (fiscal de transportes aposentada). Após ter me frustrado na iniciativa privada, encarei o desafio de começar a estudar. Saí do estágio em 27/12/14 e iniciei minha primeira turma básica fiscal em 14/1/15.
Estratégia: Como foi a escolha pela área fiscal? O que pesou mais para você quando teve que definir esse foco de estudo?
Beatriz: Seria hipocrisia da minha parte negar a parcela de motivação que vem da remuneração e com o regime de trabalho mais flexível, de modo geral. Mas tão logo eu busquei saber sobre as atribuições e comecei a compreender a rotina do fiscal, eu me apaixonei pela ideia de poder fazer a diferença em alguma medida.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Beatriz: Quando comecei, em 2015, ainda não estava formada, então conciliava os estudos para concurso com a faculdade. Entre janeiro e junho de 2017, eu praticamente parei os estudos para concurso para estudar para OAB e concluir minha monografia. Em maio de 2017, tomei posse no TCMRJ e, desde então, concilio trabalho com estudos.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Beatriz: Aprovada fora das vagas na SEFAZ-RS, 40ª, e em ISS Campinas, 16ª. Aprovada dentro das vagas na CGMRJ, 3ª, TCMRJ, 8ª, SEFAZ-CE, 2ª, sendo este o último.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Beatriz: Sim, mantive a constância nos estudos desde meados de 2016,quando saiu o edital do TCMRJ. Sempre tentando manter algum equilíbrio, conciliando estudos com lazer, descanso, tempo com a família e meus projetos pessoais.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Beatriz: Conheci o Estratégia antes mesmo de engatar nos estudos. Eu cheguei a adquirir materiais em 2013 ou 2014, na expectativa de começar a estudar, mas não dei prosseguimento. Mas já guardei a referência de que era um material bem interessante, e que com o tempo foi se aperfeiçoando mais ainda.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? O que funcionava melhor para você? Videoaulas, PDFs, livros?
Beatriz: Usei de tudo um pouco: vídeos gratuitos ou de plataformas, materiais em PDF, sites de questões, simulados gratuitos, pacotes de simulados, cursos de discursivas, resumos prontos e os que eu mesma elaborei, Google, contato com professores por fóruns e WhatsApp para tirar dúvidas. Tudo funciona se você souber se organizar. A mente cansa de um mesmo estímulo por muito tempo, então eu sempre tentava variar. Costumo dizer que faço “rodízio de culturas” nos meus estudos.
Estratégia: Quantas horas por dia costumava estudar?
Beatriz: Essa pergunta… (risos). Não sei, de verdade. Mas usava todo o meu tempo livre, e ainda inventava tempo. Acordava mais cedo, dormia mais tarde. Só parava para cumprir minhas obrigações no trabalho e dentro de casa, ou quando o corpo simplesmente não aguentava mais. Nesse último caso, eu tentava tirar cochilos curtos para recuperar as energias, ou fazia uma pausa para comer ou molhar as plantas.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso?
Beatriz: O meu estudo foi bem gradual. Eu fui agregando conhecimento aos poucos. Para o TCM, construía base em administrativo e constitucional, RLM e matemática financeira, português e AFO. Depois, pouco antes do edital do Rio Grande do Sul, estava construindo a base nos direitos privados, em penal e tive meu primeiro contato com TI. O meu ganho nessas matérias naquele pós edital foi muito grande. Por fim, eu fui incluindo micro e macro economia e estatística, e no pós edital do Ceará tive meu primeiro contato com economia brasileira e internacional, sociologia do direito e meu primeiro estudo consistente de administração geral e pública.
Como eu comentei acima, eu usava diversos estímulos de estudo, inclusive resumos para revisar. Cada matéria é uma matéria, e, como minha construção foi gradual, nas matérias que estava mais avançada focava mais em questões e nas matérias que estava tendo um contato mais inicial foquei mais nos PDFs e vídeos. Também usava vídeos para matérias que tinha mais dificuldade.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Beatriz: Estudei a teoria por diversas fontes e fiz baterias de questões nas economias e nas administrações. Também vi muitos e muitos vídeos.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Beatriz: Sou casada, e meu marido está na luta comigo. Ele é meu parceiro de responsabilização. Não me deixa sucumbir e a recíproca é verdadeira. O fato de estarmos na mesma batida facilita muito a caminhada. Além disso, nossos familiares e amigos respeitam nossa escolha de estudar (e isso é essencial). Contudo, há os momentos em que se impor e necessário. Mesmo que as pessoas sejam compreensivas, é normal que não sejam compreensivas 100% do tempo. E é nesse momento que é essencial você saber suas prioridades. No fim do dia, cabe a você escolher o que priorizar. Qualquer que seja a decisão, tenha claros os seus motivos e tome-a com convicção.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Beatriz: Como é um projeto de médio e longo prazo, eu tentei manter o equilíbrio em certa medida. Todo fim de semana visitava (e continuo visitando) meus pais, e não deixei de sair um sábado à noite sequer com meu marido. Descansar também faz parte do processo. No pós edital, embora tenha restringido um pouco o tempo desses descansos, não abdiquei deles. A diferença é que no pré edital eu me permitia ter um pouco mais de vida social, mas sempre priorizando os estudos. A energia flui para onde o foco vai. Foque.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Beatriz: Isso é um pouco relativo. Eu mesma desviei de área quando prestei o concurso para o TCM, mas depois aproveitei quase todas as matérias para a área fiscal. Assim, penso que se houver uma coincidência grande de matérias do concurso que pretende fazer com os que aparecerem no meio do caminho, com certeza vale a pena.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovada?
Beatriz: Difícil dizer. Tudo o que fiz na trajetória de estudos me levou para a aprovação. Mas eu só decidi fazer a SEFAZ Ceará especificamente na semana que saiu o edital. Só comecei a estudar especificamente para esse concurso no pós edital mesmo.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Beatriz: Sendo muito sincera? Orgulho. Orgulho do meu processo e da minha história. Orgulho da minha conquista. Recompensa por todo o esforço. E muita felicidade!
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Beatriz: Na semana da véspera eu estava exausta. Meus estudos rendiam menos. Usei a última semana para revisar todas as minhas anotações e meus resumos finais de todas as matérias. Também li minhas marcações na lei.
No dia de véspera da prova eu só dormi e fui passear no shopping. Ficar revisando me deixaria cansada e poderia me deixar insegura em relação a algum ponto deficiente da matéria, então preferi só relaxar a mente mesmo.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Beatriz: Toda semana eu fazia entre 3 e 5 discursivas para treinar, exceto nas duas últimas semanas, que foquei mais nas deficiências que tinha nas matérias da objetiva.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Beatriz: Como a minha caminhada, como um todo, foi longa, é difícil pontuar os erros. Penso que tudo fez parte do processo. Mas sei que em alguns momentos me precipitei. Por exemplo, tentei pegar estatística no começo dos meus estudos, o que me fez desistir de estudar por um tempo. Também fiquei um período só estudando teoria, sem fazer questões, o que prejudicou um pouco a assimilação do conteúdo, e me gerou um retrabalho no sentido de ter que rever todo o conteúdo teórico quando tentei começar a fazer questões e simplesmente empaquei.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Beatriz: Tive minhas desistências e oscilações no começo, mas depois de um tempo estudando é quase automático você chegar em casa e sentar na cadeira para estudar. Então você não pensa muito, só vai lá e faz. Mas o que mais fez diferença para mim foi ter meu parceiro de responsabilização ao longo da trajetória. Hoje ele e meu marido, mas no começo de tudo éramos só amigos. Aliás, o estudo nos aproximou. Vi que queria ele como parceiro não só nos estudos, mas na vida.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Beatriz: Por mais óbvio que pareça, ser fiscal. Com todo o combo. Pela rotina, salário, atribuições, visibilidade, poder de fazer a diferença e prestígio. Ser fiscal virou um sonho. Quem é que reclama de ter a oportunidade de correr atrás de um sonho? Cansada eu fiquei. Muito. Mas a motivação sempre esteve comigo.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Beatriz: Bom, acho que já disse algumas das coisas mais importantes para mim ao longo da entrevista, então vou recorrer a grande homens para me ajudar. Esses grandes homens, aliás, estão em quadros pendurados na minha parede e todos os dias eles me dizem:
“Só tem sucesso quem se dispõe a preço de transformar seu sonho em realidade” (Silvio Santos)
“Saiba que são suas decisões e não suas condições que determinam o seu destino” (Tony Robbins)
Amigos, saibam o porquê. O porquê de estarem dizendo os “nãos” para a família e para os amigos, o porquê de deixarem de ver os programas de que gostam na TV, o porquê de terem uma rotina regrada. Os primeiros “nãos” são os mais difíceis, mas com o tempo acostuma.
Então, a minha dica é: se decidirem estudar para concurso, decidam com convicção. Se conheçam, saibam o que funciona para vocês. Tudo é parte do processo. E busquem ajuda: de professores, orientadores, da família e, se possível, do pessoal do trabalho. A empatia tem poder. Boa sorte!