Aprovado em 1° lugar no concurso TSE Unificado (TRE-RJ) para o cargo de Analista Judiciário - Área Administrativa
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“[…] concurso público não é algo distante, mas está ao alcance de todos que têm à disposição e a disciplina de fazer o que precisa ser feito, confiante de que a aprovação será uma consequência natural desse esforço”
Confira nossa entrevista com Emanuel Gustavo Ribeiro, aprovado em 1° lugar no concurso TSE Unificado (TRE-RJ) para o cargo de Analista Judiciário – Área Administrativa:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Emanuel Gustavo Ribeiro: Oi! Eu me chamo Emanuel, mas podem me chamar de Manu. Sou natural do Rio de Janeiro, tenho 32 anos e sou formado em administração de empresas.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Manu: Muitos têm o medo da insegurança de trabalhar na iniciativa privada e o desejo de proporcionar uma vida melhor para os seus familiares, e comigo não foi diferente. Percebi logo depois de concluir o ensino médio que estar em um emprego ou cargo público seria a melhor forma de resolver esse dilema e, especialmente no meu caso, conseguir fugir do aluguel e dar para minha mãe a casa própria que nunca tivemos (parece sonho de jogador de futebol, né? Rsrs). E conseguimos!
Graças à minha primeira aprovação na Caixa Econômica Federal em 2012, aos 19 anos, pude juntar um pouco de dinheiro, ter um teto para chamar de nosso, e não me preocupar em ser demitido.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Manu: Trabalho e estudo (acho que nem depois da posse eu paro de estudar rsrs). Como bancário, tenho uma certa flexibilidade de horário e jornada de 6 horas, o que me permite estudar durante o resto do dia após praticar uma atividade física.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Manu: Com o adiamento do TSE, em 2023, aproveitei grande parte do conteúdo previamente estudado e reajustei meus estudos para a prova do TRT-12, que ocorreu no fim de 2023. Consegui ficar em 78º lugar do cadastro de reserva para o cargo de Técnico Judiciário, com boas chances de nomeação. Logo depois, veio o Concurso Nacional Unificado — CNU — com 900 cargos para Auditor Fiscal do Trabalho (AFT), e eu decidi que seria uma oportunidade de conciliar o que aprendi sobre direito do trabalho. O resultado ainda não saiu até o dia dessa entrevista, mas os rankings oficiosos indicam ótimas perspectivas de nomeação. E, para finalizar, recebi este mês o resultado do TSE Unificado, que encerra todo um ciclo de preparação: consegui ficar em 7º lugar para técnico judiciário do TRE-SP, e em 1º lugar para Analista Judiciário — Área Administrativa — do TRE-RJ!
(Quero abrir um breve parêntese para dizer que também tive várias reprovações, dentre as quais cito Finep, IPEA, STJ, e o próprio TRT-12, para o cargo de analista. É muito importante reconhecê-las como parte da nossa preparação).
Sobre continuar estudando, tenho planos de continuar estudando para ser professor e poder ajudar outros concursandos que, assim como eu, terão a oportunidade de transformar as suas vidas e a de suas famílias por meio de um cargo ou emprego público. Eu acredito demais nisso.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Manu: Eu sempre fui aquela criança que deixa o bife por último no prato. Em bom português, começo pelo mais difícil, sabendo que o melhor está guardado para o final.
Gosto de sair com os amigos num final de semana, comer fora, assistir a uma série, quem não gosta? Mas também sei a importância de saber adiar recompensas e pequenos prazeres temporariamente em prol de algo maior. Pode parecer contraditório, porque algumas matérias são legais de se estudar; mas, em regra, a rotina de estudos para concursos é desgastante. Então, se é para “sofrer” um pouco, que seja de uma vez, para que o bife da aprovação chegue logo.
Apesar de tudo, não somos uma máquina. Não deixei de ter momentos de lazer completamente, mas passei a sair numa frequência muito menor, normalmente como uma forma de descompressão dos estudos. Penso que o bom senso e uma análise sincera de como estamos nos estudos são ótimos termômetros para indicar com que frequência podemos chutar um pouco o balde. Quanto às séries de TV, parei de vez, e não me arrependo (os 900 episódios de One Piece não vão a lugar algum).
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Manu: Solteiro no Rio de J- (brincadeira, viu amor? rsrs). História engraçada: comecei a namorar uma concursanda por meio dos estudos! Mas essa eu conto em outra entrevista, pode ser?! E foi ótimo, porque sabemos o que está envolvido nos estudos.
Já a minha mãe foi uma verdadeira parceira, apesar de não saber exatamente o que eu estava estudando, sempre se certificava que eu teria o suporte necessário.
Sei que nem todos vão poder contar com essa rede de apoio, mas dentro do possível, ter uma conversa franca e aberta pode ajudar bastante a estabelecer limites e consensos.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Manu: Estudando para tribunais desde fevereiro de 2023, arrisco dizer que foi por 1 ano e uns 8 meses até o TSE (quem é de tribunais sabe que não somos bons em fazer contas, então me deem um desconto! Rsrs).
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação? (Aulas presenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens?)
Manu: Eu comecei com os PDFs e vídeoaulas do Estratégia. No começo (os primeiros 7 meses), eu repeti o que fiz para o concurso da Caixa: anotava tudo. Reconheço que não foi a estratégia mais eficiente, mas foi (sabe aquilo de “o feito ser melhor do que o perfeito”?). Às vezes, a gente se prende a técnicas elaboradas que até podem tornar o estudo mais produtivo, mas tem que funcionar com a gente. Mas, ao mesmo tempo, é importante estar aberto ao novo antes de descartar completamente e falar “flashcards não sao pra mim”, ou “só aprendo com videoaulas”.
De toda forma, estudava as aulas majoritariamente por meio dos pdfs e resumos no caderno, e quando ia a lugares em que precisaria dividir a atenção (academia, ida ao trabalho, compras no mercado) ouvia as videoaulas. O que eu buscava era sempre estar em contato com as matérias do edital de alguma forma. Em algumas matérias específicas, mesmo no horário de estudo, recorria a videoaulas. Cito, por exemplo, língua portuguesa: as videoaulas da professora Adriana Figueiredo simplesmente me tiraram da lama.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Manu: Pesquisando nos sites e fóruns especializados, o Estratégia foi unanimidade.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Manu: Quando decidi voltar a estudar, procurei realmente investir naquilo que poderia ser o material mais completo possível, evitando frustrações ao longo da preparação, que já seria árdua por si só. Então optei pela referência no mercado.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Manu: A qualidade do time de professores como um todo é muito boa. Muitas vezes, conhecemos alguns professores muito bons entre um e outro curso preparatório, mas o Estratégia consegue ter ótimos professores em cada disciplina. O fórum de dúvidas também é ótimo, cheguei a usar diversas vezes no pós-edital do CNU.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos? (Estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Quantas horas líquidas estudava por dia?)
Manu: Inicialmente, usei a própria trilha do Estratégia para montar a minha grade de estudos. Quando o planejamento da Trilha chegou ao fim, eu já tinha entendido a importância de estudar as matérias alternadamente a fim de não esquecê-las e de revisá-las constantemente para fixar aquele conteúdo na minha memória de longo prazo. A partir disso, criei o meu próprio ciclo de estudos com isso em mente.
Eu não cronometrava as horas líquidas, mas vou chutar umas 5 horas durante a semana, e umas 8 nos sábados e domingos, sem considerar o tempo das videoaulas quando ficavam em segundo plano.
Estratégia: Como fazia suas revisões? (Costumava fazer resumos, simulados ou algo mais?)
Manu: Eu relia os resumos que fazia no caderno, e fazia um simulado por semana quando estava mais próximo da prova. Eu tentava não ver os simulados como um espelho exato de como o meu desempenho estava naquele momento. Em vez disso, eu via como uma oportunidade de cercar ainda mais o universo de assuntos sobre os quais ainda não sabia e como uma mini-revisão otimizada de todas as matérias daquele concurso de uma vez só. Enxergar os simulados dessa forma me ajudou a controlar a ansiedade e a ver os erros como uma oportunidade de não ser surpreendido no dia da prova.
Mas eu preciso ser franco e dizer que, quando combinava de fazer um simulado com o meu amigo Pierri Rodrigues (pesquisem aí pelo 1º lugar do TJSC!), eu queria estar à altura de alguém tão bom quanto ele (essa é a minha forma de dizer que rolava uma competição saudável da minha parte rsrs). E foram todas excelentes oportunidades de trocar figurinhas com uma das pessoas mais inteligentes e determinadas que já conheci.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Manu: Se eu pudesse voltar no tempo, teria feito muito mais questões. A verdade é que tinha medo de me colocar à prova (literalmente) e perceber que todo aquele esforço de estudar a teoria não estava se pagando. Mas é justamente por meio das questões que você vai ser avaliado no grande dia.
Vejo pelo menos 3 bons motivos para fazer questões: 1) saber de quais formas a banca do seu concurso explora determinado assunto; 2) verificar se o estudo teórico dos pdfs foi realmente compreendido por você; e 3) é uma forma muito eficiente de revisar a matéria de forma ativa, já que a questão te força a buscar o conhecimento na sua mente, o que ajuda a fixar mais do que com a mera leitura. Como se não fosse o bastante, muitas bancas repetem muitas questões, mudando superficialmente algumas coisas (às vezes, nada).
Quanto ao número de questões, uma conta de padaria: chuto pelo menos umas 6 mil questões, chutando por baixo. Mas eu não me prenderia a números, apenas me concentraria em ir fazendo baterias de 20 a 30 questões sobre um assunto por sessão de questões, para não ficar muito cansativo.
E vale a pena parar para estudar cada questão que você errou ou marcou com dúvida, se possível preparar um “caderno de erros” para revisar essas questões sempre que possível. Chega uma hora que não erra mais.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Manu: Acho que AFO tem um começo bem difícil, mas é uma disciplina que se você não desistir depois da oitava surra (cabalístico, rsrs), aprende a gostar. É aquele tipo de matéria que você luta por ela, fica bom, e se diferencia da concorrência. Felizmente, a Gabi e o Ravyelle mastigam a antiga Lei 4320, a LRF, o MCASP e até o MTO pra gente na medida certa do que precisamos.
Lembrar que a dificuldade que você está tendo é provavelmente a mesma dos demais pode dar a motivação para superá-la!
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Manu: Na semana da prova, eu intensifico as horas de estudo e abro mão de alguns dias de academia e atividades adiáveis. É aquele tiro curto para aparar as arestas, ler as “leis secas”, regimentos e memorizar prazos. Os vídeos do Estratégia de “Reta Final” são vídeos com resoluções de questões da banca comentadas pelos professores e revisões específicas por assunto, que auxiliam naquelas matérias em que a gente não está tão bem ou precisa fazer uma revisão geral.
Também procuro ajustar meu sono na última semana para a ansiedade natural não acabar de vez com o sono da véspera, que já tende a não ser muito bom. E, na véspera, por mais que eu diga que vou parar de estudar tudo até a hora do almoço, eu acabo olhando até a noite a revisão de véspera do Estratégia (não olho todas as disciplinas, apenas aquelas em que estou com mais dificuldade). Mas é algo muito pessoal, tem muita gente que sequer estuda na véspera e tem excelentes resultados.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Manu: Recomendo estudar redação em duas etapas: a estrutural e a temática. É importante dominar a estrutura dos parágrafos de introdução, desenvolvimento e conclusão de uma forma bem amarrada, sem muito espaço para inovar. “Pensar no examinador cansado”, como diria a Adriana Figueiredo, rsrs. Ele vai ter centenas de provas para corrigir e não é obrigado a interpretar o que queremos dizer se um trecho não ficou muito claro, muito menos uma grafia ilegível. Vale a pena assistir a algumas aulas sobre isso.
Quanto à parte temática, é importante ter repertório — os argumentos de autoridade — para demonstrar conhecimento sobre o que está sendo exigido. Se possível, contratar um bom professor para corrigir as suas redações como se fosse a banca no dia da prova. A discursiva tem feito toda a diferença nas classificações finais.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Manu: Sem dúvidas, meu maior erro foi não resolver muitas questões desde o começo da preparação. Além disso, também caí na besteira de achar que “escrevo bem” e que não precisava dar tanta atenção para a redação.
Com relação aos acertos, além da constância nos estudos durante a maior parte da preparação, eu destaco a atenção dada à parte teórica das disciplinas. Conheço alguns amigos que pulam essa parte e começam com questões sem terem uma base teórica razoável. Considero precipitado, pois as bancas podem trazer uma questão inédita ou abordar o assunto de uma maneira diferente, e é o tipo de questão que faz muita diferença numa prova competitiva. Conhecer a teoria pode te blindar contra essas questões e te render valiosos pontos na prova.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Manu: Não cheguei a pensar em desistir. Acho que uma forma de evitar isso é saber escolher bem o nicho de concursos (no meu caso: tribunais), comparando as disciplinas que serão estudadas com as próprias forças e fraquezas. Explico: se eu decidisse estudar, pelo menos de início, para carreira fiscal, provavelmente me frustraria, já que tenho muita dificuldade com exatas.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Manu: Eu diria para não “atropelar” o estudo da teoria. Eu sei como é tentador olhar a quantidade de aulas que faltam, aquele edital infinito, e querer passar de modo superficial pelas disciplinas. O estudo é cumulativo, e vai fazendo sentido com tempo e repetição. Existem técnicas para ganhar um pouco de agilidade, mas não existem milagres. Aliás, diria para desconfiar de métodos revolucionários, porque o que vai te aprovar é a construção constante do conhecimento e de um estudo direcionado, com um material bom, objetivo e completo.
Também diria para criar interesse pela matéria, ir percebendo o porquê de a lei ter sido escrita do jeito que foi, em que contexto ocorreu, com qual finalidade, sob qual pretexto por exemplo. Eu diria para se colocar no lugar do examinador ao se deparar com uma questão mais elaborada, tentando entender qual conhecimento ele está tentando avaliar. Saiba que haverá questões mal feitas também e, nesses casos, o melhor a se fazer é ir para a próxima.
Também diria que você não precisa ser um gênio para ser um analista judiciário ou um Auditor Fiscal do Trabalho, e que o esforço nos concursos sempre vai ser mais importante do que o talento inato. Eu diria que não há um único jeito de ser aprovado e que o maior requisito é a constância dos estudos.
Por fim, eu diria que concurso público não é algo distante, mas está ao alcance de todos que têm à disposição e a disciplina de fazer o que precisa ser feito, confiante de que a aprovação será uma consequência natural desse esforço.