Aprovada no concurso TRF-5
Deixe de ouvir tanto a opinião alheia e foque no seu interior. Analise suas fraquezas e fortalezas e observe as oportunidades, que você chegará lá. Só não deixe de tentar.
Confira nossa entrevista com Rebeca Kramer, aprovada em 5º lugar no concurso TRF-5 para o cargo de Técnico Judiciário:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Rebeca Kramer: Olá! Meu nome é Rebeca Kramer, natural e residente em Recife/PE, graduada em jornalismo, com graduação em andamento em direito, e mestre e doutoranda em antropologia. Tenho 31 anos de idade.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Rebeca: Perto de me formar, em 2011, comecei a repensar as expectativas financeiras que eu poderia ter dentro da área de comunicação social. Na época, um amigo muito próximo me influenciou no sentido de começar a estudar para concursos, haja vista que ele já era concursado, e permanecia estudando para outros concursos. Foram essas duas razões que me conduziram a estudar para concursos: a busca por uma boa remuneração, e a observância na prática, de uma pessoa mostrando como aquele objetivo era passível de ser alcançado por pessoas comuns, como eu e ele.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Rebeca: Comecei a estudar para concursos exatamente em 2012, inicialmente para as carreiras de tribunais e Ministério Público de Pernambuco. Sempre fui muito otimista, então todas as provas que eu fazia, ia pensando no sucesso que obteria. Obviamente, fiz muitos concursos em que não fui aprovada, mas, por me dedicar muito, acabava ao menos me classificando.
Recife/PE tem muitos concurseiros profissionais, ao mesmo tempo em que não costuma nomear tantas pessoas, em comparação com polos como Brasília ou São Paulo. Em 2013, fiz o concurso para analista administrativo do Ministério da Fazenda, ficando em 8º lugar na ampla concorrência, e sendo nomeada em setembro de 2014. Foi aí quando ingressei no serviço público federal. No entanto, sempre pensando de forma otimista e tendo sempre o apoio do meu companheiro, persisti nos estudos, mesmo trabalhando oito horas e fazendo o mestrado simultaneamente. O ano de 2017 foi bastante generoso em termos de concursos. Fiz Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça (que me lembro agora) e, por derradeiro, o TRF 5 para o cargo de técnico e de analista área administrativa.
Para técnico, fiquei em 5º lugar na ampla concorrência, e, quanto à analista, a prova subjetiva apenas seria corrigida até a posição 80 e a minha havia sido a 89ª. Fui nomeada e empossada para técnico em novembro de 2019; todo esse tempo depois por conta das restrições de gastos com pessoal na administração.
Acredito que você precisa encontrar alguma razão para se motivar diariamente, e cada um é sabe qual motivação é essa no seu íntimo. Para além de estar em busca de ganhar uma melhor remuneração, o desejo de sair do Ministério da Fazenda era grande, em especial, por integrar o Poder Executivo, o que, para mim, tanto conferia insegurança como não contemplava os servidores com benefícios, como adicional de mestrado, gratificações, trabalhava oito horas, etc.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Rebeca: Quando fui aprovada no Ministério da Fazenda, fui lotada na PRFN 5ª Região (Procuradoria Regional da Fazenda Nacional da 5ª Região). Hoje, estou no TRF 5 (Tribunal Regional Federal da 5ª Região), ambos os concursos com lotação na capital, Recife, o que eu sempre levava em consideração ao fazer concursos: tinha que ser aqui, e não em outro Estado.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Rebeca: No caso do Ministério da Fazenda, prova realizada pela tradicional e, infelizmente, extinta ESAF, não achei que passaria, pois a prova estava muito difícil. Ao sair da sala, muitas pessoas contavam vantagens e diziam quais as respostas estavam corretas, etc. E tudo diferente do que eu tinha colocado. Da mesma forma, foi o dia da prova subjetiva, com muitas pessoas comentando como sabiam de tudo e eu com a percepção de que tinha errado toda a construção da prova discursiva, que versava sobre MASP (método de análise e solução de conflitos).
Chorei muito ao chegar em casa, frustrada com a prova, ao que meu companheiro sempre me tranquilizava, tentando me trazer para a realidade: que eu estudei e que não confiasse em comentários das pessoas, que isso era típico até mesmo em vestibular. Então, quando saiu o resultado da objetiva, eu havia ficado em 14º lugar! Nem acreditei. Ele me ajudou a organizar todas as notas nas planilhas e fizemos a projeção de quanto eu precisava tirar na redação para passar. Assim, consegui melhorar de posição após a correção da redação e ficar em 8º lugar para ampla concorrência. Como eram 5 vagas, eu sabia que ia ser chamada mais cedo ou mais tarde.
Toda essa trajetória foi servindo para adquirir macetes de prova e entender como funciona o jogo. Desenvolvi diversas estratégias de estudo, o que inclui mapas mentais e analogias com coisas bizarras para me lembrar dos prazos e dos temas dos conteúdos. Já peguei desenhos na internet para fazer montagens e colar na parede do meu quarto e, pela reiterada observação daquilo, acabava assimilando aquela imagética.
Quando a prova do TRF 5 foi se aproximando, veio aquele súbito de que eu tinha que ser aprovada a todo custo. Eu estudava dentro do carro quase todos os dias no horário do almoço e lembro que consegui tirar férias num pedaço desse período também. Foi dedicação total. Quer dizer, total entre aspas, porque a prova do TRF 5 ocorreu simultaneamente ao concurso para ingresso no doutorado em antropologia na UFPE, ao qual precisava me dedicar se quisesse passar (fiquei em 4º lugar). Bem, quando fiz a prova do TRF 5, tive a forte sensação de que tinha sido aprovada e foi engraçado, porque liguei para meu companheiro e exclamei: você está falando com a futura servidora do TRF 5!
Um diferencial que percebi foi saber bem direito financeiro, uma disciplina que poucos dominam, e a redação, embora aquela não tenha sido minha melhor redação. Enquanto esperava ser nomeada, procurava saber o andamento das nomeações, seja com conhecidos de dentro do Tribunal, seja ligando para o RH, ou acompanhando o Diario do TRF 5. Até que eu tive uma forte intuição de que seria nomeada muito em breve mesmo, e corri para fazer os exames requeridos. Quando saiu a nomeação, eu liguei para o RH, antes deles mesmos, dizendo que eu já tinha tudo e se podia ir naquele próprio dia tomar posse! Saí de um cargo de analista para um de técnico, mas, como falei, o Poder Judiciário ainda confere melhores remunerações e vantagens ao servidor.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Rebeca: Sempre fui muito caseira. Mas confesso que, quando saía, me sentia mal por não estar estudando. Chega a um ponto que se torna realmente doentia e obsessiva a ideia de passar em concurso. Ouso a dizer que a trajetória, sofrida, ao mesmo tempo, chega a ter seu prazer paradoxal.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Rebeca: Minha mãe, no início, questionou se eu estava certa de sair do emprego antigo, já que era um emprego que conferia certo status dentro de um Jornal. Porém, confiando em meu potencial, sabia que eu passaria em algum concurso e da mesma forma pensou meu pai. Não deixei de ter renda, porque ganhava bolsa do mestrado em antropologia.
Não tenho filhos e moro com meu companheiro, que sempre me apoiou muito, e, inclusive, sempre falou para eu fazer concursos, enquanto eu passava pelo período de negação, por trabalhar em um lugar tão legal como era o Jornal.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Rebeca: Faço faculdade de direito, hoje, vislumbrando carreiras na área jurídica, embora não tenha um sonho em especial. Não sou afeita a carreiras policiais, disso tenho certeza. Quanto às demais, a inclinação maior é por Procuradorias.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovada?
Rebeca: Todos dizem que passei em concurso muito rápido. O edital do Ministério da Fazenda foi de 2013 e eu fui nomeada em 2014, sendo que comecei a estudar pra concurso em 2012, com a restrição de que tinha que ser para Recife. Então, foi mesmo o tempo de esperar o concurso sair e o tempo pra nomear. A preparação em si sempre foi marcada por muita estratégia e otimização de tempo. No caso do TRF 5, aquele ano de 2017 foi um ano de uma bateria de concursos, o que talvez tenha me conferido certo treino para a batalha final.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Rebeca: No concurso do Ministério da Fazenda, estudei quando saiu o edital. Nunca tinha nem estudado noções de contabilidade, e outros assuntos, mas deu tempo. Acordava às 5h, muitas vezes, e ia dormir tarde. Uma adrenalina me consumia de tal forma, que tudo o que eu queria era passar.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Rebeca: Inicialmente, cursos presenciais para me ambientar sobre esse universo, o que acredito ser relevante, pois haverá mais elementos para se apreender. Já estudei também por PDFs e videoaulas (estes, com acelerador, mas, preferencialmente, quando via o assunto pela primeira vez, tendo em vista a economia temporal).
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Rebeca: Pelos grupinhos de amigos concurseiros. O Estratégia é um curso muito renomado, elogiado pelas inúmeras aprovações. Já fiz alguns cursos com o Estratégia e o material e as aulas em vídeo se completam, além de que os professores ficam disponíveis para tirar dúvidas.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Rebeca: Se eu já estudei aquela disciplina, apenas faço exercícios para relembrar. Se eu nunca estudei, vejo aulas em vídeo, pois há mais chances de apreensão do conteúdo pelo sentido da visão e da audição, combinadas com a leitura de um material em PDF adequado para a prova, que não extravase o conteúdo e, portanto, não me faça perder tempo.
Já cheguei a estudar o dia inteiro, nem sei dizer ao certo. Não se pode perder tempo com rede social, nem enrolar na internet. Ficar no computador não é estudar. Sempre estudo fazendo resumos, porque a atividade motora é outra propulsora do aprendizado. Não sou muito organizada, mas procurava estudar uma disciplina diferente a cada dia, de modo a meu cérebro não cansar vendo o mesmo assunto, e aquilo se tornar um fardo.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Rebeca: Sou muito ruim em matemática e em raciocínio lógico. Engraçado que no concurso do Ministério da Fazenda caiu até trigonometria, mas não é que eu fui bem na prova? Salvo engano, de 10, acertei 7. Olha, procurei focar nos assuntos que eu podia decorar uma fórmula e acertar, sem ter que refletir muito, pois as questões que não são muito preto no branco eu tendo a errar (nessas disciplinas de lógica e matemática).
Já o TRF 5 não cobrou essas matérias, ainda bem! E, daqui pra frente, não deverei enfrentar esse árduo desafio, haja vista que os concursos jurídicos não cobram praticamente essas disciplinas. O desafio, de agora em diante, é o extenso conteúdo dos editais jurídicos, bem como o número grande de disciplinas. Trabalhando em um tribunal e adquirindo experiência jurídica, como estou no momento, acredito que contribuirá tanto para as provas objetivas como para as discursivas. O TRF 5 é um lugar onde você consegue muitas oportunidades de aprendizado, se desejar.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Rebeca: Sempre reviso os resumos no dia antes da prova. Não acredito em descanso. Você sempre pode aprender alguma coisa pouco tempo antes da prova.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Rebeca: Sempre fui muito boa em redação, então o desafio maior mesmo são as discursivas que requerem um conhecimento específico, como foi o caso da prova do Ministério da Fazenda, que pedia para escrever sobre método de análise e solução de problemas. Na redação do TRF 5, foi algo assemelhado aos moldes do Enem. Atentar para usar um vocabulário adequado ao cargo a que se pretende concorrer. Também a pessoa tem que ter leitura e tem que ter praticado algumas vezes para ser rápido na prova, do contrário, corre o risco de deixá-la incompleta. Ah, e sempre faço rascunhos, mas realmente o tempo fica apertado.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Rebeca: Focar em concursos com disciplinas muito diferentes ou que eu tenha muita dificuldade, porque vou perder muito tempo para assimilar aquilo e ainda vai ser insuficiente, além de que ao estudar uma nova disciplina você não consegue, eventualmente, a profundidade necessária para a prova.
Sou muito focada, disciplinada, e tudo o que eu faço é com segurança, com autoestima. Mas, ao mesmo tempo, tem que ter noção e saber o que está ou não ao seu alcance. Não adianta querer mover montanhas, se você já sabe que não tem força para aquilo. O problema do ser humano é não se enxergar ou atribuir a culpa do seu fracasso a alguém ou a alguma circunstância.
Eu já ouvi de tudo: ah, mas em casa é muito barulhenta… Ora, então, por que não ir para uma biblioteca? Ah, mas eu tenho filhos… Ora, então por que não se dedicou mais quando ainda não tinha filhos? Pela minha experiência de realizar diversas atividades simultaneamente, cheguei à conclusão de que, a não ser que a pessoa seja muito pobre, seja uma vítima de violência ou tenha um trauma ou um sofrimento muito grande na vida, impedindo-a de estudar, o resto é racionalização de seu fracasso. É duro, mas é a verdade.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Rebeca: Nunca pensei em desistir. Há momentos de baixa, quando você fica um pouco desestimulado, mas faz parte. O negócio é encontrar motivação: poder prover um melhor sustento para família, ser reconhecido socialmente pelo alto cargo que ocupa, poder deixar a casa dos pais e ser dono de si, sair daquela empresa onde você sofre constantes assédios.
Pegue a foto do seu chefe atual e bote no papel de parede de seu computador para que, toda vez que você tiver preguiça, ao olhar aquela foto, a vontade de estudar seja restabelecida!!!
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Rebeca: Eu mesma. A vontade de me desafiar.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Rebeca: Eu não sou, nem nunca fui, uma pessoa superinteligente. Sempre fui aluna mediana. Porém, o esforço me faz suprir algumas das minhas deficiências cognitivas e isso acaba sendo o mais importante. Tampouco acredito em “escadinha” e que você será o da vez, após uma fila que está à sua frente ser nomeada. Balela. Tenho amigos que até hoje não passaram em algum concurso e outros que passaram de primeira. Então, deixe de ouvir tanto a opinião alheia e foque no seu interior. Analise suas fraquezas e fortalezas e observe as oportunidades, que você chegará lá. Só não deixe de tentar.