Aprovado no concurso do TRF-3
” Para superar a vontade de desistir eu sempre tive comigo a ideia de que se tem o momento de desistir por cansaço, por ser chato ou algo nesse sentido é antes de começar. Então quando eu falo que vou me dedicar a algo e me encontro ali todo motivado eu já me questiono, imaginando-me em um cenário não tão empolgante quanto naquele momento de euforia. Então se eu consigo responder para mim que sim, eu vou continuar, é porque já estou ciente dos momentos ruins e não ficarei decepcionado quando eles chegarem, pois o objetivo já estava traçado e o desafio acaba fazendo parte do objetivo e não motivo para desistir.”
Confira nossa entrevista com Felipe Marroni, aprovado no concurso do TRF-3 no em 1º lugar (cotas) no cargo de Técnico Judiciário/Área Administrativa:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Felipe Marroni: Sou Felipe Marroni, natural de São Paulo Capital, zona leste. Tenho 28 anos. Hoje moro em Hortolândia, interior de SP, e sou escrevente técnico judiciário do TJSP há 2 anos. Tenho formação na área de Segurança Pública, pois sou ex-policial militar da PMSP, onde servi por 7 anos. Atualmente estou cursando o 3º semestre da faculdade de Direito e meu grande objetivo é a magistratura.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Felipe: Entre meus 18 e 20 anos acabei buscando algo na área privada, fiz dois anos de Administração de Empresas, e estagiei na área nesse período, além de me aventurar como professor de street dance, porém o que eu ganhava não pagava nem a mensalidade da faculdade, então minha mãe me ajudava com passagem de ônibus, trocado para lanche, enfim, praticamente todas as contas.
E nesse contexto, sem nenhum planejamento prévio, em 2011, eu me tornei pai da Alicia, que hoje já tem 9 anos e é o amor da minha vida, e foi a motivação para buscar ser uma pessoa melhor. Diante dessa nova realidade eu tive que criar a disciplina e a determinação que não tinha até então, precisava dar algum futuro para minha filha. Entretanto, na área privada eu estava sentindo dificuldades nas entrevistas de emprego, pois como sou de família humilde eu não tinha muito a oferecer no currículo e então sempre perdia a vaga para alguém que tinha intercâmbio, alguém indicado, ou com algum diferencial que minha mãe não pôde pagar para mim. Então os concursos públicos se mostraram como solução, já que no momento da prova existe uma maior igualdade na disputa. Então comecei a buscar algo na área pública.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Felipe: Nesse último concurso eu precisei conciliar os estudos para o concurso com o trabalho, faculdade, minha filha e minha namorada, que mora em outro estado. Para conseguir estudar tudo eu precisei criar horários de estudos, eu me foquei para os estudos de técnico do TRF somente com o edital do último TRF4, então muita coisa estava aprendendo ainda, como previdenciário e tributário.
Então o segundo semestre inteiro de 2019 foi sempre pensando no concurso, primeiro no TRF4 e depois no TRF3. Acordava sempre 4h00 e buscava estudar o máximo possível até o horário do trabalho às 9h00. Durante o trabalho tentava ouvir alguma coisa sobre as matérias para aproveitar alguma informação. O foco no concurso continuava depois que saia do trabalho. Para poder dar conta de todo o edital precisei abandonar a academia e as atividades físicas que costumava fazer. Na faculdade eu ficava lendo os PDFs do Estratégia durante as aulas, mas, como eu me sentia um pouco mal por não prestar atenção nos professores fui pessoalmente conversar com cada um e explicar a situação, e todos compreenderam e ajudaram na medida do possível, a única condição era que eu também estudasse a matéria da faculdade.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Felipe: O meu primeiro concurso foi com 16 anos para o Patrulheiros Campinas, para ser aprendiz administrativo nas grandes empresas da cidade, no qual fui aprovado e fui inserido no mercado de trabalho. Depois dessa experiência cheguei a realizar alguns concursos públicos municipais, porém não tinha a determinação e disciplina necessária para focar na aprovação, então não consegui nenhum grande resultado no início. Somente com o nascimento da minha filha eu realmente consegui a determinação para estudar, então eu consegui aprovações nos concursos municipais de Campinas, um na área administrativa e outro para Guarda Municipal, e, também, consegui aprovação para soldado temporário da Polícia Militar do Estado de São Paulo, como meu pai era da PM ele me incentivou a seguir essa carreira, e então veio a posse nesse cargo.
Dentro da PM eu gostei do serviço e então realizei a prova para Soldado efetivo e consegui a aprovação, me efetivando na carreira. Minha primeira grande missão na PM foi a Copa de 2014, trabalhei nos jogos que aconteceram na capital paulista e servi por algum tempo na região de São Miguel Paulista, antes de me transferir para a cidade de Campinas. Entretanto o serviço da PM exige muito do policial e eu, após 4 anos no efetivo, me questionei se eu poderia conquistar algo mais. Então voltei a estudar para as provas, passei a estudar em todos lugares possíveis, ia para o serviço sem dormir várias vezes por ter que estudar durante a noite. Quando trabalhava de noite estudava durante o dia, praticamente um zumbi, e sempre buscando ser presente como pai.
Os resultados foram aprovações no concurso interno para Cabo, entre os primeiros, e no concurso do Barro Branco para oficiais da PMSP. Nesse embalo de estudos surgiu a oportunidade de prestar a prova para Escrevente Técnico Judiciário do TJSP, que fiz e, também, consegui a aprovação, estou desde 2018. Foi nesse cenário de desafios e conquistas que eu me questionei o porquê de não lutar por algo maior, então coloquei como objetivo a magistratura e fui trabalhar no TJSP, tomando posse como escrevente, e me matriculei na faculdade de direito.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados(as)?
Felipe: Quando conferi o resultado foi uma mistura de sensações. Eu realmente não sabia como reagir. Primeiro que demorei para me dar conta, pois estava apreensivo para conferir a nota da redação, e fui direto na nota e fiquei feliz por ter conseguido melhorar um dos meu pontos mais fracos que era a discursiva. Depois fui conferir a classificação. Estava no diário oficial conferindo, então os nomes aparecem todos juntos, e eu sem querer acreditar fiquei buscando confirmar qual era a minha posição, quando de fato me convenci que eu estava no 1º. Nessa hora eu gritei, minha mãe desesperada veio correndo ver o que era e quando descobriu me abraçou. Nesse momento não teve como, o choro veio. A preparação foi muito intensa e naquele momento todo sacrifício, que me fez abdicar do convívio com meus familiares e amigos, se mostrou válido.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Felipe: Eu precisei me abdicar bastante do convívio social, como não estava me preparando previamente para o concurso, tinha muita coisa para estudar, aprender e relembrar.
Deixei de sair com amigos, pois o tempo que sobrava para descansar eu queria aproveitar com minha filha e com minha namorada.
Estratégia: Você mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Felipe: Eu tenho uma filha de nove anos, e foi boa a minha maratona de estudos pra ela, pois ela pode me ver estudando, e ela esta nessa fase de início de estudos em que na escolinha as matérias começam a ficar mais difíceis e exigem um pouco mais dela, então ela me via estudando da mesma forma que ela precisava também.
Moro com minha mãe, e isso ajudou bastante, ela sempre ajudou com os estudos, tomou conta da rotina da casa e então eu podia focar mais nos estudos.
E minha namorada apoiou desde o início, até porque é um projeto nosso, somos de estados diferentes e esses concursos onde consegui as aprovações, TRF4 e TRF3, vão nos dar a possibilidade de seguirmos juntos, ou aqui em São Paulo ou lá em Santa Catarina.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Felipe: O meu grande objetivo é a magistratura, porém tenho mais 7 anos pela frente, 4 anos da faculdade e mais 3 de atividade jurídica, então procuro estar sempre motivado e focado nessa preparação. Acredito que colocar metas a curto prazo enquanto isso podem ajudar sim, pois mantém a atividade. Inclusive realizei algumas provas para magistratura já para poder conhecer a prova e já ir me familiarizando, uma forma de tirar esse sonho do campo do impossível e torná-lo real.
Pretendo fazer os concursos para Analista Judiciário logo que terminar a faculdade, ou então antes de terminar mesmo, para ir treinando.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado(a)?
Felipe: Comecei os estudos no final de maio de 2019, pois logo após a posse no TJ eu deixei um pouco de lado os concursos, foquei mais na preparação a longo prazo e comecei a fazer a faculdade de direito; Até surgiram os concursos para TRT15 e TRT2, porém no momento não chamaram tanto minha atenção, cheguei a me inscrever, porém não cheguei nem a realizar as provas, continuava os estudos, mas visando somente o longo prazo, a magistratura.
A disciplina e determinação para passar em um novo concurso voltou somente depois que conheci a Thaisa Strutz, minha namorada, no final de 2018, ela é de Blumenau/SC. Ela realmente foi uma pessoa que me fez querer ficar, porém temos a distância como um desafio, eu de SP ela de SC. Para que a gente pudesse continuar a nossa história eu me comprometi a ir para SC, com filha e tudo, mas para isso precisava antes passar em algum concurso. Em maio de 2019 descobri que estava prestes a sair o TRF4, logo já saiu o edital e mergulhei nos estudos, fiz a prova e consegui ficar na lista, porém não tão bem quanto queria, mas já estava motivado o bastante a passar no concurso do TRF e a oportunidade de melhorar veio em seguida com o TRF3. Busquei concertar os erros e me manter competitivo, fiz um planejamento como se estivesse indo para guerra e no final acabei conseguindo o 1º lugar nas cotas para técnico judiciário.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Felipe: Eu acabei estudando com o edital, em maio tinha o edital do TRF4 e logo depois da prova desse já saiu o edital do TRF3.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Felipe: Para a preparação eu foquei no material em PDF do Estratégia, desde a primeira vez que tive contato com eles, no concurso para o TJSP, eu me senti seguro na hora de estudar, eles são muito completos e práticos.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Felipe: Eu conheci o Estratégia na preparação para o concurso do TJSP, onde estou trabalhando hoje. Foi uma indicação do meu amigo Max que estudou com o Estratégia para a prova da OAB.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Felipe: Eu encarei a preparação como uma guerra, acordava por volta das 4h30 e o foco era estudar até a hora de ir trabalhar às 9h. Saia às 17h e voltava ao foco dos estudos para o concurso. A faculdade eu deixei em segundo plano. Planejei os estudos em 4 fases que batizei como: Inteligência e Informação a primeira fase; Blitzkrieg a segunda fase; Esparta a terceira fase; e Ação de Choque a quarta e última fase. nNo final de cada fase eu fazia um simulado da prova para medir o desempenho e ver onde estava mais fraco.
Na primeira fase me baseava na teoria dos PDFs, não me preocupava em realizar as questões nessa fase, a intenção era passar por toda a teoria de todo o edital. Estudava uns três PDFs por dia, buscava conhecer meu inimigo para saber como agir de forma que pudesse utilizar as fraquezas e manobras dele a meu favor, buscava conhecer a banca, fiquei uns 45 dias nessa fase.
Na segunda fase – Blitzkrieg – eu voltava ao PDF 00, mas agora com foco na resolução de questões, já ia direto nas questões e só via os comentários das questões que errei para não acabar ficando preso em algum assunto. A intenção era passar por todas as questões rápido para poder iniciar a próxima fase, só nessa fase fiz mais de 5 mil questões em três semanas.
Na terceira fase – Esparta – o meu material de apoio era o passo estratégico. Esse material foi extremamente útil, facilita demais a revisão, com ele eu voltava nos assuntos focando nos pontos chaves. Com pouco tempo, material mais enxuto e algumas questões, já conhecendo a banca, eu acabava fazendo uma revisão mais eficaz. Por essas características eu batizei essa fase de Esparta rsrs.
Na quarta fase – Ação de Choque – já estava na última semana antes da prova e, claro, que em um momento ou outro é importante saber usar a força bruta e é exatamente isso que a ação de choque é. Saber utilizar no momento certo a potência do seu poderio bruto para subjugar seu inimigo, no caso a FCC. Então busquei ser o mais eficaz possível simulando o dia da prova e indo direto ao ponto que a banca mais costuma cobrar, realizei a revisão de véspera do Estratégia, que considero excelente e era o que eu buscava naquele momento, e cheguei no dia da prova preparado para a missão.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Felipe: Como eu tinha realizado a prova do TRF4 eu tive a experiência de ter a correção de uma redação minha pela FCC, e ali eu senti o golpe. Eu fiquei com 6,7 e me prejudicou bastante na classificação, então foi onde eu escolhi fortalecer, era o que eu mais precisava naquele momento, eu também precisava melhorar a objetiva para ultrapassar os 90%, mas melhorar a discursiva mostrou o seu valor pra mim ali.
Então eu fiz o curso de redação, li os PDFs do professor Raphael Reis e assisti os vídeos do Prof Rodolfo Gracioli, que agregaram muito conteúdo. Para a redação eu contei com a ajuda do meu amigo Davison Bellotti e da Priscila Zattera que me apoiavam apontando as falhas nas minhas redações, buscava fazer duas redações por semana. E a redação foi o que me colocou em primeiro nesse concurso.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Felipe: O mais difícil na preparação foi superar o cansaço. Na fila do mercado eu tinha vontade de deitar no chão para descansar, estava no meu limite a todo tempo, pensava sempre no conteúdo programático do edital.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Felipe: Minha motivação sempre foi querer ser alguém melhor, seja para mim mesmo ou para as pessoas que amo. Nesse concurso eu vi uma oportunidade para isso e então aceitei o desafio, mas sei que tenho muito a melhorar ainda, então a motivação ainda continua.
Nesse caso específico do concurso do TRF foi a vontade de mudar de vida e então a possibilidade de ter uma vida com minha namorada, Thaisa Strutz. O plano inicial é o TRF4, mas com o TRF3 o plano principal não muda, talvez sofra algumas modificações, mas o objetivo é o mesmo. Sem contar que consegui agregar muito conhecimento com a preparação, estou ainda mais empolgado para continuar buscando a magistratura.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Felipe: Meu grande conselho seria para buscar sempre sonhar alto, buscar sempre se desafiar para não se acomodar com nada e nenhuma crença limitante. E depois que sonhar alto transformar esse sonho em objetivo, trazer para a realidade, ver o que é necessário, dar um choque de realidade no sonho ali no começo para que isso não vire desculpa para desistir no meio do caminho.
Para superar a vontade de desistir eu sempre tive comigo a ideia de que se tem o momento de desistir por cansaço, por ser chato ou algo nesse sentido é antes de começar. Então quando eu falo que vou me dedicar a algo e me encontro ali todo motivado eu já me questiono, imaginando-me em um cenário não tão empolgante quanto naquele momento de euforia. Então se eu consigo responder para mim que sim, eu vou continuar, é porque já estou ciente dos momentos ruins e não ficarei decepcionado quando eles chegarem, pois o objetivo já estava traçado e o desafio acaba fazendo parte do objetivo e não motivo para desistir.
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação? Mande um e-mail para: [email protected]
Até uma próxima! ;)
Renata Admiral