Aprovado no concurso TRF-3
“É importante não apenas saber aonde se quer chegar – passar em um concurso – mas também saber de onde se está partindo. Verificar com sinceridade quais são as nossas qualidades e quais são as nossas fraquezas e fazer um plano que seja corajoso, sim, mas realista também.”
Confira nossa entrevista com Lucas Fernandes Parra, aprovado em 4º lugar no concurso TRF 3 no cargo de Analista Judiciário Área Judiciária:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Lucas Fernandes Parra: Tenho 30 anos, me formei em Direito na USP em 2012. Morei em São Caetano do Sul com meus pais até me casar e hoje moro na Capital com minha esposa e minhas duas filhas.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Lucas: Sempre tive um certo interesse pelos concursos, mas estava em um escritório de advocacia desde a época da faculdade – eu já contava 7 anos lá, e migrar para outra área não era uma realidade próxima para mim.
Ao mesmo tempo, eu havia me casado, tinha acabado de ter a primeira filha e estava me convencendo de que eu me daria melhor em outra área de atuação. Acredito que a advocacia exige um perfil um pouco diferente do meu e que, por isso, eu não iria crescer muito como advogado, apesar de gostarem do meu trabalho no escritório.
Como pretendo ter uma família grande, se Deus quiser, eu precisava aumentar minha remuneração, de forma que não demorasse muito.
Também a estabilidade do serviço público me interessou, é claro.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Lucas: Tomei, junto com minha esposa, a decisão de deixar o escritório de advocacia. Fiquei com a maior parte do tempo dedicada aos estudos; mas também continuei dando algumas aulas no Colégio São Mauro, no Ipiranga, onde estudei e me formei e depois me tornei professor. Além disso, trabalhei em alguns projetos editoriais, com revisão de textos.
Contando essas exceções, nos 2 anos e 2 meses entre sair do escritório e fazer a prova de analista do TRF3, fiquei a grande maioria do tempo só estudando.
Antes de sair do escritório, cheguei a tentar algumas vezes conciliar os estudos com o trabalho, mas não consegui ir muito longe.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Lucas: Em dois: primeiro para analista do Ministério Público de São Paulo, na colocação 260º (ainda aguardo a nomeação) e, agora, para analista do TRF da 3ª Região, em 4º lugar.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Lucas: Principalmente de gratidão a Deus, a Nossa Senhora e a São José, que sempre me ajudam – tenho essa convicção. Gratidão à minha esposa, pois sem ela não teria sido possível nem começar esse projeto, nem muito menos concluir. E gratidão a meus familiares e amigos que me apoiaram.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Lucas: Tive que diminuir, em certa medida, esse convívio. Por exemplo deixando de encontrar amigos algumas vezes, deixando de estar presente em alguma festa de aniversário etc. Mas continuei deixando um espaço para a vida social nos finais de semana.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro?
Lucas: Como disse, sou casado há 4 anos, tenho duas filhas pequenas, uma de 2 anos e meio e outra de 1 ano.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Lucas: Acho que, atualmente, é preciso ter muito cuidado para não se perder na grande variedade de editais que abrem a todo momento. Levei mais ou menos um ano para aprender bem esse fato. Acredito que, hoje, passa quem é especialista naquele tipo de concurso específico. Se a pessoa quiser dar conta de diferentes tipos de prova, pode até ter um progresso, mas dificilmente terá a pontuação suficiente para ser aprovado.
Não sou um bom exemplo nesse ponto, mesmo porque eu tinha um prazo para esse projeto de passar em concurso. Era de 2 anos, depois, se eu não passasse, iria buscar uma recolocação na advocacia.
Comecei com a ideia de magistratura estadual, mas ao final do primeiro ano de estudo, eu havia passado na primeira fase para analista do MPSP e a segunda fase seria bem próxima à primeira fase para juiz estadual (na semana seguinte).
Eu tinha que optar em qual iria focar, pois são estudos diferentes e, naquele momento, decidi por me dedicar à segunda fase de analista, pensando em aproveitar o que eu já havia conseguido e considerando também que eu ainda não estava no ponto de passar na primeira fase da magistratura. De fato, passei na segunda fase do MPSP e não passei na primeira para juiz estadual.
Depois disso, revi meus planos e, ao entrar no segundo ano de estudos, mirei no concurso de analista do TRF3, que já estava sendo prometido e que é um ótimo concurso, que me permitiria ficar lá por um bom tempo enquanto eu continuaria estudando para a magistratura ou mesmo fazer carreira como analista.
Hoje, enquanto aguardo as duas nomeações, sigo estudando para juiz, mas agora direcionado à magistratura federal, aproveitando que meu último ano de estudos foi voltado às matérias da justiça federal.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Lucas: Eu já tinha uma base de um ano de estudo na área estadual, quando direcionei o foco para analista do TRF3. Então fiquei o ano de 2019 inteiro estudando especificamente para analista do TRF3. Nesse ano, só fiz questões da banca FCC, que já era a esperada para o concurso.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Lucas: Desde janeiro de 2019 meu foco era para analista do TRF3 e o edital saiu em setembro.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Lucas: Fiz cursos telepresenciais primeiro e, depois, em videoaula até 2018. São bons para entender bem as explicações e formar uma base, especialmente nas matérias em que se tem mais dificuldade, mas você demora para avançar na matéria e tem que fazer um caderno muito completo para poder voltar nos assuntos, o que faz com que as revisões também demorem.
Em 2019, ao decidir pelo concurso de analista do TRF3, comprei o Passo Estratégico, que é um curso em PDF mais resumido e voltado para quem já tem uma base. Achei os PDFs do Passo bastante objetivos e em um tamanho razoável, o que me permitiu avançar com um bom ritmo e praticamente fechar o edital.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Lucas: Conheço faz tempo, acho que foi por vídeos no Youtube.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Lucas: Montar um ciclo de estudos bem definido me ajudou bastante, para não ter que perder tempo decidindo a cada momento o que fazer e para não negligenciar nenhum aspecto importante.
Comecei com todas as matérias que estavam no edital anterior, eram 12, mas o que era novo mesmo para mim era Direito Previdenciário, Direito da Pessoa com Deficiência e Raciocínio Lógico-Matemático, então consegui levar todas juntas.
Quando o edital saiu, vieram matérias novas, não esperadas, que foram Sustentabilidade, Governança Corporativa e Gestão Estratégica. Essas eu estudei na reta final, só com lei seca e questões comentadas.
Ao longo do ano, eu fazia um resumo bem resumido, só com o que era mais difícil, tudo coube num caderno de 100 folhas e eu revisava por esse resumo.
Não cheguei a ler duas vezes os PDFs, mas as partes mais importantes da lei seca sim. Fiz muitas questões, além de todas as do Passo Estratégico, fiz também muitas outras.
Estudava em média de 7 a 8 horas por dia, não líquidas, com intervalos para descanso.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Lucas: Direito Previdenciário foi a mais difícil para mim, pois parti praticamente do zero, o conteúdo era grande, a legislação tinha acabado de ser modificada e era uma matéria com muito peso por causa da prova discursiva de Estudo de Caso.
Para vencer a matéria eu dividia os PDFs – que eram grandes nessa matéria – e estudava uma parte de cada vez, intercalando com questões. Também assistia a videoaulas do Prof. Rubens Maurício no Youtube para reforçar.
Especificamente na preparação para a prova escrita, as videoaulas da Profa. Adriana Menezes foram muito importantes para pegar o aspecto prático exigido nos Estudos de Caso. Ela realmente trouxe muitas situações diferentes e explicava muito bem.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Lucas: Na semana anterior à prova eu já não fazia questões, fiquei apenas lendo a lei seca e terminando alguns pontos de teoria nos PDFs.
Na véspera da prova estudei, na manhã da prova estudei e, como cheguei com um pouco de antecedência no local de prova, sentei na calçada e ainda li alguns trechos da lei.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Lucas: O que eu fiz a mais para a prova escrita foi acompanhar as videoaulas direcionadas da Profa. Adriana Menezes. Mas o que considero essencial, especialmente para essa fase, são as revisões, pois se exige do candidato que ele tire toda a resposta da cabeça, já que ele não terá alternativas escritas para escolher, como na prova objetiva. Assim, é necessário estar com o conteúdo bem reforçado na memória e isso só é possível com a repetição.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Lucas: Alguns erros foram: no primeiro ano de estudos, fazer resumos muito grandes e revisar por meio deles, o que tomava muito tempo e me atrasou; ficar um tempo sem ter um ciclo de estudos bem definido, o que também me fez perder tempo e deixar a lei seca um pouco de lado sendo que ela é imprescindível; outro erro foi, também no primeiro ano, ter corrido atrás do edital para Procurador do Estado, pois isso me fez perder foco de estudo, por exemplo estudando Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, sendo que não usei esse estudo nos demais concursos.
Considero acerto ter sido realista para optar pela segunda fase de analista do MPSP e diminuir minha meta inicial, ao menos temporariamente, de magistratura para concursos de analista, pois para estes eu estava mais próximo, e são bons concursos, que podem servir também de escada para os maiores.
Considero também acerto ter reconhecido os defeitos da minha preparação e ter procurado melhorar, tanto os métodos, como falei, quanto o bom cumprimento do plano, por exemplo, combatendo as distrações e tentando me livrar delas, como no caso de perder tempo no celular.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Lucas: Talvez o mais difícil seja manter o foco e a constância no estudo, e o equilíbrio com os demais aspectos da vida – que não param durante esse percurso. Tudo isso para alcançar um resultado que só vai ocorrer num futuro incerto e pode não ocorrer.
Na época pré-edital, há também a incerteza da data da prova, que aumenta essa sensação de falta de algo concreto a que possamos nos agarrar. É bem diferente, por exemplo, de você trabalhar durante o mês sabendo que receberá o salário ao final do mês.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Lucas: Eu via que esse era o meio disponível para que eu desse uma condição melhor para minha família; aliviar um pouco minha esposa, para que ela pudesse trabalhar menos. Especialmente porque sempre estivemos abertos a ter todos os filhos que Deus mandasse. Até agora temos só duas filhas, mas podem vir muitos mais e precisamos estar preparados o melhor possível.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que almejam um dia chegar aonde você chegou!
Lucas: Eu aconselharia:
1) Humildade e pé no chão: é importante não apenas saber aonde se quer chegar – passar em um concurso – mas também saber de onde se está partindo. Verificar com sinceridade quais são as nossas qualidades e quais são as nossas fraquezas e fazer um plano que seja corajoso, sim, mas realista também. Creio que o concurseiro não deve ter propriamente um “sonho” de passar, mas um plano de passar, com prazos, métodos, reavaliações ao longo do trajeto etc.
2) Organização e disciplina: montar um ciclo de estudos com clareza, escrito, que garanta saber exatamente o que deve ser feito ao sentarmos para estudar. Ou seja, colocar tudo o que deve ser feito, em uma ordem bem equilibrada, por exemplo alternando matérias fáceis e difíceis, de modo a preencher uma semana ou duas de estudo.
Isso depois será repetido várias vezes, mas pode e deve ser alterado, conforme a necessidade, como no caso de incluir uma matéria nova, ou quando sai o edital e percebemos a necessidade de dar prioridade a algum aspecto e dedicar menos tempo a outro.
A ideia é decidir por aquilo que é mais racional de forma prévia, pois se deixarmos para decidir só na hora de fazer, aí é muito fácil arranjarmos um pretexto para fazer o que é mais fácil, e não o mais correto.
Sobre a disciplina eu diria também que é preciso cortar as distrações inúteis ou prejudiciais, como televisão, séries, redes sociais… Às vezes é mais fácil cortar totalmente do que fazer um pouquinho, por exemplo, será mais fácil cortar totalmente as séries do que assistir apenas um episódio por dia.
Mesmo aquilo que é útil ou necessário pode ser regrado para não tomar muito tempo. Exercício físico faz bem, mas ninguém precisa gastar todo dia uma hora e meia para ir à academia e voltar para ter uma boa saúde.
3) Confiança responsável: por um lado, saber que é possível passar e confiar na ajuda de Deus, rezar pedindo essa ajuda; mas por outro lado fazer a nossa parte, pois mesmo Deus tendo poder, Ele quer que façamos a nossa parte, tenhamos algum mérito naquilo, e então Ele dará o empurrãozinho necessário, ou mesmo nos mostrará um outro caminho, se aquele não for bom para nós. Mas é preciso esforço diário.
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Um abraço,
Thaís Mendes