Aprovada no concurso do TRF-3
“Vão ter dias em que você vai corrigir o gabarito e lágrimas escorrerão dos seus olhos. Tire alguns dias para digerir, é importante também. Mas, depois, pegue a prova, veja onde errou, e lute. Foque no que não deu certo, no que você precisa melhorar. E vá em frente”
Confira nossa entrevista com Julia Mello, aprovada em 2º lugar no concurso do TRF-3 no cargo de Técnico Judiciário/Área Administrativa:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Julia Mello: Olá. Tenho 24 anos e moro no Rio de Janeiro. Sou formada em Ciências Biológicas, formada em 2018.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Julia: Bom, quando eu estava no 3º ano do ensino médio, não sabia muito bem qual profissão escolher e me sentia perdida. Acabei escolhendo biologia, pois me identificava com a matéria. Porém, ao longo da faculdade, fui percebendo que o mercado de trabalho na área não me atraía. É uma área muito desvalorizada, sabe? No último período, começou a bater um desespero, pois eu não sabia o que faria a partir daí. Foi aí que comecei a pensar em estudar para concursos.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Julia: Eu comecei a estudar no meu último período da faculdade, em maio de 2018, aproximadamente. Comecei estudando para a CLDF, e durante esse tempo, conciliei os estudos com a elaboração do TCC. Mas em agosto de 2018 me formei, e a partir daí venho me dedicando integralmente aos estudos para concursos.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Julia: O TRF3 foi o primeiro concurso no qual passei bem colocada, com o 2º lugar para o cargo de Técnico Judiciário-Área Administrativa. Na CLDF fiquei classificada em 570º, mas não tive a redação corrigida, então acho que não fui aprovada rsrs. Eu fiz a prova da Câmara de Piracicaba, em julho de 2019, pois tinha quase 1 ano que eu não fazia prova, e estava sentindo necessidade de praticar. Um mês após ter me inscrito, saiu o edital do TRF4, e acabei largando os estudos para a Câmara. No final, fiquei na posição 34 para técnico legislativo. No TRF4, o terceiro e último que fiz antes do TRF3, fiquei na posição 124 para TJAA, na sede do RS.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados(as)?
Julia: Nossa, é uma sensação indescritível. Eu vi o resultado de madrugada, quando saiu no Diário Oficial da União. Não consegui acreditar quando vi. Estava preparada para procurar meu nome na lista, mas não precisei. Bati o olho e já vi meu nome.
Na hora você não acredita, admito que até agora a ficha não caiu! É muito tempo de dedicação, você acaba vivendo por aquela conquista, e, quando ela chega, é difícil de acreditar. Fiquei o dia inteiro pensando em como todo o esforço valeu a pena!
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Julia: Durante os meus estudos, nunca gostei de ser radical, em nenhum sentido. Durante a semana eu abdicava de muitas coisas. Eu ficava muito relutante em sair durante a semana, só ia quando era algo especial. Nos finais de semana era bem diferente. Eu estudava só até a hora do almoço no sábado, e voltava só na segunda.
Sentia que precisava desse tempo para mim, sabe? Fazia com que eu voltasse aos estudos na segunda com muito mais disposição. Não via sentido em estudar de domingo a domingo sem render nada. Pra mim, é mais proveitoso relaxar aos finais de semana e me dedicar de corpo e alma nos dias úteis.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Julia: Sou solteira e não tenho filhos. Namoro, há 5 anos. Moro com minha mãe e minha irmã. Minha família sempre me apoiou. Minha mãe e minha tia são concursadas, e entendem todo o processo. As duas eram daquelas que ficavam de olho em todos os concursos que saíam e me contavam, como se eu já não soubesse hahah. Minha mãe respeitava meu tempo, sabe? Não me pressionava de forma alguma, e isso foi fundamental.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Julia: Bom, acho válido dependendo da sua necessidade. Acho que se você estiver passando por um aperto financeiro, é algo a se pensar. Afinal, nada te impede de assumir no cargo do “concurso escada” e continuar estudando. Mas é importante ter em mente que é preciso ter muita disciplina para trabalhar e estudar, pois o tempo disponível é mais curto.
Eu mesma fiz isso, admito. Comecei estudando para a área legislativa, que é a minha área de preferência. Como os concursos no legislativo estavam escassos para 2019, resolvi mergulhar de cabeça nos concursos para tribunais. Mas, agora que fui aprovada, pretendo retornar os estudos pra minha área. Vou focar no Senado, que será uma grande oportunidade em 2020.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovada?
Julia: Bom, eu fiz o TRF4, que tinha muitas matérias parecidas. Assim que passou a prova, comecei a focar no TRF3. Então foram cerca de 4 meses estudando especificamente para o TRF3. Mas, contando com os estudos para o TRF4, algo em torno de 7 meses.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Julia: Sim. Após a prova da CLDF, estudei sem edital até sair o edital do TRF4, que saiu no final de maio. Foi um período meio conturbado, porque é muito mais difícil manter a disciplina sem a pressão de se ter uma prova marcada. Eu acho que, para que dê certo, é preciso encarar os estudos como uma obrigação.
A minha realidade era acordar todos os dias e estudar, querendo ou não. Com o tempo, se torna automático, e fica cada vez mais fácil vencer a preguiça. Acho interessante estabelecer um horário de estudo. Dentro daquele horário, você deve estudar e manter o foco, sem desculpas.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Julia: Eu conheci o Estratégia quando comecei a procurar sobre concursos, lá em 2018. Já sabia que era o curso mais conhecido, e resolvi comprar o pacote para a CLDF. Achei o material incrível, e desde então, dou sempre preferência para estudar com vocês.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Julia: No começo da minha preparação, comprei alguns livros, no impulso, admito. Acabou que achei prolixos demais, cheios de detalhes que não julgava necessários, o que me fazia perder muito tempo. Ou seja, em menos de uma semana, larguei os livros.
O que eu mais utilizava eram os PDFs. Desde pequena sempre li muito rápido. Devorava livros em poucos dias. Não consigo ler nada de forma calma, sempre leio de forma acelerada (às vezes sinto que estou lendo em diagonal, vai entender), então estudar por PDFs foi perfeito pra mim. Eu terminava os PDFs rapidamente, então conseguia revisar mais vezes. Além de serem muito completos.
Gostava de assistir muitas videoaulas de revisão também. Adorava os eventos que o Estratégia fazia nas semanas anteriores à prova, como o Hora da Verdade, pois, quando já não aguentava mais estudar, deitava na cama e colocava as videoaulas. Era um estudo mais relaxado, mas não deixava de ser útil. E, é claro, lei seca e questões até não aguentar mais!
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Julia: Essa parte é mais difícil de falar, porque eu tenho uma forma de estudo bem peculiar. Eu estudava basicamente todas as matérias todos os dias. Estranho, eu sei hahah todo mundo acha. Mas era o que fazia mais sentido pra mim, já que, como disse, sou muito acelerada. Mas é claro que eu estudava só um pouquinho de cada matéria. Em um dia, eu lia a lei seca, ou uma parte dela, de uma determinada matéria. Já de outra matéria, fazia questões. E por aí vai.
Por exemplo: lia a lei de improbidade administrativa, e isso contava como o meu estudo de administrativo do dia. Às vezes, só fazia questões de determinada matéria, porque não dava pra estudar a teoria de tudo todos os dias. Tinha vezes que meu estudo de uma matéria no dia durava 8 minutos, juro!!
Não fazia resumos, porque acho perda de tempo. Preferia gastar esse tempo fazendo mais revisões! Eu usava a lei seca como base dos meus estudos. Lia o pdf e anotava as informações que considerava relevantes na própria lei seca. Quando fazia exercícios, a mesma coisa: anotava meus erros, súmulas que não sabia, sublinhava o que era mais importante e mais cobrado… e assim eu montava uma lei seca autosuficiente.
No pós edital, devia estudar umas 7 horas líquidas, em média. Não sou muito a favor de contabilizar horas, mas, nas vezes que contei, foi mais ou menos isso.
A pergunta mais difícil de todas é como eu montava meu planejamento hahah porque, como eu disse, ele é bem inusitado. Eu fazia por matéria. Eu dividia a lei seca em partes. Por exemplo, meu CPC era dividido em 14 partes, e todos os dias eu lia uma. A mesma coisa com constitucional, tributário, processo penal… enfim, com as matérias baseadas na lei seca. Sim, eu lia lei seca de todas as matérias todos os dias! Procurava fazer questões todos os dias também, de 3 matérias (30 de cada). Aí ia alternando: no dia seguinte fazia questões de matérias que não tinha feito no dia anterior.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Julia: Eu tinha um pouco de dificuldade em português. Consegui melhorar meu rendimento fazendo provas da banca pelo menos 2 vezes por semana. Como as provas eram sempre bem parecidas, fui tirando pontuações cada vez melhores.
Tenho dificuldade em Administração também. Assisti muita videoaula, li muitas vezes o PDF e fiz MUITAS questões, principalmente. Era triste fazer questões, pois me assustava um pouco com o rendimento, sabe? Mas não tinha jeito, tinha que ser feito.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Julia: Na última semana eu sempre gosto de diminuir um pouco o ritmo. Uma importante coisa que aprendi é que não adianta nada sabermos todo o conteúdo se estivermos com a mente cansada na hora da prova. Na sexta-feira antes da prova eu paro de estudar. No sábado eu gosto de passear pela cidade, me distrair o dia inteiro, até para voltar para o hotel cansada, o que ajuda com a ansiedade.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Julia: Na minha prova tinha redação. No TRF4 eu acertei 89% da prova objetiva, mas tirei 7.4 na redação, o que me deixou na posição 124. Foi bem frustrante pra mim, pois sempre fui boa em redação.
A verdade é que a redação da FCC é um caso a parte. A partir daí, foquei muito em redação para o TRF3. Fiz o curso de Ciências Humanas para Redação, ministrado pelo professor Raphael Reis (indico muito!). Além disso, li muito sobre filósofos e temas filosóficos, e, inclusive, montei meu próprio material de redação. Também assisti às aulas do professor Rodolfo Gracioli para o TRF3. E, é claro, treinei muito.
Aconselho, principalmente, a não negligenciarem a parte de conteúdo. É aí que a FCC tira ponto do candidato. Estudem sobre os filósofos e temas filosóficos. Hoje em dia os concursos estão cada vez mais concorridos, e todo e qualquer ponto faz toda a diferença.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Julia: Vou te falar que tive poucos erros na minha preparação. Antes de iniciar os estudos para concursos, vi alguns vídeos no Youtube do Estratégia, sobre como estudar. Muitas vezes as pessoas começam a estudar de forma errada, e isso pode prolongar o tempo de preparação até a aprovação. Acredito que aprender a estudar seja tão importante quanto, de fato, estudar.
Como aprendi a estudar, senti, desde a minha primeira prova (tive um rendimento de 82% na CLDF), que estava no caminho certo, e só me faltava tempo para amadurecer os conteúdos. Mas, é claro, meu maior erro foi negligenciar português e redação. Teria feito muita diferença no TRF4!
Entre os meus maiores acertos, posso dizer que desde o começo li MUITA lei seca e fiz MUITAS questões, o que, pra mim, é o maior segredo para se conseguir a aprovação no cargo de técnico.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Julia: Nunca pensei em desistir, mas já me questionei se era isso que eu realmente queria. Quando me sentia cansada, quando duvidava de mim mesma, eu descansava. Nosso corpo precisa de descanso. Nós somos humanos, e temos que aprender a respeitar as nossas necessidades.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Julia: A minha maior motivação era poder ter um trabalho em que eu pudesse me sentir realizada. Como fiz a graduação em uma área com a qual não me identificava, vi nos concursos uma alternativa para ser feliz profissionalmente.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Julia: Essa caminhada não é fácil. É cheia de obstáculos, e não é um caminho linear. Existem dias em que nos sentimos motivados e determinados, e dias em que só queremos passar o dia assistindo Netflix. E tudo isso é normal, faz parte. Todo mundo passa por isso. Acho importante ter isso em mente, porque não dá pra entrar no mundo dos concursos achando que todo dia será bom.
Vão ter dias em que você vai corrigir o gabarito e lágrimas escorrerão dos seus olhos. Tire alguns dias para digerir, é importante também. Mas, depois, pegue a prova, veja onde errou, e lute. Foque no que não deu certo, no que você precisa melhorar. E vá em frente.
Além disso, muitas vezes você irá se perguntar se é capaz. Às vezes sai um edital com muitas matérias que nunca vimos, e acabamos deixando o medo tomar conta. Eu consegui a aprovação em 1 ano e meio, e digo que só consegui isso porque nunca deixei o medo tomar conta de mim. Quando saiu o edital do TRF4, eu vi que nunca tinha visto a maior parte das matérias ali: processo civil, processo penal, tributário e previdenciário. Vi muitas pessoas desistindo porque achavam que não daria para elas. Eu encarei o edital de frente e acreditei em mim. Porque de uma coisa eu sei: se você não acreditar no seu potencial, não vai conseguir conquistar o que deseja. E, se você nunca tentar, jamais vai alcançar.
Eu nunca, na minha vida, imaginei que estaria aqui hoje, dando entrevista e contando como fui aprovada em 2º lugar. É algo inimaginável, até acontecer. Nós nunca sabemos quando vai ser a nossa vez, então dê o seu melhor, sempre, que eu te garanto que ela vai chegar mais rápido do que você imagina.
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]