Aprovado em 1º lugar no concurso TRE-PA para o cargo de Técnico Judiciário e em 7º lugar para o cargo de Analista Administrativo:

“Um grande acerto foi ter delegado às questões o direcionamento do estudo continuado após a leitura dos PDFs. As questões se encarregam de fixar os assuntos mais recorrentes e também revelam as minhas deficiências. Perceber tais lacunas, por meio das questões, e agir para corrigi-las é extremamente importante. Fora isso, o maior acerto é, e sempre será, continuar estudando, com ou sem edital.”

Confira nossa entrevista com Yuri Marques Soares, aprovado em 1º lugar no concurso TRE-PA para o cargo de Técnico Judiciário e em 7º lugar para o cargo de Analista Administrativo:

Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você. Em que área é formado? Qual sua idade? De onde você é?

Yuri Marques Soares: Sou formado em Biomedicina, tenho 30 anos e sou de Belém/PA.

Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?

Yuri: Ainda em 2014 me interessei pelo edital da Polícia Federal, mas só tive 3 meses para estudar do zero e, claro, não foi suficiente. Depois disso não tive a maturidade necessária para prosseguir estudando sem edital aberto e fui pra iniciativa privada.

No entanto, as insatisfações foram se acumulando e já muito próximo dos 30 anos, sem uma visão clara de futuro, achei melhor retomar a ideia de ser servidor público, mas dessa vez começando a estudar sem edital aberto e mirando bem alto, na Receita Federal, desde o início. Isso aconteceu em Dezembro de 2017, quando comecei a pesquisar sobre a carreira de Auditor e sobre cursos preparatórios. O estudo começou, efetivamente, em 2 de janeiro de 2018.

Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?

Yuri: Desde que tomei a decisão de estudar para ser Auditor, venho me dedicando exclusivamente aos estudos, graças ao apoio incondicional da família. Agora vou precisar aprender a conciliar trabalho com estudo quando assumir meu cargo no TRE-PA.

Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?

Yuri: ​Minha primeira aprovação foi no cadastro de reserva do MPU em 2018, como Técnico. Em 2019 passei no cadastro de reserva para Auditor do ISS Manaus (44º). Também passei no cadastro de reserva do TJ-PA, nos cargos de Analista Administrativo (3º) e Auxiliar Judiciário. Por fim, passei no TRE-PA em dois cargos também: Analista Administrativo (7º) e Técnico (1º lugar).

Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?

Yuri: Primeiramente de surpresa. Por causa da dificuldade da prova e do pouco tempo de estudo focado no TRE-PA, eu não imaginei, em momento algum, ficar em primeiro. Após a surpresa, veio a felicidade da primeira aprovação na 1ª colocação e também muitas dúvidas sobre as mudanças que estariam por vir.

Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?

Yuri: Não houve grandes mudanças, porque eu já saía muito pouco (quase nunca). Claro que em algumas ocasiões eu precisei priorizar o estudo em detrimento de alguns eventos sociais, mas nunca senti que isso fosse um sacrifício, mas sim um passo a mais na direção do meu objetivo final. Além disso, o fato de alguns amigos estarem morando em outro Estado e de a namorada também ter começado a estudar para concursos junto comigo contribuíram nesse sentido.

Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?

Yuri: Atualmente namoro e moro com meus pais. Apesar de eles não serem servidores públicos, ficaram muito felizes com a minha decisão de seguir esse caminho e me deram absolutamente todo o apoio necessário, de modo que a minha única preocupação fosse com os estudos.

Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo).

Yuri: Isso depende totalmente do momento. No início da preparação certamente não. Com milhares de horas de estudo a serem percorridas, um concurseiro iniciante deve se manter focado em um concurso específico ou em uma área (fiscal, policial, tribunais). Acredito que após 6 meses, em média, estudando com foco e disciplina já seja aconselhável fazer algumas provas dentro da área de interesse, para começar a acumular experiência de prova (isso é muito importante).

Eu, por exemplo, comecei estudando para área fiscal e nunca cogitei fazer concursos da área de tribunais, até surgirem dois no meu Estado,
com provas na minha cidade. No entanto, eu só decidi fazê-los porque já havia estudado todas as matérias cobradas nos mais diversos concursos da área fiscal, ao longo de 2 anos, e também porque não havia nenhum edital de fisco aberto ou na iminência de ser publicado naquela época. Vale ressaltar que eu não considero a prova do MPU, em 2018, como um desvio de foco, porque eu não estudei especificamente para ela. Continuei estudando para a área fiscal e apenas fui fazê-la com esses conhecimentos.

Meu edital dos sonhos, quando comecei a estudar, era o da Receita Federal. Recentemente, após as provas dos tribunais, migrei para Tribunais de Contas em virtude do edital do TCDF e do até então iminente edital do TCU. Atualmente sigo estudando para o TCDF, mas ando sonhando com o TCU.

Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?

Yuri: As provas do TRE-PA foram aplicadas 4 semanas após as provas do TJ-PA. Eu comecei a estudar com foco no TJ-PA somente após a publicação do edital e as matérias eram muito semelhantes entre ambos. Acho que aproveitei no TRE pelo menos 90% do estudo direcionado ao TJ. Após a prova do TJ, precisei estudar as específicas do TRE (principalmente Direito Eleitoral, que nunca havia estudado) e fazer questões da banca IBFC nas 4 semanas que tinha.

Então, eu tive quase 1 mês para estudar especificamente para o TRE-PA, mas já havia estudado um edital muito semelhante (TJ-PA) por quase 3 meses. Porém, certamente o que mais pesou na aprovação foram o conhecimento e a experiência acumulados em 2 anos de estudo com foco na área fiscal, que abrange muitas matérias.

Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?

Yuri: Para os tribunais não, só comecei a estudar de modo específico para eles no pós-edital. Porém, o início da minha vida de concurseiro foi sem edital, com foco na Receita Federal, cujo edital continua sem aparecer. Para manter a disciplina, eu me lembro do seguinte: os concorrentes não vão deixar para estudar no pós-edital e se eu quiser ter chance de competir com eles, preciso seguir estudando sem parar até o dia da prova.

Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?

Yuri: Pesquisando sobre cursos preparatórios na internet e lendo depoimentos de aprovados antes de começar a estudar. Comecei adquirindo o pacote da Receita Federal e, desde então, só tenho estudado com os materiais do Estratégia. Atualmente sou assinante e isso me permitiu estudar as matérias do TJ-PA e do TRE-PA sem custo adicional.

Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?

Yuri: Os cursos em PDF devem representar 99% do meu estudo teórico. Usei videoaulas apenas em exatas (Matemática, Estatística) e em dúvidas pontuais de outras matérias. Isso sem contar com a resolução de questões em sites, porque acredito que as horas dedicadas às questões já superaram as horas de leitura.

Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?

Yuri: No início dos estudos, eu priorizei as matérias comuns a todos os concursos da área fiscal​.

Conforme fui finalizando a leitura dos PDFs, fui acrescentando novas matérias para ler e fiquei fazendo questões daquelas finalizadas. Atualmente, já numa fase mais avançada, monto meus ciclos com todas as matérias do edital em foco, pois só consigo preservá-las na memória por meio do contato constante com as questões de todas elas.

Eu foco MUITO em questões. De fato, nunca li um PDF inteiro duas vezes. Eu cheguei a fazer resumos logo no início dos estudos, mas abri mão deles quando percebi que o progresso estava muito lento (medo de o edital dos sonhos sair e ainda não ter estudado tudo). Passei, então, a ler os PDFs sem fazer resumos e a massificar questões após concluí-los.

É importante ressaltar que quando eu percebo que estou errando questões de um assunto específico com frequência, eu faço uma parada técnica das questões para revisar tal assunto, elaborar um resumo pontual ou fazer um esquema didático para facilitar a compreensão.

Eu defino metas semanais de estudo, que variam a depender da situação do edital. Em pré-edital, faço de 30 a 36 horas líquidas. No pós-edital eu mantenho de 36h a 40h. Mas em situações excepcionais, como no caso do TRE-PA, em que tive menos de 1 mês para estudar as matérias específicas e para “conhecer” a banca, cheguei a fazer 50h líquidas semanais.

Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?

Yuri: Tive dificuldades em alguns Direitos, como Constitucional e Administrativo, e em Estatística.

A superação foi acontecendo gradualmente, conforme o número de questões resolvidas foram se acumulando. Com paciência e persistência as dificuldades diminuem ou até somem.

Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?

Yuri: ​A semana anterior à prova é sempre intensa. Eu mantenho, no mínimo, a mesma carga horária das demais semanas, podendo até aumentá-la. Não me permito desacelerar na reta final. Nas semanas finais eu já me preparo para refazer todas as questões que errei ao longo da preparação e para rever os detalhes mais decorebas das matérias. Véspera da prova é dia de estudo o dia todo. É dia de refazer as questões que errei pela segunda vez enquanto refazia as erradas. Estudo, inclusive, no dia da prova, no caminho até a prova e antes de entrar na sala, me certificando de ter decorado as fórmulas de exatas e outras decorebas diversas.

Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?

Yuri: ​Para o concurso do TRE-PA não consegui tempo para praticar discursiva. Com apenas 4 semanas para a prova, decidi que meu foco seria total em ler as matérias novas e resolver as questões da banca. Eu não tenho dificuldades com a escrita, o que pesou bastante nessa decisão. Mas na minha preparação atual para Tribunais de Contas, tenho treinado discursivas periodicamente, como parte do ciclo de estudos, como uma matéria adicional. O único jeito de praticar discursivas é escrevendo e rescrevendo as sugestões de temas propostos pelos professores e fazendo provas discursivas de concursos anteriores.

Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?

Yuri: ​​Eu poderia citar a elaboração indiscriminada de resumos como um erro, mas não é bem como vejo. A jornada do concursando é de aprendizado não só das matérias dos editais, mas também da forma de estudar. Tentativa e erro fazem parte do processo de autoconhecimento acerca daquilo que funciona ou não para cada pessoa no que concerne aos estudos.

Eu, por exemplo, só pude perceber que os resumos não me ajudavam após tê-los feito. Da mesma forma, também só entendi que as questões me ajudavam muito depois de fazê-las aos montes.

Um grande acerto foi ter delegado às questões o direcionamento do estudo continuado após a leitura dos PDFs. As questões se encarregam de fixar os assuntos mais recorrentes e também revelam as minhas deficiências. Perceber tais lacunas, por meio das questões, e agir para corrigi-las é extremamente importante.

Fora isso, o maior acerto é, e sempre será, continuar estudando, com ou sem edital, com ou sem notícias ruins. A evolução como concursando e o consequente entendimento do que funciona melhor para seu aprendizado é algo que vem com o acúmulo das horas de estudo.

Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?

Yuri: O mais difícil, no início, foi lidar com o receio de o edital sair antes de estar preparado, e depois ter que aguardar mais “sabe-se lá” quantos anos até o próximo. Superado esse receio, veio a dificuldade de lidar com reprovações em concursos em que eu acreditava ter chances reais de aprovação. Isso é algo que nos acompanha até a aprovação final, faz parte.

Atualmente acho que o mais difícil é lidar com a pressão de continuar evoluindo constantemente até o dia da prova, seja qual for, para chegar em nível competitivo. Essa pressão, apesar de inerente e necessária, é algo que traz uma carga psicológica elevada.

Desde que comecei não pensei em desistir em momento algum, nunca. Ao contrário, quanto mais avancei, mais razões encontrei para continuar e mais certeza tive de que havia tomado a decisão certa para mim. E sigo encontrando, até hoje, novos motivos para continuar. Desistir nunca foi uma opção, nem nunca será.

Estratégia: Qual foi sua principal motivação?

​Yuri: A certeza de que a qualidade de vida desejada por mim será alcançada com a aprovação no concurso dos sonhos.

Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!

Yuri: Aconselho a internalizar, muito bem, o seguinte: apesar de o caminho ser longo e árduo, as recompensas são ainda maiores. Aprovação em concurso público é, cada vez mais, um projeto de vida de médio e longo prazo. Não há aprovação sem (muita) paciência e persistência. O grande segredo da aprovação, que não é grande nem é segredo, é continuar estudando, nada mais.

Não conheço ninguém que tenha sido aprovado desistindo.

Só chega ao destino quem segue caminhando.

Bons estudos!