
“Acho que o mais importante é se conhecer e saber o que funciona para você, para traçar o seu próprio caminho.”
Confira nossa entrevista com Ronan Severo de Araujo, aprovado em 37° lugar no concurso TJ-SP Magistratura:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Há quanto tempo se formou em Direito? Qual sua idade e cidade natal?
Ronan Severo de Araujo: Tenho 32 anos, nascido em Brasília-DF, mas morei no interior de Goiás até o início da fase adulta. Venho de família humilde, pai motorista e mãe costureira. Tenho orgulho da minha origem e de ter sido o primeiro da minha família a ter curso superior.
Me formei em 2015.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Escolheu seu curso superior já pensando em fazer concurso ou chegou a advogar?
Ronan: Concurso foi um instrumento de transformação da minha vida.
Pelo fato de ter cursado o ensino médio em uma pequena cidade, na qual sequer tinha faculdade, o ensino superior era um sonho distante, sobretudo porque não conseguiria me manter em outra cidade, ainda que estudasse em universidade pública.
Diante disso, o concurso surgiu como opção para obter renda e custear o ensino superior. Inicialmente, eu pretendia cursar engenharia civil, mas o estudo para concurso me fez migrar para o direito. Ao iniciar o curso, cheguei a pensar na magistratura, mas naquele momento parecia ser um sonho impossível.
Primeiro passei para concursos do Poder Executivo Distrital e Federal. Tomei posse na Secretaria de Educação em 2010, mesmo ano em que iniciei o curso de Direito. Também no ano de 2010, tomei posse no IPHAN.
Em 2013, tomei posse como técnico judiciário do TJDFT. A convivência no Tribunal despertou a vontade de ingressar na Magistratura, mas não me sentia preparado.
Em 2015, conclui o curso de Direito e passei para analista do TJDFT, vindo a tomar posse em 2016.
A partir daí, comecei a sentir ser possível a Magistratura. Comecei uma pós-graduação e após, em 2018, iniciei a dedicação voltada exclusivamente ao concurso para juiz.
Diante dessa trajetória nos concursos, não cheguei a advogar.
Estratégia: Sempre fez concursos para carreira jurídica?
Ronan: Minha trajetória nos concursos teve forma de escada. Não foquei em cada cargo como meio, mas, sim, como fim; isto porque só pensei em galgar um cargo mais elevado na medida em que avançava um degrau na escada.
Por isso, apenas me dediquei a concursos para carreira jurídica do meio para o final da minha trajetória.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Ronan: Sempre trabalhei e estudei. Fazia um horário mais curto durante o meio da semana e estudava nos finais de semana e feriados. O estudo durante a fase que não tinha edital aberto era mais leve, mas constante. Com edital aberto, sempre planejava retas finais para provas específicas e, quando possível, utilizava das férias para intensificar o estudo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Ronan: Em concurso de nível superior, passei para analista judiciário do STF (68°) e do TJDFT (2°) e também para juiz de direito do TJAL (39°), do TJRO (40°) e do TJSP (37°).
Ainda, abandonei o concurso do TJSC na segunda fase (provas discursivas) e do TJMA na prova oral.
Não continuarei estudando para concurso.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Ronan: Como o concurso para a Magistratura possui várias fases, o estudo ficava sobreposto, notadamente quando avançamos para outras fases. Isto dificulta muito especificar o tempo de estudo direcionado para o último concurso. Durante o concurso do TJSP, por exemplo, acumulei com o estudo para a prova oral do TJAL e TJRO, primeira e segunda fases do TJPR e do TJMA e primeira fase do TJSC
Mantive a disciplina com muito foco no meu objetivo e resiliência. Não era um dia ruim de estudo que transformava a semana ruim. Faço um paralelo com dieta, não é porque você falhou um dia que abandonará seu projeto no dia seguinte. Aprendi que o estudo não é retilíneo, mas cheio de altos e baixos. É um reflexo da vida humana e, portanto, integra o estudo para concurso. Parece óbvio, mas apenas tive controle psicológico quando internalizei ser natural a volatilidade do estudo. Assim, ao invés de ficar me cobrando, me dedicava mais nos dias bons.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Ronan: Utilizei de todos os materiais e ferramentas possíveis, mas o diferencial foi me manter no meu material.
Foi importante o autoconhecimento, saber como é meu processo de funcionamento. Diante disso, utilizava os recursos de acordo com a minha necessidade específica. Por exemplo, para conteúdos densos, aprendo melhor por meio de videoaulas, sem prejuízo de aprofundar e consolidar o conhecimento adquirido por meio de leitura ou de questões.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Ronan: Cada fase do concurso, requer uma preparação específica para treinar habilidades necessárias para a respectiva fase.
Conheci o Estratégia Concursos na preparação para a prova oral do TJRO e do TJSP.
Para a prova oral, identifiquei que, além do estudo teórico, é imprescindível o treino com colegas, bem como simulados de prova oral.
A prova oral é também uma prova psicológica e de postura, além de ser um ambiente inexplorado e inóspito. Assim, conhecer como é a prova oral, sendo examinado em ambiente próximo do real, é essencial para preparar o seu cérebro para o grande dia.
O Estratégia me ajudou muito nos simulados. Os professores, dentre eles o Rodrigo Vaslin, fizeram simulados o mais próximo da realidade possível, com perguntas pertinentes e compatíveis com a prova. Além disso, contamos com o apoio de psicóloga e fonoaudióloga, que acompanharam os simulados e deram dicas relevantes e personalizadas.
O contato com o curso foi muito positivo e foi perceptível a qualidade e o cuidado com o aluno.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Ronan: Senti quanto à preparação para a prova oral, como relatado acima. No contato que tive com o curso Estratégia, percebi a qualidade do curso e e a preocupação com o aluno.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Ronan: Estudava uma só matéria por vez. Meu cérebro apreende melhor o conteúdo com o esgotamento da matéria. O horário era variado, de acordo com a realidade do meu dia.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Ronan: Fazia revisão direcionada para cada prova, fazendo questões e lendo o meu material, que permitia transitar pelo conteúdo com rapidez.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Ronan: Como dito antes, cada fase requer uma preparação específica. Desse modo, os exercícios são importantíssimos para conhecer o formato de cada fase.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Ronan: No geral, utilizava de férias antes da prova, assim conseguia ficar o máximo possível e trabalhar nesse estudo de reta final a memória recente.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Ronan: O erro maior foi não confiar no meu método e ficar mudando de estratégia, no começo. Acredito que isso aconteça com a maioria dos concurseiros, em razão da insegurança em saber se estamos no caminho certo ou não. Acho que vale a pena fazer uma autoavaliação apenas após um período mais longo. Por exemplo, não é porque não estou evoluindo em um mês, que já irei abandonar o método escolhido.
O maior acerto foi construir meu material e seguir com ele até o final, além de entender que há temas mais cobrados e que não podem ser negligenciados.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Ronan: Primeiramente, você precisa se enxergar no cargo, sem isso é impossível manter a disciplina ao longo de tanto tempo. Somos nós mesmos que nos limitamos.
Saiba que é um longo caminho. Não se trata de corrida de 100 metros, mas, sim, de uma maratona. Então, é fundamental ter uma rotina sustentável e equilibrada; do contrário a pessoa terá mais problemas do que resultados. Isto não significa ausência de abdicações, mas isto deve ser feito de modo razoável. Acredito que inconscientemente sabemos se estamos nos dedicando ou apenas enrolando no estudo, então basta ouvir essa voz interior pra saber se foi encontrado um ritmo mais adequado.
Também é essencial resiliência, para lidar com problemas pessoais que surgem, bem como com reprovações. Lembre-se, a reprovação é a regra, então você precisa aprender a lidar com isso
Entender o que funciona para você e confiar em si. Isso não significa que ajustes não sejam necessários, sobretudo quanto às deficiências.
É importante saber quais são os temas mais cobradas, pra ter um estudo mais eficiente, e a resolução de questões ajuda nesse filtro. Além disso, matérias menores costumam ter um custo-benefício maior, por ter um número maior de questões por tempo de estudo necessário. Assim, é muito eficiente estar bem nas matérias menores.
Mas como são muitas matérias cobradas, não é possível negligenciar nenhuma delas. Quando estamos perto da norte de corte, o que nos faz avançar é atacar as nossas deficiências, pois elas que impedem alcançar a nota de corte.
Por fim, são vários os caminhos que levam à aprovação, não havendo fórmula pronta. Acho que o mais importante é se conhecer e saber o que funciona para você, para traçar o seu próprio caminho.