Aprovada em 3º lugar no concurso do Tribunal de Justiça de São Paulo
“Foi um misto de alívio e felicidade. Alívio por saber que o tempo investido não foi em vão e a felicidade de saber que é capaz de alcançar seus objetivos quando há dedicação e força de vontade”
Confira nossa entrevista com Marielle Soares, aprovada em 3º lugar no concurso do Tribunal de Justiça de São Paulo para o cargo de Assistente Social:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Marielle Soares:Tenho 30 anos, sou natural de Campo Maior – PI, formada em Serviço Social desde 2011, bolsista do ProUni em uma faculdade particular de Teresina. Tenho pós-graduação em Serviço Social, Seguridade Social e Legislação Previdenciária e cursando uma nova pós graduação (especialização) em Serviço Social no Socio-jurídico e a Atuação Profissional no Sistema de Garantia de Direitos: Fundamentos Teórico-Metodológicos, Assessoria, Perícia e Gestão.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Marielle: Logo após a formatura comecei a trabalhar em um município no interior do Ceará, com vínculo contratual temporário, assim, considerando a instabilidade do vínculo já iniciei os estudos com vistas a conquistar estabilidade profissional. Alguns meses depois fui aprovada para outro município, também no Ceará.
Estratégia: Por que a área judiciária? Você tinha alguém na família que o inspirou, já tinha tido algum contato com a rotina dos fóruns, o que te fez estudar para esse concurso?
Marielle: Neste município que fui aprovada atuei na área da Saúde, inicialmente, e depois acabei sendo removida para secretaria de assistência social onde atuei nos diversos equipamentos do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, entre eles o Centro de Referência da Mulher e – CRM, que atua na proteção e promoção social das mulheres vítimas de violência, e no Centro de Referência Especializado de Assistência Social – CREAS, em que atuei especificamente na equipe de referência das medidas socioeducativas, acompanhando adolescentes em conflito com a lei. Estes dois equipamentos têm atuação direta com a área judiciaria integrando o Sistema de Garantias de Direitos.
Foi através destas experiências profissionais que me aproximei do judiciário, inclusive participava de algumas audiências representando o CREAS. E daí passei a me interessar pela área sociojurídica observando ser um campo de atuação em que conseguia visualizar, com mais facilidade, o impacto das ações do assistente social junto à população – que era algo que me incomodava atuando no executivo, considerando a precariedade das condições de trabalho além da insuficiência de recursos das políticas públicas.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Marielle: Como já adiantei anteriormente, eu trabalho desde a conclusão do curso, então tive que aprender a conciliar o trabalho com estudos. E é uma coisa meio complicada encontrar um equilíbrio nas duas atividades para que ambas possam ser executadas da melhor maneira possível. Mas, considerando a carga horária de trabalho de 30 horas da categoria, foi possível construir um programa de estudos viável, que não me impedisse de realizar meu trabalho com a competência e comprometimento que eu julgava necessário.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Marielle: Vou tentar seguir uma ordem cronológica de convocações e não de publicação dos resultados… Primeiro foi na prefeitura de Tianguá-CE, em seguida fui chamada na Prefeitura de Jijoca de Jericoacoara-CE, que recusei. Depois, Prefeitura de Teresina que assumi e fiquei apenas uns 07 meses. Fui pra Teresina já sabendo do resultado do Tribunal de Justiça de São Paulo e fiquei aguardando a convocação que ocorreu em meados de 2018. Daí assumi o tribunal e alguns meses depois fui chamada para Universidade Federal do Maranhão, que recusei.
A última prova que fiz foi a do tribunal, em que passei em terceiro lugar e é onde estou hoje, trabalhando há 02 anos.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Marielle: Tentei construir um programa de estudos viável para atender meu compromisso com o trabalho e ter uma vida social. Assim, pelo menos uma vez por mês eu ia visitar minha família em Campo Maior e eventualmente saía ou me reunia com os/as amigos/as. O fato de Tianguá ser uma cidade razoavelmente pequena contribuía para ter uma vida social limitada (risos).
Apenas quando se aproximava da data de alguma prova é que buscava focar mais nos estudos e atender todo o edital da prova. Daí diminuía o número de viagens para ver a família e os encontros com os amigos.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Marielle: Sou solteira e sem filhos. Hoje moro com uma amiga de longa data que já morava em São Paulo e foi uma importante rede de apoio e incentivo para que eu assumisse a vaga. Minha família, em especial meus pais, sempre me apoiaram em minhas decisões profissionais e quando eu necessitava me ausentar um pouco mais para estudar, sempre foram compreensivos e grandes incentivadores. Apenas na vinda para São Paulo ficaram receosos, já que dessa vez seria uma mudança mais significativa… São mais de 2500 km de distância, mas, ainda assim, me apoiaram em mais essa empreitada.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo)
Marielle: Essa é uma pergunta difícil de responder porque cada pessoa tem suas demandas, especialmente financeiras, que afetam as escolhas. Alguns têm que trabalhar para poder custear a compra de cursos preparatórios, livros, pagar as inscrições, as passagens e hospedagens nos locais de prova, já outros podem contar com apoio (financeiro) da família e dedicar-se apenas aos estudos e buscar o cargo dos sonhos.
No meu caso, em especifico, o foco inicial era ter uma fonte de renda estável e não depender financeiramente dos meus pais. Então, fiz concursos municipais que são certames geralmente mais fáceis, já que possuem um edital menos extenso, para ter como bancar os gastos com os concursos. E foi dessa forma que foi possível investir na preparação para outros certames mais difíceis.
Então acredito que cada pessoa, de acordo com suas possibilidades tanto objetivas como subjetivas, necessita traçar seu percurso com estratégias condizentes com sua realidade.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovada?
Marielle: De modo geral, só estudava para o concurso quando o edital era publicado. Tinha e ainda tenho dificuldade em criar um programa de estudo sem ter um direcionamento, e é o edital que apresenta esse direcionamento com o conteúdo que será cobrado na prova. E, como cada instituição exige que o candidato a vaga tenha um direcionamento para o seu âmbito de atuação, eu costumava aguardar a publicação do edital para não perder tempo estudando temas que poderiam não fazer parte do certame.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Marielle: Em buscas na internet sobre notícias de concursos que estavam sendo aguardados. Foi uma boa ferramenta para acompanhar o calendário de editais a serem lançados já que o site vai em buscas das informações nos diários oficiais.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Marielle: Em alguns concursos fiz preparatórios presenciais, mas no caso do Tribunal de São Paulo optei por vídeo aulas, livros e materiais em PDF.
As aulas presencias são vantajosas porque permite tirar dúvidas de imediato com o/a professor/a e discutir questões com os/as colegas da turma. O problema é que não é tão fácil encontrar cursos preparatórios presenciais de Serviço Social. Estes normalmente se concentram nas capitais, o que dificulta o acesso de quem reside no interior do estado. Nesse caso, há possibilidade de optar por cursos online, como o Estratégia.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Marielle: Do edital mais simples ao mais complexo, normalmente existe um volume expressivo de conteúdo que precisa ser memorizado e acredito que a constância nos estudos é que nos permite guardar na memória o material necessário para as provas – e para o trabalho, no futuro, com a aprovação!
No meu caso, essa constância de estudos se deve ao número de provas que me propus a fazer. A cada nova prova fui percebendo que em alguns temas já possuía alguma facilidade em responder questões e em outros nem tanto. Com essa percepção do que ainda tinha dificuldade em assimilar passei a dedicar mais tempo de estudo – leitura de conteúdo e responder questões – e com o conteúdo que tinha facilidade realizava algumas revisões periódicas através de resumos ou respondendo questões.
Acredito que o que pode ajudar a todos é ter uma certa organização do conteúdo a ser estudado até a data da prova. Dividir o tempo disponível para cobrir todo o edital, desde conhecimento específico aos conhecimentos gerais. Assim, construí um programa de estudo diário definindo quanto tempo estudaria cada disciplina ou tema, lendo o conteúdo (livros, resumos ou PDF), assistindo aula e, em seguida respondendo questões apenas do tema estudado. No final da semana, após completar o conteúdo que havia programado, respondia uma prova de algum concurso anterior que teve a mesma banca como forma de me aproximar e conhecer o perfil de provas da banca.
Com esse programa de estudo, acabava estudando por volta de 4 horas por dia.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Marielle: O conteúdo específico de Serviço Social é bastante extenso e conta com muitos autores que podem divergir a sua concepção sobre determinado tema/assunto, e isso dificulta na apreensão e memorização do conteúdo. Para superar essa dificuldade, optei por ler as obras de forma integral (que estavam previstas no edital) e construir um resumo com as ideias principais de cada autor. Além disso, buscava em provas anteriores como o conteúdo era cobrado nas questões para ajudar a memorizar a compreensão de cada autor sobre determinado tema.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Marielle: Caso eu conseguisse finalizar o conteúdo do edital até a véspera da prova, a última semana ficava reservada para responder questões e revisar o conteúdo apenas daquelas que errava. Se não tivesse finalizado, assistia aulas do conteúdo que ainda estava pendente. Evitava ler o material que demanda mais tempo do que assistir aulas.
No dia que antecede a prova buscava descansar, ver um filme, para diminuir a ansiedade.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Marielle: Não repetiria o erro de esperar pelo edital e estudaria o conteúdo comum a todas as provas, como português, informática e algumas legislações. E com o edital publicado, estudaria apenas o que seria específico da banca e do cargo.
O acerto seria a organização do material de estudo e divisão equilibrada do tempo para cobrir todo o edital pelo menos uma semana antes da data da prova.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, o que te motivou a seguir em frente?
Marielle: O mais difícil foi conciliar trabalho e estudo, e ficar longe da família. Pensei em desistir várias vezes quando chegava cansada do trabalho e sem disposição para estudar. Nesses dias não conseguia me concentrar. Daí entendi que era melhor descansar para no dia seguinte, com a energia renovada depois do descanso, retomar o programa e no final de semana tentava colocar em dia o conteúdo que havia ficado pendente.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificadas?
Marielle: Foi um misto de alívio e felicidade. Alívio por saber que o tempo investido não foi em vão e a felicidade de saber que é capaz de alcançar seus objetivos quando há dedicação e força de vontade.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Marielle: Diante desse cenário tão caótico e de desmonte de direitos dos trabalhadores, o concurso ainda é a forma de ingresso no mercado de trabalho que proporciona maior estabilidade e segurança aos profissionais. Para muitos de nós, a maior, ou única, herança que recebemos de nossos pais e mães é a educação e é através dela que poderemos construir uma sociedade e um país mais justo e igualitário. Assim, incentivos a todos, todas e todes que foquem nos estudos e no acesso ao conhecimento para construção de um projeto de vida que atenda seus objetivos profissionais ou sonhos. Não desistam!