
“É necessário entender e respeitar a sua própria trajetória.”
Confira nossa entrevista com Caio César Rocha Ramos, aprovado em 01º lugar no concurso TJ-PI para ENGENHEIRO CIVIL:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Caio César Rocha Ramos: Meu nome é Caio, tenho 28 anos e sou de Teresina, Piauí. Sou formado em Engenharia Civil pela UFPI e mestre pela UNICAMP.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Caio: Desde o início da minha graduação, sempre me imaginei seguindo a carreira acadêmica. Nunca esteve nos meus planos estudar para concursos fora dessa área. Ainda no último período da graduação, fui aprovado para o mestrado na UNICAMP. Logo em seguida, iniciei o doutorado na mesma instituição. Porém, durante o doutorado, surgiram diversas adversidades. Primeiro, a pandemia, que provocou a suspensão das atividades presenciais. Segundo, após dois anos de curso, meu orientador teve que se aposentar por motivos de saúde. Tive que trocar de orientador e reformular o projeto de pesquisa, o que ia aumentar o tempo necessário para a conclusão. Por esses motivos, este ano, decidi me afastar do doutorado e começar a estudar para concursos. No início, pretendia prestar exclusivamente concursos para docente. Entretanto, devido à dificuldade em encontrar vagas na minha área de estudo que requeiram apenas mestrado, prestei também os concursos para engenheiro do TJ-PI e do TRT-PI. O primeiro tinha apenas uma vaga imediata e o segundo era apenas para cadastro reserva.
Estratégia: Você trabalhava e estudava?
Caio: Não. Tive o grande privilégio de poder me dedicar apenas aos estudos. Quando fui estudar em Campinas, sempre tive bolsa, então pude trabalhar exclusivamente na pesquisa. Atualmente, morando em Teresina e estudando para concursos, tenho contado com o suporte financeiro da minha família.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado?
Caio: Prestei três concursos até hoje. O primeiro foi para professor de Estruturas do IFCE, no final do ano passado. Fiquei em primeiro lugar na prova objetiva. Porém, após a prova de títulos, caí para quarto lugar, sendo apenas duas vagas imediatas. Depois disso, fiz a inscrição para vários outros concursos. No entanto, quando pensava nos custos da viagem e no pouco tempo que ia ter para estudar, desistia de fazer. Este ano, fiz os concursos para engenheiro do TJ-PI e do TRT-PI, cujas provas aconteceriam em dois domingos seguidos. Fiquei em primeiro lugar em ambos. Pretendo continuar estudando para outros concursos, mas ainda não defini em quais áreas e órgãos irei focar.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?
Caio: Como eu tinha poucas semanas para estudar e eram meus dois primeiros concursos para engenheiro, não pude manter uma vida equilibrada da forma que eu gostaria. Abandonei as atividades físicas, o que não recomendo, e evitei ao máximo sair de casa. A cada 15 dias, em média, eu tirava uma noite para sair com os amigos e uma tarde de domingo para almoçar fora com a família.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro?
Caio: Não sou casado nem tenho filhos. Minha família e amigos sempre acreditaram muito em mim e me incentivaram a estudar. Isso foi essencial durante essa jornada.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Caio: Do momento que comecei a estudar para o TJ-PI até a prova, foram exatamente 10 semanas. Como no domingo seguinte seria prova do TRT- PI, tive um total de 11 semanas para estudar para dois concursos com bancas e conteúdos significativamente diferentes. Não havia espaço no calendário para perder o ritmo. Para manter a disciplina, fiz um planejamento detalhado de todas as fases da minha preparação e busquei me manter nele até o fim. Dessa forma, eu sempre sabia o que devia fazer em cada dia, evitando a procrastinação.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Caio: Na parte de engenharia, eu utilizei principalmente as apostilas em PDF, a leitura de leis e normas e o sistema de questões. Na parte de Português, eu preferi assistir as aulas da Professora Adriana Figueiredo. Para estudar licitações, eu assisti as aulas do Professor Herbert Almeida e recorri à legislação esquematizada.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Caio: Quando estava estudando para o concurso do IFCE, percebi que ia precisar de ajuda para enfrentar o Português da IDECAN. Por esse motivo, comprei o curso do Estratégia, com a Professora Adriana Figueiredo, que fez uma grande diferença na minha preparação. Posteriormente, quando comecei a estudar para os concursos do TJ-PI e do TRT-PI, como já tinha tido uma experiência positiva com a plataforma, resolvi adquirir a assinatura.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação?
Caio: Com certeza. O material do Estratégia é muito bem direcionado para o que realmente cai nas provas. Isso permite um estudo mais rápido e efetivo, o que foi decisivo no meu caso, que tinha muita coisa para aprender ou revisar dentro de um curto período.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Caio: Durante as 11 semanas de preparação, meu dia de estudos ia das 8h às 24h. Dava pausas de 5 minutos a cada 25 minutos de estudo, de 15 minutos a cada 2h e de meia hora depois do almoço e do jantar. Não estipulei um dia específico para descanso porque imaginei que eventualmente apareceriam compromissos que me fariam perder algumas horas de estudo. Essas perdas foram consideradas no planejamento. Era uma rotina exaustiva, que seria insustentável a longo prazo. Porém, queria aproveitar o pouco tempo disponível da melhor forma possível.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Caio: Principalmente por meio de questões da banca e de anotações que vou fazendo ao longo do estudo. Faço resumos apenas quando considero que o tópico precisa de um cuidado muito especial.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Caio: Resolver questões é muito importante para conhecer o estilo da banca, entender como determinado assunto é cobrado e diagnosticar possíveis deficiências. Porém, na minha visão, mais importante que responder inúmeras questões em série é refletir sobre os erros e acertos e saber usar conscientemente cada questão como uma ferramenta de revisão.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Caio: Português e legislação específica do TJ-PI. No caso de Português, além do curso do Estratégia, eu fiz o curso completo da plataforma da Adriana Figueiredo. A legislação do TJ-PI era longa e um pouco confusa, então busquei complementar com um curso intensivo aqui em Teresina. A legislação do TRT-PI, por outro lado, consistia apenas no Regimento Interno do órgão e foi possível estudar por meio da leitura da lei seca e das revisões da Professora Géssica Ehle.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Caio: A semana anterior à prova foi uma semana normal de estudos. Estudei todos os dias a mesma quantidade horas, nem mais, nem menos, até a véspera da prova. Simplesmente segui o meu cronograma e estudei todos os tópicos do edital.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Caio: Meu principal erro foi não ter treinado o controle do tempo para a resolução da prova. Por isso, acabava sempre preenchendo o cartão de resposta às pressas, o que me fez marcar errado algumas questões. Meu principal acerto foi ter feito um bom planejamento, que me permitiu aproveitar bem cada dia de estudo. Além disso, acho que consegui identificar bem o perfil da banca e quais tópicos eu deveria dar mais atenção. A prova veio muito alinhada com o que eu tinha estudado.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Caio: Eu sempre entendi a preparação para concursos como um processo que poderia demorar um pouco antes de dar resultados. Saí de todas as provas que fiz com a certeza que tinha dado o meu melhor, mas nunca achei que conseguiria ser aprovado num futuro muito próximo. A minha primeira reação ao ver que estava em primeiro no TJ-PI foi verificar se havia uma página anterior, se a lista realmente estava começando por mim, tamanha a minha incredulidade. Demorei a acreditar que aquela única vaga era minha. Na semana seguinte, ao ver o mesmo resultado se repetir no TRT-PI, minha reação foi a mesma. Consegui ser aprovado muito antes do que eu esperava. Mas, caso não tivesse dado certo, eu estava pronto para aprender com os erros e seguir tentando.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Caio: É necessário entender e respeitar a sua própria trajetória. A vida não é linear e nem sempre vai sair tudo conforme desejamos. Fazemos planos baseados no pouco que conseguimos prever, mas muita coisa foge do nosso controle. Muitas vezes, na minha preparação para concursos, eu me sentia mal por não estar nem continuando meu doutorado, que era minha meta de vida, nem estar tão bem na área de concursos quanto eu estaria se tivesse começado a estudar logo após a formatura. Também sentia que estava jogando fora tudo que fiz nos últimos anos. Por exemplo, dentro da Engenharia Civil, sempre me dediquei à área de Estruturas, que nem sequer apareceu nos editais do TJ-PI e do TRT-PI. Nesses concursos, meu mestrado ou meus artigos não me garantiram nem um pontinho a mais. Mas, se consegui bons resultados rapidamente, foi porque eu já tinha um bom ritmo de estudo, um certo nível de maturidade para lidar com assuntos novos e saber planejar a minha preparação, além de autoconhecimento para entender como eu aprendo e, principalmente, para reconhecer os meus limites. Todo esse aprendizado foi conquistado perseguindo outros sonhos, que talvez um dia eu consiga conciliar com os meus objetivos atuais.