Aprovado no concurso TCE PB
“Minha principal motivação era conquistar algo de valor na minha vida. Sempre tive a sensação de que, se as coisas dependessem apenas de mim, eu teria sucesso”
Confira nossa entrevista com Emival Ribeiro da Costa Filho, aprovado em 14º lugar no concurso do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba no cargo de Auditor de Contas Públicas:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Emival Ribeiro da Costa Filho: Sou formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Sou natural de Goiânia, Goiás, onde morei até os 29 anos, quando tomei posse como Auditor de Contas Públicas do TCE-PB. Hoje resido em João Pessoa-PB em razão do exercício do cargo de Auditor, mas sempre que posso vou a Goiás visitar a família.\
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Emival: A verdade é que eu nunca fui feliz no campo de obra. Trabalhei cerca de 5 anos na Engenharia e meu desejo nunca foi permanecer por muito tempo. O único momento em que estive relativa satisfação, foi quando exerci a função de fiscalizar obras. Durante esse período vi alguns colegas sendo aprovados em concursos públicos e passei a pesquisar sobre o assunto. Os que mais me chamaram a atenção foram, de fato, os Tribunais de Contas. Mas por conta das poucas vagas que sempre são ofertadas nesses concursos, preferi iniciar minha caminhada na área fiscal e escolhi a Receita Federal para ser meu alvo. O concurso do ISS Goiânia no início de 2016 saiu e foi o meu ponta pé inicial nessa jornada! Eu viria a alcançar algumas aprovações em grandes concursos cerca de 2 anos depois.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Emival: Durante o período em que exerci a engenharia, acabei fazendo uma reserva financeira justamente pensando no momento em que eu sairia para me dedicar inteiramente aos estudos. O montante não foi suficiente, pois subestimei a complexidade que envolve o estudo para concurso público e acabei levando muito mais tempo do que o estimado. Assim, precisei do socorro financeiro dos meus pais, que me apoiaram incondicionalmente durante todo o período.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Emival: Fui aprovado para Auditor de Contas Públicas do TCE-PB, em 14º lugar e Agente da Fiscalização Financeira do TCE-SP (cargo equivalente a Auditor) em 37º lugar – eram 49 vagas imediatas. Além disso, fui aprovado para Analista Judiciário da Área Administrativa do TRF-1 GOIÁS (concurso feito apenas para Cadastro de Reservas), em 13º lugar. Por fim, fiquei classificado no Cadastro de Reserva para Auditor da SEFAZ GO.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Emival: Indescritível! O filme dos 2 anos estudando passou pela minha mente em poucos segundos. Eu vivia um momento bastante turbulento em minha vida pessoal e a ansiedade já estava sendo um problema. Me lembro que no dia do resultado do TCE SP, eu decidi que estudaria normalmente e não ficaria atualizando a página do Diário o dia todo. Enquanto eu estudava, chorava, literalmente, de ansiedade. No momento que abri o Diário Oficial e vi meu nome dentro do número de vagas fui tomado pela alegria da vitória. O choro de ansiedade passou a ser de alegria.
Lembro que liguei para minha mãe, que tava trabalhando no momento, e contei para ela, que também começou a chorar. Os últimos 6 meses de estudos foram bastante traumáticos e o nome no Diário Oficial foi como tirar uma tonelada das costas.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Emival: No início eu não mudei tanto. Continuei com a rotina como se tivesse trabalhando: estudava durante a semana, parava na sexta a tarde e só retomava nas segunda-feira. Sexta a noite, sábado e domingo eu mantinha uma vida social bastante ativa.
Nos últimos 12 meses, quando percebi que precisaria subir meu nível para ser aprovado, adotei uma postura mais radical. Encontrava-me apenas com a minha namorada (atual esposa) aos finais de semana e me dedicava a estudar um pouco mais. Passei a estudar no sábado pela manhã e descansava apenas no período da tarde e domingo. Passei um bom tempo sem sair com meus amigos. Em um determinado momento as pessoas nem convidavam mais, pois sabiam que eu não iria. Depois que fui aprovado, tudo voltou à normalidade e todos entenderam que a minha ausência foi necessária durante um tempo.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Emival: Enquanto estudei para concursos, apenas namorava e morava com meus pais. Cinco meses depois da posse, que aconteceu em julho de 2018, me casei. Ainda não temos filhos, mas não vai demorar também.
O fato é que a aprovação e posse em um grande concurso público te dá todas as condições de realizar tudo que só imaginamos quando estamos estudando.
Meus pais me apoiaram incondicionalmente e financeiramente. Minha esposa, na época namorada, também foi decisiva para o meu sucesso. Sempre esteve comigo e nunca reclamou de ter que abrir mão da vida social em muitos momentos. A falta de grana também nos acompanhou durante todo o tempo, mas ela nunca reclamou. Hoje tudo é diferente.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Emival: Com certeza vale a pena. Acho que o concurseiro tem que fazer quantas provas a condição financeira permitir. Fazer provas te coloca, de fato, no campo de batalha e te mostra muitas realidades que as vezes não conseguimos enxergar. O problema é o foco no estudo: fazer provas não deve mudar o seu foco enquanto você já não for experiente. Como já disse, estudava para a Receita Federal. Quando fechei o edital e não havia nenhum sinal de concurso, passei a migrar para os concursos que estavam acontecendo naquele momento. O resultado foi 3 aprovações. Mas só migrei quando já havia fechado o edital da Receita Federal. Antes de fechar todo o conteúdo programático não vale a pena alterar o planejamento, por mais que apareçam concursos atraentes. Depois que já estamos experientes, a migração fica bem mais fácil e o prejuízo praticamente não existe. É bem diferente de migrar antes de cumprir a missão de estar preparado para o concurso escolhido inicialmente.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Emival: 3 meses. Eu estudava para a Receita Federal. Fechei o edital em julho de 2017. Em agosto saiu o edital do TCE SP. Eu precisava estudar apenas 2 matérias além daquelas que eu já estudava para a Receita Federal.
Fiz a migração durante os 3 meses do pós-edital, adotei a melhor estratégia, e obtive sucesso. Mas só foi possível porque eu já tinha uma bagagem muito boa.
Para o concurso do TCE PB, que aconteceu 4 semanas depois do TCE SP, eu não estudei absolutamente nada. Era fim de ano, natal, ano novo e eu estava exausto. Simplesmente não conseguia resolver uma só questão. Fui apenas com a bagagem de quase 2 anos adquirida estudando para a Receita Federal e os 3 meses de pós edital do TCE SP.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Emival: Estudei sem edital por muito tempo. O período que eu mais estudei sem edital foi entre o concurso da SEFAZ MA e do TCE SP. Foram praticamente 12 meses sem edital. Levei uma porrada na SEFAZ MA e percebi que precisaria levar os estudos mais a sério. Na verdade, eu desejei que o edital demorasse a sair. Eu precisava de um tempo para estar preparado. Foi o período que eu mais me dediquei. Estudava das 8 da manhã as 21 horas. A consciência de que eu não estava preparado me fez manter a disciplina. Um bom planejamento também ajuda muito.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Emival: Cometi muitos erros. As aulas presenciais fizeram parte do meu início, mas foi um grande erro ter ido para sala de aula. Videoaulas não foram as ideais, mas somaram muito mais do que as aulas presenciais. Eu demorei muito a me adaptar ao material em PDF. Mas quando percebi que não conseguiria ser aprovado em um grande concurso sem estudar através do PDF, tive que me adaptar. Na verdade usei uma técnica de fazer resumos no Word e isso me ajudou bastante a me acostumar com o PDF. Sem o PDF jamais teria conseguido.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Emival: Impossível estudar para concursos e não conhecer o Estratégia Concursos. Eu gostava bastante de ler o depoimento de aprovados, tanto para me motivar como para descobrir as técnicas utilizadas. A cada depoimento de algum aprovado, o nome do Estratégia estava presente. Então não foi difícil saber qual material deveria utilizar.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Emival: Estudava várias matérias ao mesmo tempo. Cheguei a estudar 20 matérias de forma simultânea. As vezes passava por 7 matérias diferentes durante um único dia. Mas o normal era de 3 a 4 matérias no mesmo dia.
No início o foco era na teoria. Fazia muitos resumos digitais mesmo, que me ajudaram bastante na memorização. Exercícios eu sempre fazia, mesmo quando era iniciante. Nos últimos 3 meses de preparação eu cheguei a resolver 12 mil questões. Meu foco sempre foi na resolução de questões, no início menos do que no final.
Meu plano de estudos foi montado baseando nas técnicas compartilhadas por vários aprovados. Eu elaborava um cronograma completo, de 4/5 meses e simplesmente cumpria. É claro que esse cronograma era semanalmente alterado, sem nenhuma rigidez. Mas o fato é que eu monitorava tudo: desempenho nas questões por aula, percentual do conteúdo teórico estudado e quantas revisões havia feito de cada assunto.
Nos últimos 6 meses eu estudei algo em torno de 12 horas brutas por dia. Nunca gostei de medir horas líquidas, pois estava mais focado no percentual do conteúdo teórico que precisava estudar.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Emival: Sempre tive dificuldades em português. Desenvolvi uma técnica que resolveu meu problema: todos os dias eu assistia 30 minutos de videoaula. Antes de iniciar a videoaula, eu revisava as anotações das últimas 5 aulas. Em paralelo, eu segui meu estudo da teoria em PDF normalmente. Em 4 ou 5 meses eu concluí todo o conteúdo de português e melhorei bastante meu desempenho na resolução de questões.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Emival: A semana que antecedeu a prova foi bem tranquila: estudei pouco. Nas últimas 2 semanas eu diminuí o ritmo. Alias, se a prova era domingo, eu gostava de parar de estudar na quinta a noite. Para mim, chegar no dia da prova com a cabeça descansada e disposto a enfrentar um dia cansativo era decisivo.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Emival: No concurso do TCE-PB teve discursiva e ela me subiu 14 posições na classificação final. Para ser sincero, nunca treinei discursiva. A bagagem teórica que eu tinha acabou suprindo a falta de treino. Acredito que cada aluno deve se conhecer e se preparar para a prova da melhor forma possível. Não tem uma receita de bolo nesse caso. A grande questão é se conhecer e trabalhar de acordo com a especificidade de cada um.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Emival: Meu maior erro foi focar em cursinhos presenciais e videoaulas. Isso aconteceu no início da preparação, mas atrasou a minha aprovação. Eu acredito que algumas pessoas conseguem ser aprovadas com 6 meses porque cometem poucos erros. É plenamente possível acontecer se você minimiza seus erros desde o início. Outro grande erro foi desprezar assuntos que tinham pouca incidência em prova. Na prova da SEFAZ MA, por exemplo, eu simplesmente ignorei alguns assuntos de Português e Direito Civil por achar que teriam peso baixo na prova. Errei as questões dos assuntos que ignorei e os pontos fizeram muita falta. O fato é que se a prova é fácil, você acaba se prejudicando por não ter estudado qualquer assunto. Se a prova é mais difícil, todo mundo pode errar, inclusive aquele que estudou. Se a prova é fácil e você não estudou algum assunto, fica de fora.
O maior acerto que eu tive foi a constância. Eu estudava todos os dias, no mesmo horário. Descansava aos domingos. Outro grande acerto foi estudar através do PDF e focar nas questões. Sempre tive comigo que a banca não inventa a roda de uma hora para a outra. Acredito que 80% das questões de uma prova de concurso, de alguma forma, já foram cobradas em concursos anteriores. Então se você faz muitas questões e conhece a banca, dificilmente será surpreendido no dia da prova.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Emival: Pensei em desistir várias vezes. Graças a Deus eu não tinha para onde ir. Até tentei fazer uma grana como motorista de UBER. Logo parei, pois estava prejudicando meus estudos. No meio do caminho enviei currículos para empresas de engenharia. Graças a Deus ninguém me retornou. A chance de eu ter me arrependido é de 100%. O problema é que as vezes a ansiedade toma conta e não conseguimos enxergar com a razão.
O que me fez seguir em frente era a certeza de que eu estava no caminho certo. Minha rotina de estudos, meus métodos, minha disciplina era tudo muito bem feito e isso me dava a certeza de que em algum momento a aprovação aconteceria, por mais que estivesse demorando. Acho que o período sem concursos acabou atrasando um pouco. Provavelmente eu teria sido aprovado em um concurso eventual concurso da Receita Federal, se tivesse acontecido.
A grande questão é fazer a coisa certa, da forma certa e com muita dedicação. Isso te dá muita força e certeza de que não há outra possibilidade senão a aprovação.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Emival: Minha principal motivação era conquistar algo de valor na minha vida. Sempre tive a sensação de que, se as coisas dependessem apenas de mim, eu teria sucesso. Estudar para concurso é isso: depende apenas de cada um. Se você não é aprovado, a culpa é exclusivamente sua. Se é aprovado, o mérito é 100% seu. Isso do ponto de vista profissional, da técnica e dos métodos. É claro que sem o apoio da família acaba se tornando cada vez mais difícil. Mas se você se propõe a fazer alguma coisa, faça bem feito. Assim, a chance de dar errado é mínima.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Emival: A primeira coisa que um concurseiro deve ter em mente é que vai ser muito difícil. O tempo todo você será exigido a melhorar. Talvez tenham sido os meses mais difíceis de toda a minha vida.
A segunda coisa que os concurseiros devem saber é que vale a pena. Hoje, nem me lembro das dificuldades que tive. A realidade muda de forma radical. Em todos os aspectos. Saiba que ser aprovado só depende de você.
E, por fim, se você se propõe a estudar para concursos faça o melhor que puder fazer. Se você fizer qualquer coisa que não seja o seu melhor, provavelmente terá muitas dificuldades.
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Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Um abraço,
Thaís Mendes