Aprovado no concurso TCE-MG
“Aconselho que uma pessoa que esteja iniciando seus estudos, saiba que a preparação é uma maratona, ou seja, é uma corrida de longo prazo. Com certeza haverá problemas no percurso, vontade de desistir e o resultado vai demorar a aparecer. Por outro lado, quando o resultado vier, ele será muito positivo, melhor do que qualquer proposta de emprego que você possa receber”.
Confira nossa entrevista com Jonas Vale Lara, aprovado em 1º lugar no concurso TCE-MG como Analista de Controle Externo, na especialidade de Engenharia:
Estratégia Concursos: Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Jonas Vale Lara: Sou formado em Engenharia Civil e tenho 33 anos. Sou natural de Resende Costa, Minas Gerais.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Jonas: A qualidade de vida que eu buscava, que era muito diferente da que eu tinha naquele momento. Trabalhava em uma grande construtora e via meus colegas mais velhos sozinhos ou, quando casados, tendo uma vida de muitas brigas na família. Ganhavam apenas dinheiro, mas perdiam suas famílias. Minha esposa já me falava para mudar de carreira e foi a melhor coisa que fiz em minha vida.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Jonas: Eu me dediquei integralmente ao concurso, juntei dinheiro enquanto trabalhava justamente para isso. Estudei cerca de 9 meses para passar em um concurso, de domingo a domingo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Jonas: Fui aprovado no concurso da Prefeitura de Santa Luzia e do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Jonas: Como sou pessimista, não acreditava muito em meu nome entre os aprovados, ficava sempre checando se era verdade. A alegria foi muito grande, tirei um peso das costas. É um acontecimento tão grande, que leva dias para ser assimilado.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Jonas: Durante minha preparação, não tinha vida social, apenas aos domingos eu tinha alguns momentos de mais socialização.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Jonas: Sou casado e ainda não tenho filhos. Minha família sempre foi a favor de que eu me dedicasse a um concurso, pois a qualidade de vida, o ambiente de trabalho, a valorização do profissional, inclusive para capacitação e treinamentos, é muito superior àquela que vemos no mercado de trabalho. As empresas brasileiras não estão preparadas para a gestão de RH, principalmente as construtoras. Para essas empresas, recursos humanos é simplesmente pagar o salário ao final do mês, ou seja, é um Departamento de Pessoal.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo)
Jonas: Acho que vale a pena a estratégia de concurso escada, ou seja, de buscar concursos intermediários, pois permite à pessoa avançar muito em seu aprendizado, ao mesmo tempo em que possui uma renda para lhe dar segurança. Um exemplo claro é uma pessoa que almeja passar no concurso do TCU. Como são concursos raros e muito difíceis, a pessoa faz primeiro um concurso para um Tribunal de Contas de um Estado (TCE).
Sendo aprovada no TCE, ela não só terá uma remuneração atraente, como também trabalhará, no seu dia-a-dia, com conteúdos cobrados na prova do TCU. Assim, o próprio trabalho ajudará seu estudo e vice-versa.
Pessoalmente falando, estou bem satisfeito na área em que atuo, pois é uma área bem interdisciplinar, envolvendo muita engenharia, direito e economia. Aprendo todo dia, além de trabalhar na cidade que sempre quis. Sinto que contribuo com a sociedade, embora ache que poderia contribuir mais.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Jonas: Estudei para o TCE-MG por cerca de 7 meses, mas era uma dedicação muito grande. Todo dia eu acordava, sentava na mesma cadeira e ia continuar o estudo do dia anterior. É uma rotina muito monótona, mas é um trabalho de formiguinha que dá MUITO resultado, embora exija todo um método, já que é necessário memorização, conhecimento de matérias mais recorrentes, etc.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Jonas: Antes do edital do TCE-MG, estudei para o concurso do CEFET e da COPASA, sempre após o edital.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Jonas: Após saber do concurso do TCE-MG, fui pesquisar um curso na internet para aquele certame. Encontrei o Estratégia, participei de uma aula ao vivo de controle externo e gostei muito. O que me marcou naquela aula foi que, mesmo sem entender nada de Direito àquela época, consegui compreender grande parte da aula. A partir daí, eu vi que tinha plenas condições de passar em qualquer concurso e que, com o Estratégia, eu poderia alcançar essa meta mais facilmente.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Jonas: Utilizei principalmente PDFs, pois é a forma mais rápida de estudo. Recorri a videoaulas somente nas matérias que não entendia bem no PDF, como no caso da disciplina de Contabilidade Pública e de Auditoria. Praticamente não utilizei livros.
Recorri muitas vezes a sites de questões resolvidas, acho que ajuda muito o aluno a verificar falhas em seu aprendizado, além de prepará-lo na utilização de sua memória no dia da prova, na forma de um simulado. Afinal de contas, na hora da prova, estamos com a cabeça muito cheia de conteúdo e temos que saber como buscar rapidamente toda aquela gama de informações que temos acumulado.
Estratégia: Você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Jonas: Eu estudava pelo método do ciclo de estudos, com o auxílio do coach Rodrigo Perni do Estratégia. Fazia resumos apenas para matérias que tinha muita dificuldade, pois os resumos tomam tempo.
Estudava por dia 6 horas líquidas cronometradas, ou seja, 6 horas sentado na cadeira lendo aula. Não conta aí a ida ao banheiro, pausa para lanche, nada disso. No ciclo de estudos, lia cerca de 4 matérias por dia, além de revisões.
Por esse método, pude focar nas várias disciplinas exigidas na prova, sendo um diferencial em relação aos concorrentes. Como me preparei bem para questões discursivas e grande parte dos alunos de engenharia não se prepara para escrever bem, ganhei muitos pontos na redação, enquanto os demais foram muito mal.
Estratégia: Conte um pouco mais sobre como foi a sua preparação para a prova discursiva. O que você aconselha?
Jonas: Eu sempre reservava um dia da semana para treinar questões discursivas de Direito e de Engenharia e para fazer simulados de provas. O dia escolhido era sempre domingo, pois era quando eu estava mais desmotivado para o estudo, precisando mudar minha rotina.
Fiz o curso de discursivas do Estratégia e procurei sempre fazer uma redação por semana, pedindo sempre para alguém corrigi-la. Tentava utilizar a questão discursiva também para o aprendizado de conteúdo técnico, pois muitas vezes eram cobradas informações que eu desconhecia, tendo que pesquisá-las.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Jonas: Tive bastante dificuldade em Contabilidade Geral, Contabilidade Pública e Auditoria. No caso da Contabilidade Geral, procurei melhorar meu aprendizado fazendo questões comentadas. No caso da Contabilidade Pública e da Auditoria, antes de ler os PDFs, eu assistia às videoaulas.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Jonas: A rotina de estudos foi intensa como as demais semanas, porém me concentrei mais em revisões e em algumas pegadinhas que esperava que viessem na prova. Treinei questões discursivas também.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Jonas: Meus erros ocorreram na parte de Contabilidade Geral e Auditoria. A matéria de Contabilidade era muito vasta e eu foquei em pegadinhas e detalhes de norma (“Pronunciamentos”) que não caem em uma prova de Engenharia. Afinal de contas, a banca não vai pesar a mão em contabilidade na hora de avaliar os engenheiros, pois não é a nossa área de domínio.
Já o erro na matéria de Auditoria foi ter feito poucas questões resolvidas, bem como não ter buscado um material complementar para concursos.
O meu maior acerto foi ter equilibrado minha preparação, valorizando o estudo de todas as disciplinas, inclusive a elaboração de redação nas questões discursivas. Por isso, falo tanto da importância de se ter um método de estudo.
Outro acerto foi ter estudado todos os dias, incluindo os domingos, encarando meu estudo como um trabalho de carteira assinada ou até como um trabalho mais sério ainda, já que estudava todos os dias, sem folga. Eu via aquilo como o maior acontecimento de minha vida, pois a minha aprovação, o meu sucesso, estava em meu estudo diário.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Jonas: Sempre pensamos em desistir, mas o importante, neste momento, é saber que o aprendizado é assim, tem momentos bons e, às vezes, momentos muito amargos. Quando o aluno perceber que não está assimilando um conteúdo e que está perdendo tempo, deve pausar seu cronômetro, tomar um café, olhar uma paisagem, relaxar, talvez pular aquele conteúdo ou mudar a disciplina. Se, na próxima vez em que ele voltar àquele conteúdo, ainda não for possível entendê-lo, vale a pena buscar outro livro, ou buscar aquele tema em um site de questões resolvidas, ou, ainda, buscar a ajuda de alguém que entenda, um colega.
Isso aconteceu comigo em Contabilidade Geral, pois não conseguia assimilar um conteúdo muito específico. Lembro que me irritei e hoje vejo que poderia ter contornado este problema das formas que citei acima. Na verdade, aquele assunto nem caiu na prova, ou seja, perdi tempo e me estressei à toa.
Outro momento muito difícil era o estudo aos sábados, pois eu já estava esgotado e queria conversar com as pessoas, ter uma vida social. Via o sábado passando e batia um certo remorso. Nesses momentos, é melhor pensar que a preparação é passageira e que o benefício é para a vida toda. Hoje, por exemplo, posso me dedicar ao lazer de forma que nunca pensei antes.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Jonas: A minha principal motivação sempre foi saber do salto que daria em minha qualidade de vida com a aprovação. Eu sabia que, depois de aprovado, muita coisa melhoraria. Embora a gente veja que, na prática, depois de passar em um concurso, outros problemas aparecem, mas essa é uma característica do ser humano.
Eu já havia vivenciado uma carreira internacional em uma grande construtora e sabia da vida ruim que as pessoas levam nessas multinacionais da engenharia. Lá, as pessoas perdem a família inteira, envelhecem muito mais rápido do que as outras pessoas, perdem saúde para ganhar dinheiro. Vi que não era aquilo que eu queria, apesar do status, aparentemente valorizado, que tem uma pessoa que trabalha numa empresa multinacional de engenharia.
Nós idealizamos muito nossa carreira. Escolhi a área da Engenharia Civil, pois queria trabalhar em uma grande obra, lidar com coisas grandes e, ao mesmo tempo, ter muita qualidade de vida. Porém, essa idealização, na hora de escolher o curso, não corresponde à realidade, sobretudo na engenharia civil. As grandes obras estão cada vez mais distantes dos centros urbanos. Não me arrependo de ter escolhido minha área de formação, mas vejo que idealizei uma profissão que não existe.
Eu era ambicioso e vaidoso e, por isso, custou muito para desapegar dessa carreira no mercado privado. A verdade é que a vida nessas construtoras é tudo de fachada, um autoengano dos próprios engenheiros que acham que estão se realizando, mas estão apenas trocando grandes pedaços de suas vidas por dinheiro. Vi que meus parentes envelheceram nesse período e que eu havia perdido grandes momentos com eles.
Por isso, após uns 3 anos, com essa consciência formada, já não tive dificuldade em me preparar para concursos. Sabia que do outro lado, ou seja, no mercado de trabalho, não havia oportunidade igual ou melhor. Pelo contrário, a vida no mercado de trabalho remunera bem menos que a do servidor e exige muito mais horas de trabalho, além do risco de demissão. Qual empresa “emenda” todos os feriados que caem na terça ou quinta-feira? Nenhuma. Já no serviço público é diferente. Qual empresa tem todo ano recesso, além das férias? Nenhuma também.
Além disso, podemos filtrar os concursos para selecionar a cidade onde queremos morar. Muita gente faz isso e dá certo!
Hoje, vejo que um servidor de um órgão de renome no Brasil tem uma vida infinitamente melhor do que um cidadão de classe média de um país desenvolvido, como um europeu. Eu nunca teria a vida que tenho trabalhando, por exemplo, em uma empresa no Brasil.
Estudar para concurso público foi a melhor coisa que fiz em minha vida, o melhor investimento de todos. Não há investimento em ações que se compare, em termos de lucratividade, a este que fiz em minha preparação. Acho estranho que os especialistas de investimento não recomendem às pessoas estudar para concurso público. Esses especialistas ficam só falando de poupar e investir em títulos públicos e ações, esquecendo de coisas que mudam muito mais a vida das pessoas.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Jonas: Aconselho que uma pessoa que esteja iniciando seus estudos, saiba que a preparação é uma maratona, ou seja, é uma corrida de longo prazo. Com certeza haverá problemas no percurso, vontade de desistir e o resultado vai demorar a aparecer. Por outro lado, quando o resultado vier, ele será muito positivo, melhor do que qualquer proposta de emprego que você possa receber.
Um concurseiro deve pesquisar sobre os métodos de estudo para selecionar aquele que mais lhe adeque, pois o conteúdo é muito vasto, requerendo alguma forma mais elaborada de memorização e de aprofundamento. Imagine se aprofundar, em detalhes, em 100% do conteúdo de um edital, é antieconômico e talvez até desumano.
Eu estudei pelo método do ciclo de estudos, mas até hoje me pergunto se é o melhor método. Lembro-me que, à medida que avançava em minha preparação, a carga de revisões era muito pesada, chegando a certo momento em que eu praticamente só revisava.
Acredito em uma combinação do ciclo de estudos com a reserva de um tempo para se dedicar a matérias novas, de forma a cobrir um percentual significativo do que a banca gosta de cobrar na prova.
O concurseiro deve pesquisar as matérias mais recorrentes, inclusive para o estudo de questões discursivas, pois verá que alguns conteúdos se repetem muito, enquanto outros nunca são cobrados. Além disso, o aluno deve ter em mente que alguns conteúdos são de difícil assimilação, por isso, é necessário saber se realmente aquele conteúdo é cobrado em provas por aquela banca ou não.
A preparação do concurseiro é cheia de altos e baixos, contudo, ele nunca deve desgrudar os olhos da recompensa, que é uma vida para sempre melhor, com dinheiro, estabilidade e muita qualidade de vida, superior à de um cidadão de um país desenvolvido.
Concurso é algo tão bom, que não precisa de propaganda para convencer as pessoas. Você já viu o Tribunal de Justiça de seu estado fazendo propaganda do próprio concurso? Aposto que nunca viu. Mesmo assim, há muitos inscritos e, pasme, os concursos de engenharia muitas vezes possuem notas baixas para aprovação, porque as pessoas não se preparam tanto.
Quem no mercado de trabalho consegue essa vida de um servidor? Pouquíssimas pessoas, talvez alguns poucos donos de empreendimentos comerciais no Brasil, que faturam muito e que já têm sólida reputação no mercado.