Aprovado no concurso SMS Recife
Se perder, aprenda com os erros. Sacode a poeira, não desista e siga em frente. Nunca desista de algo para que você tem propósito. Pense no dia da vitória. Porque um dia você estará lá.
Confira nossa entrevista com Filipe Mesquita, aprovado em 1º lugar no concurso da Secretaria Municipal de Saúde de Recife no cargo de Médico – Ortopedia e traumatologia:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Filipe Mesquita: Meu nome é Filipe Mesquita e tenho 31 anos. Resido em Recife-PE desde que nasci e moro com minha esposa, Erika Caroline, e minha filha, Isadora. Sou médico formado na UFPE e ortopedista, com residência no Hospital da Restauração e Cirurgia da Mão no Hospital Getúlio Vargas – ambos de Recife.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Filipe: As oportunidades de trabalho na área médica estão cada vez mais raras, precárias e inseguras, então concursos públicos são uma ótima opção. Nela, a autonomia da conduta médica é mais respeitada e o vínculo empregatício é mais estável, menos propenso a interferências indevidas.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Filipe: No primeiro concurso em que passei (SES-PE), eu trabalhava 60 horas semanais como ortopedista e cursava residência médica em Cirurgia da Mão, então eu precisava conciliar trabalho e estudos da residência (além de plantões fora da residência) com o estudo para concurso. Para ganhar tempo, eu fazia questões enquanto andava de ônibus BRT entre um hospital e outro (era mais rápido que ir de carro).
Já no segundo concurso (SMS-Recife), eu não era mais residente e só precisei dividir o tempo com o trabalho, mas a carga horária era semelhante, e minha filha tinha acabado de nascer, então eu ficava revezando a escala de ninar com minha esposa até 2h ou 3h da manhã. Entre uma soneca e outra da minha filha, eu estudava.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Filipe: Em 2018, eu passei em 1º lugar no concurso para ortopedista da SES-PE (Secretaria de Saúde). Em 2020, fiz outro concurso para ortopedista, agora para Secretaria Municipal de Saúde (Recife), e também fui aprovado em 1º lugar.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Filipe: Na primeira vez, era meu primeiro concurso público, então eu estava bem nervoso. Eu sabia que tinha ido bem, mas não esperava a 1ª posição, então ver meu nome em 1º foi bem surpreendente.
Na segunda vez, eu fui mais tranquilo e confiante, mas sem perder o foco ou achar que já estava ganho. Estudei com mais método e experiência, então a sensação foi mais de alívio e recompensa.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Filipe: Para conseguir esse tipo de resultado, não tem para onde ir: é luta e trabalho sério, então teve sim, alguma renúncia, mas nada radical. Nunca deixei de ir ao cinema com a minha esposa ou assistir a alguma boa série no Netflix.
Isso porque a mente humana funciona melhor quando está relaxada, de forma que um estudo produtivo de 3, 4 horas são mais proveitosos que 8, 10 horas de enorme sacrifício. Eu amadureci essa ideia mais ainda no 2º concurso, pois percebi que descansar ajuda a estudar melhor mais tarde.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Filipe: Sou casado há 4 anos e 7 meses com Erika Caroline, o amor da minha vida, e com quem tive uma filha linda e maravilhosa, Isadora! Minha esposa foi minha maior incentivadora dessas lutas. Ela sempre me deu força e inspiração, principalmente no 2º concurso, cujo edital foi divulgado 1 semana antes de nossa filha ter nascido. Ela me deu muito apoio e eu devo muito dessas vitórias a ela.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Filipe: Sim, com certeza! Segundo Hemingway, a vida nos dá oportunidades e cabe a nós transformá-las em sonhos.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Filipe: Somente o tempo entre o edital e a prova: 3 meses e meio.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Filipe: Eu estudei somente após a divulgação do edital, mas porque o conteúdo de concurso na minha área é um pouco menor, se comparado à área jurídica, por exemplo. Mas, se fosse fazer algum concurso no Direito, certamente eu teria uma rotina de estudos antes de qualquer edital.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Filipe: Usei videoaulas de vários cursinhos online, incluindo o Estratégia Concursos, 8 livros (4 só de exercícios) e 3 tipos de cursos em PDF. A vantagem da videoaula é a didática (aprende-se mais rapidamente), porém consome bastante tempo (por isso, eu assistia às aulas com 2x de velocidade).
Já o curso escrito/em PDF é mais rápido, sobretudo para quem lê muito. Cada pessoa tem um método que funciona melhor: para uns, videoaulas são ótimas, para outras o curso escrito funciona melhor. Isso porque cada um tem inteligências diferentes: algumas pessoas são mais auditivas, outras mais visuais. O importante é descobrir o que funciona melhor com cada um.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Filipe: Minha esposa, que é advogada, já tinha feito um curso pelo Estratégia Concursos e me recomendou. Eu estudei a parte de legislação para SUS e para servidores públicos, e creio que me ajudou muito, principalmente no 2º concurso, quando eu ganhei duas questões bem difíceis somente com exercícios comentados do Estratégia Concursos.
Achei o material bem completo e os exercícios comentados bem direcionados.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Filipe: Estudar para concurso é ao contrário do estudo para provas da universidade ou para a vida real: primeiro se fazem algumas provas, para entender a mente da banca examinadora (e como ela cobra determinado assunto). Daí, então, que se parte para o estudo da matéria propriamente dita, porque se estuda cada linha pensando não como candidato, mas como examinador. Após cada tópico ,eu sempre me perguntava: “Se eu fosse examinador, como eu formularia uma questão com esse assunto?”.
Minha rotina era bem regular: a cada dia, eu estudava uma matéria diferente. Por exemplo: segunda, ortopedia; terça, quarta e quinta, português; sexta e sábado, SUS etc. Claro que, quando pegava um assunto enorme, tipo análise sintática, eu poderia gastar uma semana inteira com português ou uma matéria por dia, então é algo flexível.
O que eu não fazia era estudar toda uma matéria para, só após terminá-la, partir para outra. Eu ia atacando por várias frentes na mesma semana.
Eu sempre estudei por resumos, mas sempre direcionando-os para questões. O objetivo do estudo para concurso não é aprender ou resolver situações práticas – o objetivo é acertar a questão da prova. Eu destacava pontos-chave, jogava no meu resumo e, na semana da prova, foco na decoreba.
Quanto ao tempo, por dia, eu estudava de 2 a 4 horas. Quando tinha mais tempo, ia até 6, 7 horas, embora fosse menos comum. O que fazia a diferença era estudar quase todo dia, nem que fosse uma hora só.
O segredo não é a intensidade, o segredo é freqüência e disciplina.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Filipe: Sim, legislação do SUS e dos servidores públicos eram um calo no meu pé, pois a linguagem e o modus operandi são mais próprios ao Direito.
Então era mais complicado de entender, porque é algo mais relacionado à memorização do que à lógica.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Filipe: Semana de véspera, para mim, é o sprint final: estudo intenso e decoreba, mas sem estudar coisa nova na semana e sem pegar muito pesado no dia anterior.
É revisar, revisar, revisar – no meu caso, os resumos -, e fazer questões até a mão cansar. Eu tirei uma noite na semana da véspera para sair e, na noite anterior à prova, estudei, sim, mas um pouco menos que nos outros dias.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Filipe: No primeiro concurso, eu peguei muito pesado ao estudar na véspera e fiquei nervoso e cansado no dia seguinte. Isso atrapalhou tanto minha concentração, que eu pesquei enquanto marcava o gabarito. Erro grave, que quase me custou uma questão.
Chegar cansado no dia da prova é botar tudo a perder, então, para mim, foi um erro exagerar no estudo da véspera.
Outro erro na primeira prova foi ter gastado pouco tempo selecionando meus livros e traçando meu planejamento de estudos. Não foram ruins, mas poderiam ter sido bem melhores.
É fundamental gastar (muito) tempo escolhendo os melhores cursos, livros e planejando estratégia de estudo – que é traçar ao longo dos meses o tempo e ordem despendidos para cada matéria e assunto, incluindo, com reserva, tempo para descanso e revisões sistemáticas.
Isso vale muito mais do que o próprio estudo. Como diria um YouTuber concurseiro: “Se eu tivesse 8 horas para cortar uma árvore, eu gastaria 6 afiando o machado” – mais importante do que gastar energia correndo, é trilhar na direção certa. Não ter dado tanta atenção a isso foi um erro corrigido na 2ª prova, quando eu gastei 7 dias escolhendo materiais e traçando minha estratégia de estudo.
De acerto, creio que ter guiado o estudo pelas questões da banca foi crucial – em ambas as provas. Além disso, ter feito resumo e muitas questões deram muita tranquilidade para encontrar o padrão de enunciados nas provas.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Filipe: O mais difícil era conciliar tempo para trabalho, residência, família, concurso e sono. Nunca pensei em desistir da prova, mas tinha dia que eu desistia de estudar e ia dormir. Aí eu acordava e começava tudo de novo. Quem estuda da forma certa, pelas referências certas e não desiste, vence. Pode demorar anos, mas a vitória chega. Sempre.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Filipe: Minha esposa e minha filha.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Filipe: Estudar para concurso exige muita paciência e perseverança, mas também muita perspectiva. Não adianta estudar 10 horas por dia se você não aprende ou se a referência bibliográfica está errada. O primeiro lugar para quem quer vencer é saber para onde se está indo. Se você está caminhando no caminho certo, cada dia que passa é um dia mais próximo do seu sonho. Cada derrota é uma oportunidade para aprender com os erros e tentar novamente.
Eu nunca tive muito destaque na faculdade ou nas residências médicas. Eu só comecei a vencer uma depois de ter perdido dez. Como diria Margareth Thatcher: “A estrada da vitória é pavimentada por derrotas”.
Se perder, aprenda com os erros. Sacode a poeira, não desista e siga em frente. Nunca desista de algo para que você tem propósito. Pense no dia da vitória. Porque um dia você estará lá.