Aprovado no concurso SEFAZ SC
Muitas pessoas recomendam métodos totalmente distintos, o que é normal, não há um modelo mágico aplicável a todas as pessoas. Porém, a maior parte das “dicas” devem ser criticadas, testadas e somente seguidas se realmente fizer sentido para a pessoa.
Confira nossa entrevista com Leonardo Andre Malacario de Campos, aprovado em 3º lugar no concurso SEFAZ SC no cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Leonardo Andre Malacario de Campos: Sou formado em Engenharia Mecânica pela UTFPR – Curitiba, tenho 29 anos. Sou natural de Prudentópolis – PR, mas saí de lá em 2007 para morar em outras cidades como Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Recife.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Leonardo: Em 2014, enquanto ainda trabalhava na iniciativa privada, foi quando decidi estudar para concursos pela primeira vez, focado na minha área de formação.
Ao optar pelos concursos públicos era possível eliminar o fator avaliação/reconhecimento do superior, afinal, quem corrige o seu gabarito é um leitor óptico, impessoal, ideia que me agradava.
Além disso, quanto aos fatores “tempo” e “risco” para obter o resultado desejado, julguei que a aprovação em um concurso público seria decorrência exclusiva das minhas ações e do meu esforço, e estava disposto a estudar pelo tempo que fosse necessário, assumindo o risco de uma aprovação mais tardia do que imaginado ou mesmo de nunca ser aprovado.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Leonardo: Sempre conciliei trabalho e estudo. No início, em 2014, quando decidi estudar para concursos voltados à minha formação, como Petrobras e Marinha do Brasil, trabalhava na iniciativa privada. Posteriormente, em 2016, quando decidi novamente estudar para concursos, mas dessa vez voltado para as áreas fiscal e de controle externo, já era militar da Marinha.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Leonardo: Área de Engenharia, concursos prestados em 2014:
Marinha do Brasil:
- Corpo de Engenheiros – Eng. Mecânica – 3º (cargo que assumi).
- QC-CA – Máquinas – 12º.
Petrobras: Eng. de Equipam., Mecânica – 128º (Cadastro de Reserva).
Área fiscal e controle, concursos prestados:
TCE-PE (2017):
- Auditor de Controle Externo – 38º (CR).
- Analista de Controle Externo – 10º (cargo que ocupo);
- Analista de Gestão – 37º (CR);
SEFAZ-SC (2018): Auditor Fiscal da Receita Estadual – 3º (último concurso prestado).
Prestei também alguns concursos menores em 2014, na área de engenharia, e em 2017 o ISS-Criciúma, nos quais não fui aprovado ou fiquei em posições mais distantes do CR.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Leonardo: “Acabou!”.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Leonardo: Conforme conseguia ampliar a quantidade semanal de horas de estudo, a vida social foi reduzida, tornando-se inexistente nos períodos pós-edital (TCE-PE e SEFAZ-SC), nos quais eu também sempre aproveitei para tirar férias (do trabalho, não dos estudos).
Acredito que se a pessoa pode se dedicar exclusivamente aos estudos, é razoável que estude algo em torno de 6 horas diárias, e possa ter várias outras atividades durante a semana (academia, esportes, convívio com amigos, etc), e ainda usufruir dos finais de semana exclusivamente para lazer, apertando esta rotina nos períodos de pós-edital.
Para quem trabalha em regime de 40 horas semanais, apenas para manter as mesmas 30 horas de estudo (referência que me parece adequada), é preciso cortar todas as atividades que não sejam indispensáveis e inclusive estudar nos finais de semana.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Leonardo: Casei em 2019, após já ter encerrado os estudos, porém namorava desde 2013, ou seja, durante todo o período de estudo para concursos. Acho que as pessoas que realmente te conhecem e se importam com você vão te apoiar, pelo menos, comigo foi assim. Minha esposa (na época namorada) sempre compreendeu que qualquer distanciamento ou ausência eram necessários e tinham um propósito.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Leonardo: Acho que nos casos em que se objetiva um concurso que abrange um conteúdo maior de estudo (mais matérias ou maior profundidade em cada matéria) e surge um concurso de menor conteúdo, porém sem desvios, é bem válido se inscrever, conhecer o que significa um estudo de pós-edital (estudo mais focado, com maior intensidade), fazer a prova, conferir resultado, todas essas experiências são muito úteis.
Também acho razoável quem foca para área fiscal, prestar concurso na área de controle, e vice-versa.
Desvios maiores, de áreas distintas que não cobram conteúdo comum, eu não recomendo. Mesmo que alguém tivesse a oportunidade de conhecer o edital do concurso dos seus sonhos com uma antecedência de 01 ano, antes de todos os demais concorrentes, a aprovação já lhe seria custosa. Então ficar atirando para todos os lados definitivamente não é uma boa opção.
Na hipótese de “estudando há muito tempo sem edital na praça” alguns desvios maiores poderiam ser mais razoáveis, mas aí já é uma avaliação que somente a própria pessoa poderia fazer.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Leonardo: Estudei por cerca de dois anos e meio (diferença entre a data do primeiro e último dia de estudo).
Neste intervalo, estudei algumas matérias que caem mais na área de controle, mas não foram tão úteis para o SEFAZ-SC (área fiscal), além de que deixei de estudar por alguns meses após o concurso do TCE PE.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Leonardo: Com certeza estudei muito antes de ter edital na praça, inclusive, o fato de não haver nenhum edital que tenha me interessado nos primeiros 12 meses de estudo foi um dos principais motivos de aprovação.
Explicando, quando a pessoa começa a estudar e logo aparece algum concurso que deseja prestar, é preciso acelerar demais as coisas, além de que é necessário investir muitas horas no estudo de matérias específicas, que somente servem para aquele órgão/ente (legislação tributária do ente, regimento interno do órgão).
Como a pessoa está num estágio inicial de estudo, as chances de aprovação são mais baixas e este estudo específico pode ser desperdiçado. Por isso, o ideal é estudar as matérias comuns à maioria dos concursos que se deseja prestar, e somente quando esta base estiver bem robusta, partir para o estudo mais específico, ainda que essa sequência (geral → específico) não faça tanto sentido do ponto de vista do peso na composição da nota total.
Em relação à disciplina, nunca me iludi achando que seria algo fácil ou extremamente rápido. Gostava de pensar que quanto mais havia estudado, mais motivo tinha para ir até o fim, mais compromisso com o esforço já empregado. Desistir nunca foi uma opção.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Leonardo: Posso dizer que desde o início estudei sempre pelo mesmo “método”, apenas mudando um pouco o foco de “teoria/revisão” para “questões” mais para o meio/final dos estudos. De forma resumida, estudei da seguinte forma/sequência:
- Estudo pelo PDF do Estratégia concomitante à elaboração de resumo em formato editável (eletrônico), para todas as aulas e todas as matérias, com exceção de raciocínio lógico/estatística/matemática financeira, casos em que fiz resumos no papel.
- Resolução das questões ao final do PDF. Recomendo resolver as questões comentadas e analisar o comentário imediatamente após a resolução (se necessário), questão por questão. Assim, dúvidas e erros não são perpetuados na sua cabeça e o entendimento correto é reforçado nas próximas questões.
- Revisões periódicas (bem mais espaçadas do que aquela recomendação de 24 horas/3 dias/7 dias/10 dias/15 dias, etc) da teoria pertinente à cada aula exclusivamente pelo resumo que havia elaborado e resolução, novamente, das mesmas questões do PDF. Recomendo revisar a teoria antes da resolução das questões, pois assim ganha-se tempo (a resolução é mais rápida, há menos dúvidas), reforça-se o entendimento correto, entre outras vantagens.
Recomendo elaborar resumos em formato editável (eletrônico) pois assim eles podem ser sempre incrementados, corrigidos, alterados para dar destaque em um ponto, adicionar ou ocultar conteúdos, etc.
Salvo raríssimas vezes em que assisti vídeoaulas, estudei somente pelo PDF.
Quando já estava com o conteúdo mais bem compreendido e memorizado, comecei a utilizar um site de questões, o que foi excelente para evoluir um pouco mais em cada matéria, passando a estudar da seguinte forma:
- 4. Revisão da teoria pertinente à cada matéria através dos resumos, aula por aula, uma atrás da outra (em alguns casos isso demandava alguns dias), e posteriormente elaboração de uma grande bateria de questões daquela matéria por completo (todos os conteúdos pertinentes ao próximo concurso em mente).
Quanto à utilização de resumos, de antemão já se imagina que irá demandar mais tempo, mas ao meu ver é um investimento que se paga. Rolar um PDF de 100 páginas, mesmo que parando apenas nos grifos, me parece um desperdício enorme de tempo em um pós-edital, a menos, é claro, que se trate de uma matéria nova.
Além disso, sempre foquei mais em assegurar a aprovação quando chegasse o “momento certo” (ainda que demorasse) do que em ser aprovado o mais rápido possível. Tentar alguns atalhos ou acelerar demais o estudo pode custar caro e ao invés de conseguir passar rápido no concurso, a pessoa pode chegar numa situação em que aparentemente já estudou tudo, mas não obtém o índice de acerto necessário em nenhuma das matérias. Este é um indício de que o estudo inicial pode ter sido foi muito veloz e pouco profundo.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Leonardo: Pergunta pró-forma haha. Se você pretende estudar para concursos públicos (pelo menos os mais gerais, não tão focados em alguma área muito específica de conhecimento) e não conhece o Estratégia, é bom repensar se está no caminho certo.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Leonardo: Comecei estudando 4 matérias ao mesmo tempo, sempre na sequência Aula 0 da matéria 1-2-3-4, depois Aula 1 da matéria 1-2-3-4, e assim por diante, nunca interrompendo o estudo no meio de alguma aula. Não gosto da ideia de estudar uma quantidade fixa de horas em cada matéria, passando para outra quando o cronômetro atinge determinado valor.
Posteriormente, mantendo a revisão das matérias já estudadas, adicionava matérias novas de 2 em 2.
Para a área fiscal (concursos estaduais ou municipais que exigem bastante conteúdo), recomendo mais ou menos a seguinte sequência:Contabilidade geral/avançada;
- Direito Tributário;
- Direito Constitucional;
- Direito Administrativo;
- Português;
- Raciocínio lógico/estatística/matemática financeira;
- Auditoria;
- Tecnologia da Informação (parte que cai mais – banco de dados);
- Direito civil;
- Direito empresarial;
- Direito penal;
- Economia;
- Específicas (legislação tributária ou outros conteúdos de TI);
Assim, estudando primeiro as matérias mais gerais, que caem em praticamente todos os concursos da área, e depois algumas que podem ser consideradas uma certa aposta, o risco de “perder o estudo” é mitigado.
Quanto à quantidade de horas, basicamente, quanto mais melhor. Muito se fala em equilíbrio, em um estudo mais sustentável a longo prazo, em conciliar atividades sociais e de lazer, discussão que eu concordo em partes. Se a prática de uma atividade física é essencial para você, se a ausência dela prejudica a sua concentração ou motivação nos estudos, ótimo, a pergunta já está respondida, mantenha tal atividade no nível necessário. Se não lhe faz falta ou o tempo que seria necessário não compensa o custo benefício (em especial para quem tem uma menor quantidade de horas vagas), corte. O mesmo vale para as atividades sociais e de lazer.
É claro que ninguém é robô e ao longo de vários meses/anos vai precisar manter várias atividades sociais / de lazer. Apenas não se iluda, você não vai ao cinema porque é bom para o estudo, você vai porque gosta de filme, porque está de saco cheio e quer descansar. Na medida em que este descanso for uma necessidade real, ótimo, descanse sem peso na consciência. Porém, se não houver tal necessidade e for possível estudar o dia todo, melhor.
Para quem trabalha, diria que uma meta inicial de 20 horas semanais (para não assustar tanto de início), mas já consciente que em algum momento vai precisar atingir 30 horas semanais, e no pós-edital ainda mais, é algo razoável.
Para quem não trabalha, diria que de início já busque as 30 horas semanais ou até mais. Apenas uma recomendação, novamente, quanto mais, melhor.
No meu caso, embora tentasse manter a rotina e disciplina, buscando estudar todos os dias e semanas aproximadamente a mesma quantidade, isso não foi totalmente possível. Em algumas semanas, mesmo já estando em média estudando as 30 horas semanais ou mais, acabava não conseguindo estudar mais do que 15 ou 20 horas. Entretanto, por exemplo, no pós-edital para o SEFAZ-SC, nas duas semanas de férias que pude tirar, estudei 75 horas em uma e 70 horas na outra. Faça o que estiver ao seu alcance pois assim, no mínimo, ficará em paz com a consciência.
É importante que essas horas de estudo sejam rigorosamente cronometradas, pois isso irá te influenciar a ser mais eficiente, a parar menos, se concentrar mais. Pare o cronômetro para ir ao banheiro, para ir buscar água, para olhar o whatsapp (ou melhor, nem deixe o celular perto).
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Leonardo: A eliminação de dificuldades de um assunto específico de alguma matéria normalmente ocorria através da revisão daquele ponto nos resumos, ampliação ou maior destaque daquele conteúdo no resumo e resolução de uma bateria de exercícios em site de questões.
Português, por exemplo, nunca foi uma matéria em que consegui estabelecer vantagem em relação aos demais. Julgava que gastar muitas horas a mais nesta matéria não me traria segurança razoável de um melhor desempenho.
No caso do SEFAZ-SC acho que foi uma boa estratégia pois, ainda que fosse uma matéria de peso até intermediário, as poucas questões a menos que acertei em relação aos demais (em geral) não me trouxeram tanto prejuízo, e o tempo que pude investir nas matérias de maior peso foi mais bem aproveitado.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Leonardo: Na última semana, estudei o máximo que pude, tal como fiz em todo pós-edital. Na véspera, fiz revisões mais seletivas da legislação tributária, procurando não me estressar demais nem cansar muito.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Leonardo: Aspectos financeiros e também relacionados à localidade, pois morei um tempo considerável longe da minha família e sempre mantive o desejo de morar mais próximo.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Leonardo: No tocante à parte operacional do estudo, acho que já dei os principais conselhos, é claro, dentro da minha visão. Muitas pessoas recomendam métodos totalmente distintos, o que é normal, não há um modelo mágico aplicável a todas as pessoas. Cronometrar todo o estudo, guardando esse histórico diário e semanal (para comparação e evolução), acredito ser um conselho mais universal, porém a maior parte das “dicas” devem ser criticadas e testadas, e somente seguidas se realmente fizer sentido para a pessoa.
No tocante à parte motivacional, prefiro não arriscar maiores comentários, acho que é algo mais pessoal e cada um deve fazer a sua análise, ponderando entre os custos e benefícios envolvidos para tomar sua decisão, ainda que seja uma decisão a ser reiterada todos os dias.