Aprovado no concurso SEFAZ RS para o cargo de Auditor Fiscal Tributário.
“Eu estabelecia metas diárias, semanais e mensais de estudo. Nunca me preocupei com o resultado, sempre achei que o resultado é apenas o resumo do que foi feito durante todo o processo…Se for para citar um acerto, foi estudar para aprender, e não para ser aprovado. Queria aprender o máximo possível. Sempre foquei na caminhada, e não na chegada.”
Confira nossa entrevista com Renato Miorim Melegari, aprovado no concurso SEFAZ RS para o cargo de Auditor Fiscal Tributário:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco mais sobre você. Em que área é formado? Qual sua idade? De onde você é?
Renato Miorim Melegari: Sou formado em Ciências Contábeis e Administração. Tenho 29 anos. Sou de Dracena – SP, tendo residido a maior parte da vida em Campo Grande – MS.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Renato: Eu era piloto comercial. Depois de uma temporada fazendo propaganda aérea no litoral paulista, eu estava sem saber o que fazer em seguida. Resolvi dar um tempo da aviação, voltei para a casa de meus pais e decidi estudar (minha mãe e meu irmão eram servidores públicos federais o que talvez tenha influenciado).
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Renato: Quando comecei, apenas estudava. Pude apenas estudar até a posse em meu primeiro cargo público, que foi no ISS Cuiabá. Durante esse período também fiz a prova para Analista Judiciário do TRT 9º região – foi a primeira prova que fiz, depois de 14 meses de estudo. Esse período que passei só estudando foi importante para construir uma boa base. Isso facilitou minha preparação para outros concursos, como o ICMS RS. O último concurso da área fiscal que tinha feito havia sido quase 3 anos antes, e nesse período estudei apenas esporadicamente para tribunais de contas. A boa base que tinha me permitiu começar estudar para o ICMS RS com o edital rolando e trabalhando (depois de assumir em Cuiabá somente estudei pós edital e trabalhando).
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Renato: As únicas provas de nível superior que fiz foram essas, com a respectiva colocação:
2015- Analista Judiciário (administrativa) – TRT 9ª região (Paraná) – 1º Lugar;
2016 – Auditor Fiscal tributário – ISS Cuiabá – 8º Lugar;
2016 – Analista de controle Externo – TCE PR – 67º Lugar;
2018 – Auditor de Controle Externo – Aud. de Contas Públicas TCE Pernambuco – 76º Lugar;
2018- Agente de Fiscalização TCE – SP – 1º Lugar para a regional Araras e 16º Lugar no geral);
2019 – Auditor Fiscal Tributário do Rio Grande do Sul – 32º lugar (O último que prestei foi esse, no começo de 2019).
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Renato: Sempre foi boa e gratificante, mas sempre preferi a sensação que tinha após uma prova: a de ter dado o máximo de mim, de ter mantido o foco e cumprido com o que planejei.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Renato: Praticamente não saía. Ficava em casa nos períodos de descanso, que eram poucos. Como nunca fui muito de sair, essa parte não foi muito difícil. Durante os períodos de estudo eu deixei de frequentar todas as redes sociais e deixei de acessar sites de notícias. As únicas informações que eu consumia eram dos livros e dos PDFs. Nos momentos de descanso buscava relaxar e descansar: ouvia música ou ficava em casa com a família ou namorada.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Renato: Durante o período que só estudei até assumir no ISS Cuiabá eu morava com meus pais, que sempre entenderam e apoiaram muito meus estudos. Respeitavam meu espaço e auxiliavam em tudo que fosse possível. Para o ICMS RS, eu já morava sozinho, solteiro e sem filhos. Foram 3 meses somente estudando. Ia de casa para o trabalho e do trabalho para casa estudar.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo).
Renato: Acho que sim, comigo foi assim. Comecei estudando para o concurso de Auditor Fiscal da Receita Federal. Desde que comecei até hoje esse concurso ainda não saiu (já desisti e nem tenho mais interesse nele). Quando saiu o concurso de Analista Judiciário do TRT Paraná, resolvi experimentar fazer para ver como me saía. Estava tão bem preparado, que passei em 1º lugar. As matérias básicas da maioria dos concursos são parecidas, e estar bem nas básicas ajuda demais. Considero matérias básicas: Português, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Contabilidade, Direito Tributário e Matemática. Dominar essas matérias ajuda muito. Não tenho mais concurso dos sonhos e pretendo, após a nomeação, ficar um tempo maior no ICMS RS.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Renato: Como disse anteriormente, nunca me direcionei especificamente para um concurso fora a RFB (foi o único que estudei sem edital e nunca teve).
No último que fiz (ICMS RS), estudei por 3 meses, já com o edital rolando. Não estudava para nenhum concurso, já fazia um ano e não tinha visto várias matérias da área fiscal por quase 3 anos, mas não dá para desconsiderar toda a bagagem de estudo que obtive anteriormente. Depois que se obtém uma base sólida (no meu caso nos primeiros 14 meses devo ter estudado quase 4000 horas) fica bem mais fácil revisar as matérias e enfrentar editais, mesmo que passe um bom tempo parado.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Renato: Os primeiros 14 meses de estudo foram sem edital e foi o período mais importante da minha preparação. Durante esse período construí minha base. Eu estabelecia metas diárias, semanais e mensais de estudo. Se não atingisse a meta em um dia, tinha que compensar em outro (a mesma coisa para a semana e mês). Quando só estudava, eu só tirava o domingo depois do almoço de folga. Estudava todos os dias, de segunda a sexta das 5 da manhã até as 18:30, no Sábado das 6 da manhã até as 17 da tarde e no domingo cedo, se faltasse algo para a meta semanal, eu completava, fazia o balanço da semana e verificava o que ia estudar na semana seguinte. A forma de manter a disciplina que eu usava era: Depois do período de estudo eu estava livre para fazer qualquer coisa que quisesse, desde que tivesse cumprido a meta. Fiz isso durante esses 14 meses sem falhar em nenhuma meta semanal ou mensal (mesmo que surgisse algum problema, eu tinha que dar um jeito de correr atrás). Depois desse período, me sentia preparado para fazer qualquer concurso, pois sabia que estava dando o máximo de mim. Nunca me preocupei com o resultado, sempre achei que o resultado é apenas o resumo do que foi feito durante todo o processo. O que importava era cumprir minhas metas, e não ser aprovado.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Renato: Já não me recordo, acredito que pela internet mesmo ou amigos.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Renato: Eu estava um bom tempo sem estudar matérias como Português e Matemática, por exemplo. Em português eu comecei com videoaula e depois fui para exercícios. Em matemática, como tinha mais facilidade, vi alguns PDFs e exercícios. Em matérias como Direito Tributário, Contabilidade, Direito Administrativo e Direito Constitucional (que constituem o que considero a base de estudos para a área fiscal, somado às duas anteriores) preferi a combinação de livros em um primeiro momento e depois só os PDFs do Estratégia e sites de resolução de questões. Como tinha tempo, o primeiro contato que tive com essas matérias foi por meio dos livros, momento em que estudava todos os assuntos, para compreender e não somente decorar. Nas demais matérias que estudei, seja para concurso da área fiscal ou para tribunal de contas, fui direto para os PDFs. Nunca deixei de ler também a legislação seca. De tempos em tempos, lia a Constituição Federal e as principais legislações.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Renato: Nunca segui nenhum método de estudo elaborado. Eu somente sentava e estudava o máximo que conseguisse. Nunca fiz resumos, preferia abrir o PDF e ir para o assunto e ler novamente, achava mais eficiente dessa forma. Depois de ler um PDF uma vez, a segunda vez é bem mais rápida. Também não me prendia a assuntos muito complicados, esses eu buscava ter uma noção e imaginar o que precisava saber para responder uma questão (com o tempo e muita resolução se ganha experiência). Usava a fórmula: Leitura da teoria + exercícios dos PDFs. Depois montava cadernos de questões e fazia centenas delas. E depois de ter feito muitas questões, eu relia a teoria. Todo domingo eu agradecia pela semana de estudos que havia passado e definia o que estudaria na semana seguinte. Nunca detalhei demais o planejamento, meu plano de estudos era por matéria com base no ciclo de estudos. Ia rodando pelas matérias (geralmente 2h por vez), o planejamento apenas definia de forma simples a frequência que as matérias apareceriam. Dando um exemplo: Contabilidade, Matemática, Direito Tributário, Direito Constitucional, Contabilidade, Português, Direito Administrativo, Direito Tributário. Terminava e recomeçava. Não acho que seja preciso memorizar tudo. É bom ter uma noção de tudo e ganhar experiência na resolução de questões. Quanto mais se resolve mais se adquire os macetes para acertar até as questões em que não se lembra muito.
No período que eu não trabalhava, eu estudava 64 horas líquidas por semana. A média diária sendo 10. Como era uma boa carga horária eu conseguia estudar muitas matérias ao mesmo tempo. Nos primeiros 4 a 5 meses eu só estudei as 6 matérias básicas que falei acima e depois desse período eu incluí todas as matérias de auditor da RFB.
Depois que comecei a trabalhar, eu passei a somente estudar depois que saía o edital. Buscava fazer, durante esses 2 ou 3 meses de edital, 20 horas de segunda a sexta, estudando em todo período livre que tinha e 20 horas sábado e domingo (40 total). Nesse período, a base e a experiência obtida ajudava bastante para encontrar os atalhos. Mesmo assim, eu mantive a fórmula Teoria + Exercícios, dando foco maior nos PDFs (eles já vêm com a teoria e exercícios, além de serem mais objetivos do que os livros).
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Renato: Nunca tinha gostado de português, portanto tive um pouco de dificuldade (mais para frente foi a vez da contabilidade pública). Para superar eu estudei muito essa matéria e busquei deixar de lado o preconceito com ela. Algo que acho interessante é reconhecer a falta de habilidade e ir com a mente de principiante disposto a aprender. Acredito que ajuda muito evitar falar: “droga, ter que estudar isso agora”. É melhor adotar uma postura positiva e estar aberto ao aprendizado. Apesar da dificuldade inicial, o português me ajudou em muitas provas e se tornou um dos meus pontos fortes.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Renato: Nos primeiros concursos que fiz, quando somente estudava, eu reduzia um pouco o ritmo nas 2 últimas semanas (uns 20% a 30% a menos). Depois, já trabalhando, eu preferia adotar a estratégia de estudar todo tempo disponível.
Sempre estudei na véspera de forma leve, revendo algumas coisas. Nesse dia eu aproveitava para agradecer pelo período de preparação e dizia para mim: Você fez a sua parte e deu o seu melhor, agora é só ir responder as questões. Você não controla como serão as questões e nem como você vai estar amanhã. Faça o que der para fazer e não se preocupe com o resultado.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Renato: No ICMS RS não houve prova discursiva. Em outros concursos que fiz, como o TRT Paraná e TCs tive que realizar discursiva. Eu definia alguns assuntos e redigia uma ou duas redações por semana e enviava para algum professor corrigir. Acredito que o treino ajude muito.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Renato: Acredito que sempre vai existir um modo mais eficaz de estudar, que as condições nunca serão ideais, que problemas vão surgir…Ficar se apegando a essas coisas, ao meu ver, somente atrapalha. A única coisa que estava em meu controle era dar o meu melhor. E é isso que eu buscava fazer. Se for para citar um acerto, foi estudar para aprender, e não para ser aprovado. Queria aprender o máximo possível. Sempre foquei na caminhada, e não na chegada.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Renato: O mais difícil foi decidir largar a aviação e decidir estudar para concurso. Depois que a decisão foi tomada, decidi apenas estudar e deixar para analisar o resultado quando chegasse a hora.
Depois que comecei a trabalhar no serviço público foi mais difícil estudar para outras provas, pois não tinha certeza se era o que realmente queria. Já é bem desgastante trabalhar e estudar em alto nível (praticamente não sobra tempo para nada). Ficar com dúvidas só piora e dobra a dificuldade. Então nesse período posterior fui bem inconstante e conseguia estudar apenas quando surgia um edital de um cargo que eu achava que poderia ser interessante. A base já obtida me ajudou a continuar nesses momentos, pois era um facilitador.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Renato: Atingir o meu melhor. Dar o máximo de mim. Isso sempre me motivou.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Renato: – Não acredito em atalhos. Se quiser ser aprovado em um concurso público, provavelmente terá que estudar muito. Ao meu ver, a melhor forma de fazer isso é se preparar a longo prazo e fazer uma preparação sólida.
– Ter constância no estudo: penso que de nada adianta estudar muito em 1 mês e passar 1 semana sem estudar, ou estudar muito por 4 meses e passar 2 sem estudar. Acredito ser melhor ser honesto consigo mesmo e definir a quantidade que pode estudar de forma constante ao longo do tempo.
– Acreditar que é capaz: se tomar a decisão de estudar, cultive uma atitude mental positiva, que te leve para frente. Evite se lamentar e ficar olhando para as dificuldades. Assuma a responsabilidade pela sua decisão e não fique arranjando desculpas para não estudar.
– Escolha um bom material e confie nele. Penso que não adianta ficar vendo defeito ou pulando de galho em galho. O tempo gasto reclamando ou procurando outro material pode ser melhor gasto com o estudo. Para a maioria dos concursos os PDFs são, ao meu ver, o melhor material. Para quem não trabalha e só estuda, os livros também são excelentes complementos.
– Foque na caminhada e deixe o resultado para depois. Concentre-se no que você pode controlar, que é o estudo. O resultado é imprevisível, é preciso lembrar que outras pessoas também estão dando o seu melhor.