“É uma caminhada cansativa que exige sacrifícios e comprometimento. Mas ela vai passar, e o resultado é gratificante. Então, tenha paciência, foco e resiliência”.
Confira a nossa entrevista com Michel Camara, aprovado no concurso SEFAZ RS para o cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual:
Estratégia Concursos: De onde você é? Qual é sua idade? E sua formação?
Michel Camara: Meu nome é Michel Camara, sou do Rio de Janeiro e tenho 29 anos. Sou formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Estratégia: Você chegou a trabalhar na sua profissão? O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Michel: Não cheguei a atuar profissionalmente como engenheiro pois, na época, a iniciativa privada não oferecia muitas oportunidades. Estávamos vivendo o início da crise econômica que tirou o emprego de muita gente e dificultava a entrada no mercado.
Logo, vi no setor público um caminho para conquistar minha estabilidade financeira e satisfação profissional. Claro que essa conquista (como qualquer outra) exige dedicação e sacrifícios, mas eu estava disposto a enfrentar as dificuldades para buscar a aprovação.
Estratégia: Como foi a escolha pela área fiscal? O que pesou mais para você quando teve que definir esse foco de estudo?
Michel: Normalmente, os alunos começam a estudar para a área fiscal logo no início. Vez ou outra, migram para outra área. Eu segui o caminho inverso.
Quando comecei a estudar, era iminente o concurso do TCMRJ para o cargo de Técnico de Controle Externo. Era uma excelente oportunidade, pois havia grande necessidade de pessoal no órgão (de fato, o número de nomeados já na primeira leva superou a quantidade de vagas do edital) e a remuneração do cargo é bastante atrativa. Ainda por cima, eu não precisaria sair da minha cidade. Logo, comecei os estudos na área de Controle. Segui com essa estratégia até a prova do TCE PE, em meados de 2017.
A partir desse momento, passei a analisar mais friamente minha situação: muitos Tribunais de Contas exigem formação específica (Contabilidade, Administração, Direito ou Economia) para preenchimento dos cargos. Nos fiscos, isso não acontece com tanta frequência. Com isso, eu teria mais oportunidades ao migrar para a área fiscal. Foi uma decisão muito acertada. Comecei a estudar as matérias específicas e me interessei muito pela profissão.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava, ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Michel: Vivenciei as duas situações. No início, após concluir a graduação, eu dedicava meu tempo integral à preparação para concursos. Isso foi bom, pois eu ainda era inexperiente e meu estudo não rendia tanto quanto gostaria. Além disso, era meu primeiro contato com muitas matérias e eu precisaria de tempo para sedimentar a base desses conhecimentos. Mas logo fui pegando o jeito.
Esse período me rendeu frutos em 2017, quando fui aprovado no concurso da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Tomei posse no início de 2018 e, a partir daí, passei a conciliar trabalho e estudo. Apesar de contar com menos tempo livre para dedicar à preparação, conseguia aproveitá-lo muito mais. Eu já era mais objetivo durante os estudos e carregava uma boa bagagem de conteúdo e experiência. Foi nesse momento que tive o melhor rendimento.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Michel: Minha primeira classificação foi no TCM RJ, para o cargo de Técnico de Controle Externo, no fim de 2016. Nesse concurso, fiquei na 96º colocação (mas longe das vagas do edital). Segui com os estudos.
Em 2017, fui aprovado em 8º lugar para o cargo de Especialista Legislativo da Alerj e em 15º como Analista de Gestão do TCE PE. Fui nomeado em ambos.
Já em 2018, fui classificado na primeira fase da Polícia Federal, como Agente, mas não segui em frente com o TAF.
E minha última aprovação, em 2019, foi para o cargo de Auditor Fiscal da Receita Estadual do Rio Grande do Sul (SEFAZ RS), na 36º posição.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Michel: Estudar antes da publicação do edital é essencial para a aprovação, pois é nesse momento que se deve cobrir grande parte das matérias exigidas no concurso que se almeja. Essa foi uma das primeiras coisas que aprendi quando comecei a estudar.
Para manter a motivação no pré-edital, eu pensava o seguinte: era nesse momento que eu tinha que me preparar para estar o mais competitivo possível assim que o edital fosse publicado. Eu sabia que a concorrência era grande e que muitos alunos começaram a se preparar mais cedo que eu, então eu devia aproveitar essa fase para “chegar no páreo”.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Michel: Conheci o Estratégia por recomendação de amigos. Desde então, sempre utilizei os materiais, principalmente os PDFs, para estudo e revisão.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? O que funcionava melhor para você? Videoaulas, PDFs, livros?
Michel: No início da preparação, usava videoaulas e fiz alguns cursos presenciais no Rio de Janeiro.
Mais tarde, passei a usar muito mais os PDFs, pois conseguia ditar melhor o ritmo de estudo e isso otimizou meu tempo. Por fim, na reta final (perto da aprovação na SEFAZ RS), dedicava 80% do tempo resolvendo questões e 20% revisando os resumos.
Estratégia: Quantas horas por dia costumava estudar?
Michel: Quando ainda dedicava o tempo integral do meu dia para os estudos, atingia uma média de 6 a 7 horas líquidas diariamente. No pós-edital, aumentava para 8 ou 9. Mas quando passei a conciliar trabalho e estudo, essa carga horária caiu bastante durante a semana. Tentava aproveitar o fim de semana para compensar e “puxava” mais no sábado e no domingo.
Mas acho importante destacar que essa medida é muito relativa e varia para cada um. Como disse anteriormente, meu estudo passou a ter mais qualidade quando comecei a trabalhar. Além de ter mais experiência, eu sabia que as horas disponíveis eram escassas e, por isso, eu tinha que aproveitá-las da melhor forma possível. Com isso, eu conseguia ser mais objetivo e rendia muito mais.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos?
Michel: Essa dinâmica foi mudando com o tempo. No começo, quase todas as matérias exigidas nos editais eram novidade para mim, logo a leitura e a releitura da teoria eram extremamente importantes. Também gostava de fazer resumos para facilitar a revisão. Quando fui adquirindo mais experiência, passei a focar muito mais na resolução de questões.
Mas, desde o início, eu pegava várias matérias no mesmo dia. Ficar estudando uma única disciplina por muito tempo me cansava e o rendimento ia caindo. Por isso, “mudar de ares” a cada 1h ou 1h30 era importante.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Michel: Acho que a minha maior dificuldade é quase unanimidade dos outros alunos: Tecnologia da Informação. Para quem não é da área, é um desafio por ser um assunto bastante técnico e que não costumava aparecer em editais anteriores.
Para superar essa dificuldade, não teve fórmula mágica. Tive que fazer muitos exercícios para me acostumar com os pontos mais cobrados. Quando errava, recorria à teoria para tirar as dúvidas.
Como segue sendo tendência nos próximos concursos (não só da área fiscal), aconselho: quem estiver começando a preparação, aproveite para ter contato com TI logo cedo para já ir sedimentando esse conhecimento.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Michel: Enquanto estudava, eu morava com meus pais. Também já namorava minha noiva. E eles foram fundamentais durante essa caminhada. Além da sua motivação pessoal para seguir em frente, poder contar com o suporte e o incentivo das pessoas que ama é muito importante nesses momentos de pressão. E, sem dúvidas, comemorar a conquista com eles foi o melhor de tudo isso.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Michel: Não abandonei completamente o convívio social, mas tive que abdicar um pouco sim. Isso é inevitável. É muito difícil frequentar os churrascos com os amigos ou ir à praia nos domingos de sol tendo que estudar Direito Tributário e Contabilidade para cumprir o planejamento da semana. Nessas horas, a disciplina e a força de vontade devem falar mais alto. E com certeza o nome na lista de aprovados compensa todos esses sacrifícios.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Michel: É uma decisão muito pessoal. Para mim, valeu sim. Enquanto estudava para a área de Controle, veio o edital da Alerj. Muito do que estudei para o TCMRJ era exigido para esse certame e, por isso, adaptei o que era necessário e fiz a prova. Consegui conquistar uma aprovação dentro das vagas e trabalhei lá por mais de um ano.
Além disso, tem outro fator importante. A aprovação em outros concursos, mesmo que não sejam seu principal objetivo, ajuda a criar confiança. Você tem ali a prova de que está no caminho certo.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Michel: Estudei para a área fiscal por 9 meses antes da prova da SEFAZ RS. Mas é muito importante destacar que eu já trazia uma bagagem e tinha alguma experiência na preparação. O estudo durante esses 9 meses não começou “do zero”.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Michel: É muito difícil descrever essa sensação. É a conquista pela qual você se prepara exaustivamente por anos da sua vida, abrindo mão de momentos com a família e os amigos. Seu nome na lista de aprovados é a concretização desse objetivo, é quando você sente que a missão foi cumprida. E isso não tem preço.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Michel: A semana anterior foi de revisão. Peguei os resumos e as anotações e fui varrendo tudo o que destaquei de mais importante. Aproveitei para relembrar os pontos importantes e que são puramente “decoreba” (prazos, alíquotas, etc.).
Na véspera da prova, peguei mais leve. Não deixei de estudar, pois deixei alguns pontos para olhar na véspera mesmo. Mas eu costumava fazer isso nos dias anteriores à prova: sempre definia um horário “limite”, a partir do qual eu não estudaria mais, para tentar relaxar. É difícil, especialmente sob a tensão da prova no dia seguinte, mas eu acho importante.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Michel: Acho que fiz uma boa escolha ao optar por seguir a área fiscal no momento certo. Aproveitei duas ótimas oportunidades (SC e RS) e consegui a aprovação no fisco gaúcho. Também teria outros excelentes certames pela frente (BA, DF, AL…).
Claro que é um tópico muito pessoal, mas eu poderia ter aceitado mais cedo a possibilidade de fazer concursos em outros Estados. Muitas vezes é uma decisão difícil, pois fica complicado para quem tem filhos ou quem não quer ficar tão longe da família. Mas eu tinha essa possibilidade e meus pais e minha noiva me incentivaram muito a correr atrás dessas oportunidades.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Michel: O mais difícil dessa jornada é abrir mão do tempo com a família. Aniversários, festas de Natal e Ano Novo, e até almoços de domingo com meus pais e minha avó… eu tive que abrir mão de muitos eventos com quem amo para poder me preparar. E isso é muito desgastante no longo prazo.
Mas não pensei em desistir por dois motivos. Primeiro, eu sabia que teria que pagar esse “preço” para chegar à aprovação e que esse esforço era temporário, mas a conquista valeria a pena. E segundo, o apoio que tive deles me deu muita força para seguir.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Michel: Ainda não tenho filhos, mas quero dar a eles a melhor vida que lhes puder proporcionar. Conquistar um cargo público com uma boa remuneração e estabilidade me permite atingir esse objetivo.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Michel: A sugestão para quem está iniciando é: encare essa fase como um projeto para a sua vida. Por algum tempo (meses ou anos), essa terá que ser sua prioridade. É uma caminhada cansativa que exige sacrifícios e comprometimento. Mas ela vai passar, e o resultado é gratificante. Então, tenha paciência, foco e resiliência.
Outra, se existe uma “fórmula” para a aprovação, é essa: sentar, estudar a teoria, resolver muitas questões. Treinar! Não tem atalho. Se você acha que as videoaulas são mais produtivas, siga essa estratégia. Se você prefere ler PDFs, pois não consegue focar com as aulas em vídeo, sem problemas. Adote a metodologia que melhor funciona para você. Mas não deixe de sempre buscar o seu melhor durante a preparação.