Aprovada em 15° lugar no concurso SEFAZ-MG para o cargo de Auditor Fiscal - Área: Auditoria e Fiscalização
Concursos Públicos
“O primeiro conselho que posso deixar não é sobre técnica de estudos, planejamento ou qualquer coisa nesse sentido. Isso é muito importante, é inegável, mas o principal é QUEIRA […]”
Confira nossa entrevista com Junia Maria Da Silva Brito, aprovada em 15° lugar no concurso SEFAZ-MG para o cargo de Auditor Fiscal – Área: Auditoria e Fiscalização:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Junia Maria Da Silva Brito: Tenho 29 anos, sou formada em Ciências Contábeis, nasci em Porteirinha, uma pequena cidade no interior de Minas Gerais e moro há 11 anos no interior de São Paulo.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Junia: Em 2012, antes de decidir qual graduação iria cursar, pesquisei sobre o mercado de trabalho para a área de Contabilidade, que era até então uma das minhas primeiras opções. Nessa pesquisa conheci o cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal e me apaixonei pela ideia. Então decidi que faria Ciências Contábeis, pois acreditava que o conhecimento da faculdade me ajudaria a conquistar o cargo de auditora.
O tempo passou e eu não estudei de verdade. Até que em 2020, depois de uma demissão, virei a chave e decidi focar no que realmente sempre foi o meu sonho. No começo estudei 100% focada na Receita Federal, mas depois de um tempo entendi que precisava estudar para a Área Fiscal e não para um cargo específico.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Junia: Sim, sempre trabalhei. Depois de fazer vários testes, encontrei a rotina que funcionava para mim. Então eu dormia o mais cedo possível e acordava entre 02:30 e 03:00h da manhã (no pré-edital) e estudava antes do trabalho, com a “cabeça fresca”. Também estudava aos sábados e domingos, além de aproveitar o tempo enquanto fazia outras tarefas de casa para ouvir o áudio das aulas. Cheguei a ouvir os cursos de Constitucional e Tributário completos, me ajudava demais a fixar o conteúdo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Junia: Fiz apenas duas provas, incluindo a SEFAZ MG. A primeira foi para Agente Fiscal de Rendas do município de Piracicaba, obtive a 10º colocação e fiquei no Cadastro Reserva (eram 5 vagas imediatas).
Agora em Minas Gerais estou em 15º lugar no resultado preliminar e pretendo “aposentar” as canetas. Se tudo sair como o planejado, foi a minha última prova.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Junia: Para quem trabalha, é muito difícil manter um equilíbrio entre estudos e vida social. No pré-edital eu saía, mas pouco. Sempre ajustava o meu planejamento para compensar no sábado ou domingo, se fosse necessário. Meus pais moram em Minas e eu em São Paulo. Ao longo dos três anos de estudo eu os vi apenas uma vez, não viajava nas férias e queria guardá-las ao máximo, pois sabia que precisaria de um tempo a mais no pós-edital.
Outra coisa muito importante e presente na minha rotina era a atividade física. Era uma das poucas coisas que não abria mão e me ajudava a manter a sanidade mental. No pós-edital eu surtei um pouco (quem nunca? Rsrsr) e abdiquei quase 100% de tudo. Fui apenas ao casamento de uma amiga.
Inclusive não assisti a nenhum jogo da Copa, no Natal e Réveillon eu não festejei. Fui dormir cedo para acordar cedo no dia seguinte e estudar. Pode parecer exagero, mas era o que eu entendia ser necessário naquele momento, afinal, a prova estava cada vez mais próxima.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira? De que forma?
Junia: Sim, sempre me apoiaram, dentro do que é possível. É muito difícil para quem não está vivendo o momento compreender o que é estudar para um concurso de alto nível (quando ligava para minha mãe, ela sempre perguntava se eu já não tinha acabado tudo que tinha para estudar).
Precisei muito também da compreensão do meu marido, afinal, não é fácil estar com alguém sempre ausente. Pouquíssimas pessoas sabiam que eu estudava, meus amigos não estudam para concurso, não sabem sequer o que são horas líquidas, mas sempre entenderam minha ausência e torceram por mim.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Junia: Estudo para a área fiscal desde abril de 2020, mas especificamente para Sefaz MG, desde a publicação do edital. Então até a prova foram 2 anos e 11 meses.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Junia: Usei praticamente todas as ferramentas disponibilizadas pelo Estratégia. O meu estudo foi majoritariamente por pdfs. Recorria às videoaulas apenas para disciplinas que tinha muita dificuldade. Gostava também de baixar o áudio das videoaulas para ouvir no horário de almoço, enquanto lavava louça, cozinhava, enfim, sempre que dava.
Sempre estava ouvindo os professores Nelma Fontana, Herbert Almeida e Fernando Maurício. É incrível como a voz deles vinham à minha memória quando estava resolvendo questões. Era uma forma de otimizar o tempo, haja vista o fato de que trabalhar me impedia de aumentar minha carga horária.
Gostava muito também das aulas do Hora da Verdade. Para Minas especificamente eu assisti praticamente todas. Para outros concursos da área fiscal que nem fiz, eu gostava de ouvir o áudio depois, para dar uma revisada geral nas disciplinas.
Preciso destacar também a capacidade dos professores de Legislação Tributária, Eduardo da Rocha e Rafael Rocha, de sintetizar o que é importante. A legislação de Minas é extremamente extensa e na reta final comecei a me desesperar. Resolvi confiar neles (afinal estão nesse caminho há muito mais tempo do que eu) e focar nos pontos que eles destacaram no Hora da Verdade, sem perder tempo com detalhes que não me acrescentariam em nada. Gabaritei Legislação Tributária (não preciso nem dizer que a estratégia deu certo).
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Junia: Através de um vídeo da Núbia Oliveira, contando a trajetória dela até chegar na Receita Federal. Aquele vídeo foi o meu “ponto de inflexão”. Ela me descreveu quando disse que queria mais da vida e sabia que teria que ir buscar esse “mais”. Era exatamente o que eu sentia, queria mudar a realidade da minha vida. Eu nunca esqueci essa fala. Naquele momento percebi que estava numa posição muito mais confortável que a dela quando concurseira e, ainda assim, não estava fazendo o necessário para realizar o meu sonho.
Sempre fui muito disciplinada com o meu estudo. Já aconteceu de eu estar chorando por alguma outra coisa que estava acontecendo, entrar no quarto, secar as lágrimas e estudar friamente, ignorando tudo que estava acontecendo. Sei que não é fácil e, para quem nunca viveu, talvez até estranho, mas eu devo ao depoimento dela, essa minha obstinação. A partir daí vi muitos depoimentos de vários aprovados pelo Estratégia e não tive dúvidas. Essa decisão foi um grande acerto.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Junia: Com certeza absoluta. Os materiais são completos, os professores dispensam comentários e, o principal, a confiança que eu tinha, afinal, praticamente todos os aprovados passavam por aqui, então eu sabia que estava no caminho.
Além do que já citei (Pdfs, videoaulas, Hora da Verdade), devo destacar também o Passo Estratégico. Na preparação para as Discursivas, aproveitei para passar novamente por todo o conteúdo e deixar tudo na memória de curto prazo.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Junia: Eu estudava todos os dias. Fazia o ciclo de estudos, “rodando” as disciplinas. Em pré-edital, nos dias que trabalhava eu estudava 4 blocos de 50 minutos (intercalando as disciplinas) e aos sábados e domingos 6 blocos ou um pouco mais, se não tivesse conseguido cumprir meu cronograma da semana. Em média 25 horas líquidas.
No pós-edital, além de estudar os 4 blocos antes do trabalho, eu tentava fazer mais dois à noite (nem sempre conseguia) e nos dias que não trabalhava eu estudava enquanto o meu corpo aguentava (no máximo 7/8 horas líquidas, passando disso o meu rendimento no dia seguinte era péssimo e não compensava). Aqui eu fazia 35 a 38 horas líquidas, aproximadamente, na semana (Nunca consegui fazer 40 horas em uma semana que trabalhei).
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Junia: Depois de aprender a estudar, eu revisava por blocos de assuntos resolvendo muitas questões. Partia do resumo do Estratégia e ia complementando com minhas anotações. Fiz vários simulados. Para a prova de Minas eu fiz quase todos do “Rodadas Avançadas”.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Junia: A resolução de exercícios é o que faz fixar o conteúdo, entender como o assunto é cobrado. Eu diria que é o principal. Fiz muitos. Não tenho controle do total ao longo da minha trajetória, mas só no pós-edital para MG foram mais de vinte mil questões.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Junia: No início, todas rsrsrs. Mas, falando sério, eu tinha dois “calos”, TI e Exatas no geral. Para TI eu tive a felicidade de poder abandonar, uma vez que não foi cobrado para a área de auditoria e fiscalização na Sefaz MG, então esta eu ainda não superei.
Para exatas, resolvi estudar todos os dias, como a primeira matéria do dia. Foi um divisor de águas, não só por acertar as questões na hora da prova, mas por sentir confiança de que aquilo não me atrapalha. Nos primeiros simulados eu ficava muito nervosa e sem paciência para resolver as questões com muitos cálculos, sabia que teria que cortar o mal pela raiz.
Estatística então, eu quase chorava, mas não negligenciei (ainda mais porque em MG tinha peso 2). Resultado: gabaritei estatística e de todas as demais questões de exatas, errei apenas uma.
Fica aqui uma dica, não negligencie o que você não gosta ou tem muita dificuldade, porque além de errar essas questões na hora da prova, pode abalar o seu emocional e fazer com que você erre também aquilo que você sabe.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Junia: Uma loucura. Nas duas últimas semanas antes da prova, consegui férias do trabalho e estudei muito, 8 a 9 horas líquidas, revi meus resumos, refiz várias questões que eu já tinha planejado e li muito a lei seca.
Na quarta-feira que antecedeu a prova eu tive uma enxaqueca tão forte que travou meu pescoço. Percebi que estava exagerando, não conseguia mais dormir, a ansiedade cada vez maior, resolvi reduzir o ritmo, mas continuei revisando dentro do possível.
Na véspera eu revisei, mas fui dormir cedo, com a sensação de que não tinha estudado tudo que planejei (você nunca vai conseguir revisar tudo 100%). Hoje, olhando para trás, não posso dizer que faria diferente, afinal deu certo, mas a verdade é que esse estudo da última semana, salvo para “decorebas”, não é o que te fará ser aprovado.
É uma maratona, é o caminho percorrido e o conhecimento adquirido anteriormente mais contam. O momento final deve ser focado em manter a cabeça tranquila (se é que isso é possível), afinal, sem uma boa mentalidade na hora da prova, é impossível.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Junia: Eu sabia que se dominasse o conteúdo, escrever não seria um problema, então deixei para estudar somente após a prova objetiva. Se você tem dificuldade com a escrita, aconselho que comece a treinar no pré-edital. Para a prova discursiva é mais importante ainda se conhecer.
Revisei todo o conteúdo com a maior profundidade possível e escrevia várias discursivas por dia. Gostava também de revisar alguns conceitos mentalmente ao longo do dia, só para garantir que eu saberia escrever se fosse necessário. Acho importante também contratar ao menos uma correção para ter um feedback sobre a própria escrita. No mais, não tem segredo, é treinar muito.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Junia: Cometi todos os erros clássicos. Mas os piores foram fazer resumos manuscritos enquanto estudava a matéria pela primeira vez e ficar muito tempo 100% focada na Receita Federal, sempre foi minha grande paixão (quem nunca?). Para vocês terem uma ideia, Comércio Internacional e Administração Pública foram disciplinas que estiveram no meu primeiro cronograma de estudos, cheguei a estudar Legislação Tributária e Aduaneira (erro gravíssimo).
Como principal acerto devo citar que ajustei a rota e fortaleci a base da área fiscal. Nunca cogitei encarar um edital sem ter a base formada e isso fez com que eu economizasse tempo e dinheiro com muitas reprovações.
Além disso, sempre “mergulhei” nas questões que errava e fui muito disciplinada. Não dá para pensar em ser aprovado para um cargo como o de Auditor estudando quando se tem vontade. Toda a sua vida precisa ser ajustada ao estudo. Eu acordava cedo, por exemplo, mas dormia cedo também, do contrário não adiantaria.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Junia: Não. O meu plano B era fazer o plano A dar certo. Não quero parecer exagerada, mas eu dormia e acordava na minha aprovação, de verdade. A cada dia que passava eu pensava que faltava um dia a menos para chegar lá. Concurso, definitivamente, não é sobre quanto talento você tem, mas sobre o quão obstinado você é.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Junia: O primeiro conselho que posso deixar não é sobre técnica de estudos, planejamento ou qualquer coisa nesse sentido. Isso é muito importante, é inegável, mas o principal é QUEIRA. Você pode ter o dia todo livre, a cadeira mais confortável, o tablet de última geração, o melhor material e um cronograma lindo. No entanto, nada disso servirá se você não fizer a sua parte. Ninguém pode fazer por você.
Dito isso, sugiro organização da sua vida. Não quero parecer pessimista, mas é impossível manter todas as áreas da vida em perfeito equilíbrio enquanto estuda. Pergunte a qualquer aprovado, a resposta será a mesma. Em algum momento, outro ponto da vida desandou e está tudo bem. Por isso organize ao menos o que você tem controle, seu horário de estudar, horário de dormir, tudo isso importa.
Tenha a ousadia de sonhar e disciplina para fazer o que precisa ser feito. Nada é tão gratificante quanto a sensação de saber que o próprio sonho está se realizando e que ele foi construído com seu próprio esforço e disciplina.
Quando eu assisti ao vídeo da Nubia Oliveira, ela terminava dizendo “Eu espero vocês do lado de cá”. Hoje eu termino dizendo que consegui, também vim para o “lado de cá”. Torço para que logo seja a sua vez.