Aprovado em 130° lugar no concurso da Receita Federal do Brasil para o cargo de Auditor Fiscal
Concursos Públicos
“Gosto muito de pensar na essência das coisas e pessoas, no seu núcleo duro. Na essência do homem estão a força do desejo e a superação de suas próprias limitações […]”
Confira nossa entrevista com Leilson Roberto Da Cruz Lima, aprovado em 130° lugar no concurso da Receita Federal do Brasil para o cargo de Auditor Fiscal:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Leilson Roberto Da Cruz Lima: Sou Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, formado em 2015 com bolsa integral do ProUni. Nasci em Paço do Lumiar-MA, porém minha família é toda de Natal-RN, onde vivi um pouco da infância, e desde muito tempo estou no estado de São Paulo. Hoje tenho 30 anos e algumas passagens no serviço público, tendo ocupado os cargos de Técnico Legislativo na Câmara Municipal de São Paulo, Escrevente Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), e atualmente Controlador Interno da Câmara Municipal de Taubaté-SP.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Leilson: Olha, eu já tomei essa decisão algumas vezes na minha vida, mas vou me restringir a esta última para manter a brevidade.
O principal fato que me fez querer estudar novamente foi a constatação de que precisava de mais dinheiro, tanto para poder ter o que eu esperava da vida em termos materiais quanto para criar um patrimônio para os filhos que quero ter. Não quero para eles as dificuldades pelas quais passei, quero que eles tenham uma boa base para ir ainda mais longe e com mais conforto na viagem.
Em segundo lugar, pesou para mim constatar que a cidade de São Paulo pode ser muito cruel com seus habitantes, de modo que meu coração fora gradualmente querendo sair de lá. Como o Brasil é muito grande e tem concurso em todo lugar, ser aprovado seria uma ótima forma de conseguir a mudança geográfica que eu queria de uma forma segura.
A partir de setembro do ano passado voltei a acompanhar o mundo dos concursos, tendo me interessado pelo cargo de Analista Judiciário no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Estudei por conta própria, com auxílio de alguma doutrina que adquiri, e me dispus a fazer a prova, que para mim seria na cidade de Varginha-MG.
Fui muito mal naquela prova e voltei para São Paulo abatido no dia seguinte. No mesmo dia que voltei, foi publicado o edital para o concurso da Receita Federal. Jamais tinha cogitado o cargo de Auditor-Fiscal e achei o conteúdo programático do edital um desafio monumental pra mim, especialmente com tão pouco tempo disponível para estudo até a prova.
Normalmente, teria refutado a ideia como absurda, mas ela foi crescendo na minha cabeça de uma maneira espantosa. Era algo que poderia atender todos meus desejos em termos de dinheiro e mobilidade, não poderia ser ignorado. Decidi encarar o desafio e sabia que a primeira coisa que precisaria seria um bom material de estudo. Passei a pesquisar por cursos e conversei com um amigo meu que está se preparando para a Polícia Federal com o material do Estratégia. Em razão do que vi nas pesquisas e principalmente em razão do depoimento desse meu amigo, decidi adquirir o pacote do Estratégia para Auditor e comecei a estudar com afinco.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Leilson: Na época, morava sozinho e trabalhava como escrevente no TJSP, lotado em uma das varas do Fórum Criminal da Barra Funda.
Quando o edital foi publicado, eu estava de férias, agendadas de forma que fosse possível emendá-las com o recesso forense. Aproveitei bem o mês de dezembro e já deixei as férias do ano seguinte agendadas para o começo de março, quando seria a prova da Receita.
Já em dezembro, passei a estudar das seis da manhã até quase onze da noite. Obviamente, havia várias interrupções para os afazeres diários e descanso mental, mas eu seguia essa rotina de só acabar tarde. Quando precisei voltar das férias, tive que me adaptar.
Felizmente, eu contava com dois dias por semana de teletrabalho, o que me facilitava bastante a vida. Quando eu precisava ir ao fórum, chegava duas horas antes do início do meu expediente e ficava estudando no cartório vazio. Nossa vara era muito organizada e o nosso serviço não constumava acumular, era sempre “o do dia”, mais o atendimento ao público. No início do expediente, fazia um esforço para lidar com todo meu serviço do dia em poucas horas, de modo a sobrar tempo pra estudar pelos materiais em PDF. Chegando em casa no fim da tarde, tomava um banho e já começava a estudar novamente, até as onze da noite.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação?
Leilson: 2014 – Técnico Administrativo – Câmara Municipal de São Paulo-SP – 8º
2017 – Escrevente Técnico Judiciário – Tribunal de Justiça de São Paulo – 482
2023 – Auditor de Controle Interno – Prefeitura de Peruíbe-SP – 1º
2023 – Controlador-Geral – Prefeitura de Bragança Paulista-SP – 2º
2023 – Controlador-Adjunto – Prefeitura de Bragança Paulista-SP – 1º
2023 – Controlador Interno – Câmara Municipal de Taubaté-SP – 1º
2023 – Auditor-Fiscal – Receita Federal do Brasil – 129º
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Leilson: Sempre fui uma pessoa reservada e de sair muito pouco, então essa parte não foi tão desafiadora. Via meus pais alguns domingos e também saía com minha namorada da época, porém em uma frequência escassa e mais no fim de semana. Com os amigos só falava pelo celular e demorava horas pra responder. Fiquei encavernado.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Leilson: Todos entenderam e me apoiaram moralmente. Tive uma pequena reclamação da minha mãe, porque havia prometido praticar caminhada com ela, mas depois que eu mostrei o edital do concurso ela entendeu bem o porquê de eu não poder ir!
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Leilson: Estudei aproximadamente três meses e meio, pois comecei no pós-edital, mas estudava muitas horas por dia, para realmente fazer valer o tempo apertado que eu tinha até a prova. Acabei aproveitando matérias como português, raciocínio lógico, administrativo e constitucional do concurso que tinha acabado de fazer, do TJMG. Isso também me ajudou um tanto a não começar do absoluto zero.
Manter a disciplina foi difícil, mas eu tentava focar no lugar no qual eu queria chegar e que nada mais na minha vida poderia ser mais importante do que o concurso naquele momento.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Leilson: Como meu tempo era muito apertado, me ative aos cursos em PDF e aos exercícios de fixação neles contidos. Quando eu realmente tinha dificuldade, assistia às aulas em vídeo. Fiz muito isso com o conteúdo de estatística, minha maior fraqueza. Para detalhes específicos, enviava minhas dúvidas pela plataforma e sempre foram todas bem respondidas.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Leilson: Acredito que a primeira vez tenha sido pelos Hora da Verdade no Youtube. Depois eu fui conhecendo mais por colegas de trabalho que estudavam pelo Estratégia, inclusive com assinatura vitalícia.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Leilson: O principal diferencial do Estratégia é a seriedade. O alto nível do material produzido e também o alto nível dos professores demonstram o quão sério o trabalho é. Os temas são desenvolvidos com profundidade e direcionados para os pontos que realmente precisamos na prova.
Junto com o Estratégia encarei matérias que eu nunca tinha visto na minha vida, como contabilidade, auditoria, administração e a temida fluência em dados. Pude não só compreender os conteúdos como passar a realmente gostar de todas as matérias, pois, de tão bem trabalhadas, seu estudo passou a ser apaixonante.
A paixão também é algo forte no Estratégia. Alguns professores mostraram essa paixão em lives de revisão com duração de seis ou sete horas, varando a madrugada junto com os alunos para abrilhantar a todos. Os professores não estão ali só para passar o conteúdo, eles realmente trabalham para a sua aprovação e transbordam de emoção junto com você.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Leilson: Lembro que fiz uma planilha com todas as matérias e quantas aulas de cada os cursos continham. A partir daí, separei algumas que só revisaria porque já tinha estudado antes. Comecei a estudar 3 matérias por dia durante a semana e duas no sábado, deixando o domingo para descanso. Me esforçava para ler dois PDFs de cada matéria por dia, mas algumas vezes não era possível em razão da extensão do material.
À época estudava entre 12 a 14 horas líquidas por dia, mas isso só aconteceu porque era um momento muito específico da minha vida em que se juntaram necessidade e oportunidade. A necessidade era que eu tinha 3 meses e meio apenas até a prova e a ideia louca na cabeça de ser aprovado. A oportunidade eram algumas férias para tirar, teletrabalho parcial e um local de trabalho que não me demandava tanto.
Gosto de salientar essa especificidade para que ninguém pense que o caminho para a aprovação passa necessariamente por uma carga diária como essa. Eu preferiria mil vezes ter tido um ano para estudar e me dedicar 4 horas por dia, planejadamente. Dificilmente, aliás, eu conseguiria manter uma rotina de 12 horas por mais de três meses. Eu prefiro a lenta constância e a indico a todos no plano ideal, porém naquele momento específico eu precisava acelerar.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Leilson: Não tive tempo de fazer resumos próprios. Próximo à prova fiz simulados, li os Bizus, assisti todos os Hora da Verdade e também a Revisão de Véspera, que foram fundamentais para me relembrar diversos temas e, principalmente, me passar segurança de que pelo menos alguma parte do conteúdo estudado tinha de fato entrado na minha cabeça!
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Leilson: Os exercícios foram de fundamental importância, sem dúvida. Eles colocam sua cabeça para funcionar e são o que realmente fixa o conteúdo na memória. Antes do exercício, o conteúdo só passou pelos seus olhos. Depois dele, passou pela sua mente inteira e dali saiu um produto novo, um conhecimento de fato.
Não possuo um registro exato de quantas questões eu resolvi, mas estimo que tenha sido em torno de dez mil.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Leilson: Estatística e fluência em dados foram as disciplinas mais difíceis para mim, porque mais distantes do meu campo de conhecimentos. Procurei assistir mais aulas em vídeo, porque tinha a impressão de que a linguagem do professor na aula tornava tudo mais palatável do que a simples leitura.
Hoje em dia me considero um apaixonado por essas matérias, embora ainda não esteja tão versado nelas quanto gostaria. O importante é que pude compreendê-las suficientemente para obter um resultado favorável na prova.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Leilson: Terminei o conteúdo dos cursos em PDF bem em cima dessa semana. Depois daí, fiquei lendo os Bizus, assistindo os Hora da Verdade e a Revisão de Véspera. Meu dia pré-prova inteiro foi com a Revisão de Véspera, praticamente.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Leilson: Me preparei usando o curso de técnicas de prova discursiva oferecido no meu pacote de estudos. Treinei discursivas com as dezenas de temas propostos no curso, além das questões constantes dos simulados realizados pelo Estratégia. Meus focos foram adquirir a técnica de escrita e controlar o tempo, o que acredito que alcancei razoavelmente bem.
Aconselho a todos o treino constante de discursivas e redação. Pode ser algo intimidador em um primeiro momento, porém tudo vai melhorando gradativamente com a prática. Uma coisa é certa: negligenciar o treino de discursivas vai fazer você travar na hora da prova e pode te custar a vaga que tanto sonhou. Treine duro para que o jogo seja fácil.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Leilson: Os acertos são mais fáceis de enxergar. O primeiro foi realmente me propor a encarar a loucura da prova e acreditar que passaria. O segundo foi ir atrás dos meios certos para tanto, e nisso o material do Estratégia foi a arma que eu precisava. O investimento que fiz no material vai estar pago à razão de dez para um já com meu primeiro salário.
Acredito que também acertei em restringir mais ainda minhas atividades sociais. Já conheci pessoas próximas que não conseguiram ter essa mesma disciplina e acabaram falhando nos concursos que se propuseram a prestar. Pus na minha cabeça que nada poderia ser mais importante que a vida que eu vislumbrava à minha frente após a aprovação e mantive nisso o foco.
O principal erro que eu enxergo foi ter me proposto a estudar no pós-edital num tempo tão exíguo. Olhando para trás, foi uma loucura me matar de estudar três meses e meio para uma prova como essa, investindo tempo e dinheiro para algo com probabilidade baixíssima de ocorrer. Ao mesmo tempo, foi justamente por ter um tempo tão curto que me pus a estudar com tanto afinco, buscando ser um outlier. Nesse quadro contraditório, no fim das contas não sei realmente posso considerar o fator tempo um erro, até porque minha alternativa seria simplesmente não fazer o concurso, algo que teria me arrependido.
Acho pertinente aqui contar uma estória que transmito a todos que conheço, a do karateca sem braço.
Um certo rapaz não tinha o braço esquerdo e, quando completou quinze anos, quis aprender a lutar o karatê para defesa pessoal. Procurou então um sensei, que se dispôs prontamente a treiná-lo, ensinando desde já um golpe complexo ao rapaz. Esse único golpe passou a ser treinado em aula incessantemente durante semanas, sem que o sensei explicasse o porquê.
Certo dia, o sensei noticiou ao rapaz que o inscrevera num campeonato local, e que para vencer bastaria utilizar aquele único golpe. O rapaz já vinha desconfiado e duvidando do conhecimento do professor, mas decidiu simplesmente ir lutar, sem questionamentos. Todas as lutas foram vencidas por nocaute, de maneira que o rapaz avançou até a finalíssima e a venceu, sagrando-se campeão.
Já de posse do cinturão e após todas as comemorações, o rapaz não se conteve e foi questionar ao sensei o motivo de ter lhe ensinado aquele singelo golpe. A razão era simples: o único jeito de se defender do golpe seria agarrar o inexistente braço esquerdo do rapaz.
Moral da estória: às vezes nossa maior força pode ser o que tomamos como maior fraqueza.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Leilson: Nunca pensei em desistir. Gosto de brincar que o objetivo de ser Auditor-Fiscal passou a fazer parte do meu desejo como uma inception, do filme A Origem. Foi uma pequena ideia que surgiu e rapidamente me tomou por inteiro, de modo que não pude fazer outra coisa da minha vida além de perseguí-la.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Leilson: Gosto muito de pensar na essência das coisas e pessoas, no seu núcleo duro. Na essência do homem estão a força do desejo e a superação de suas próprias limitações. Um dia, o homem primitivo quis caçar um animal muito maior e mais forte que ele, para tanto fez uma arma, com ela lutou e venceu a caça. Num segundo dia, desejou desbravar os mares, aperfeiçoou embarcações e conheceu terras nunca antes exploradas. Num terceiro dia, ele desejou ir à Lua, pegou o dinheiro do governo, construiu os veículos adequados e foi.
Pela força do desejo somos capazes de nos mover até esferas inimagináveis por nossos antepassados. Em um futuro, é provável que finalmente dominemos o tempo, transcendamos a matéria e vençamos a fronteira final da morte. Eu não duvido de nada disso, porque percebo que na essência o homem não tem limite.