Aprovado no concurso da PRF (Piauí)
“A dica é não desistir. Acredite no seu potencial. Estude todos os dias. Mantenha a disciplina. Às vezes você vai achar que não é possível, que não está evoluindo. Talvez pense que não vale a pena. Mas saiba que cada detalhe é importante, cada hora de estudo, cada prova realizada, aula assistida, tudo isso vai valer quando você chegar onde você deseja”.
Confira nossa entrevista com Vinícius Cândido, aprovado em 5º lugar no concurso da PRF para o estado do Piauí:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Qual sua idade? De onde você é? Qual sua formação?
Vinícius Cândido: Olá. Eu me chamo Vinícius Cândido, tenho 29 anos e sou cearense, formado em Matemática pela Universidade Regional do Cariri.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que escolheu a Polícia Rodoviária Federal?
Vinícius: O que me fez estudar para concurso foi a independência que um cargo público proporciona, a chamada estabilidade. Cheguei a trabalhar no setor privado, nem carteira assinada tinha. Mas saber que poderia ficar desempregado a qualquer momento me fez buscar melhorias.
Comecei como servidor público na Educação, com o passar dos anos na carreira de professor, percebi que aquilo não dava mais para mim. Perdi o encanto da profissão, tive algumas frustrações. Infelizmente, a profissão que mais transforma (professor) vem perdendo seu valor a cada dia. Não me conformava em ter que pedir atenção dos alunos para poder dar aula, em ser cobrado por notas baixar de alunos que nem queriam estar ali. Enfim, desisti de ser professor e não seria justo com as pessoas ficar trabalhando sem vontade. Então decidi mudar de profissão. Só não sabia para onde iria.
A PRF me chamou atenção em fevereiro de 2015, no carnaval. Estava na casa da minha mãe quando vi uma viatura ali próximo fiscalizando alguns veículos. Fiquei admirado em ver como as pessoas respeitavam aqueles policias, como a instituição era respeitada. A partir daquele dia, comecei a pesquisar o que seria preciso para ser um PRF. Escolhi a PRF por uma série de fatores, entre eles: carreira única, escala de trabalho, salário, cargo federal, visão institucional.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Vinícius: Trabalhava como professor das 07h às 17h de segunda a sexta. Além de ser pai de família, com duas filhas. Então tive que arrumar um jeito de encaixar tudo. Acordava mais cedo pra estudar e dormia mais tarde. Usava o horário do almoço pra resolver questões. Estudava à noite de 19h até 22h. Também estudava nas horas vagas no trabalho. E como não queria mais dar aulas, quanto mais o trabalho me estressasse durante o dia, mais eu me dedicava à noite. Nos finais de semana estudava o dia todo. O sábado era pra revisões e o domingo era sagrado para resolução de simulados. Resumindo, eu era um cara normal, precisava trabalhar e estudar e ainda participar da vida das filhas e da esposa.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Na PRF ficou em qual colocação?
Vinícius: Minha primeira aprovação foi no cargo de Professor do Estado do Ceará em 2013. Quando decidi mudar, já fui logo para PRF! Fazia alguns concursos na área de segurança pública apenas para pegar experiência. Fui aprovado também para Agente Penitenciário e Agente da Polícia Civil. Na PRF, fiquei 5° lugar no Estado do Piauí.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Vinícius: Muita euforia, muito choro e agradecimento. É uma sensação indescritível. É sensação de dever cumprido, de quebrar uma barreira que parecia impossível. E o engraçado é que você tem essa sensação várias vezes, a cada fase que você vence. Fiquei mais feliz no resultado do TAF do que na objetiva, porque já tinha o gabarito do Cespe e meio que já esperava a aprovação. Lembro da festa que fiz quando corrigi meu gabarito, pulava de felicidade. Lembro do frio na barriga na avaliação médica. E da aflição no psicotécnico. Cada fase foi uma emoção diferente e o medo de não passar estava sempre ali pertinho.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Vinícius: No início dos estudos, quando ainda não entendia o nível de preparação que o concurso exigia, nada havia mudado na minha vida social. Continuava com o futebol, as festinhas de aniversário, os shows. Mas depois de algumas reprovações em concursos que fiz, percebi que teria que abrir mão de algumas coisas para poder ser aprovado, os concurseiros estavam mais profissionais em estudar, não havia tempo suficiente pra trabalhar, cuidar da família, estudar e ter vida social normalmente. Precisava estudar com mais dedicação. Após um tempo, reduzi drasticamente minha vida social, era praticamente do trabalho pra casa. Mas isso foi escolha minha, vale destacar que conheci diversas pessoas que passaram sem fazer o que fiz. Acontece que eu não conseguia passar muito tempo num churrasco, por exemplo. Eu ficava com a consciência pesada, imaginando que meus concorrentes estavam estudando e eu estava ali me divertindo. Então passei a me dedicar mais, focar mais. Talvez tenha sido exagero, não sei. Mas eu só pensava no concurso, não sabia se estava no caminho certo. Tinha medo de não passar, então usava o tempo que tinha pra estudar.
Estratégia: Você é casado? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Vinícius: Sou casado e tenho duas filhas. Minha família sempre me apoiou, desde uma palavra de conforto até na ajuda financeira para ir fazer provas. Não foi fácil, mas elas entenderam que eu precisava estudar, que meu tempo estava reduzido. Apoiaram de diversas formas, lembro até das brincadeiras que elas não faziam barulho para não atrapalhar minha concentração. Mas o maior apoio é acreditar em você, no seu potencial, te levantar nos dias em que você está desanimado.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Vinícius: Eu acho que é de extrema importância fazer outros concursos na mesma área do seu objetivo maior. Muito importante pra saber seu nível de preparação em relação aos concorrentes, para corrigir seus erros, ganhar experiência em tempo de prova, ansiedade, etc. Não acho interessante fazer concurso em área diferente. Porque as disciplinas mudam, então você praticamente fica sempre começando do zero. Quando é na mesma área, todo o estudo se aproveita.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Vinícius: Comecei a estudar pra PRF em 2015 e fui aprovado em 2019. Nesse período, o órgão não realizou concurso. Foi difícil manter o foco.
Estratégia: Durante a fase pré-edital, como fazia para manter a disciplina nos estudos?
Vinícius: O que ajudou bastante foi estar resolvendo simulados todo domingo e colocando o gabarito no ranking. Quando via a classificação caindo, sabia que precisava estudar mais. Então acabava sendo uma competição. Foi legal demais conhecer pessoalmente, no CFP, a galera que só conhecia por nome nos rankings dos simulados. Outro fator importante foi o trabalho, trabalhar todo dia me fazia lembrar que precisava passar em outra coisa. Os vídeos motivacionais no Youtube também me ajudavam. Todo dia eu assistia um vídeo da PRF.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens de cada um?
Vinícius: Quando comecei a estudar, eu usava livros. Comprei a coleção do esquematizado, Direito Administrativo Descomplicado, comprei diversos livros. Eram enormes. Foi bom, porque o conteúdo era bem debatido, mas perdia muito tempo. Eram muitas páginas lidas para um mesmo assunto. Naquela época, eu não acreditava em PDF, achava que era resumido demais.
Por sorte, com um ano e meio de preparação, um amigo me apresentou o material do Estratégia Concursos. Eu até disse a ele que não confiava em PDF. Mas quando ele me disse que passou pra Auditoria Fiscal usando só o PDF do Estratégia, eu passei a acreditar. Comecei a usar o material e dei uma grande alavancada nos estudos. Comecei a estudar em uma semana o que antes levava um mês nos livros. De outubro de 2016 até 2019, usei os PDFs.
Eu não gostava de vídeos, os únicos que assisti foram os de Português e Física. Por pouco tempo, só até pegar o jeito e aprender a estudar sozinho. Depois disso o meu material se resumiu ao Estratégia e aos simulados. Para exercícios, eu usava um sistema de questões.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concurseiro é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Vinícius: Estudava com o edital de 2013, perdi a conta de quantas vezes bati aquele edital. Eu estudava todas as matérias. Acho que isso foi o diferencial, não abandonei nenhuma. Antes do edital de 2018 sair, eu estudava três disciplinas por dia e fazia uma média de 150 questões, estudava em média 4 horas por dia. Fazia resumos, mas dificilmente os lia. Resolver e corrigir questões sempre era melhor, porque já era um tipo de revisão.
Fiz um horário de estudo semanal e cumpria a risca. Quando o edital saiu, aumentei para cinco disciplinas por dia, estudava de sete a oito horas. Reduzi o número de questões resolvidas e aumentei a leitura do material. Até porque dificilmente encontrava uma questão inédita.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Vinícius: Português e Redação. O jeito foi estudar português todo dia. Lembro de passar um mês estudando classes de palavras até entender e começar a pegar gosto pela matéria. Encontrar excelentes professores e resolver muitas questões foi o bizu. A redação foi melhorando quando passei a escrever mais. Eu escrevia e levava para uma colega de trabalho, professora, corrigir.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana anterior à prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Vinícius: A semana anterior foi muito marcante. Ansioso demais. Tirei a última semana pra resolver questões. Quando tinha dúvidas, pegava o material para ler. Também usei um tempo pra levar as resoluções do CONTRAN que tinha mais dúvida.
No dia anterior não estudei mais nada, só debatia alguns pontos com os colegas que foram viajar comigo. Saí para Teresina (local da prova) um dia antes, porque são oito horas de viagem. Uma curiosidade foi que caiu na prova uma questão que debatemos no carro.
Não dava pra estudar naquele dia, estava muito nervoso, ansioso. Havia me dedicado bastante e tinha medo de não passar. Lembro que voltei pra casa chorando, achando que não ia passar. Só me tranquilizei quando saiu o gabarito preliminar.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Vinícius: Assinei uma pacote de redações na internet. Também levava redações para uma colega de trabalho corrigir. O conselho é escrever. Claro que é necessário estudar o edital já que pode cair qualquer tema dali. Mas é importante escrever e pedir para alguém ler e corrigir. De preferência alguém que tenha experiência com concurso. Também é legal fazer redações de concursos anteriores e depois comparar com o padrão de resposta.
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF? E como foi essa prova?
Vinícius: Estava acima do peso. Contratei um personal e um nutricionista. Não foi fácil. Acredito que foi uma grande falha na preparação. A dica que dou é conciliar o estudo com a preparação. Treinar em cima da hora é complicado.
Foi a fase que mais tirou o meu sossego. Tive que perder peso e treinar bastante, e ainda preocupado com o risco de lesão.
O dia da prova foi muito marcante, comemorei demais a aprovação. O que mais marcou foi o salto porque queimei o primeiro, saltei a distância necessária, mas pisei na linha. Me deram um intervalo de 5 minutos até a segunda tentativa, ali foi uma eternidade. Passava um filme na minha cabeça, toda a preparação poderia ir para o ralo. Tive medo demais. Foram cinco minutos de fé, cinco minutos rezando “Maria passa na frente”. Na segunda tentativa deu tudo certo, não me segurei, lembro que gritei comemorando.
Outra coisa que marcou demais foi ver alguns candidatos sendo eliminados. Dói ver aquilo.
Estratégia: Como foi participar do curso de formação? Teve dificuldade em algo? Alterou sua classificação?
Vinícius: O curso de formação foi a parte mais legal. Muito bom conhecer pessoas de todo lugar que tiveram a mesma dedicação que você. Os instrutores são sensacionais, com certeza os melhores do país. Graças a Deus não tive dificuldades, afinal estava numa turma muito unida e dedicada, turma Alfa 3. Fiz muitos amigos. Achei muito massa a academia e toda a estrutura montada. Muito bom também conhecer Florianópolis.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Vinícius: O maior erro foi deixar a preparação física para o final. Os maiores acertos foram estudar todas as disciplinas e resolver bastante questões.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Vinícius: O mais difícil é acreditar que é possível. Antes eu pensava que passar era só pra pessoas muito inteligentes, fora de série. Então foi difícil acreditar. Também foi difícil manter o foco durante toda a preparação. Depois de um tempo eu sabia que ia passar, eu só não sabia quando.
Até o dia em que comecei a acreditar, eu pensava em desistir todo dia. O que me fez seguir em frente foi a vontade de passar, que era grande demais. Eu não podia desistir antes de tentar. Eu pensava muito nas minhas filhas, tinha que dar o exemplo.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Vinícius: Minhas filhas.
Estratégia: Como se sente hoje empossado no cargo para o qual se esforçou bastante para alcançá-lo?
Vinícius: Realizado. Muito bom trabalhar onde você sempre quis. É muito gratificante. Olhar pra trás e ver que todos esforço valeu a pena é sensacional. Às vezes vejo as recordações do Facebook e lá vejo algumas fotos e publicações de quando estava estudando, saber que deu certo é bom demais.
Estratégia: O que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Vinícius: A dica é não desistir. Acredite no seu potencial. Estude todos os dias. Mantenha a disciplina. Às vezes você vai achar que não é possível, que não está evoluindo. Talvez pense que não vale a pena. Mas saiba que cada detalhe é importante, cada hora de estudo, cada prova realizada, aula assistida, tudo isso vai valer quando você chegar onde você deseja. Ver seu nome no DOU vai ser a premiação. Então siga em frente, continue estudando, continue resolvendo questões, que logo o resultado aparecerá. O bom é saber que você vai passar, talvez em 2020, talvez em 2021, mas você vai passar. Basta não desistir.
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