Aprovado em 1° lugar no concurso PGE AM no cargo de Assistente Procuratorial
Concursos Públicos“Confesso que eu tinha medo de que a aprovação demorasse mais do que o planejado. Houve inúmeros dias de tristeza, incertezas e aflições. Contudo, nunca pensei em “desistir” de concurso. Sempre acreditei que em algum momento eu iria colher os frutos de todo o meu esforço e dedicação”
.
Confira nossa entrevista com Thauan Matheus Saint Marten Viana, aprovado em 1° lugar no concurso PGE AM no cargo de Assistente Procuratorial
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Thauan Saint Marten: Primeiramente, eu gostaria de dizer que me sinto lisonjeado em poder compartilhar um pouquinho da minha trajetória com a nação concurseira! Pois bem, sou o Thauan, um carioca de 26 anos, cursando o 8° período de Engenharia da Computação.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Thauan: Após uma breve análise da situação profissional das pessoas que fui conhecendo ao longo da vida, do meu ciclo social e principalmente familiar, constatei que a maioria das que obtiveram sucesso, com um retorno financeiro satisfatório, trabalhavam na Administração Pública. Em contrapartida, quase todas as que se mantinham na iniciativa privada conviviam com as disfunções e amargura que dela provém. Tais quais: instabilidade, insegurança e uma consequente insatisfação exasperada. Diante disso, e muito em virtude da situação atual do País, enxerguei no concurso público uma forma meritocrática de mudar de vida. É incrível imaginar que eu tenho a possibilidade de passar em um concurso público que me pague quase o teto dos Ministros do STF, dependendo única e exclusivamente do meu esforço e dedicação. Simplesmente isso me fascina.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Thauan: Eu comecei a estudar para concursos em janeiro de 2020. De lá para cá, estagiei na área de TI duas vezes (durante alguns meses). Também trabalhei como motorista de aplicativo, para custear a minha vida, visto que meus pais não tinham condições de me bancar. Inclusive, sempre tive que ajudar com as contas de casa. Vale ressaltar que durante toda a minha preparação, eu trabalhava no Uber das 21:00 às 5:30. Dormia das 06:00 às 13:30, e, desde a hora que eu acordava até a hora de trabalhar novamente, eu vivia em prol dos estudos. Estudava o máximo de horas possíveis nesse intervalo e ainda fazia musculação de 2 a 4 vezes por semana. Essa rotina se repetia de 5 a 6 vezes por semana, visto que eu tirava 1 ou 2 folgas a cada 7 dias. Quando era o dia da minha folga, eu tentava estudar o máximo de horas possíveis. O meu recorde foram 10 horas líquidas (cronometradas). Quando tudo dava errado, acabava entrando um compromisso social justamente nesse meu dia de folga e, infelizmente, eu não conseguia aproveitá-lo da melhor forma possível. Mas como um concurseiro resiliente, eu tentava me policiar ao máximo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Thauan: Na minha opinião, ser aprovado é um gênero que se divide em duas espécies: “ser aprovado dentro do número de vagas do edital”, ou “ser aprovado fazendo o mínimo exigido”. No primeiro concurso que fiz, para Assistente Jurídico do CREMERJ, tirei 90 pontos e fiquei na posição 144º, mas o concurso possuía apenas 2 vagas. No segundo, o TJSP, fiz 76 pontos e fui reprovado, cometendo o erro mais doloroso da minha preparação: escolher concorrer para a capital. Com a nota que tirei, eu iria para a segunda fase na maioria das comarcas do interior. No terceiro, acertei 77% da prova do TJRJ – Técnico Judiciário. E, mais uma vez, escolhi a comarca da capital, sendo reprovado novamente. No meio do percurso, fiz o concurso da PCERJ, para Investigador, sem estudar especificamente para ele. Na ocasião, acertei 69 dos 100 pontos possíveis. Mais uma reprovação. (Obs.: a nota de corte para o TAF foi 71).
De forma geral, sempre vinha batendo na trave e ficando com aquele gostinho amargo. Até Deus me iluminar e me proporcionar a benção de passar em primeiro lugar na PGE AM (acertando 59 das 60 questões da prova).
Ademais, com certeza continuarei estudando. O meu objetivo a médio prazo é passar para Técnico Judiciário de TRT ou TRF. No longo prazo, almejo o cargo de Promotor ou Procurador. Por isso, pretendo iniciar minha faculdade de Direito o mais breve possível.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Thauan: Minha vida social foi completamente preterida. Confesso que deixá-la em segundo plano não foi uma tarefa fácil. Simplesmente eu mudei da água para o vinho, ou melhor, do vinho para a água. Se antes de janeiro de 2020, eu era baladeiro, amigável e sociável, durante a trajetória, transformei-me em um ser estranho, que só vivia para estudar e acabava repelindo as pessoas. Acabei me afastando de amigos e família. Foram inúmeras as vezes que me chamaram para sair, resenhas ou simplesmente uma festa de família e eu acabava me escusando. Nesses momentos eu pensava o seguinte: é preciso dar dois passos para trás, para poder, em seguida, dar três à frente.
E, como na vida tudo é passageiro, espero poder me reaproximar de pessoas que tanto gosto.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Thauan: Não tenho filhos, mas tenho uma namorada que também é concurseira. Acredito que o fato de estarmos alinhados no mesmo objetivo foi fundamental para a minha aprovação. Como ela também estudava para a área de Tribunais, as matérias se convergiam, e, muitas das vezes, estudávamos literalmente juntos. (Eu lia um artigo e ela lia o outro, rs).
Quanto aos meus pais, eles foram os meus maiores incentivadores. Sempre acreditaram no meu potencial e me apoiavam em todas as decisões, ainda que nas mais loucas possíveis. O maior exemplo disso foi sair do Rio de Janeiro, onde moro, para ir até o outro lado do Brasil, fazer a prova da PGE do Amazonas. Graças a Deus, fui recompensado com essa aprovação!
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Thauan: Especificamente para a PGE AM, estudei por apenas um mês, visto que eu vinha me preparando para o TJDFT, mas acabei mudando de foco no meio do caminho. Nesse tempo foquei na legislação especial do Amazonas e em lei seca. Contudo, o que me logrou êxito, certamente, não foi esse singelo mês e sim os dois anos em que estudei com afinco.
Acredito que a disciplina e a constância me premiaram com essa aprovação dentro do número de vagas do edital. Para mantê-las, eu buscava trabalhar o meu físico e o emocional. Quase que diariamente procurava vídeos motivacionais para assistir durante as refeições. Também buscava artigos e suporte na literatura. Posso citar o livro “Estuda que a vida muda”, do Alex Oliveira. Esse exemplar foi o precursor da minha jornada até a aprovação. Ademais, para manter a disciplina ao longo da preparação, policiava-me o tempo inteiro.
Procurava não utilizar redes sociais durante o período que eu reservava para estudar. Cancelei minha assinatura no Netflix. Parei de acompanhar os jogos do Botafogo, time que eu sou apaixonado. Enfim, decidi que eu ia estudar até passar e renunciei todas as atividades inúteis que não iriam colaborar com o meu progresso. É bom eu deixar claro, que nem sempre eu consegui. Ninguém é perfeito e eu acabei falhando em vários momentos. Mas isso faz parte do processo e eu fui entendendo isso ao longo dele.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação? (Aulas presenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens?)
Thauan: A minha escolha quanto ao PDF ou à videoaula era baseada no caso concreto. Lá no início da preparação, eu comecei estudando apenas por vídeos, uma vez que era o meu primeiro contato com o Direito. Simplesmente eu não sabia nada acerca da Constituição Federal, quiçá sobre outros diplomas legais. Portanto, acredito que os vídeos são essenciais para quem é iniciante.
Após o meu primeiro ano de estudo e, especificamente, para a PGE AM, estudei apenas pelos PDFs do Estratégia e pelos meus materiais de revisão (flash cards e resumos por tópicos). Utilizava o Evernote para fazer esse material digital. De forma geral, o PDF era o método mais palatável para mim. Entretanto, em um pós-edital, a leitura da lei seca concorrentemente com os meus resumos se mostrava mais eficaz e eficiente. Vale destacar que os meus materiais de revisão foram construídos ao longo do tempo baseados tanto nas videoaulas quanto nos PDFs do Estratégia.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Thauan: Eu conheci o Estratégia através da internet, muito antes de começar a estudar para concursos efetivamente. As pessoas sempre falavam da excelência dos materiais e dos professores. Definitivamente, ser aluno da Coruja foi preponderante para a minha aprovação. Tornei-me assinante e sou a prova viva da qualidade que eles entregam.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Thauan: Os PDFs do Estratégia são extremamente completos e detalhados. Hoje, se você quer passar em um concurso, é necessário um material desse patamar. Muitas pessoas que reclamam da quantidade de páginas dos PDFs ainda não perceberam que o concurso está profissionalizado. E para chegar a um nível de competividade, far-se-á necessário aprofundar-se em todas as disciplinas. E somente o Estratégia Concursos oferece essa prerrogativa aos alunos. Fora as metodologias básicas como o sistema de questões e as videoaulas, eu destacaria o “Bizu Estratégico”, ferramenta fundamental para qualquer reta final.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos? (Estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Quantas horas líquidas estudava por dia?)
Thauan: Eu dividia o meu estudo em sessões de 50 minutos a 1 hora. Por exemplo: estudava 50 minutos de Constitucional, depois 50 de Português, 50 de Informática… Sempre alternando as disciplinas, a fim de ativar pontos diferentes do meu cérebro e me cansar o menos possível. A minha meta de estudo era, no pré-edital, de 25 a 30 horas líquidas por semana. No pós-edital, de 30 a 35 horas. Confesso que na reta final do TJSP, cheguei a fazer mais de 40h por semana. Entretanto, acredito que esse extremo não é sustentável a longo prazo. De forma geral, eu não me prendia a um quantitativo de horas diárias, desde que ao final da semana eu conseguisse cumprir aquela meta de horas pré-estabelecida. Mas, em média, fazia 4 a 5 horas por dia. Contudo, tinham dias que eu estudava apenas 2 horas, em virtude de ter que resolver coisas pessoais. Já em outro, estudava 6 horas para compensar. Enfim, eu sempre fui preso a um quantitativo semanal e não diário.
Estratégia: Como fazia suas revisões? (Costumava fazer resumos, simulados ou algo mais?)
Thauan: O controle dos estudos é um dos pontos mais importantes de qualquer preparação. Para tal, desenvolvi uma planilha em que discriminei todas as disciplinas e assuntos um a um. Toda vez que eu estudava um assunto (por exemplo, Poder Judiciário), eu colocava a data em uma célula ao lado do assunto e, automaticamente, uma fórmula era ativada exibindo a quantidade de dias que eu estava sem estudar aquele tópico. Se eu colocasse que estudei determinado assunto no dia 10 de maio, quando chegasse no dia 17 de maio, esse campo em que continha a tal fórmula exibia que eu estava a 7 dias sem estudar aquele conteúdo. E assim eu fazia com todos os assuntos de todas as disciplinas. Então, quando o meu ciclo indicava que a matéria a ser estudada era Direito Administrativo, por exemplo, eu olhava para todos os assuntos de Direito Administrativo e escolhia o que estava com o maior número de dias sem estudar.
Aliado a isso, criei colunas para inserir a quantidade de questões que fiz e quantas eu acertei, calculando um percentual de acertos, para que eu conseguisse controlar quais matérias eu estava melhor e quais eu estava pior.
Por fim, na minha planilha também tinha um campo específico para controlar a quantos dias que eu estava sem estudar a lei seca. Já quantos aos resumos, todos eles eram digitais. Depois de um ano de estudos eu já tinha material de revisão de praticamente todas as matérias e, a partir daí, baseava-me por eles e utilizava o material do Estratégia para aprofundar os assuntos que eu tinha mais dificuldade.
Também cheguei a fazer simulados quinzenais, mas somente em alguns momentos da preparação. Especificamente para a PGE AM não fiz nenhum simulado.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Thauan: Acredito que os exercícios foram fundamentais para mim, mas até determinado momento. Devo ter feito mais de 15 mil questões nesses 2 anos e pouco. Entretanto, acho que chega uma hora que as questões podem te dar uma falsa ilusão do seu real nível de conhecimento. Isso porque elas acabam se repetindo e não abarcam todo o conteúdo do edital. Em dado momento, mostrou-se mais eficaz focar nos pontos que eu tinha mais dificuldades de gravar e principalmente nos que são esquecidos e pouco visados, visto que quase não tem questões sobre eles. Eu vejo que muitos concurseiros só querem focar nos assuntos mais cobrados em prova. Mas fui percebendo que isso é um baita de um erro, porque as bancas estão cada vez mais inovando e nos surpreendendo. Na minha opinião, um concurseiro competitivo deve saber todos os assuntos do edital e não apenas os, estatisticamente, mais cobrados.
Resumindo: no final da preparação eu fazia menos questões e focava mais na lei seca, na parte conceitual e jurisprudencial.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Thauan: Eu sempre tive muita dificuldade em Português, especificamente nas questões que envolviam interpretação de texto. Para mitigar essa problemática, comecei a fazer em média 10 questões de Português todos os dias. Junto a isso, foquei em assistir as aulas da Adriana para solidificar o meu aprendizado.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Thauan: Na semana que antecedeu a prova, busquei revisar a maioria dos tópicos do edital, principalmente pelos meus resumos e pela lei seca. Tentava estudar o máximo de horas possíveis, inclusive no último dia antes da prova. Eu nunca fui daqueles que descansa no pré-prova. Muito pelo contrário, dava o meu sangue até o apito final.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Thauan: O meu principal erro em toda a preparação foi deixar algumas matérias de lado, como foi no caso do TJSP. Na ocasião, eu quase gabaritei a parte de direito e fui muito mal em raciocínio lógico e matemática, mesmo estando nos últimos períodos de Engenharia. Ficou nítido que fui “de salto alto” nessas disciplinas. Falando do concurso da PGE AM, ainda que eu tenha errado apenas uma questão da prova, não tive uma preparação perfeita. Acabei não conseguindo rever determinados tópicos com uma boa frequência. Mas felizmente, no final deu tudo certo!
Quanto aos meus acertos, modéstia a parte, acredito que eles estão relacionados à organização, disciplina, foco, autoconfiança e determinação.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Thauan: Confesso que eu tinha medo de que a aprovação demorasse mais do que o planejado. Houve inúmeros dias de tristeza, incertezas e aflições. Contudo, nunca pensei em “desistir” de concurso. Sempre acreditei que em algum momento eu iria colher os frutos de todo o meu esforço e dedicação. Em linhas gerais, sempre confiei no processo.
Minha maior motivação era a mudança de vida que o concurso iria me proporcionar, uma vez que meus pais não tinha uma estabilidade financeira satisfatória e eu tinha que rodar no Uber como forma de subsistência.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Thauan: Essa parte é a mais relevante de toda a entrevista, pois a partir daqui poderei ajudar a nação concurseira com um pouquinho da minha experiência. Portanto, segue uma lista de dicas e conselhos:
- Se você é um concurseiro iniciante, mesmo sendo bacharel em Direito, ou caso nunca tenha tido contato com as matérias de direito, comece pelas videoaulas e faça seus resumos a partir delas. Só depois de adquirir uma bagagem, parta para os PDFs.
- Nunca termine de estudar um assunto e fique mais de 3 dias sem fazer questões sobre ele.
- Prefira fazer resumos de forma virtual. É muito mais eficiente.
- Se você sonha em ser aprovado, você deve pensar em concurso público desde o momento que você acorda até o momento que você dorme.
- Acredite em você e no seu potencial, porque todos nós somos capazes.
- Controle o seu rendimento nos estudos.
- Crie um método de revisão, pois sem isso será muito difícil você manter todos os assuntos frescos na sua cabeça.
- Confie no processo e continue a nadar!
- E por fim: estude e viva. E não viva e estude!