Aprovado no concurso da PF
Confira nossa entrevista com Lucas Rodrigues Bezerra Gomes, aprovado em 9º lugar no concurso da PF como Papiloscopista:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Lucas Rodrigues Bezerra Gomes: Me formei na metade de 2017 no curso de Engenharia Mecânica pela Universidade Federal do Piauí. Tenho 25 anos e sou de Teresina-PI.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Lucas: Minha mãe é servidora pública, então ela sempre estimulou a mim e meus irmãos para que fôssemos também, por causa da segurança, estabilidade, bons salários, etc. Grande parte da minha jornada como discente, pretendia seguir carreira acadêmica, com objetivo de pesquisar fora do país. Porém, na metade de 2016, alguns colegas comentaram sobre o concurso para o corpo de engenheiros da Marinha e acabei prestando-o e, mesmo sem estudar, tive um resultado satisfatório, o que abriu um leque na minha cabeça para novas áreas de trabalho. Enquanto isso, meu irmão estava no curso de formação da polícia militar aqui do Piauí e eu gostava muito quando ele me contava como era: a disciplina, a vibração, noção de coletivo e a atividade policial em si. Daí, no penúltimo período do curso superior, decidi que não queria mais seguir carreira acadêmica e pesquisei sobre concurso para área de engenharia mecânica. Vi um da Polícia Científica do Pernambuco para o cargo de perito e quando vi que tinham disciplinas de direito, minha primeira reação foi descartar. Porém, depois pensei que muitos engenheiros da minha área também não gostariam de estudar isso, o que acabou, por fim, me motivando a ir pra esta área. Então comecei a pesquisar sobre carreiras de perícia e vi que estava muito próxima da polícia judiciária. Foi aí que comecei a sonhar com a PF, que, pra mim, era o ponto mais alto da polícia no Brasil, devido até a boa remuneração, sem contar com o prestígio da força que ela tem principalmente no combate à corrupção, né?!
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Lucas: Apenas estudava. Gostava de dizer que meu trabalho era ser concurseiro e levava a sério como um trabalho. Conversei com minha mãe, ela me apoiou e me sustentou e para mim é como se ela fosse minha chefe.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Lucas: Minha jornada de estudos para concurso começou de fato em janeiro de 2018 e, graças a Deus, consegui o êxito de ser aprovado dentro das vagas em todos os concursos que prestei desde então, que foram escrivão da PCRS, agente da PCPI e, por último, a PF. Este, para o meu cargo atual que é de Papiloscopista da Policial Federal, em que, das 30 vagas, fiquei colocado inicialmente em 13º (ao término de todas as fases, fiquei em 9º).
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Lucas: É engraçado, porque parece que para cada resposta eu conto uma história, mas sinto que seja necessário para passar com maior veracidade o que se passa na cabeça de um concurseiro, hahaha. Primeiro, eu achava que tinha sido reprovado na prova da PF, que era meu grande sonho, porque tinha conferido minha prova com um gabarito errado. E, nisso, eu estava voltando de Porto Alegre para Teresina, da última etapa do concurso da PCRS, crente que iria morar lá, já tinha até procurado local para morar. Nesse mesmo dia eu lembrei que sairia o resultado da PF e, na conexão do voo, em Florianópolis, assim que tinha entrado no avião, enquanto o mesmo não decolava, decidi baixar o edital com resultado. Quando fui ver a lista de aprovados, nem pesquisei meu nome logo, pesquisei primeiro o nome de um amigo meu que também tinha feito e vi que o nome dele não estava, daí pensei: “Poxa, não deu pra ele. Deixa eu ver aqui se encontro o meu. ‘Lucas Rod… Bez…’. O que???? Caramba, eu passei!!”. E então já mandei pra outro amigo meu fazer as contas das notas, porque eu estava completamente eufórico e sem acreditar. Minha mãe me buscou no aeroporto também eufórica já porque eu tinha contado a ela sobre o meu nome na lista. E, quando cheguei em casa, de madrugada já, não troquei nem a roupa, larguei as malas no chão e fui para o computador pesquisar um site com a colocação, daí vi que estava em 13º, fiz todas as contas das notas dos candidatos que estavam abaixo, como se ficassem com nota máxima no recurso da discursiva, e vi que eu ainda continuava dentro das vagas. Difícil foi dormir! Só consegui acreditar mesmo quando conferi de novo o gabarito, só que agora com o correto.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Lucas: Sempre fui um cara caseiro, mas não deixava de sair de fim de semana com a família ou a namorada. Inclusive, realizei algumas viagens (tanto para realizar etapas de outro concurso fora do estado quanto para lazer), só que eram programadas e o tempo em que não estudei nelas eu compensava nos fins de semana. Lembro que cheguei a passar mais de um mês estudando todo santo dia para compensar uma viagem para o RS que eu tinha feito para realizar o TAF do concurso de lá. Porém, de fato, era muito raro eu sair com os amigos, sempre que saía era mais com a família e namorada.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Lucas: Não sou casado e nem tenho filhos. Tenho uma namorada, mas moro com minha mãe. Tive apoio da minha família, de início não entendiam muito bem porque eu ficava meio zangado quando me pediam pra fazer algo e eu fazia de “cara amarrada”, mas depois que viram que eu estava levando a sério os estudos e os resultados vieram, passaram a entender melhor. Minha namorada brincava que a gente só podia ficar junto no sábado à noite e parte do domingo, mas sempre me apoiou.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo)
Lucas: Costumo dizer que é algo que deve ser bem estudado, acho válido fazer outros concursos, principalmente se for da mesma área e com conteúdos convergentes. Quando se estuda pra concurso e não se tem nenhuma fonte de renda, o concurso se torna toda oportunidade que se tem de se tornar independente. Então, se for pra sair da área de estudo, do foco principal, que seja por algo específico e pontual, por um concurso em que tenha boas chances de ser aprovado e que a renda proveniente dele servirá como suporte para continuar os estudos para o objetivo maior, final. Não foi meu caso, mas sempre tive isso em mente e foi o que aconselhei quando alguém me pedia ajuda sobre o assunto.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Lucas: Direcionado mesmo, estudei 3 meses, que foi o tempo entre o edital de abertura e a prova. Mas já tinha estudado parte do conteúdo nos outros concursos da área, totalizando cerca de 8 meses de estudo na área.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Lucas: Para o concurso da PF em específico, nem tanto, pois o edital saiu 5 dias depois de eu ter feito a prova da PCPI, que até então era meu foco pontual. Porém, ao longo do estudo para a área policial em si, estudei sem ter edital na praça. E a disciplina de estudos se mantinha a mesma, eu tinha uma quantidade semanal de 44 horas líquidas que deviam ser cumpridas independentemente de ter edital aberto ou não. Na verdade eu gostava de estudar sem ter edital aberto, pois, para mim, era oportunidade de estudar todo o conteúdo programático dos editais anteriores. Só que não chegou a durar 2 meses o tempo de estudo sem edital aberto.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Lucas: Prioritariamente eu gostava de estudar por livros, procurava as melhores referências de cada disciplina para cumprir todo o livro e assim ter uma visão holística do assunto. Mas também estudei por material em PDF e videoaulas. O bom dos livros, é que te permite ter uma ideia abrangente daquele assunto, uma visão macro, porém não é voltado para a prova em específico e quando o tempo está curto não é o material mais eficiente. Os cursos em PDF tem a mesma vantagem do livro em que o próprio estudante dita o ritmo e são mais específicos para o concurso. O bom da videoaula é que quando você lê o material em PDF ou daquele assunto e vai assisti-la, é um reforço no aprendizado, servindo até como uma revisão, porém ela te limita um pouco, porque a quantidade de conteúdo e detalhamento é menor que nas fontes impressas.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Lucas: Não lembro exatamente, mas quando comecei a pesquisar sobre concursos vi que era uma das escolas mais bem conceituadas pelos concurseiros. Daí, quando saiu edital da PF pro meu cargo, vi que tinham assuntos específicos em que eu teria que ser bem objetivo e estratégico, por causa do tempo, então resolvi procurar a escola que pra mim seria a melhor.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Lucas: Eu gostava de estudar uma matéria por vez, imergindo nela. Muita leitura e posteriormente questões como forma de revisar. Não fazia resumos porque não achava eficiente. Quando chegava nos últimos dias para a prova, eu ciclava as revisões de cada disciplina. Costumava estudar 44 horas líquidas por semana, o que gerava por dia, até 9 horas líquidas, mas gostava de deixar metas semanais porque imprevistos aconteciam durante o dia. Só que na semana final, essas horas aumentavam.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Lucas: Dificuldade mesmo, não. Sempre procurei encarar todas disciplinas de peito aberto. Mas, obviamente, algumas demandavam mais atenção, e eu dosava a atenção que ela merecia. Acabavam tendo maior tempo dedicado a elas do que a disciplinas que eu tinha mais afinidade.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Lucas: Foi bem pesada, acordava 5 da manhã para começar a estudar e terminava umas 11 da noite. Parando mesmo apenas para ir à academia e fazer minhas refeições, sem contar com os pequenos descansos entre os ciclos de estudo. Na véspera continuei revisando, tanto que, como a prova foi à tarde, na própria manhã eu ainda estava revisando. Na manhã do dia da prova foi quando vi a aula do estratégia abordando o possível tema da redação, que foi justo o que caiu na prova, hahaha.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Lucas: Eu acabei nem estudando para discursivas em específico. Ainda lembrava de muitos conceitos de quando tinha feito o ensino médio. E, como tinha conseguido obter nota máxima na prova discursiva de outro concurso da área policial, estava meio que com a “moral alta” para essa prova da PF.
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Lucas: Sempre levei a sério a parte esportiva com treino de musculação todos os dias e corrida aos fins de semana, mesmo enquanto me dedicava aos estudos, além de sempre fazer dieta, então já estava praticamente pronto. Só tive mesmo que treinar intensivamente natação para o TAF. Nas outras etapas é prestar sempre atenção ao que o edital pede. Fui meticuloso na realização dos exames médicos, sempre atento aos detalhes que alguns candidatos não prestam atenção e acabam por ser eliminados.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Lucas: Mesmo obtendo êxito, atingindo o objetivo, sabemos que cometemos erros e há onde melhorar. Acredito que tenha errado em não ter montado um sistema eficiente de revisão, não ter aprofundado mais em aprender a elaborar e utilizar mapas mentais, por exemplo. Outro erro, mais em específico, foi ter estudado a disciplina de Estatística de forma difusa, usei 3 livros para cumprir o edital e que não sacramentaram um aprendizado eficiente, acabei gastando muito tempo e não cumprindo com eficiência os pontos mais importantes. Como acertos, é difícil dizer, mas acredito que principalmente tratar com muita objetividade as horas a serem estudadas por semana, permitindo uma grande organização e, além disso, também ter um mindset muito positivo para enfrentar a dificuldade.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Lucas: O cansaço juntamente com o pensamento de não poder estar cansado, de sempre dar energia. Uma época difícil foi quanto tive que fazer vários exames médicos para etapa de outros dois concursos enquanto estudava em alto nível para PF, foi muito estressante. Mas, como sempre, sabia que não podia falhar. Em momento nenhum pensei em desistir, eu sabia que tinha que passar por aquilo e cada dificuldade que eu enfrentava me tornava mais forte, eu gostava de pensar isso. Se está mais difícil, é porque venci o mais fácil, se venci o mais fácil é porque fiquei melhor. Pensava também que se eu queria chegar onde muitos não conseguiam, tinha que fazer o que muitos não faziam. E nisso criei um mindset muito forte contra a autossabotagem. Não tinha desculpas, eu tinha que superar tudo.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Lucas: O ímpeto pelo sonho. Antes mesmo de me formar na universidade eu já sabia que queria PF, era o objetivo final. Sempre que passava em frente ao prédio da Superintendência Regional da PF eu pensava comigo mesmo, ou comentava com minha mãe ou minha namorada: “Eu ainda vou trabalhar aqui. Se Deus quiser, eu vou trabalhar aqui”. Junto a isso, eu sou amante do esporte de bodybuilding e é um esporte em que necessita de extrema disciplina, uma luta diária com a mente, em que é necessário enfrentamento do difícil, superação. E apesar de não ser um atleta, de fato, pautei meu estilo de vida nisso, o que sempre me motivou e contribuiu para um mindset positivo, de correr atrás do que quero. Eu tratei como um tripé: estudos, treino e dieta. Surtiu grandes efeitos na minha vida, no corpo, nos estudos, etc. E hoje, eu trabalho exatamente no mesmo local em que eu passei mais de ano dizendo que trabalharia. Vivo um sonho e é fantástico.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Lucas: Ser bem objetivo. Estabelecer primeiro qual cargo desejado, a área de estudos. E depois ser objetivo com o tempo a ser dedicado aos estudos. Estabelecer uma quantidade de horas, acredito que de preferência semanal, honesta para o tempo disponível que se tem. Importante também estudar sobre métodos de estudo e de revisão e então testar e selecionar o melhor, de acordo com sua necessidade. E, como ponto fundamental, vem o psicológico, a dedicação muitas vezes acaba sendo uma guerra contra si mesmo, é bom pensar que o fato de se dedicar e abdicar de muita coisa o torna uma pessoa mais forte, que acredita em si e sabe que é capaz. Não focar em concorrência, focar em si mesmo, em fechar a prova. Apostar na disciplina acima da motivação, há dias em que estamos mais derrubados, pra baixo, mas não devemos dar espaço à autossabotagem e desculpas, é preciso pensar que devemos superar as desculpas e que as dificuldades vêm justamente para que possamos superá-las. Acredite no sonho, ele é capaz, ele vai se tornar realidade e a sensação vai ser incrível! Como diziam na Academia Nacional de Polícia: “A dor é passageira, mas a glória é eterna!”.