Aprovado no concurso da PF

“A partir do momento que optar por estudar, se jogue de cabeça, não faça pela metade ou se engane, pois, se o fizer, só terá frustração. Trace uma meta e não desista. A frase mais clichê que eu escutava era: “não se estuda para passar, se estuda até passar”. É a mais pura verdade, quem estuda, passa”
Confira nossa entrevista com Leonardo Mendes Ferreira, aprovado em 96º lugar no concurso da Polícia Federal como Delegado:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Leonardo Mendes Ferreira: Sou nascido e criado no RJ, tenho 39 anos e me formei primeiro em Medicina Veterinária, só depois que fiz a faculdade de Direito.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Leonardo: Comecei a estudar pois estava frustrado com a Medicina Veterinária. Escolhi a área policial pois era a que dava a impressão de ter um maior dinamismo e meus amigos começaram a estudar na mesma época que eu.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Leonardo: No início (2007), eu trabalhava e estudava. Era uma rotina difícil, pois saía dos plantões na clínica e ia direto para o cursinho. Tudo era muita novidade, não fazia ideia de como estudar para concurso e as matérias eram bem diferentes. O primeiro concurso que fiz foi o do TRE-RJ, pois embora houvesse boatos de que o concurso de Agente da PF estava para sair, ele nunca acontecia. Não passei no TRE. Estudei mais um ano e passei no concurso de Escrivão da PCDF. Tomei posse em abril de 2009 e no meado para o final do ano aconteceu o concurso da PF e eu não consegui passar para o cargo de Agente.
Na época, fiquei na dúvida entre continuar a estudar ou começar a fazer a faculdade de Direito. Resolvi continuar a estudar e passei para o cargo de Técnico do MPU, em 2010, e abandonei a PCDF para voltar para o RJ.
Em 2011, comecei a faculdade de Direito. Foram 5 anos trabalhando e fazendo faculdade, não tinha tempo para estudar para concurso, então tentei fazer a melhor faculdade que pude, pois sabia que a fase difícil viria depois de formado.
Em 2016, terminei o curso e voltei a estudar. Acordava as 5:30 para estudar antes de ir para o trabalho. Trabalhava de 11:00 às 18:00, mas perdia pelo menos 3 horas de deslocamento, todos os dias. No trabalho eu tentava realizar o máximo de questões que eu conseguia. E aos finais de semana e feriados eu estudava pelo menos quatro horas por dia.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Leonardo: Já fui aprovado nos seguintes concursos: Escrivão da PCDF (2008), Agente da PCPR (2007 ou 2008 não lembro), Escrivão da PCSC (2007 ou 2008 também), Técnico Administrativo do MPU (2010), Oficial de Justiça do TRF2 (2017), Oficial de Justiça do TRF5 (2017 ou 2018), Analista Judiciário do TRE-RJ (2017 ou 2018), Oficial Técnico de Inteligência da ABIN (2018), Delegado da PCRS (fui eliminado pois faltei na prova física, uma vez que já estava tendo aula na Academia Nacional de Polícia) e o último, Delegado da Polícia Federal em 2018.
No concurso de Delegado da PF fui aprovado em 96º lugar na ampla concorrência e 5º lugar nas cotas.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Leonardo: Foi indescritível, após tantos anos de luta, é muito gratificante. Me senti orgulhoso por não ter desistido.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Leonardo: Eu saía somente aos sábados e fazia programas mais tranquilos. Domingo ia à praia, pois morava em frente. Infelizmente a vida de estudos é incompatível com uma vida social agitada, pelo menos para mim era.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Leonardo: Não sou casado, nem tenho filhos. Depois que abandonei a PCDF e voltei para o RJ, voltei a morar com a minha mãe. Tinha namorada na época em que me preparava para o concurso. Sempre tive um apoio incondicional das pessoas que me rodeavam. Todos entendiam minha ausência, o estresse, o mau humor etc.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo)
Leonardo: Quando comecei a estudar, foquei na área policial e só fazia prova de polícia. Hoje, posso dizer que me arrependi. Tanto é que, depois que me formei em Direito, fiz todos os tipos de concurso, sendo que o sonho era ser delegado. Mesmo assim, não deixei de fazer a prova para os Tribunais e para a ABIN. Acredito que cada prova nos dá uma experiência maior e nos faz crescer. A questão que eu erro em uma prova, eu nunca mais erro. E posso dizer que isso foi crucial para eu ser aprovado para DPF.
Não pretendo mais estudar, pelo menos por enquanto. Concursos de Magistratura e MP pagam melhor, talvez tenham um status maior, mas acredito que fazer o que gosta é bem importante. E está na hora de viver um pouco também. Mal ou bem, foram 10 anos até chegar onde eu cheguei.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Leonardo: Para o concurso de DPF, eu estudei de 2016 a 2018. Foi sempre meu foco depois que saí da faculdade, mas fiz outras provas como treino.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Leonardo: Estudei muito tempo sem ter edital. Para me manter motivado ia fazendo outras provas. O segredo é a disciplina e persistência, não tem mágica. Eu nunca me considerei uma pessoa muito inteligente, mas sempre fui muito esforçado.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Leonardo: Já usei de tudo, tentei tudo até formar o método que funciona para mim. Isso é uma coisa muito individual.
Acredito que cursinhos e videoaulas são importantes para quem está no início da preparação. Livros são só para tirar dúvida, nunca li um livro de Direito inteiro (não me orgulho disso, mas é a verdade).
Na minha opinião, livros, aulas e fazer caderno tomam muito tempo. Eu não tinha tempo. Os resumos em PDF para mim são os melhores. Eu os lia, lia a lei seca e fazia milhares de exercícios.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Leonardo: Pela internet, quando comecei a me preparar para o concurso de Analista Judiciário do TRE.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Leonardo: Eu já experimentei várias formas de estudo, mas o que mais funcionou para mim foi estudar 2 ou no máximo 3 matérias por semana. Eu estudava até fechar o edital daquelas matérias e, só então, passava para as outras. Quando terminava todo o conteúdo, repetia tudo novamente.
Só lia resumos em pdf, lei seca e fazia exercícios. Como trabalhava e estudava, durante a semana eu estudava 2 horas antes de ir para o trabalho e fazia 50 questões de múltipla escolha ou 80 a 100 de certo e errado, todos os dias. Aos finais de semana e feriados, eu lia o conteúdo por pelo menos 4 horas por dia.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Leonardo: Tinha dificuldade em Direito Civil, Processo Civil, Previdenciário e Internacional. Direito Civil e Processo Civil eu fiz cursos isolados e as coisas começaram a clarear. Mas o estudo era basicamente ler o código.
Previdenciário eu li as duas principais leis e fiz bastante exercício para tentar decorá-las.
Internacional eu simplesmente abandonei, tentei aprender o básico do básico e fiz duas questões na prova. Eram 6 ou 8 se não me engano. Acertei as duas e me dei por satisfeito. O tempo que eu iria demorar para aprender iria ser muito grande e provavelmente eu iria errar as outras questões. Então, abandonei. Não adianta querer saber tudo.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Leonardo: Nas duas últimas semanas eu só fiz exercício e li a lei seca. Tentei fazer uma revisão das principais matérias. Na véspera eu estudei só no período da manhã.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Leonardo: Para as provas discursivas é importante escrever bastante, treinar bem e ler bastante jurisprudência.
Eu lia os informativos do Dizer o Direito e fiz um curso de questões discursivas online.
Estratégia: Como foi (ou está sendo) sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Leonardo: Para o TAF eu não me preparei especificamente. Sempre pratiquei atividades físicas, corria, nadava, treinava jiu jitsu e musculação, então foi tranquilo. Minha única dificuldade foi o salto, mas me saí bem.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Leonardo: Erros: focar no início apenas em carreiras policiais e não fazer outras provas. Por exemplo, em 2007, eu acho que teve concurso do MPU e eu não fiz, pois “sairia do meu foco”. Em 2010, estava eu lá abandonando a PCDF para tomar posse no MPU. Poderia ter encurtado o caminho em 3 anos. A gente nunca sabe o que vai acontecer no futuro, então acredito ser importante ter um foco principal, mas não desprezar outras provas com matérias similares.
Acertos: persistir, ter muita disciplina, fazer muitos exercícios, não me comparar com os outros. Cada um tem o seu tempo, a sua história e as suas dificuldades.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Leonardo: O mais difícil é abrir mão da vida social. Enquanto todo mundo viajava, curtia festas e vivia na praia, eu estudava.
Várias vezes pensei em desistir, duvidei se conseguiria. Acho que eu só não desisti porque eu odeio perder e, para mim, não ser aprovado em um concurso jurídico equivaleria a uma derrota. Esta derrota iria ser pior do que a sensação que eu sentia de que parecia que a vida de todo mundo estava andando e a minha não.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Leonardo: Minha principal motivação era acreditar que eu podia e merecia mais. Queria fazer algo mais significativo. Eu sempre estudei em bons colégios, falava dois idiomas, tinha duas faculdades. Ter um cargo de nível médio me incomodava.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Leonardo: Para quem quer começar a estudar acredito que o mais importante seja fazer a sua escolha. Concurso público não é para todo mundo e também não é a melhor coisa do mundo. Tenho vários amigos que estão muito realizados na iniciativa privada.
A partir do momento que optar por estudar, se jogue de cabeça, não faça pela metade ou se engane, pois, se o fizer, só terá frustração.
Trace uma meta e não desista. A frase mais clichê que eu escutava era: “não se estuda para passar, se estuda até passar”. É a mais pura verdade, quem estuda, passa. Qualquer um com a orientação correta e persistência consegue.
Se cerque de pessoas que estão na mesma situação que você. Não se compare com a vida dos outros, ela sempre parecerá melhor.
Arrume um bom material de cada matéria, faça milhares de exercícios, eles são a chave para a aprovação.
Tenha paciência, a hora chega. A minha demorou 10 anos.