Aprovado no concurso da Polícia Civil de Minas Geral
“Siga de forma saudável e comprometida com seu propósito, fazendo do tempo seu aliado, e não seu inimigo. A evolução no estudo e no desempenho pessoal é algo natural”
Confira nossa entrevista com Luís Gabriel Ferreira da Cruz, aprovado no concurso da Polícia Civil de Minas Geral no cargo de Escrivã:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Luís Gabriel Ferreira da Cruz: Sou natural de Vitória/ES, mas criado do outro lado da ponte, na cidade vizinha de Vila Velha e recentemente completei 30 anos. Sou formado em Direito, pela Universidade Federal do Espírito Santo – UFES (Turma 2016/01). Antes cheguei a cursar Geografia (Bacharelado e Licenciatura) até o 5º período pela mesma universidade.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial e por que o cargo de Escrivão?
Luís Gabriel: Sempre senti mais afinidade com o serviço público em geral. Durante a graduação em Direito estagiei em diversas instituições públicas (Procuradoria Autárquica – UFES, Tribunal de Justiça – TJES e Ministério Público Federal – MPF) assim, meses após minha colação de grau, já iniciara meus estudos para concurso público.
Os estudos específicos para área policial vieram ao encontro da minha disposição e estima pelo Direito Penal, é uma das disciplinas jurídicas que mais gosto – inclusive durante a graduação tendia a me matricular nas disciplinas optativas afins com o Direito Penal em geral, como Criminologia, conteúdo certo nos programas dos concursos policias.
O cargo de Escrivão de Polícia possui mais atribuições com o meu perfil quando comparado aos outros cargos policiais. No geral, gosto da formalização de atos, expedição de certidões e da redução a termo de conteúdo oral.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Luís Gabriel: Trabalhava e Estudava. Desde o começo me dedico a concursos de carreira jurídica, mais especificamente Ministério Público e Defensoria Pública. Por exigência constitucional, ou regulamentar, tive que cumprir os famosos 03 (três) anos de prática jurídica para me habilitar a tais cargos. Logo que colei grau, dei entrada na minha inscrição da OAB/ES e, desde então, advoguei regularmente nas áreas civil e penal por conta própria e por vezes fazendo parcerias com escritórios já estabelecidos no mercado.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Luís Gabriel: No momento fui aprovado em 05 (cinco) concursos para cargos diversos: Procurador Municipal (Mantenópolis/ES), Procurador Legislativo (Apiacá/ES), Escrivão de Polícia – PCMG, Assistente Público Administrativo (Vila Velha/ES) e Analista Público de Gestão – Direito (Vila Velha/ES). Sendo este cargo minha última aprovação, em 4º (quarto) lugar, segundo a publicação do resultado final do concurso no dia 04 de maio de 2020.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Luís Gabriel: É até clichê falar isso, mas a sensação é fantástica. Você sente que o ciclo se completou, sente que aquela caminhada com um início de muito estudo e um tanto de estresse e cansaço chegou a um final exitoso. Somam-se a isso sentimentos como o de ser possível, o de autoconfiança e, por fim, o de alçar voos mais altos.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Luís Gabriel: É comum adotar uma postura mais radical bem no começou dos estudos, fechando-se para qualquer coisa que esteja aparentemente fora do seu objeto. Senti, com o tempo, que essa programação demasiadamente rígida, que naturalmente os concursandos tentam cumprir no início da trajetória, além de ser pura besteira é, na verdade, prejudicial ao desempenho.
Faço uma programação viável de estudos semanais, tentando conciliar com o trabalho e com as demais atividades, a depender de como eu a botei em prática fico com o fim de semana abertamente livre para lazer e descanso. Gosto muito de pegar uma praia e tomar uma cervejinha quando dá.
Ainda que nunca tenha abdicado do convívio social, posso falar que hoje aproveito muito mais o meu tempo com amigos e família; realmente a forma de desfrutar o tempo é aprimorada somente com a prática.
Outra coisa importantíssima é o tempo reservado para atividade física e descanso. Há alguns anos corro na orla da minha cidade três vezes por semana, além de tentar meditar regularmente também. Os benefícios para o corpo e para a mente são percebidos logo no início, além de melhorar bastante a disposição para os estudos, a memorização do conteúdo passa a fluir de um modo muito mais natural e agradável.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Luís Gabriel: Depois de uma experiência curta morando em outro estado, retornei recentemente para a casa dos meus pais. Embora haja alguns conflitos e desentendimentos, minha família me apoia bastante no meu propósito como concursando. Sou o caçula de três filhos, minha irmã do meio é servidora pública há dez anos, assim meus pais, que não trabalharam no Poder Público, estavam meio que acostumados com o estudo para concurso.
Antes de iniciar minha trajetória de estudos eu já namorava, minha namorada é minha maior apoiadora, posso falar que a confiança dela em mim é bem maior do que a minha. Hoje ela, que é licenciada em Física pela UFES, está cursando Direito na Universidade Federal Fluminense – UFF.
Depois de alguns anos de caminhada, podemos dizer que o estudo para concurso público é algo estressante, cansativo e delicado mas, sim, com tempo, aprendizado e bastante mediação e controle é prontamente possível cultivar relações sociais familiares, amigáveis e, principalmente, amorosas, de forma afável e saudável.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Luís Gabriel: O importante é ter um foco em determinada carreira pública, por diversos motivos como colocar uma meta de carreira, planejar estudo e, se possível, assumir um cargo cuja atribuição seja alinhada ao seu gosto e ao seu propósito profissional. É muito difícil o concursando abraçar esse mundo de conteúdo programático, os editais mudam bastante a depender se o cargo é federal, estadual ou municipal, como também a depender do conjunto de atribuições. Porém, tudo isso não impede a pessoa de prestar outras provas e, eventualmente, além de contar para seu desempenho pessoal, passar e tomar posse no cargo, por diversos motivos e necessidades.
No meu entender vale muito a pena sim fazer outros concursos, desde que o concursando, primeiro, não se acomode caso assuma um cargo cujo objetivo não é o pretendido e, segundo, não se desvie muito do seu plano de estudo. O outro cargo deve ter, no mínimo, algum grau de afinidade de conteúdo exigido em prova com o qual se anseia no final.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Luís Gabriel: Como estudo para concurso público efetivamente desde 2016, já acumulava certo nível de conteúdo estudado. O estudo em si para a prova objetiva de Escrivão de Polícia durou por volta de três meses, assim me dedicava muito mais à revisão de conteúdo e feitura de questões do que propriamente leitura e anotações de matéria nova. Obviamente tive que reforçar a revisão de conteúdos mais explorados nas provas para cargos policiais, como Criminologia e Medicina Legal.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Luís Gabriel: O estudo antes do edital é fundamental, certo que é algo já naturalizado por quem estuda para concurso público. O nível das provas e dos concorrentes está cada vez mais alto, por isso é necessário estudo constante a fim de garantir uma vaga. No final de tudo, uma questão realmente pode fazer diferença.
Tenho um cronograma de estudos divido em leitura e anotação de conteúdo (doutrina e jurisprudência), leitura de lei seca e exercícios de fixação. Para mim, a disciplina para cumprir esse programa só veio com a prática. No começo eu era uma negação com horários e concentração, hoje se não cumpro meu cronograma, sinto antes de dormir que meu dia não ficou completo.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Luís Gabriel: Já tentei de tudo! Não existe material essencial, mas sim a forma como o concursando vai lidar com cada método. O aproveitamento com materiais, formas e metodologia de aprendizado e estudo é bem pessoal. Para mim não existe um tipo certo ou errado, ou uma forma melhor ou pior. Julgar vantagens e desvantagens e bem subjetivo.
Hoje posso dizer que encontrei meu método com a leitura e anotação de conteúdo (Livros e cursos em PDF), leitura do Vade Mecum e feitura de exercícios.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Luís Gabriel: Por indicação dos colegas de classe durante a graduação.
Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Luís Gabriel: Se tivesse o dia livre, eu me colocava como meta estudar por volta de 06h (seis horas) por dia. No começo eu cronometrava as horas, mas depois fui perceber que não é a quantidade, mas sim a qualidade de estudo. Costumo estudar por blocos de conteúdo, isto é, a depender da disciplina jurídica finalizo um livro ou um capítulo de um código; assim, por exemplo, estudo todo o Livro de Direito de Família do Código Civil, finalizo com doutrina, jurisprudência, lei seca e exercícios, depois estudo o Título dos Recursos do Código de Processo Civil, Lei de Execuções Penais… mais ou menos assim as coisas se desenvolvem. Procuro seguir a ordem dos conteúdos jurídicos codificados, nada muito rígido, vou me adaptando conforme o edital é lançado na praça.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Luís Gabriel: Tenho mais dificuldade naquelas disciplinas que não faziam parte da grade curricular durante a minha graduação, ou se faziam, fui verdadeiramente displicente quando as cumpri. Supero tal dificuldade com a revisão constante de conteúdo até me familiarizar bastante com a matéria. Sinto essa familiaridade quando chego àquele ponto de começar a ler o enunciado da questão e antes de terminar já imagino qual seja a pergunta ou o tema consolidado na doutrina ou na jurisprudência às quais alternativas irão abordar.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Luís Gabriel: A reta final é simplesmente o período mais estressante, isso ainda é agravado quando ela vem com a falta de sono, a ansiedade e com aquela preocupação por não ter varrido todo o conteúdo, fazendo com que você pense que vai cair justamente aquilo que não estudou/revisou. Para mim esse período, que varia de um mês a quinze dias antes da prova, é puramente de revisão, focado em leitura de conteúdo, de lei e feitura de exercícios.
Na véspera de prova costumo fazer uma revisão bem mais leve e relaxante, como se fosse um “descanso ativo”, apenas com a leitura de tabelas e mapas mentais.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Luís Gabriel: Passei por diversas fases até o resultado final do concurso de Escrivão de Polícia. Propriamente não prestei prova aberta, mas prestei prova prática, TAP e TAF.
Como experiência última fiz, durante a preparação para o concurso de Escrivão de Polícia, prova discursiva para o concurso de Delegado de Polícia da PCES. A preparação foi baseada na feitura de questões das provas anteriores e correção pelas chaves publicadas pelas bancas, o método é bem diferente da preparação para provas objetivas, são necessárias a leitura e a revisão focadas em jurisprudência, notadamente dos Tribunais Superiores, obviamente não deixando de lado a doutrina, com especial atenção aos entendimentos recentes e àqueles que compõem correntes de pensamentos diversos.
Ademais é relevantíssimo simular a escrita, o tempo de resposta e, principalmente, a abordagem restrita a todos os questionamentos trazidos pelo enunciado. Por mais que seja uma prova aberta, a correção é demasiadamente fechada, seguindo uma chave proposta pela banca. O importante é abordagem de todos os pontos enunciados de forma reta, concisa e fundamentada; e não escrever doutrina sobre algo que se sabe e ignorar as demais informações aventadas.
Estratégia: Como foi participar do curso de formação? Teve dificuldade em algo?
Luís Gabriel: De forma geral, foi tudo bem tranquilo. Além das aulas práticas, o conteúdo teórico, na maior fração, fazia parte das matérias exigidas em edital para o concurso. Aquela exigência de disciplina com o comportamento e com o horário tão comum nos cursos de formação, de certo modo, já até faz parte da vida do concursando.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Luís Gabriel: Os maiores erros são os internos, exigir do corpo e da mente um desempenho além do viável, inclusive tentando acumular o maior grau de conteúdo em menor tempo possível; isto tudo é enxugar gelo. Ninguém cumpre integralmente o conteúdo do edital, além do mais o estudo deve ser adequado e proveitoso à sua finalidade, ou seja, deve haver foco nos conteúdos principais.
Os acertos, como quase tudo nessa vida de estudos para concurso, acabam vindo com o tempo. Além do estudo cada vez mais focado aos objetivos da prova, dispendendo tempo e energia com os conteúdos mais explorados é necessário até mesmo criar know-how para responder as questões, não basta só saber o conteúdo, deve haver concentração para não cair em pegadinha, como também não brigar com a pergunta e restringir-se ao enunciado e às alternativas; obviamente se tratando de questões objetivas, os métodos para a prova aberta também devem ser bem estruturados, mas são diversos desses. Outro ponto acertado foi o próprio controle emocional, por uma eventualidade quase não consegui chegar ao local de prova a tempo, mas aí cheguei, respirei e mantive a calma, espontaneamente, com o passar do tempo, prova vai deixando de ser sua “inimiga” aos poucos.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Luís Gabriel: Acho que todo concursando chega a pensar diariamente em desistir, mas se pensarmos de forma fria e lógica isso não faz sentido algum. Por analogia, o estudo para concurso público é uma trajetória muito bem definida, não se chega ao final dela por acaso, cada qual ao seu tempo, obviamente que existem pessoas que estão mais perto do final dessa trajetória do que você, isto é absolutamente natural, você não sabe o quanto aquela pessoa já percorreu para ter chegado ali.
E aquele dito muito popular de que a fila anda, cabe muito bem no mundo dos concursos. Com a aprovação daquele seu concorrente, a fila movimentou e você pode ser o próximo dela.
Diante disso tudo, para aquele que realmente está na luta por uma vaga, depois de tudo que conquistou, não faz sentido algum desistir, por mais que infelizmente isso persista na nossa cabeça.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Luís Gabriel: Como já expressei, possuo mais afinidade com o setor público do que com o privado. Além disso, as atribuições dos cargos para os quais mantenho o foco como objetivo final são uma grande motivação. Acrescenta-se a isso um subsídio satisfatório, as prerrogativas legais e, notadamente, uma melhor administração e aproveitamento do tempo se geralmente compararmos ao exercício da advocacia.
Estratégia: Como se sente hoje empossado no cargo para o qual se esforçou bastante para alcançá-lo?
Luís Gabriel: A assinatura de posse é o fechamento daquele objetivo, aquela verdadeira satisfação pelo dever cumprido; além de fazer você pensar que é possível e pode se programar para chegar em outras posses, se quiser.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Luís Gabriel: Não é fácil e, muitas vezes, nem prazeroso estudar para concurso público. Mas como qualquer objetivo na vida, deve haver programação, disciplina e dedicação. É importantíssimo, para falar a verdade, também é bem humano reconhecer dificuldades e limitação subjetivas e buscar diariamente miná-las, se possível, ou diminui-las.
Não se compare aos demais, cada qual tem o seu jeito, tempo, método e ânimo. Sua hora, com certeza e se Deus quiser, vai chegar. Siga de forma saudável e comprometida com seu propósito, fazendo do tempo seu aliado, e não seu inimigo. A evolução no estudo e no desempenho pessoal é algo natural.
Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Um abraço,
Thaís Mendes