Aprovado no concurso MPSP
“Meu amigo, não desista. Se eu consegui, com certeza, você também consegue. Acredite que existirá uma prova certa para você ser aprovado…Vocês não imaginam como a gente se torna mais forte e melhor para vencer as adversidades, quando conseguimos atingir nosso objetivo à custa de muito suor. Digo melhor, não em comparação ao outro, mas em aspecto de ser mais humano. Por fim, uma última dica: disciplina, disciplina e disciplina.”
Confira nossa entrevista com Flávio Eduardo de Souza Abreu, aprovado em 6º lugar no concurso MPSP para o cargo de Analista Jurídico:
Estratégia Concursos: Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Flávio Eduardo de Souza Abreu: Sou bacharel em direito, com pós-graduação em Direito Civil e Processo Civil. Tenho 34 anos e nasci em Lorena/SP, mas atualmente resido em Taubaté/SP.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Flávio: Sem querer ser prolixo ou me estender na resposta, decidi ingressar na carreira pública no segundo ano de faculdade, em 2005, meu intuito era, e ainda é, idealista, ou seja, tentar fazer algo de útil pelo meu país. Lembro-me que almejava ingressar na Polícia Federal, queria ser delegado federal.
Depois, sem perder de vista o idealismo, ao me defrontar com a realidade do mercado de trabalho, veio também a questão da estabilidade que um cargo público oferece e a remuneração.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Flávio: Em verdade, posso dividir minha trajetória em duas fases, uma vez que demorei muito tempo para lograr a aprovação, quase 10 anos.
Na primeira fase, eu só estudava. Lembro-me que ficava de 9 a 10 horas estudando, sendo 6 a 7 horas em casa (material de aula e livros), e 3 horas em cursinhos, no período noturno, na época ainda não havia muitos cursos on-line.
Só abrindo um parêntese, é até engraçado, pois, falando assim, parece até que estou velho (rs). É que tudo mudou muito rápido, inclusive a facilidade no acesso à informação, fazendo com que o nível dos candidatos subisse muito, uma vez que a mesma aula que eu tenho em Taubaté, um colega concurseiro tem em São Paulo, capital, e o outro tem no interior do Amazonas. De modo que, em dias de provas, todos nós estávamos juntos disputando as mais diversas vagas oferecidas Brasil afora.
Já na segunda fase dos meus estudos, mais recente, início de 2017, após inúmeras reprovações, acabei montando um escritório e comecei a advogar. Desde o início da minha atividade na advocacia, graças a Deus, tive bastante trabalho, entretanto, nunca perdi o foco dos estudos.
Daí, nesse segundo período, eu tentava estudar meio período e trabalhava no outro. Como o escritório era meu, eu tinha a liberdade de estudar em qualquer horário, sem cobranças externas.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Flávio: Fui aprovado tão somente no Ministério Público do Estado de São Paulo, para o cargo de analista jurídico. Passei em 6º lugar, empatado com o 5º, mas, em razão do critério de desempate, fiquei em sexto.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Flávio: Indizível!! Acho que cada concurseiro traz consigo uma história de muito esforço, dedicação, perseverança e fé…
No meu caso específico foram dez anos de estudos.
Na trajetória, você percebe que não estava sozinho, quando a gente logra a aprovação é uma vitória que não pertence só a você. São familiares, mulher, amigos e conhecidos que torcem, vibram e sofrem conosco.
Então eu senti um alívio, misturado com satisfação, alegria, contentamento e realização.
E quando você se esforça muito para conseguir um objetivo, não importa o concurso que você passe, creio que a satisfação é a mesma.
Cumpre destacar, aqui, que depois de inicialmente querer ser delegado federal, passei a almejar as carreiras da Magistratura e Ministério Público (Promotor de Justiça), por diversas vezes passei da primeira fase desses concursos, mas não conseguia passar da fase escrita.
Por isso, considero a minha aprovação como analista com o mesmo gosto da que se eu tivesse passado para um desses dois cargos.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Flávio: Eu sempre fui muito caxias (risos), um juiz de direito, com o qual eu trabalhava como estagiário, que me falava isso. Então, eu abdiquei de muita coisa. No começo, eu estudava sábado, domingo e feriados.
Realmente, afastei-me um pouco dos amigos e não frequentava todos os eventos familiares.
Frequentava somente as principais datas festivas (Natal, Ano Novo, dias dos pais e das mães, aniversários de avós e poucas outras).
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Flávio: Atualmente vivo praticamente em união estável e não tenho filhos. Meus pais residem em outra cidade.
Sempre, em absoluto, tive apoio de meus pais e companheira. Inclusive, por eu muito estudar, ela, minha companheira, também começou a estudar para concurso público e passou primeiro do que eu (risos). Atualmente ela é Oficial de Justiça.
Meus pais selaram um compromisso comigo, no sentido de que eu teria todo o subsídio material até a aprovação. Isso, indubitavelmente, foi essencial. Reconheço que devo muito, como filho, aos meus pais.
Sem contar o apoio moral de todos eles (pais e companheira).
Não é uma jornada fácil, existe muita incerteza, não raras vezes a autoestima é afetada. Sentia-me incapaz, colocava em dúvida se era isso mesmo que eu deveria fazer. Pensava no tempo perdido.
Assim, o apoio deles foi fundamental.
Agradeço muito a Deus também. Creio que todo o concurseiro, independentemente da religião que adote, deve se apoiar em sua crença para superar as adversidades.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo).
Flávio: Acho salutar fazer alguns concursos parecidos com o qual se almeja (editais semelhantes), mas o foco é fundamental.
Estudar matérias diferentes para diversos concursos perde-se o foco, e, ao final, acaba não estudando para nenhum.
Como eu disse acima, minha intenção era ser Promotor de Justiça ou Magistrado, de modo que as matérias do concurso de analista jurídico (MP/SP) são muito semelhantes ao edital do concurso para Promotor de Justiça, creio que por isso, eu tenha logrado a aprovação.
Esse ano (2020), inclusive em razão da pandemia, eu relaxei um pouco nos estudos. Ainda estou pensando se vou voltar a estudar para concursos.
Atualmente considero que ocupo um ótimo cargo, num local muito bom, com uma ótima Promotora de Justiça, que inclusive foi minha colega de cursinho, desta feita, estou muito bem, graças a Deus.
No mais, considero o meu salário digno, em comparação com a realidade do nosso país. E há um bom plano de carreira dentro do Ministério Público de São Paulo.
Ainda há de se considerar a instituição do Ministério Público em si. É uma instituição que dá orgulho de trabalhar, em razão da função constitucional e social que exerce. Tanto os membros quanto servidores são tratados com respeito e acolhimento, não tenho qualquer queixa.
E, agora, com a questão do home office, que considero uma realidade, quiçá, sem volta, ficou ainda muito mais satisfatório o trabalho.
A propósito, o teletrabalho tem se demonstrado muito produtivo, e, como eu trabalho numa Comarca 100% digital, no meu caso, o teletrabalho em nada mudou.
Todos esses fatores me fazem refletir profundamente se desejo voltar a estudar para concursos.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Flávio: Como eu disse, por ser o edital de analista muito semelhante ao de Promotor de Justiça, creio que sempre tenha estudado para esse concurso. Por isso é importante o foco.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Flávio: Sim, sempre. Estudar só com o edital publicado é um equívoco, sempre se estará atrás dos outros candidatos. Hoje, a concorrência é muito grande e as bancas, sabendo disso, cobram muito dos candidatos. Assim, só estudar com o edital publicado, não digo que seja impossível ser aprovado, mas eu afirmo que é muito mais difícil, exceto aqueles candidatos com alta capacidade intelectiva, o que não é o meu caso (risos).
Se o candidato é “normal”, destacando o normal entre aspas, assim como eu, só o tempo de estudo com a abertura do edital é insuficiente.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Flávio: Através do irmão da minha companheira, “cunhado”, que estuda para a área fiscal.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Flávio: Usei de tudo, risos.
Não obstante, o que me ajudou muito, principalmente nessa reta final, foram materiais em PDF (sempre gostei de ler), material de anotação de aula, questões, informativos de jurisprudência e leitura de texto de lei, uma vez que na primeira fase cai muito.
Uma dica, hoje, tem se cobrado muita jurisprudência, em razão de uma mudança cultural de nosso direito.
Há quem resista e não concorde com isso, mas tenho comigo que, sem deixar de seguir o modelo da civil law, temos bebido muito da fonte da common law, de modo que as decisões dos Tribunais tem sido muito importantes nas provas, até mesmo em primeira fase.
Então, para os candidatos que almejam Magistratura, Promotorias e cargos de Analistas Jurídicos é imprescindível a leitura de informativos de jurisprudência, ao menos do STJ e STF, dando ênfase às decisões com repercussão geral do STF e repetitivos (IRDRs e REsp. repetitivos).
E isso torna mais difícil a jornada do concurseiro, pois além de conhecer a doutrina e a lei, tem que conhecer a jurisprudência aplicada à questão.
Não raras vezes, eu tinha conhecimento da matéria que era cobrada na questão, mas por não conhecer a jurisprudência acerca daquele tema, eu a errava.
Parece loucura, mas, sim, se você não conhecesse o julgado que a banca estava cobrando, você acabava errando a questão. Eu ficava indignado, mas, infelizmente, indignação não leva à aprovação, assim, eu tive que me debruçar também sobre a jurisprudência.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Flávio: Eu estudava as matérias em blocos de duas horas, com intervalo de 10 a 15 minutos entre os blocos, e dois blocos por período, quando eu estudava o dia inteiro (8 horas diárias, quando não fazia cursinho).
Quando eu tinha mais tempo, não estava fazendo nenhum curso preparatório para concurso, eu até dividia uma matéria por vários assuntos, por exemplo, Direito Civil eu dividia em: parte geral; direito das obrigações; contratos; direitos reais; família e sucessões.
Por outro lado, quando passei a não ter muito tempo, eu ainda estudava todas as matérias (meio período, em dois blocos de 2 horas), mas normalmente os temas que eu tinha mais dificuldades.
Questões de concurso anteriores também ajudavam bastante.
Quanto menos tempo eu tinha, mais eu focava nas questões. Eu sabia que tinha uma bagagem razoável de doutrina, então eu precisava entender a banca, como a questão era cobrada. Em tese, o que eu precisava saber daquele assunto que eu já tinha estudado.
Pelo estudo das questões eu também descobria muitas decisões de Tribunais que estavam sendo utilizadas em provas de concurso, pois eu não conseguia ler todos os informativos de jurisprudência.
Quando eu fazia questões, que normalmente eram on-line, eu gostava de ver os comentários dos colegas e professores. O que eu achava de interessante, eu dava um print e colocava no final do meu material relacionado àquela matéria. Por exemplo, diante de um comentário acerca de uma questão de Teoria Geral do Crime, teorias sobre a conduta (causalista, neokantista, finalista, funcionalista etc.) eu dava o print e colocava ao final de meu material de Direito Penal parte geral.
Aí, na semana da prova, eu ficava revendo tudo isso, matéria por matéria, pois, ao final de meu material, eu tinha diversas anotações sobre assuntos interessantes. E como eu achava que determinado assunto era interessante? Fazendo questões, vendo o que era cobrado, o que sempre eu errava.
Eu também fazia isso com súmulas de Tribunais. Toda súmula eu colocava num arquivo daquela respectiva matéria, por exemplo, súmulas de direito penal, de processo penal etc. E, na semana da prova, eu revisava todas as súmulas que eu tinha de determinada matéria, que já haviam caído em provas de concurso, ou não.
Isso começou a dar certo.
Para se ter uma ideia, em direito do consumidor, por exemplo, era difícil a prova que eu não acertasse, ao menos, 80% a 90% das questões. Era uma beleza (risos).
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Flávio: Sim, não gostava de empresarial. Sempre tinha um desempenho ruim nessa matéria.
Para superar? Tinha que estudar mais, não tem como fugir, ela sempre estava lá esperando por mim (risos).
Todavia, comigo acontecia algo bem peculiar. Eu, no ensino médio, nunca fui um aluno de estudar muito, sempre fui mediano, estudava, para “tirar nota”.
Ao começar a estudar para concurso, eu tomei gosto pelo estudo. Hoje, gosto de estudar, então eu gostava de estudar praticamente todas as matérias, exceto empresarial (risos). Sociedade anônima então… (risos).
Retomando, comigo, em provas de concurso, acontecia algo peculiar, normalmente nas provas de Ministério Público (Promotor de Justiça) e Magistratura, eu tinha um desempenho regular em todas as matérias (70% a 80% de acertos), mas sempre uma matéria me derrubava. E o interessante está nisso, que não era uma matéria específica, por exemplo, só empresarial. Não, ora era constitucional, ora direito civil, ora empresarial, ora administrativo, e isso me frustrava muito.
Então eu vinha com um bom desempenho para passar para a segunda fase (70% a 80% de acertos), mas uma me derrubava (40% por cento de acerto).
Assim, em vários, acreditem em vários, concursos eu fiquei por 4, 2 e até 1 ponto para passar para a segunda fase.
Que eu me lembre agora: 2 vezes por quatro pontos na Magistratura do DF; uma vez por dois pontos na Magistratura de Sergipe; uma vez por quatro na Magistratura São Paulo; um vez por um ponto no Ministério Público de São Paulo (Promotor de Justiça), essa última prova foi em 2019, quando havia sido aprovado para analista jurídico.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Flávio: Estudo! Tanto na primeira quanto na segunda fase de analista jurídico do MP (o concurso no qual eu passei) eu estudei na véspera da prova. Não tem essa de descanso. Quando você entra num ritmo de estudo, uma revisão de véspera não vai te prejudicar.
Por óbvio, não vale à pena se matar de estudo um dia antes. Se sua rotina de estudo diário é de 8 horas, se você estudar de 4 a 6 horas, um dia antes, isso não vai te prejudicar. E a prova vai acabar se tornando um momento menos cansativo.
Quando você está acostumado com algo (ritmo de estudo), aquilo, dentro de um limite de equilíbrio, não vai te cansar, ao menos eu penso assim.
Acho que muitos não estudam na véspera não por questão de cansaço, mas por questão de ansiedade, isso é um fator que tem que ser trabalhado.
Nas últimas semanas antes da prova, eu dava preferência ao conteúdo que eu deixava de lembrete ao final de meu material e súmulas.
Esses lembretes eram as anotações e prints que eu fazia dos comentários das questões, lembra-se? Isso me ajudava.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Flávio: Na primeira fase, reta final (um mês antes) eu fazia o dito acima (leitura das anotações do material, lei seca e questões).
Na segunda fase, prova discursiva, eu escrevia, e muito (rs).
Na prova tivemos 5 questões e duas dissertações, então era bastante coisa para pouco tempo. Não dava para fazer rascunho e passar a limpo. Então, eu pensava: tenho que estar bem preparado para escrever e não fazer rascunho.
Assim, antes da prova eu escrevia muito. Pinçava alguns temas que eu achava interessante de cair e discorria sobre eles. Considero, aqui, que eu tinha uma vantagem, pois eu já vinha, há pouco tempo, de uma prova discursiva da Magistratura. Ou seja, já estava nessa toada de discorrer sobre variados temas.
Outro ponto que eu buscava me esmerar, dada à relevância ímpar, apesar de nem sempre conseguir, era dissertar conforme a norma culta, uma vez que desalinhos gramaticais são descontados. Deste modo, eu dava muito importância a isso. Graças a Deus, na prova em que fui aprovado, no que tange à gramática, eu não perdi nenhum tanto nas duas dissertações quanto nas questões, e eu fiquei muito feliz por isso.
A propósito, eu passei no meu concurso e fui chamado na primeira lista de convocados graças a minha segunda fase, na medida em que, da primeira para segunda fase, eu fiquei em décimo terceiro, se não me falha a memória.
Após a segunda fase, em razão da minha nota (84 pontos), eu galguei algumas posições (fui para sexto).
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Flávio: Depois que a gente é aprovado percebemos que, em verdade, os erros foram oportunidades para a construção da aprovação.
Desta feita, considero que erros foram vários, mas hoje eu tenho uma visão diferente deles.
Mas, por exemplo, no meu caso, o principal ponto foi o longo lapso de tempo até a aprovação. O que eu errei? Considero que eu ficava lendo muita doutrina, com isso eu perdia muito tempo.
Por outro lado, isso me deu uma bagagem muito boa para eu ser um bom profissional.
Eu também, no começo, era bem renitente em fazer questões, pois quando errava eu ficava muito frustrado. Com o tempo eu percebi que era muito melhor errar em casa do que na prova (rs). Isso parece ser óbvio, mas era um dos erros que eu cometia.
Maior acerto? Insofismavelmente, foi não ter desistido!!!!!
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Flávio: O mais difícil foi perceber o tempo passando e me ver constantemente batendo na trave. Isso me massacrava.
Desistir? Várias vezes (rs). Concurseiro raíz que nunca pensou em desistir não é concurseiro (rs).
Lembro-me que certa feita eu voltava para casa de uma prova do Ministério Público de São Paulo (Promotor de Justiça), já era à noite, eu voltava dirigindo na estrada e estava sozinho, e eu já sabia que não tinha ido muito bem, então comecei a chorar no carro. Pensava veemente em desistir de estudar, pensava que aquilo não era para mim (já fazia tempo que eu estava estudando).
E aconteceu algo que reputo de Deus. O rádio do carro estava ligado, e, lembro-me perfeitamente, estava tocando um CD dos Engenheiros do Havaí. E eu ali chorando “conversando” com Deus, choramingando, quando começou a tocar, juro, a seguinte música: até o fim. Vocês conhecem essa letra? Vou transcrever apenas um trecho:
“Não vim até aqui
Pra desistir agora
Entendo você
Se você quiser ir embora
Não vai ser a primeira vez
Nas últimas 24 horas
Mas eu não vim até aqui
Pra desistir agora”
Isso me foi muito marcante! Isso foi um elixir para continuar a empreitada. E sempre quando eu pensava em desistir tinha algo, intuitivo, que me dizia para continuar.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Flávio: Demorou tanto tempo para eu ser aprovado que a minha principal motivação se tornou num aspecto de superação pessoal, ponto de honra.
Eu tinha que atingir meu objetivo, não era possível eu ter me esforçado tanto e não conseguir chegar à tão sonhada aprovação.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Flávio: Chorar, sim, desistir nunca. Acreditem em Deus, independente de sua convicção religiosa. Tenham fé, isso ajuda muito nas horas difíceis.
Se você é um prodígio, talvez você não se importe com isso, e essas últimas palavras ou até mesmo toda a minha história seja, para você, banal, desinteressante ou prescindível. Entretanto, se você é uma pessoa parecida comigo, no aspecto de ter dificuldade para passar em concurso, já ter sido reprovado(a) inúmeras vezes, talvez você se identifique um pouco com essas últimas palavras. E é para você que eu quero asseverar o seguinte:
Meu amigo, não desista. Se eu consegui, com certeza, você também consegue. Acredite que existirá uma prova certa para você ser aprovado. Isso também aconteceu comigo.
Forças conspiram ao nosso favor quando é a nossa hora. Acreditem nisso!
Vocês não imaginam como a gente se torna mais forte e melhor para vencer as adversidades, quando conseguimos atingir nosso objetivo à custa de muito suor. Digo melhor, não em comparação ao outro, mas em aspecto de ser mais humano.
Por fim, uma última dica: disciplina, disciplina e disciplina.
Eu gostaria de agradecer a equipe do Estratégia Concursos por permitir que eu compartilhasse essa minha experiência com todos. E peço perdão por eu ter me estendido tanto.
Fiquem com Deus.