Aprovado no Concurso DPE SP

“No início, minha principal motivação era a estabilidade do serviço público, mas após direcionar os meus estudos para a Defensoria Pública, a minha motivação deixou de ser egoísta e se tornou altruísta e mais forte, comecei a compreender que a minha atividade poderia contribuir, consideravelmente, para a parcela mais vulnerável da população, e isso resultou em um estudo mais leve e mais focado”.
Confira nossa entrevista com Felipe Muzzi, aprovado no concurso da Defensoria Pública do Estado de São Paulo para o cargo de Defensor:
Estratégia Concursos: Qual sua idade? De onde você é? Em que ano se formou?
Felipe Muzzi: Tenho 28 anos, sou de Belo Horizonte/MG e me formei em 2015.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a Defensoria Pública? O que te atraiu nessa carreira?
Felipe: Durante a realização da faculdade percebi que o mercado privado para o bacharel em Direito não era promissor, e pessoas que apresentavam contatos próximos no mundo jurídico, o que não era o meu caso, tinham maiores facilidades para alcançarem posições privilegiadas. Nesse contexto, comecei a me interessar por carreiras de Estado e, dois períodos antes de me formar, busquei a experiência de amigos que já estavam consolidados nos estudos para concursos públicos. Inicialmente, estudei para Delegado de Polícia, mas o destino me conduziu a realizar o concurso da Defensoria Pública do Espírito Santo e, surpreendentemente, fui o primeiro colocado na fase objetiva. A partir daí, mudei meu foco para concurso de Defensoria Pública, criei confiança e entendi que a disciplina poderia me conduzir a bons resultados. E então, conheci o lado crítico do direito e a possibilidade de contribuir, de algum modo, para uma sociedade melhor como instrumento da democracia com a ampliação das vozes de parcelas vulneráveis da sociedade, o que tornou o estudo direcionado.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Felipe: Durante a minha trajetória fui amparado financeiro e economicamente pelas pessoas mais próximas ao meu convívio. Todavia, desempenhei algumas atividades advocatícias, com o fim de alcançar os três anos de atividade jurídica e, recentemente, ao realizar o concurso de Defensor Público do Estado de São Paulo, conciliei o estudo do edital com a atividade de Analista Judiciário – Área Judiciária. Como já tinha formado uma base forte, apenas reforcei a revisão e a realização de simulados, que foram realizados no momento livre do dia, aproximadamente quatro horas diárias.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Felipe: Fui aprovado respectivamente nos Concursos de Analista Judiciário – Área Judiciária do TRF 1; Técnico Judiciário – Área Judiciária do TRF 1; Analista Judiciário – Área Judiciária do STJ; Defensor Público do Estado de Pernambuco e Defensor Público do Estado de São Paulo (37ª posição).
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Felipe: Primeiramente, gratidão por ter condições de estudar e por ser amparado emocionalmente por pessoas do meu convívio. Posteriormente, vem a sensação de alívio e de que todo o sacrifício e esforço foi recompensado.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Felipe: Durante os dias úteis da semana, quando não tinha compromisso, estava estudando, para isso, procurava levar uma vida saudável, mental e fisicamente. Meus amigos e familiares tinham espaço no final de semana, em que eu me divertia e relaxava, sem excessos. Apesar de um considerável afastamento de determinadas pessoas, encontrei diversos amigos no mundo do concurso, pessoas que estão na minha vida até hoje.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Felipe: Atualmente estou noivo, resido com minha noiva, mas durante grande parte da jornada de concursos morei com meus pais, sendo que todos apoiaram, o que considero fundamental para o alcance dos meus êxitos.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Felipe: O mundo dos concursos é financeiramente dispendioso, mas dentro das possibilidades de cada um é essencial a realização de provas. Acredito que a pessoa deve focar no concurso dos seus sonhos, mas eventualmente realizar provas de outros cargos “menores”, com matérias semelhantes, sem desviar bastante do foco. Eu, por exemplo, nunca estudei especificamente para concursos de Analista e Técnico Judiciário, e, mesmo assim, realizei provas e fui aprovado, o que foi a minha salvação financeira e emocional após muito tempo sem aprovações.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Felipe: Para o meu primeiro êxito, demorou três anos de estudos, mas para a minha aprovação final, como Defensor Público, foram quatro anos de estudos.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Felipe: Sim, a maioria dos dias de estudos não tinham editais na praça, em verdade, os concursos estão cada vez mais complexos e disputados, como uma competição, quem se prepara há mais tempo tem mais probabilidade de êxito.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Felipe: De tudo um pouco, com foco em realização de questões, principalmente na fase objetiva, resumos de livros, leitura de lei seca, videoaulas e leitura de PDF.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Felipe: O Estratégia Concursos chegou ao meu conhecimento por indicação de amigos que estudavam comigo, posteriormente procurei o site e passei a utilizar os serviços, como complemento do meu estudo.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todos que estudam para concurso público é a quantidade de assuntos para memorizar. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Felipe: Inicialmente, estudava aproximadamente 8 horas líquidas diárias, com o tempo e o cansaço reduzi um pouco as horas de estudo, mas jamais deixei para trás a rotina diária e a disciplina. Mudei muito a estratégia durante a minha trajetória, mas destaco como fundamental a leitura de lei seca e a realização de questões, cotidianamente. Sempre mesclava duas ou três matérias e realizava revisões periódicas. Muitas vezes o resumo cai muito bem, mas nem sempre há tempo para a realização desses resumos, momento em que é importante a leitura de materiais em PDF.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Felipe: Na semana anterior à prova, a ansiedade tomava conta do meu corpo e, assim, não conseguia estudar com o mesmo afinco que em outros dias. Tendo ciência dessa minha particularidade, previamente, eu separava poucos materiais de revisão para a semana final, materiais esses que eu conseguia ler tranquilamente na última semana, de modo que a minha ansiedade de querer rever todo o conteúdo fosse controlada e uma sensação de dever cumprido e confiança tomasse conta de mim.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Felipe: A prova discursiva sempre foi o meu ponto fraco, mas observo que muitas pessoas se dão muito bem e acabam ultrapassando diversos candidatos na classificação. Recomendo nessa fase que o candidato mantenha o mesmo material já utilizado na fase anterior, e busque realizar cursos voltados para a carreira e que possibilitem a revisão de matérias e temas de pouco conhecimento e de relevância para o cargo que você almeja, bem como a realização de simulados. Outrossim, caso seja possível a consulta a materiais durante a prova, tenha intimidade com seus materiais, principalmente com o “Vade Mecum”.
Estratégia: Como foi sua preparação para a prova oral?
Felipe: A prova oral é a união da fase objetiva e subjetiva, você precisa manter o conhecimento da lei seca, mas precisa aprofundar em temas sensíveis à instituição. O mais importante, porém, é controlar o nervosismo e ter a ciência de que quem chegou ali já está preparado e isso lhe dará confiança.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Felipe: Muitos erros, como, por exemplo, perder muito tempo com matérias pouco relevantes para o concurso almejado; buscar fontes de estudos desatualizadas e demasiada prolixa; fugir muito do foco ao realizar concursos muito diferentes; entre outros. Por isso, é muito importante, antes de iniciar a caminhada, buscar conhecimento sobre a melhor estratégia de estudo, sobretudo, com pessoas que já estão na batalha a mais tempo. O maior acerto foi a realização, incansável, de questões de concursos anteriores; e a escolhe correta de livros e cursos jurídicos de qualidade.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Felipe: A caminhada é árdua, para alguns mais e para outros menos, vai depender da sua condição financeira e, principalmente, do seu suporte emocional. Pensar em desistir pode acontecer, com frequência inclusive, mormente diante das derrotas e frustrações, mas o essencial é a resiliência e a disciplina. Você pode desabafar e chorar em um dia, mas no dia imediatamente seguinte você deve voltar a estudar. No meu caso, fiquei triste diversas vezes, mas não deixei o abalo durar mais de um dia, e logo recomeçava o meu estudo com novos planos e novas estratégias.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Felipe: No início, minha principal motivação era a estabilidade do serviço público, mas após direcionar os meus estudos para a Defensoria Pública, a minha motivação deixou de ser egoísta e se tornou altruísta e mais forte, comecei a compreender que a minha atividade poderia contribuir, consideravelmente, para a parcela mais vulnerável da população, e isso resultou em um estudo mais leve e mais focado.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Felipe: Pense bem antes de iniciar a caminhada, busque objetivos que justifiquem todo o esforço, busque finalidades que extrapolam o seu bem-estar, pois são essas que irão manter a jornada em momentos de dificuldade. Lembre-se que a sua trajetória pode ser breve e não dispendiosa, mas você deve estar preparado para situações extremas, que vai atingir o seu lado físico e psicológico. Ao final, posso te assegurar que os obstáculos engrandecem a conquista e a satisfação com o resultado compensam todo o esforço.
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