Aprovado no concurso DPE-RJ
Confira nossa entrevista com Alberto de Mello, aprovado no concurso DPE-RJ no cargo de Técnico Médio de Defensoria Pública:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você. Em que área é formado? Qual sua idade? De onde você é?
Alberto de Mello: Estou concluindo a graduação em Direito neste período letivo. Tenho atualmente 25 anos e sou do Rio de Janeiro.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Alberto: Eu venho planejando a minha carreira desde que ingressei na graduação, pois sempre compreendi que o caminho até a conquista de qualquer objetivo é uma sucessão de degraus, alcançados um por vez. Não há saltos na vida. É preciso começar do começo e ir ascendendo gradativamente.
Baseado nessa premissa, estabeleci um caminho profissional até o meu objetivo final – a magistratura federal. Decidi que, a partir dos dois últimos anos de graduação, me dedicaria a concursos públicos e assim executei. Percebi, observando a biografia dos juízes, que muitos deles iniciaram a marcha rumo à magistratura a partir dos concursos para os cargos de apoio. O alcance dos cargos mais elevados não é um único ato, mas um processo que leva tempo e é cheio de quedas e acertos.
Essa, porém, não foi a única razão por que optei pelos concursos públicos. Para ingressar na magistratura, o candidato precisa comprovar, no mínimo, três anos de prática jurídica, por imposição constitucional. O serviço público seria capaz de me proporcionar essa prática ao mesmo tempo em que ofereceria um retorno financeiro imediato e satisfatório, passível de me trazer conforto e segurança.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Alberto: Desde o meu primeiro dia de preparação, conciliava os estudos para concurso com estágio e faculdade.
Quem é concurseiro sabe (e quem não sabe ainda vai descobrir) que os métodos, conteúdos e objetivos dos cursos nas faculdades na maioria das vezes não coincidem com os estudos para concurso: é outro enfoque. Assim, precisava conciliar o meu plano de trabalho para concurso (o tema que estava estudando, as videoaulas, a bateria de questões etc.) com as leituras de doutrinas, trabalhos e provas de faculdade.
E ainda havia o estágio. No início da minha jornada como concurseiro, pela metade de 2017, eu estagiava das 12h às 17h e estudava à noite, a partir das 18h.
Assim, para garantir mais tempo de estudos, eu me recordo (hoje com muita satisfação e orgulho) que passei a acordar às 5h30min da manhã para iniciar os estudos às 6h e seguir ali até, pelo menos, as 11h, quando começava a me preparar para ir ao estágio no TJRJ. Esse período foi, sem dúvida, o mais extenuante de todo o processo.
E nenhum tempo era perdido. Quando estava no transporte público, entre um local e outro, otimizava o tempo resolvendo questões ou relendo a letra seca de lei.
Algum tempo depois, passei a outro estágio, mais próximo de casa e menos trabalhoso, onde conseguia também estudar nas horas vagas, ampliando a minha produtividade.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Alberto: Meu primeiro concurso – também minha primeira aprovação – foi para técnico judiciário do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE/RJ). Depois, passei em 33º lugar para técnico do Ministério Público da União (RJ), para Técnico Legislativo da Câmara Municipal de São João de Meriti (RJ) e, por último, em 1º lugar para Técnico da Defensoria Pública do Rio de Janeiro (Capital), cargo que atualmente ocupo.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Alberto: Um momento do tempo que lembrarei por toda a vida. Posso até atingir cargos de maior envergadura, mas esse, o primeiro, coroou o verdadeiro ritual de passagem que é a preparação para concurso. E quando, no caso da DPE/RJ, vi a 1ª colocação… uau! Eu não imaginava. Foi uma confusão de sentimentos. Todo o esforço ganhou sentido concreto naquele momento.
A preparação para concurso, com efeito, marca uma transição em nossas vidas. Importa em uma autêntica responsabilidade consigo mesmo. Tempo, recursos físicos, financeiros, psicológicos, espirituais. Tudo está envolvido. Mas, no final, vale muito a pena.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Alberto: Adotei a postura radical, porque isso foi necessário. Eu não dispunha de tempo sobrando, precisava otimizar todos os momentos, inclusive os preciosos finais de semana. Fiquei em casa estudando incontáveis sábados e domingos enquanto a família ou os amigos celebravam algum momento especial.
Quando fechei cerca de 1,5 ano de estudo e olhei ao redor, percebi o quanto me havia afastado das pessoas, das relações sociais e como havia, pouco a pouco, deixado as teias de contato.
Mas hoje percebo que esse afastamento é uma tendência natural de quem estuda para concursos. A concorrência é dantesca: cada vez maior e mais especializada. O nível de dificuldade das provas está cada vez maior e, na medida em que ascende a envergadura do cargo em disputa, pior fica. Quem não faz essas renúncias, ainda que se dedique exclusivamente aos estudos, dificilmente obterá êxito. A biografia dos aprovados sustenta essa tese.
Eu tenho a impressão de que esse momento mais agudo ocorre no início de preparação, quando você está “formando a base”. Depois que se domina o elementar de cada disciplina, as coisas fluem com mais serenidade.
Mas é incrível como, no final, quando a sonhada posse acontece, todo o esforço ganha sentido e você acaba percebendo que ainda valeria a pena ter feito mais, que ainda valeria a pena ter se esforçado mais.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro(a)? Se sim, de que forma?
Alberto: Solteiro, sem filhos. Sempre contei com o apoio de todos. É claro que, em um momento outro, surge aquela velada cobrança pela presença em um aniversário ou uma festa de família. Eu percebo isso de forma muito positiva: a família não te esquece porque, afinal, te ama. Mas, no geral, todos sempre prezaram para que eu tivesse todo o suporte para seguir estudando.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo)
Alberto: Como mencionei anteriormente, estou convencido de que a jornada em busca de um objetivo consiste em subir degraus, um por vez. Dessa forma, entendo que há um caminho natural a ser seguido rumo a uma finalidade última.
No meu caso, tenho por objetivo final a magistratura federal. É natural, portanto, que eu ocupe cargos no sistema de justiça.
Assim, eu acredito que aqueles que desejam fazer carreira no serviço público devem buscar uma ascensão natural de cargos relacionados.
Por outro lado, aqueles que “atiram para todos os lados”, que prestam concursos para setores muito diversos, acabam perdendo tempo e tendem ao insucesso. Quem quer trabalhar em tribunais perde tempo se resolve se aventurar em um concurso para área fiscal (Tribunal de Contas, SEFAZ etc). Falando em carreiras de membros, quem foca em magistratura não deve, a meu sentir, perder tempo estudando para procurador.
Ter foco é fundamental.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Alberto: Venho me preparando para concursos do judiciário e funções essenciais há dois anos, atualmente já caminhando para três.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Alberto: Desde o meu primeiro concurso, comecei a estudar bem antes do edital sair. Examinando editais, coisa que faço desde o começo da minha jornada, percebi que o volume de conteúdo era tal que seria impraticável analisar todos os temas no período, normalmente de 60 dias, entre a publicação do edital e a aplicação da prova.
Acho que é um ponto que já deveria inclusive estar cediço entre os que pretendem prestar concurso: estudar apenas no pós-edital não funciona. A concorrência é gigantesca e, além de estudar todo o conteúdo, você precisa de tempo para adquirir alto grau de precisão na resolução de questões.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Alberto: Lembro exatamente da noite em que conheci o Estratégia. Foi bem no início da minha preparação. Eu estava estudando Direito Constitucional através de videoaulas disponibilizadas por um site que funciona principalmente como banco de questões. Eu percebi que o conteúdo, no tópico do Poder Judiciário, não examinava as competências constitucionais dos tribunais superiores, tema que me parecia um dos mais complexos daquele conteúdo, tendo em vista a enormidade de pormenores.
Então fiz uma pesquisa no “Youtube”, em busca de algum material que trouxesse clareza ao tema. Foi ali que encontrei uma aula do Prof. Ricardo Vale, na qual ele examinou aquele conteúdo tão detalhado com uma didática excelente, tornando muito orgânica a fixação de todas aquelas regras.
A partir dali comecei a buscar aulas do Estratégia e cheguei, àquela época, a comprar um curso de Arquivologia para o TRE/RJ. Depois desse, que foi o meu primeiro certame, passei a utilizar exclusivamente o material do Estratégia.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Alberto: Sempre trabalhei e sigo trabalhando majoritariamente com as videoaulas. Acho esse material mais dinâmico e acredito que, pelos recursos da expressão humana, os professores conseguem enfatizar o que é mais relevante. Além disso, penso que a resolução massiva de questões completa as eventuais lacunas deixadas pelas videoaulas – e de forma mais didaticamente proveitosa do que a leitura de detalhes em PDFs.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Alberto: Eis um ponto em que meu estudo é muito particularizado.
Eu sou extremamente sistemático, de sorte que não consigo conceber deixar uma matéria inacabada enquanto analiso tópicos de outras. Então, ao menos para mim, funciona bem estudar uma matéria por vez, até exauri-la, e só então passar para outra. É evidente que, se você tem pouco tempo, a melhor estratégia seria estudar tópicos de diversas disciplinas ao mesmo tempo. Mas quem estuda seriamente para concurso sabe que é falácia achar que você vai estar preparado rapidamente: toda preparação é longa e progressiva. Então, considerando que o estudo mais eficaz leva algum tempo, penso que é válida a análise de uma disciplina por vez. Ao menos comigo tem funcionado bem assim.
Nessa linha, eu costumo definir a ordem de importância de cada disciplina e estudar uma por vez, seguindo essa ordem, tópico por tópico, conforme definido no edital (como utilizo o material do Estratégia, ele normalmente já vem organizado nessa lógica, o que facilita muito).
Para cada tópico-aula que assisto, faço um resumo manuscrito (não consigo me adaptar aos meios digitais!), com informações centrais, quadros sinópticos e organogramas. Cada um desses resumos corresponde a um capítulo, que no final resulta um verdadeiro livro sobre a disciplina estudada. Portanto, assisto às videoaulas enquanto escrevo os resumos e vou cotejando os dados com o código (no caso de uma disciplina legal), onde vou anotando e frisando pontos importantes.
Quando acabo as videoaulas, os resumos estão prontos e passo à segunda etapa: revisão. Eu costumo revisar a matéria repassando o resumo que eu mesmo fiz em volta alta, como se estivesse ensinando aquilo a alguém. Eu particularmente acho fabuloso o rendimento mnemônico de “ensinar” o conteúdo.
Por último, vem a parte mais importante: resolução de questões. Tento resolver cerca de trezentas por tópico estudado. E não é relevante se eu erro ou acerto a questão. É até melhor errar, pois, uma vez que você erre algo, nunca mais voltará a incorrer no mesmo erro. As questões têm a função de fazer memorizar pela repetição e levar a pesquisas de tópicos mais específicos.
Por fim, nunca mais volto a estudar os resumos. Somente reviso os conteúdos já estudados através da resolução de questões e consulto os resumos apenas se esquecer algum tópico específico.
Nunca me importei com número de horas/dia estudadas e confesso que nunca fiz esse cálculo. Como costumo brincar com colegas, eu não estudo por jornada diária, estudo por empreitada. Eu estabeleço que vou concluir, por exemplo, todo o conteúdo de Direito Constitucional em x dias, e essa passa a ser a minha meta. Há dias em que você rende mais, dias em que rende menos. Às vezes você até extrapola um pouco do prazo. O importante não é passar seis horas sentado, mas passar o maior tempo possível (possível!) com rendimento efetivo, aprendendo o conteúdo.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Alberto: Não penso que haja disciplinas mais difíceis que outras. Acredito que para cada uma há uma estratégia diferente. Não adianta, por exemplo, tentar memorizar conteúdo de matemática, você precisa de fato compreender. Por outro lado, não adianta perder muito tempo tentando compreender um Regimento Interno, isso você memoriza e sempre com a maior proximidade possível do dia da prova.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Alberto: Como anotei anteriormente, minha preparação foi gradual. O primeiro concurso em que consegui fechar todo o edital foi para o cargo que hoje ocupo, na DPE/RJ. Nos concursos anteriores, fui estudando conteúdos novos até a véspera da prova, no afã de ter o melhor rendimento.
No certame da DPE/RJ, orquestrei o método que considero ideal. Fechado todo o edital, usei os últimos dez dias antes da prova para revisar uma matéria por vez.
Na véspera da prova (fiz isso em todos os concursos), assisti às revisões de véspera do Estratégia, apenas. Terminada a revisão, eu ia descansar. Essas revisões de véspera, anote-se, costumam realmente dar algumas questões para você na prova.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Alberto: Eu penso que cometi um grande erro no início da preparação. Uma lição que, se eu houvesse aprendido antes, teria conseguido um rendimento melhor em outros concursos. A grande questão é: não se deve estudar para um concurso certo e determinado, mas para uma área, e nunca parar de estudar após uma prova. Depois de eu fazer o concurso do TRE/RJ, relaxei um pouco nos estudos e só retomei o gás quando o edital do MPU estava para sair. Se não houvesse parado naqueles meses, poderia ter conseguido, no MPU (acertei 105 de 120/CESPE), o mesmo rendimento que tive na DPE/RJ (67 de 70/FGV). Mas não tive tempo de fechar o edital do MPU.
A questão central é essa: você deve se preparar para uma área. Qual é o conteúdo comum a todos os concursos para os cargos que você pleiteia? Estude essas disciplinas independentemente de haver edital na praça. A preparação é de longo prazo.
Quanto a pontos positivos, sinceramente não vejo nada além de um método eficaz, consistente principalmente na resolução exaustiva de exercícios. Isso eu acertei desde o início, foi uma fortaleza.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Alberto: Para mim, o mais difícil foi administrar a própria ansiedade. Como já anotei diversas vezes, a preparação é longa e estressante. Você precisa estar preparado para passar bastante tempo estudando de forma sistemática, disciplinada. Nesse sentido, é quase um teste de resistência. Os prazos curtos, o conteúdo gigantesco e as próprias intempéries da vida concorrem para elevar a ansiedade.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Alberto: A autonomia, em todos os sentidos, que o serviço público poderia me oferecer. Seria – e é – o meu primeiro emprego. Isso me possibilita seguir a minha carreira e os meus objetivos de vida com absoluta tranquilidade.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Alberto: Sobretudo no atual momento de incertezas que estamos vivendo, em razão da pandemia, gostaria de dizer que nenhum concurso, como nada na vida, é linear.
Nenhum concurso que fiz (nenhum dos quatro!) teve trajetória linear. Em nenhum houve uma sucessão precisa de atos (edital-prova-resultados-recursos-homologação). Em todos os casos houve algum contratempo, algum adiamento, alguma suspensão, alguma ação judicial etc.
No caso da DPE/RJ, fiz a prova em abril e só fui nomeado em dezembro. A vida de concurseiro é mesmo uma aflição constante, até que venha a posse.
A situação temporária que estamos vivendo, com alterações legislativas, diminuição do ritmo de nomeações e, acima de tudo, muitas especulações equivocadas sobre o fim dos concursos não devem abalar.
Portanto, nunca esmoreça diante de cenários eventualmente desanimadores. Em todas as circunstâncias, seja por razões pessoais, seja por razões alheias à sua vontade, PERSEVERE. Quem passa em concurso não é a pessoa mais inteligente, senão aquela que não desiste. Não desista!