“Comece, estude nem que seja devagar. Aprenda alguma coisa por dia. Acredito que a melhor forma de começar é por cursinho. O cursinho te dá um norte, uma direção e a partir disso é só andar para frente (dentro das suas possibilidades)”.

Confira nossa entrevista com a Marcia Gresele, aprovada no concurso do Conselho Regional de Nutricionistas da 2ª região, em Santa Maria, para o cargo de Assistente Administrativo:

Estratégia Concursos: Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?

Marcia Gresele: Sou Graduada no curso de Ciências Jurídicas e Sociais. Tenho 44 anos. Sou natural de Doutor Maurício Cardoso – RS e atualmente resido em Santa Maria – RS.

Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?

Marcia: Me apaixonei pelo serviço público quando fiz estágio no Fórum de Horizontina durante a graduação. Amo a área jurídica.

Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava, ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?

Marcia: Quando eu comecei a estudar para concursos, trabalhava de dia em turno integral e fazia cursinho à noite. Entretanto, resolvi pedir demissão do trabalho e me dedicar somente aos estudos. Hoje percebo que não foi uma boa ideia. Ficar sem trabalhar e sem salário acabou por me deixar ansiosa e preocupada. Eu acho que o ideal é trabalhar, estudar à noite, e dedicar-se nos finais de semana aos estudos. Porém, cada um é cada um, mas hoje não aconselho ninguém a largar o emprego e só estudar.

Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?

Marcia: Fui nomeada em um de agente administrativo na Prefeitura de Dr. Maurício Cardoso, fiquei em 3º lugar, mas não assumi, faz tempo já. Agora fiquei dentro do numero de vagas do CRN da 2ª região RS em 11º lugar. Depois que comecei a estudar, passo em todas as provas que eu faço, acerto sempre mais que 70% das questões. Porem, nem sempre fico no número de vagas.

Detalhe: eu não estudo, para concursos da área Executiva, meu foco é área judiciária. O primeiro concurso na área foi para o Ministério Publico RS, fiquei em 60º na colocação da região. Fui a última colocada, mas a alegria, só em passar do ponto de corte, foi tão grande, mas tão grande… Da minha turma de cursinho, eu fui a única que  me classifiquei, não vou ser nomeada, mas fiquei muito feliz por ver meu nome na lista como aprovada. Mas só consegui, porque estudei.

Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados(as)?

Marcia: A sensação de ver o nome da lista de aprovados é de alívio, de conquista, de alegria, a gente fica muito feliz.

Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?

Marcia: Eu ainda não sou funcionária pública. Eu continuo estudando. Eu não tenho vida social, não saio com amigos. Postura radical, mas já me acostumei. Às vezes amigos atrapalham. A minha família é o meu contato. Para relaxar, eu assisto aos sábados ou domingos filmes.

Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?

Marcia: Sou solteira, não tenho filhos, não namoro, moro com minha sobrinha que é estudante na Universidade Federal de Santa Maria. Família é fundamental na vida de concurseiro. Minha família me apoia, é meu suporte. Eles me motivam, não me deixam desistir, me ajudam financeiramente (essa parte é ruim, não me sinto bem dependendo deles).

Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?

Marcia: Meu foco é o judiciário. Eu faço outros concursos fora do foco para praticar matérias afins, como por exemplo português, informática, constitucional, administrativo, tempo de prova. Sim, eu acho que vale a pena fazer outros concursos. Por exemplo, o do CRN da 2ª região eu fiz sem estudar, fiz para praticar e fiquei dentre os colocados. Acho que vale a pena fazer, vale a pena assumir, mas nunca desistir daquele que é o foco.  

Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovada?

Marcia: Estudei por 06 meses para o MP-RS (que foi o primeiro concurso que eu fiz quando decidi virar concurseira), fiz a prova e me classifiquei. Depois disso minhas notas começaram a subir. Para mim é nítido o avanço que tive depois que comecei a estudar.

Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?

Marcia: Atualmente (pela primeira vez) estou estudando sem ter o edital na praça, estudando com o edital anterior.

Foco! Determinação! (E esses pensamentos: eu sei que eu quero isso para mim! Não tenho e nem quero outra opção! Se os outros conseguem eu também consigo! Se não for eu, vai ser outro!).

Pensei como vou fazer para conseguir? Primeiramente, dividi os horários: se um dia tem 24 horas, o que eu vou fazer com essas 24 horas? E assim comecei: dividindo os horários (cumprindo, com ou sem vontade, o que tinha planejado). Deu muito certo isso para mim. Consegui manter a disciplina assim, cumprindo os horários programados.

Depois de um tempo, eu vi que as horas que eu tinha programado precisavam ser divididas também pelas matérias. E assim começou minha disciplina: cumprindo um planejamento de horários divididos por matérias. O planejamento tem que ser feito, você tem que sentar para estudar no horário programado e já sabendo o conteúdo que vai estudar.

Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?

Marcia: Pela internet.

Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?

Marcia: Primeiro, comecei com cursinho preparatório presencial. Usei apostilas.

Segundo, paguei aula particular de português. Usei apostila.

Terceiro, comecei com o cursinho on-line, onde super me adaptei, foi (e é) o que melhor funcionou (e funciona) para mim. Fiz impressão das apostilas e comecei com resumos.

Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso?

Marcia: Sim, precisamos memorizar muitos assuntos. Praticar é a palavra. Não tem o que fazer, é praticando que se aprende. Os cursinhos vencem o edital. Para estudar todo o conteúdo do concurso, eu acompanhava todas as aulas, fazia anotações durante a aula e no outro dia fazia os resumos. Os resumos são fundamentais, se você não entendeu, na hora de fazer o resumo você percebe e vai procurar aprender.

Eu estudava uma matéria por dia, ou seja, todo o conteúdo da aula anterior que eu tinha assistido. Não conseguia estudar várias matérias juntas, era sempre uma por dia. Hoje, eu só respondo questões e respondo mais de uma matéria por dia.  Comecei com uma matéria por dia, porque já tenho uma certa idade e tinha coisas que eu não estudava fazia muito tempo. Não sei se é o ideal, acho que vai da capacidade de cada um.

Sempre, sempre fazia resumos. Focava mais na leitura e releitura da teoria e acho que aqui foi meu erro, agora acredito que focar em exercícios/simulados é mais produtivo. Diria que o ideal é assistir uma vez a teoria, fazer o resumo e ir para os exercícios/simulados. Eu deixava de lado os exercícios e voltava para a teoria. Percebi meu erro, porque eu ia para a prova sabendo o conteúdo, mas errava a questão, porque não praticava exercícios.

Meu plano de estudo foi o seguinte: Partia para o edital esquematizado e fazia o levantamento de quantos dias e quantas horas eu precisaria para vencer o conteúdo. Uma matéria por dia, por exemplo: segunda, português; terça, constitucional; quarta, informática; e sempre dentro do número de horas que deveria cumprir do levantamento que eu tinha feito. Nunca estudei menos de 5 horas por dia. Sempre de 5 h para mais…08 horas até 10 horas por dia.

Estratégia: Você tinha mais dificuldade em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?

Marcia: Sim, tinha mais dificuldades em algumas disciplinas. Língua Portuguesa. Tenho 44 anos, a última vez que estudei português foi em 1994, quando me formei no 2º grau. Não lembrava de tantas regras. Tem muitas regras! Para superar a dificuldade, me obriguei a fazer 1 hora por semana de aula particular. Também fiz cursinho de aula isolada. Copiava tudo em caderno, fazia resumos nos cadernos, fiz fichas, li, reli. Chorava, porque não entendia, mas não parava até pensar que tinha entendido. Acho que deu certo. O segredo para superar as minhas dificuldades nos conteúdos foi esse: respirar, tentar, tentar novamente, buscar ajuda (na internet ou com professores) e fazer exercícios/simulados. Ler os comentários/respostas dos professores e dos colegas nas questões me ajuda/ajudou bastante a entender os assuntos que não domino/dominava.

Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?

Marcia: Na semana que antecede a prova, eu dou o máximo de mim para dar uma última olhada nos conteúdos da prova. Principalmente nos resumos. Na véspera da prova assisto aulões pela internet.  

Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?

Marcia: Erros: não fazer exercícios/simulados no começo.

Acertos: planejamento, se programar. Ver quantas horas por dia você terá para estudar e em qual horário.

Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?

Marcia: O mais difícil, para mim, é ficar sem trabalhar, sem ter salário. Pensei muitas vezes em desistir. A gente se sente inútil e pensa em desistir frequentemente. Pensa em tentar outros rumos, procurar emprego, porque não se sabe se conseguiremos ou não. É difícil. Para seguir em frente, conto com o apoio da minha família que não me deixa desistir. Toda vez que penso em desistir, eles me dizem que não.

Estratégia: Qual foi sua principal motivação?

Marcia: Minha principal motivação é saber que sou pobre (risos) e que para sair dessa situação e ajudar minha família, preciso estudar para passar em concurso público. Ou seja: minha principal motivação é mudar de vida!

Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!

Marcia: Tenho 44 anos, me formei na graduação aos 40 anos e aos 42 anos percebi que para mudar de vida, seria somente com concurso público. Sou e vim de família muito humilde.

Comece, estude nem que seja devagar. Aprenda alguma coisa por dia. Acredito que a melhor forma de começar é por cursinho. O cursinho te dá um norte, uma direção e a partir disso é só andar para frente (dentro das suas possibilidades). Nunca se compare aos outros, cada um vive uma realidade diferente.

Use sempre o mesmo fichário/caderno/apostila/resumo e, se for o caso, vá acrescentando informações novas neles. Tenha um para casa matéria. Não adianta ter diferentes matérias, ou seja, materiais de vários cursinhos.

A vontade de desistir sempre é maior que a de continuar. A gente pensa que não vai conseguir. Busque motivação na internet, em filmes, em livros, em Deus. Esteja consciente de que se alguém da sua família te apoiar para desistir, você com certeza irá desistir. Mentalize desde já para não desistir quando esse dia chegar. Recomece tantas e quantas vezes forem necessárias. Chore se for preciso.

Muito importante: busque na internet técnicas de concentração para estudos, porque a distração é evidente no começo. Estudar é uma batalha. Você sempre vai preferir o que é mais cômodo, mas com o tempo você passa a gostar e sentir falta do aprendizado.

Tem dias que não vencemos o programado e nos culpamos. O segredo é não desanimar, é não achar que tudo está perdido. Siga adiante. Retome no outro dia, às vezes sem vontade, mas retome. Não dá para desistir.