Aprovado na fase discursiva do TJPE para o cargo de Juiz Substituto
Tribunais
“[…] Cada dia vencido com firmeza e determinação contribui para moldar não apenas um servidor público, mas um ser humano mais forte, consciente e nobre.”
Confira nossa entrevista com Leonardo Henrique Tavares, aprovado na fase discursiva do TJPE para o cargo de Juiz Substituto:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Há quanto tempo se formou em Direito? Qual sua idade e cidade natal?
Leonardo Henrique de Figueiredo Tavares: Eu sou natural de João Pessoa, Paraíba. Tenho 29 anos. Conclui minha graduação em Direito em junho de 2019. Sou formado pela Universidade Federal da Paraíba e tenho especialização em Direito Penal e Processual Penal pela Escola Brasileiro de Direito (EBRADI).
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Leonardo Henrique: Meus tios são juízes do TJPB desde 2002. Quando eu tinha 11 anos, tive a curiosidade de visitar a cidade onde minha tia atuava como magistrada. Era Mari/PB, um município pequeno, com pouco mais de 20 mil habitantes. Passei uma semana acompanhando de perto o seu ofício: assisti a um júri, a vi redigindo sentenças e despachando no gabinete. Até então, meu sonho era ser ator. Mas, depois daquela semana, me encantei pela carreira da magistratura. A ideia de poder resolver conflitos aplicando a lei me fascinou. A partir dali, toda a minha trajetória passou a ser organizada em torno desse objetivo.
A escolha pelo curso de Direito foi, naturalmente, fruto do desejo de me tornar juiz. Ainda atuei na advocacia por quatro anos, em causas mais simples, de amigos e familiares, com o único propósito de cumprir os três anos mínimos de prática jurídica exigidos. Embora reconheça a nobreza e a importância da advocacia, percebi que essa não era a minha vocação.
Estratégia: Sempre fez concursos para carreira jurídica?
Leonardo Henrique: Meu foco é a magistratura. No último período do curso de Direito, decidi montar a base dos estudos, fazendo leitura de capa a capa nas doutrinas mais indicadas para a área. Comecei a fazer provas em 2021. 95% dos concursos realizados, até agora, foram para Juiz de Direito Substituto e Juiz Federal Substituto. Quando abre um edital em Estados próximos para outras carreiras, costumo fazer, apenas para me habituar melhor com a tensão emocional e verificar o que vem sendo mais cobrado pelas bancas.
Estratégia: Você trabalhava e estudava?
Leonardo Henrique: Nos primeiros 5 (cinco) anos de preparação, me dediquei exclusivamente aos estudos, através de formação da base do conhecimento, com leitura capa a capa das principais doutrinas, em conjunto com leitura da lei seca e jurisprudência. Em 2024, depois de 5 anos e meio de estudos, surgiu a oportunidade de assessorar o juízo da 1ª Vara Mista da Comarca de Ingá/PB. Logrei êxito no processo seletivo e, desde então, concilio o trabalho da assessoria com os estudos, reservando o turno da manhã para o trabalho, e os turnos da tarde e noite para estudos.
Em razão do longo tempo de dedicação exclusiva aos estudos, construindo o meu próprio material e buscando consolidar o aprendizado a longo prazo, a conciliação com o trabalho foi possível, já que, atualmente, o que predominam são as revisões e correções do que precisa ser melhorado.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado?
Leonardo Henrique: Ainda não obtive aprovação em nenhum concurso. Nos últimos concursos que fiz para magistratura (TJDFT, TJES, TJSC e TJPE), logrei êxito em ser aprovado nas fases objetiva e discursiva. Infelizmente, meu calcanhar de Aquiles, por enquanto, são as sentenças. Somente no TJES consegui aprovação na sentença penal. Nos demais, fui reprovado em ambas (cível e criminal).
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso?
Leonardo Henrique: O estudo para Magistratura deve ser contínuo e permanente. Não existe receita de bolo. Com paciência e dedicação, o conteúdo vai sendo absorvido e acumulado na memória de longo prazo. Isso foi fundamental para que eu fosse aprovado nas fases objetiva e discursiva dos concursos que citei acima, incluindo o do TJPE.
Para manter a disciplina, inicialmente, é importante ter um foco. Além disso, é fundamental saber onde você está e para onde quer ir. Ter a noção de que – em concursos de alta performance, como Magistratura, Ministério Público, Cartórios e Defensoria – o aprendizado exige tempo. É essencial, portanto, estabelecer metas. Na minha preparação, eu organizei uma agenda semanal compatível, com divisão de disciplinas por horários e metas de leitura diária. Com isso, consegui ler integralmente a bibliografia indicada.
Além disso, tempo de diversão e de prática de atividade física são importantíssimos. No meu cronograma, o sábado à tarde e o domingo são inteiramente reservados para lazer, momentos com a minha noiva, com os amigos e/ou família.
Outro ponto crucial: respeitar o próprio limite! O autoconhecimento é essencial. Eu sempre me dediquei aos estudos. Desde a época de escola, sempre organizei meus horários semanais e passava horas a fio estudando. Meu corpo e cérebro acabaram se habituando a essa realidade, o que acabou deixando um pouco mais amena a árida vida do concurseiro. Outras pessoas, por outro lado, têm/tiveram vidas diferentes. Algumas já são pais e mães, chefes de família… Outros trabalham em uma carga horária cansativa… Os estudos, então, precisam ser adaptados à realidade individual. Desde que exercidos com dedicação e constância, a aprovação é possível.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Leonardo Henrique: Meu ponto de partida foram os livros. Escolhi um livro para cada matéria, conforme recomendação majoritária de candidatos já aprovados na Magistratura. A partir da leitura dos livros, fui criando meu próprio material, em arquivo de Word mesmo.
Simultaneamente, assinei o Buscador do Dizer o Direito (do professor Márcio), para estudo mais aprofundado da jurisprudência.
Para resolução de questões, utilizo a assinatura do QConcursos.
Concluída a leitura dos livros, passei a complementar (e atualizar) os materiais com videoaulas. Inicialmente, adquiri o curso completo do G7 Jurídico. Em disciplinas que tinha mais dificuldade, adquiri cursos isolados. Por exemplo, pelo Estratégia, adquiri o curso de Direito Econômico. No Gran, cursei Direito Civil, com o Prof. Pablo Stolze.
Atualmente, em razão da completude dos meus próprios materiais, os estudos são quase que integralmente no formato de revisões.
Na semana que antecede as provas objetivas, assisto ao Hora da Verdade, do Estratégia, que já me rendeu muitas pontuações em questões que, se eu não tivesse assistido aquelas aulas, certamente teria errado.
As vantagens dessa forma de estudo é que o conhecimento vai sendo absorvido de forma mais estruturada e sedimentada. As conexões lógicas vão sendo formadas e você acaba buscando evitar o mero decoreba.
A desvantagem é o tempo. Você acaba, inexoravelmente, ampliando o tempo de estudo. Todavia, acredito que isso é essencial. Afinal, os concursos da Magistratura envolvem diversas fases e, em cada uma delas, habilidades diferentes são testadas. Não basta memorizar. Tem de saber transformar a informação em conhecimento para conseguir resolver uma sentença. O conteúdo precisa estar bem sedimentado.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Leonardo Henrique: Conheci o Estratégia através de vídeos recomendados pelo YouTube.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos?
Leonardo Henrique: Sim. O que me incomoda nos materiais e/ou abordagem didática de outras empresas é a superficialidade pontual de alguns temas. A maioria dos candidatos de concurso de alta performance já tem uma boa base naqueles conhecimentos gerais. E, muitas das vezes, procuramos cursos buscando coisas novas, atualizações – e não aquele famoso “mais-do-mesmo”.
Estratégia: Você chegou a fazer algum concurso enquanto ainda se preparava com esse outro material? Foi aprovado?
Leonardo Henrique: Sim. Como dito, ainda não logrei êxito em aprovação em nenhum concurso.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação?
Leonardo Henrique: O diferencial do Estratégia, para mim, foi justamente o auxílio em direcionar o estudo em meio a uma vastidão de informações. Isso ganha maior relevo no curso Hora da Verdade, que ocorre na semana da véspera da prova. Não foram raras as vezes que muitos professores conseguiram adiantar questões que caíram no dia da prova. Recordo-me também do curso de Legislação Civil Especial com o Professor Paulo Sousa, que, de forma muito didática, conseguiu aquilatar o conteúdo do mundo de leis civis esparsas.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Leonardo Henrique: Tenho dois cronogramas semanais de estudo, que denominei de “Semana A” e “Semana B”. Na Semana A, ficam as matérias mais importantes, o chamado “núcleo-duro”: Constitucional, Civil, Processo Civil, Penal, Processo Penal, Administrativo e Tributário. Já na Semana B, entram as disciplinas mais curtas: ECA, Eleitoral, Internacional, Ambiental, Previdenciário, Consumidor, Empresarial, Legislação Penal Especial.
Como me adaptei com minha rotina de estudos desde a época da escola, meu cérebro lida melhor estudando várias matérias no mesmo dia. Inicialmente, separava 2h por matéria. Estudando 4 matérias/dia. O que totalizava um horário BRUTO de estudos de oito horas diárias. Todavia, isso não era algo absoluto ou hermético. Isso porque eu estabelecia o que ia estudar/revisar naquela faixa de horário. Por exemplo, na segunda-feira, das 14h às 16h, estudarei Poder Constituinte. Essa era a meta. Muitas das vezes, o estudo/revisão de um determinado tema não exigia duas horas integrais. Então, o tempo que sobrava era utilizado para descanso, para outras tarefas ou para adiantar a próxima disciplina. Assim, o meu tempo médio líquido de estudos durante a semana (segunda a sexta) fica em torno de 5h/7h.
Nos sábados, eu só reservo o turno da manhã (8h às 12h). E, aos domingos, quando não é dia de prova, fico com o dia livre.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Leonardo Henrique: Minhas revisões são feitas com meu material próprio. São arquivos Word em que, dividido por matéria e por assunto, onde fiz um compilado de lei, doutrina e jurisprudência.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios?
Leonardo Henrique: Hoje, estou com 21 mil questões resolvidas no QConcursos (e contando… rs).
A resolução de questões é crucial. Primeiro, porque as questões direcionam o seu estudo, apontando o que é mais importante de ser aprendido/decorado, além de indicar a quais temas a sua banca está mais atenta. Em segundo lugar, mostram o perfil de elaboração da banca. O estilo das questões da banca FGV é completamente diferente do estilo do CESPE/CEBRASPE. Resolver as questões de acordo com a banca te adaptam ao estilo e preparam sua mente para o que vai vir no dia da prova.
Agora, cuidado! Para concursos de alta performance, como Magistratura, a resolução de questões é apenas uma das ferramentas. Ela irá lhe auxiliar a passa na prova objetiva. E só. Ao longo da preparação, é fundamental harmonizar uma preparação completa para TODAS as fases do exame.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Leonardo Henrique: Na semana que antecede a prova, eu costumo assistir as aulas do Hora da Verdade, principalmente daquelas matérias que tenho mais dificuldade. Evito longas horas de estudo, porque a mente fica querendo estudar tudo ao mesmo tempo. Vem aquela sensação de “não sei de nada”, “esqueci tudo”. Para evitar isso, procuro focar mais no chamado “estudo passivo”: videoaulas, podcast e leituras rápidas nos post-its que ficam pregados no espelho do meu banheiro, com informações tipicamente de decorebas (por exemplo, os prazos de usucapião ou as porcentagens de repartição das receitas tributárias).
No dia pré-prova, não toco em nada. Queria muito ter a capacidade de assistir aos aulões de véspera do Estratégia, mas, para mim, não funciona. É um dia que reservo para descansar (quando é possível, claro, pois quando a prova é em outro Estado, geralmente é o dia da viagem).
Estratégia: Concursos para carreira jurídica são compostos por várias fases. Como foi sua preparação para a prova discursiva? E para a prova oral?
Leonardo Henrique: A preparação para a discursiva começou desde o início da minha preparação para os concursos de Magistratura. Como dito, procurei integrar o estudo para todas as fases, de forma simultânea. Com a leitura da doutrina e jurisprudência, você consegue desenvolver a capacidade de dissertar sobre um tema. Isso é importante, pois, não basta memorizar a norma, é preciso entender seu contexto, e quais os precedentes a ela correlatos. Isso é fundamental para obter sucesso na prova discursiva.
Infelizmente, ainda não logrei êxito nas fases de sentença. Logo, ainda não fui para nenhuma prova oral.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Leonardo Henrique: Meu principal erro foi não ter reservado mais tempo para praticar sentenças. Isso só foi alterado quando iniciei a assessoria. Com o trabalho, pude desenvolver técnicas de sentença, compreender o processo na prática, do início ao fim. Enfim, pude unir o útil ao agradável e ganhar mais segurança nessa fase que vem sendo bem desafiadora para mim.
Quanto aos acertos, vejo que a constância aliada à organização dos estudos foi fundamental para poder enfrentar um edital imenso, num cenário de profusão de alterações/criações legislativas e de surgimento/modificação de precedentes. Respeitar o meu limite e entender que tudo tem um propósito foram essenciais para lidar com as reprovações.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Leonardo Henrique: A mensagem que deixo àqueles que estão iniciando sua trajetória nos estudos para concursos públicos é simples, mas profunda: escutem a voz interior, respeitem sua vocação e ingressem nessa jornada com a paixão de quem almeja a vitória. A preparação para concursos demanda renúncias significativas — e não deve ser romantizada. Trata-se de um caminho árduo, que exige disciplina, resiliência e um propósito bem definido.
É essencial, portanto, que haja convicção quanto à escolha dessa estrada. Se esse é, de fato, o seu chamado; se você se visualiza no exercício da função pública, comprometido com a construção de uma vida mais digna para si e para aqueles que ama, agarre-se a esse propósito. Caminhe com coragem, persistência e, sempre que possível, leveza e alegria.
A conquista da aprovação é, sem dúvida, uma realização sublime, marcada por um sentimento único de dever cumprido. No entanto, é preciso reconhecer que o percurso até lá também carrega sua própria beleza. A jornada, com todos os seus desafios, é igualmente formadora. Cada dia vencido com firmeza e determinação contribui para moldar não apenas um servidor público, mas um ser humano mais forte, consciente e nobre.