Aprovado em 7° lugar no concurso TCU para o cargo de Técnico Federal de Controle Externo
Tribunais de Contas (TCU, TCE, TCM)“[…] independentemente da sua situação, por mais difícil que ela seja, é possível estudar com paz e alegria, sem ansiedade e sem abdicar da vida presente. Estudar para concursos pode ser, inclusive, muito divertido, se você estiver com o coração no lugar certo!”
Confira nossa entrevista com Rodrigo Dantas Oliveira, aprovado em 7° lugar no concurso TCU para o cargo de Técnico Federal de Controle Externo:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Rodrigo Dantas Oliveira: Meu nome é Rodrigo, tenho 26 anos e sou formado em Administração pela Universidade de Brasília (UnB). Nasci em Teresina-PI, mas moro em Brasília desde 2019.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Rodrigo: Comecei a estudar para concursos por medo de perder meu emprego. A empresa em que trabalhava, uma multinacional de consultoria de gestão, enfrentava queda nas vendas e por isso realizava demissões em massa.
Eu iniciei como estagiário e fui efetivado no início de 2023. No meu primeiro ano como consultor, passei dois meses sem estar alocado em projetos, pois a empresa estava com dificuldade de adquirir novos clientes. Com tanto tempo livre, busquei realizar cursos que me ajudassem a desempenhar melhor o trabalho, mas ao mesmo tempo eu estava com receio de perder o emprego. Ao longo do ano, muitos colegas haviam sido demitidos, e, por não estar alocado em nenhum projeto na empresa, eu imaginava que seria o próximo.
Comentei isso com um amigo, que me sugeriu estudar para concursos e me disse que eu teria potencial para ser aprovado. Nesse mesmo dia, comecei a pesquisar tudo sobre o mundo dos concursos. Os altos salários e a estabilidade chamaram minha atenção. Além disso, o fato de não precisar viajar tanto quanto no meu trabalho atual pesou na decisão. Após alguns dias, decidi estudar para o concurso do Banco Central, para um cargo administrativo. Isso aconteceu em julho de 2023. E foi nesse momento que eu comecei a estudar e que conheci o Estratégia Concursos.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Rodrigo: A minha trajetória pode ser dividida em quatro fases, e cada uma apresentava diferentes desafios na relação entre trabalho e estudo:
- Trabalhava na iniciativa privada, mas estava ocioso, e por isso conseguia estudar como se não trabalhasse (durou quase dois meses)
Essa é a situação dos sonhos, ser pago para estudar. Eu sabia que isso seria temporário, então busquei aproveitar o máximo possível. Trabalhava cerca de 1h a 2h por dia e estava livre para estudar no resto do dia (cerca de 4h a 6h por dia). Nessa fase, foquei em aprender justamente as matérias que me pareciam mais difíceis: Direito Administrativo e Direito Constitucional.
Foi nesse momento que tive o primeiro contato com o material do Estratégia Concursos. O começo foi muito difícil: eu não conhecia nada sobre o funcionamento do Estado. O estudo era lento; eu demorava muito em cada PDF, ainda não havia desenvolvido o hábito de estudar e não tinha noção de como o conteúdo era cobrado pelas bancas. Parecia que eu levaria uma vida inteira para finalizar as disciplinas.
Considero que esses primeiros meses de estudo são como a “zona de arrebentação” dos concurseiros. É a fase mais complicada, mas se resistirmos e avançarmos para águas mais profundas, o estudo fluirá com mais naturalidade e menos atrito. Nesse momento, eu havia estabelecido um cronograma para estudar todo o edital do concurso do Banco Central em 5 meses e me esforçava para cumpri-lo.
- Trabalhava na iniciativa privada por longas horas e estudava nos momentos livres (durou 3 meses)
Aqui o privilégio de ser pago para estudar chegou ao fim. Voltei a trabalhar integralmente e tive muita dificuldade para continuar estudando. Não estudava mais todos os dias e, quando conseguia, não o fazia por mais de 3 horas. Veio-me a frustração por não cumprir o cronograma que havia estabelecido. Acabei adaptando-o para o novo contexto, mas um pensamento permanecia na minha cabeça: “e se eu deixasse meu emprego para estudar para concursos?”.
A minha carreira prometia avanços significativos com o tempo, o que me permitia alcançar salários equivalentes aos do alto escalão do setor público, mas isso levaria décadas para acontecer. Por sua vez, a aprovação em um concurso como o do Banco Central permitiria que em apenas seis meses eu passasse a ganhar quatro vezes mais do que o meu salário na época.
Com isso em mente, passei os três meses seguintes lutando para estabelecer uma rotina de estudos conciliada com o trabalho, mas sem muito sucesso. Nessa época, fiz o concurso do Senado Federal, apesar de não estudar especificamente para ele. Fui muito bem nas disciplinas que estava estudando, pois gabaritei raciocínio lógico e obtive uma boa pontuação em Administração. Obviamente, não cheguei nem perto da aprovação, mas essa experiência me motivou a continuar estudando.
- Larguei a iniciativa privada para me dedicar inteiramente aos estudos (durou seis meses)
Com a aproximação do fim do ano, eu esperava ansiosamente pela promoção prometida desde a minha efetivação. Na verdade, deveria tê-la recebido nove meses antes, mas eles alegavam falta de orçamento.
Recebi a notícia de que não seria promovido, apesar de uma ótima avaliação de desempenho, pois novamente não havia orçamento para isso. Esse revés foi determinante para que eu decidisse largar o trabalho para estudar para concursos. Hoje olho para trás e dou graças a Deus por não ter obtido essa promoção. Talvez não estivesse aqui para contar essa história se isso tivesse acontecido.
Refleti comigo mesmo e com Deus para tomar essa decisão, conversei com a minha namorada, com amigos e familiares e, convencido de que essa era a melhor decisão, pedi demissão do meu trabalho.
Dediquei-me totalmente aos estudos por seis meses, de janeiro a julho de 2024. Estudava cerca de 40-45 horas por semana, de segunda a sábado. Nesse período, conquistei a primeira aprovação: fui aprovado para o cargo de Analista de Gestão Corporativa da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), uma empresa pública federal vinculada ao Ministério da Ciência.
Ao longo desse período, fui reprovado no concurso do IPEA (fiquei entre os 150 primeiros, mas não tive a redação corrigida) e no concurso de Técnico CNJ (eliminado na discursiva).
Estava inscrito em diversos outros concursos, inclusive o do Banco Central, mas acabei não comparecendo, pois a Finep me convocou em julho de 2024. Apesar de ter realizado a prova em Brasília e de a Finep possuir um escritório na cidade, fui convocado para trabalhar na sede da empresa no Rio de Janeiro, o que representou uma grande mudança na minha vida.
- Assumi o primeiro cargo público (Finep) e estudei para a prova de Técnico do TCU (durou dois meses)
Mudei-me para o Rio de Janeiro e comecei a trabalhar na Finep, em uma escala 100% presencial nos primeiros seis meses. Nesse período, praticamente não estudei. Após um longo período de estudos, resolvi tirar alguns meses para descansar, afinal, havia atingido o meu objetivo (apesar de não ser na cidade em que gostaria de morar).
Após o período 100% presencial, comecei a trabalhar de forma híbrida, indo para o escritório dois dias por semana. Com isso, decidi voltar a morar em Brasília, e, até esse momento, viajo semanalmente para o Rio de Janeiro para cumprir o trabalho presencial.
Nessa época, estava buscando forças para voltar a estudar, mas era bem difícil. O trabalho e a rotina de viagens consumiam boa parte da minha energia. Já havia definido que estudaria para o cargo de Auditor do TCU, pois tinha um grande desejo de trabalhar nesse órgão, mas não consegui emplacar uma rotina de estudos.
Até que o edital de Técnico do TCU foi publicado. Isso mudou tudo, pois foi a motivação de que eu precisava para voltar a estudar. Eu tinha dois meses para estudar o máximo possível para um concurso que, mesmo sendo menos vantajoso financeiramente em comparação ao meu atual cargo, me permitiria voltar para Brasília, lugar em que havia deixado noiva e familiares.
Durante o pós-edital, eu acordava às 5h da manhã, fazia minhas orações e leituras e começava a estudar das 6h às 9h, antes do trabalho. Nos dias em que viajava para o Rio de Janeiro, aproveitava o tempo no avião para ouvir os aulões do Estratégia disponíveis gratuitamente no YouTube.
Consegui manter a carga de 3h por dia de segunda a sexta ao longo de todo o pós-edital, e estudava cerca de 5h por dia nos finais de semana, o que me dava cerca de 25 horas semanais de estudo. Era o máximo que eu conseguia, sem obter grandes prejuízos nas outras áreas da minha vida.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Rodrigo: 5º lugar – Finep – Analista de Gestão Corporativa (meu cargo atual);
2º lugar – Novacap – Administrador;
11º lugar – Ministério da Agricultura (CNU) – Analista de Ciências e Tecnologia;
7º lugar – TCU – Técnico Federal de Controle Externo.
Pretendo continuar estudando para o cargo de Auditor Federal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Rodrigo: Quando pedi demissão do trabalho, estabeleci a meta de pelo menos 40h semanais de estudo, e tratava essas horas como horas de trabalho. Havia horário para começar e para terminar. Estudava de segunda a sábado, de manhã e à tarde. O domingo era sagrado! Aproveitava para descansar, ir à missa e passar tempo com aqueles que amo.
Nunca deixei de praticar atividade física, pelo contrário, nessa época comecei a correr com maior regularidade, e cheguei até a fazer aulas de natação. Meu objetivo era treinar para realizar uma prova de triatlo, mas ainda não consegui esse feito. Em relação à vida social, sempre passei bastante tempo com a minha noiva, especialmente nos finais de semana.
Durante o pós-edital do TCU, o meu plano era acordar cedo para estudar e depois seguir com a minha vida normalmente, e acredito que ele funcionou bem. As minhas noites eram quase sempre livres, e com isso aproveitava para estar com família, noiva e amigos, bem como praticar esportes e ir à missa.
Seria mentira se dissesse que não tive de fazer alguns sacrifícios. Por exemplo, eu precisava dormir cedo para acordar no dia seguinte para estudar, e por isso não conseguia estar presente em alguns eventos que se estendiam até tarde da noite.
Estar com meus familiares, amigos e praticar a minha fé regularmente me ajudou a descansar e a restaurar as energias para manter a rotina de estudos.
Apesar de manter a minha vida social do mesmo modo, frequentemente eu me pegava pensando na prova e nos estudos durante os momentos de lazer. Eu estava lá, mas não estava 100% presente. Considero esse o grande desafio do estudo para concursos.
Não é fácil “desligar a chave” do “modo concurseiro” e aproveitar os momentos de lazer com aqueles que amamos, e até hoje luto para estar presente e manter certa paz interior.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Rodrigo: Considero-me muito privilegiado por poder contar com meus familiares e amigos ao longo dessa jornada. Eu morava na casa dos meus pais quando decidi largar o emprego para estudar, e eles me deram todo o apoio durante o período. Eu havia juntado certo dinheiro para conseguir passar esse tempo sem trabalhar e por isso conseguia bancar minhas despesas e ainda ajudar em algumas contas da casa. Não sofri nenhum tipo de pressão externa para que eu fosse aprovado rapidamente, e isso faz toda a diferença.
Além disso, eu contava com uma mãe maravilhosa que cuidava de todas as atividades domésticas, o que me permitia estar 100% focado nos estudos. Sei que isso é um grande privilégio e que poucas pessoas contam com esse apoio, e por isso afirmo que todas as minhas conquistas também são conquistas da minha família e que, sem o apoio deles, teria sido muito, mas muito mais difícil do que foi.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Rodrigo: Como mencionei, estudei direcionado ao TCU no pós-edital, tendo dois meses até a prova. Para manter a disciplina, eu estabeleci um cronograma e lutei para cumpri-lo. Estudava sempre no mesmo horário, de manhã cedo, até isso virar um hábito. A principal motivação era conseguir voltar para Brasília (nada contra o Rio, foi ótimo passar um tempo lá).
Faltando um mês para a prova, senti uma certa ansiedade por perceber que não iria conseguir estudar todo o conteúdo do edital. Já não tinha muito ânimo para enfrentar novos PDFs. Por isso, acabei largando o meu planejamento e decidi estudar apenas por questões.
Resolvi cerca de 3 mil questões nesse mês, de todas as disciplinas do edital. Essa foi uma das formas de manter a disciplina, pois o estudo por questões me parecia mais leve e até mesmo divertido, o que me ajudou a perseverar.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Rodrigo: A base do meu estudo foi composta pelos PDFs do Estratégia e pela resolução de questões. Para reduzir o tamanho do conteúdo, principalmente dos conteúdos que eu já havia estudado antes, utilizava o auxílio de inteligência artificial para extrair das aulas um resumo bastante enxuto. Assim, conseguia reduzir um PDF de 100 páginas para cerca de 5 a 10 páginas, preservando o que era essencial, e acelerando a revisão.
Além disso, enquanto estava voando para o Rio de Janeiro, costumava ouvir os “resumos em uma aula só” disponibilizados pelo Estratégia no canal do YouTube. Em apenas 3 ou 4 horas de aula, eu conseguia ter uma visão completa das disciplinas.
Ouvia resumos até de matérias que nunca havia estudado, pois percebi que isso facilitava a absorção do conteúdo quando fosse ler os PDFs. Às vezes, ouvia essas aulas até mesmo enquanto corria (frequentemente acontece de eu estar passando pela rua e me lembrar de determinado assunto que ouvi enquanto corria naquele lugar).
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Rodrigo: Um amigo me recomendou, logo no início da minha trajetória.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Rodrigo: Com o Estratégia, tenho a confiança de que todo o conteúdo relevante para a prova estará nos PDFs, com a melhor didática do mercado.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Rodrigo: Tive diversas fases de estudo durante a minha trajetória. Na época em que larguei o trabalho para estudar, eu conseguia estudar entre 7,5 horas e 9h por dia, a depender de outros compromissos. A minha meta sempre foi em termos de horas semanais, e não horas diárias.
Eu não conseguia estudar mais de 9h por dia com uma qualidade mínima, pois esse era o meu limite. No entanto, a minha meta semanal considerava uma média diária de 7,5h diárias, seis dias por semana, o que me dava uma margem para me recuperar caso acontecessem imprevistos. Nesse cenário, eu costumava estudar de 2 a 3 matérias por dia. Já quando eu estudava e trabalhava, a minha meta era de 3h diárias, e nunca mais do que 2 matérias por dia (na maioria das vezes, estudava apenas uma matéria).
Meus estudos se davam em blocos de 1h e 30min. Nesse período, buscava estudar com foco total, sem distrações. Quando completava o tempo, tirava 10 minutos para descansar (que quase sempre escorregavam para 20 minutos… mas a meta era 10 minutos), e depois retornava. Ao longo do dia, entre os blocos de estudo, eu acrescentava outras atividades, como correr e fazer musculação, rezar o terço, encontrar algum amigo ou sair com minha noiva etc. Eu planejava cada minuto do meu dia, e quando surgia algo que mudasse o meu planejamento, eu rapidamente reorganizava os horários na minha agenda.
O meu plano de estudos foi evoluindo conforme eu estudava e aprendia mais sobre como estudar melhor. Dediquei muito tempo buscando na literatura formas mais eficazes de estudo, como o estudo ativo, a repetição espaçada, a intercalação e a recuperação de informações.
Com isso, fui incorporando algumas técnicas até chegar a um “método” próprio, que nada mais é do que um conjunto de práticas cientificamente comprovadas adaptadas à minha rotina e às exigências das provas de concurso.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Rodrigo: No início eu utilizava muito o Anki para revisões, copiando e colando as questões e os gabaritos comentados. Com o tempo, fui acumulando milhares de cards, e era praticamente impossível zerar o Anki. Percebi que aquilo não estava me ajudando e passei a revisar de formas mais ativas.
Sempre que estudava um assunto, estabelecia uma data para revisitá-lo. No entanto, eu o revisitava mentalmente, sem recorrer a nenhum material. Tentava me lembrar de tudo que sabia sobre aquele assunto.
Muitas vezes, eu estipulava um tempo de 10 minutos e, durante o período, colocava no papel absolutamente tudo que me lembrava do conteúdo, sem consultá-lo, técnica conhecida como “Brain Dump”. Isso me ajudou a fortalecer a memória e a reconhecer as partes do conteúdo que não estavam bem assimiladas.
Na preparação para o TCU, por exemplo, cheguei a colocar no papel as 34 competências do Tribunal, previstas no artigo 1º do Regimento Interno. Talvez pareça algo difícil, mas tenho absoluta certeza de que todo mundo é capaz de fazer isso! Saber evocar essas competências, muito mais do que apenas conseguir reconhecê-las, me ajudou a redigir a peça técnica da prova com bastante segurança.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Rodrigo: A resolução de questões tem importância crucial. As provas de concursos públicos cobram conteúdos extensos e complexos, e resolver questões é a melhor forma de priorizar o estudo e entender como cada tema é abordado pela banca. Além disso, é um excelente meio de obter feedback sobre a qualidade do aprendizado — e cada acerto aumentava minha confiança. Ao longo de toda a jornada, resolvi quase 15 mil questões de certo/errado.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Rodrigo: Na preparação para o TCU, a disciplina que tive mais dificuldade foi o Regimento Interno, pois o conteúdo era enorme e cheio de detalhes praticamente impossíveis de serem decorados.
Minha estratégia para superá-la foi colocar todos os artigos do regimento no Anki, omitindo as palavras mais importantes do texto, para me forçar a lembrar dos detalhes. Com isso, consegui ler várias vezes o Regimento, de forma ativa e aleatória, o que favorecia a retenção.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Rodrigo: A semana da prova do TCU foi diferente de todas as semanas pré-prova que já vivi. Eu já havia estudado bastante, e resolvido muitas questões, mas ainda assim havia assuntos não vistos e questões não resolvidas (resolvi cerca de metade do que havia estabelecido como meta).
Na minha cabeça, pensava que não havia mais nada que pudesse ser feito. O que eu podia estudar, estudei. Estudar agora só me traria ansiedade. Eu realmente não estava a fim de estudar mais nada, e foi exatamente isso que fiz: não estudei durante aquela semana. Não revisei, não fiz nada.
No dia da prova eu estava tranquilo, confiante de que dei o meu melhor no tempo que me foi dado, e entreguei tudo nas mãos de Deus. Desejei apenas que a vontade Dele fosse feita, seja qual fosse.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Rodrigo: Eu não me preparei especificamente para a prova discursiva. Aliás, em todo esse tempo que estudei para concursos, nunca resolvi uma questão discursiva em casa. Na minha visão, a melhor preparação para a prova discursiva é estudar intensamente para a prova objetiva.
Talvez isso não se aplique a todas as pessoas. No meu caso, tive uma boa base escolar, fiz centenas de redações durante o Ensino Médio, gosto de ler e considero que escrevo razoavelmente bem. Por isso, nunca tive grandes dificuldades com a prova discursiva. O principal desafio é ter o conhecimento necessário para respondê-la, e isso vem do preparo para resolver a prova objetiva.
Sei que tive uma educação privilegiada à qual a maioria das pessoas não teve acesso, por isso eu aconselharia que cada um fizesse uma autorreflexão sobre o seu atual ponto de partida, seus pontos fortes e fracos, e a partir disso definisse a sua estratégia para resolução de questões discursivas.
Uma coisa é fato: independente da sua habilidade nas questões discursivas, não há nenhuma habilidade que não possa ser aprimorada mediante treino e feedback. Não há fórmula mágica.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Rodrigo: Considero que o meu principal erro foi ter, em certos momentos, perdido a disciplina de cumprir o que havia planejado, seja porque não estava gostando da matéria que estava estudando, seja porque estava cansado. Frequentemente eu evitava os assuntos que tinha mais dificuldade e acabava estudando aqueles mais fáceis. Como seres humanos, estamos sempre fugindo do desconforto, mas no mundo dos concursos isso irá nos afastar da aprovação. Sinto que preciso amadurecer nesse sentido.
O meu principal acerto foi o interesse e a curiosidade por descobrir como realmente estudar. Estudamos durante a vida inteira, mas ninguém nos ensinou a fazer isso de forma eficiente. Pelo contrário, geralmente aprendemos justamente os métodos mais ineficientes de estudo. E um grande legado que levo do mundo dos concursos para a minha vida é ter finalmente aprendido a estudar.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Rodrigo: Nunca pensei em desistir. Trabalhar no serviço público – servir ao público – é uma das partes do quebra-cabeça da vida que eu planejo construir para mim e para a minha família, e agradeço a Deus por ter alcançado esse objetivo.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Rodrigo: Encare o estudo para concursos como uma grande oportunidade para se aprimorar como ser humano. Para ter sucesso nessa jornada, você deverá desenvolver virtudes como a ordem, a paciência, o autodomínio, a humildade, a perseverança, a temperança, entre muitas outras. Não há como ser aprovado sem essas virtudes.
Estudar não é um fim em si mesmo, não sacrifique aquilo que é mais importante. É natural que, quando se estuda para uma prova, seja necessário abdicar de algumas coisas. No entanto, se você abdicar do que mais importa, a jornada será excessivamente penosa, você ficará ansioso e infeliz, e acabará carregando uma pressão absurda para as suas provas, o que te afastará da aprovação. Nenhum cargo ou salário valem mais do que a sua paz. Não seja como o pássaro que, para ficar mais leve para voar, cortou as próprias asas.
Defina quais aspectos da sua vida são inegociáveis e não os troque por mais horas de estudo. No meu caso, tenho plena convicção de que uma hora gasta com amigos ou familiares, ou com uma prática espiritual, como orar ou ir à missa, vale muito mais do que uma hora extra de estudo. A vida não fica parada, esperando você passar num concurso para que só então você possa desfrutá-la. Fazendo uma boa gestão do tempo, é possível fazer muita coisa. Como diria um grande homem, “quando tiveres ordem, multiplicar-se-á o teu tempo”.
Por fim, gostaria de dizer a todos que, independentemente da sua situação, por mais difícil que ela seja, é possível estudar com paz e alegria, sem ansiedade e sem abdicar da vida presente. Estudar para concursos pode ser, inclusive, muito divertido, se você estiver com o coração no lugar certo!
A você que chegou até aqui, desejo que a sua aprovação venha o mais breve possível e que você seja um ótimo servidor público!